segunda-feira, março 17, 2008

Contra a fome e a mesmice

Para não dizerem que eu estou excessivamente crítico e não elogio nada, aqui vai a campanha criada pela FCB Lisboa, de Portugal (é claro). Grande parte das campanhas de responsabilidade social costumam ser um pouco sem imaginação. Como guerrilheiro nato, sou um grande entusiasta das mídias alternativas, daquelas que ninguém imaginava que poderia “abrigar” a publicidade e que são mais eficientes, em certos casos, que a chamada mídia de massas. Há 60 anos, quem acreditaria que teríamos propagandas em táxis, bicicletas, pontos de ônibus e até mesmo nos degraus de escada rolante? O braço português da FCB criou essa campanha para o Banco Alimentar Contra a Fome - uma instituição que, como o próprio nome já diz, dedica-se a combater a fome no mundo. Fotos de mãos foram colocadas naqueles secadores de mãos de banheiros públicos, daqueles que sopram ar quente. A grande idéia é que as mãos estão na mesma posição de quem as coloca para secar, que é o mesmo gesto de quando alguma pessoa carente pede comida.

Banco do idiota

Em comunicação, nem sempre o que parece uma boa idéia ou ganha prêmio é, de fato, uma boa idéia. Um exemplo eloquente é a imbecil campanha do Banco do Brasil e que consumiu R$ 300 milhões de verba publicitária. A campanha publicitária causou e causa, até hoje, confusão entre os internautas. Registra-se que pelo menos dois mil usuários escreveram à redação de um dos maiores provedores do país relatando que o site da instituição financeira havia sido alterado por hackers e que a confiança em executar operações por essa mídia estava abalada. A confusão ocorre porque, ao acessar o endereço www.bb.com.br, o usuário encontrava o logotipo substituido por "Banco do Bruno", por exemplo. Além disso, aparecem outros nomes, como "Banco do João" e "Banco da Maria". A preocupação foi agravada pelo fato do site estar lento devido a uma complexa (e caríssima) sistemática de alteração dos nomes para cada usuário. As mudanças fizeram parte da campanha publicitária da empresa, que incluiu também a alteração das fachadas de pelo menos 300 agências em 10 Estados brasileiros. Os clientes que efetuaram login no site podem visualizar o logotipo do banco com o seu próprio nome. Uma grande idéia para a agência, uma péssima idéia para a consolidação da confiança do usuário na instituição secular.

sábado, março 15, 2008

Orgulho de ser brasileiro

Recebi um desses emails que circulam e a gente nem sempre dá importância. Mas ao lê-lo novamente, me dei conta de que ele é uma daquelas pérolas que a gente deixa aos porcos por não vê-la, já que destaca um elemento importante da alma brasileira, que Nelson Rodrigues nomeou de “alma de vira-lata” que os brasileiros têm, considerando que o mundo todo presta menos o Brasil.
Inegavelmente, é uma mania nacional falar mal do Brasil. Não é apenas uma arte exercida por alguns indigentes intelectuais, como Diego Mainardi. É um vício entranhado em nossa cultura, em nosso espírito de vira-lata, em nossa história de colônia de um império que o Brasil já encontrou decadente ou vice-versa.
Na verdade, todo lugar e todo país tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Pense bem? Você já viu um novaiorquino falando mal de Nova Iorque? Não. Mas lá 80 mil mendigos e sem teto vivem de restos de comida que conseguem colher nas latas de lixo. A política da exposição de mazelas e miséria se alastra por nossa mídia, com agravantes acentuados na televisão, que perfila desgraças em série e desventuras cumulativas, dando a impressão de que nosso país não passa de um depósito de infelizes sem futuro.
O email em questão, supostamente escrito por uma escritora holandesa, destaca, por exemplo, que naquele avançado país da Europa as eleições demoram horrores porque não há nada automatizado. Contam-se os votos no século XXI como se contava no século XVIII. Ali, só existe uma companhia telefônica e, pasmem, se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.
Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo, ou de lavar as mãos antes de comer ou depois de ir ao banheiro, ou de usar neutralizadores de odores - o que torna os lugares públicos, como o Metrô, irrespiráveis em determinados horários. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne. Em Londres, existe um lugar famossíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta. Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.
Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.
Um dos critérios do imperialismo, agora ou no século I a.C, para impor seu poder e suas crenças é fazer-nos crer em nossa inferioridade diante da riqueza e dos valores do colonizador. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.
Os brasileiros têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa. Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc... Mas temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.
2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.
3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.
4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.
5.. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.
6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.
7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.
8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês.
Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.
10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO-9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.
11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos

Por que temos esse vício de só falar mal do Brasil?

1. Por que não nos orgulhamos em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?
2. Que temos o mais moderno sistema bancário do planeta?
3. Que nossas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?
4. Por que não falamos que somos o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?
5. Por que não dizem que somos hoje a terceira maior democracia do mundo?
6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados e o governo Federal tem suas contas abertas ao público e à imprensa, expondo-se como em nenhum outro país do mundo?
7. Por que não lembrar que somos um potência em expansão, não apenas regionalmente, mas no mundo, saindo da periferia para o centro com o nosso próprio caráter nacional preservado?
8. Por que não lembrar que somos um país multicultural que acolhe e integra, reciclando, culturas milenares, como a oriental?
9. Por que invejar o "crescimento econômico" da Índia e da China, que produzem milhões de pobres, quando o crescimento econômico brasileiro distribui renda e direitos?
Bom, e um dado que não está em nenhuma pesquisa a não ser a que eu mesmo fiz, viajando por dezenas de país: em lugar nenhum do mundo a culinária é melhor do que a brasileira. E em lugar nenhum do Brasil, come-se melhor do que em Belém do Pará.