sexta-feira, outubro 31, 2008

Propaganda eleitoral subliminar

Mensagem subliminar é a definição usada para o tipo de mensagem que não pode ser captada diretamente pelos sentidos humanos. Subliminar é tudo aquilo que está abaixo do limiar, a menor sensação detectável conscientemente. Importante destacar que existem mensagens que estão abaixo da capacidade de detecção humana - essas mensagens são imperceptíveis, não devendo ser consideradas como subliminares. Toda mensagem subliminar pode ser dividida em duas características básicas, o seu grau de percepção e de persuasão.
A percepção subliminar é a capacidade do ser humano de captar de forma inconsciente mensagens ou estímulos fracos demais para provocar uma resposta consciente. Segundo a hipótese, o subconsciente é capaz de perceber, interpretar e guardar uma quantidade muito maior de dados que o consciente. Como exemplo, imagens que possuem um tempo de exposição pequeno demais para serem percebidas conscientemente, ou sons baixos demais para serem claramente identificados. Dados que passariam despercebidos pela mente consciente seriam na verdade interpretados e guardados.
A persuasão subliminar seria a capacidade que uma mensagem teria de influenciar o receptor. Segundo a hipótese, toda mensagem subliminar tem um determinado grau de persuasão, e pode vir a influenciar tanto as vontades de uma forma imediata (fazendo, por exemplo, uma pessoa sentir vontade de beber ou comer algo), como até mesmo a personalidade ou gostos pessoais de alguém em longo prazo (mudando o seu comportamento, transformando uma pessoa tímida em extrovertida). Esse grau de persuasão deveria variar de acordo com o tempo de exposição à mensagem, e a personalidade do receptor.
A percepção subliminar é de fato comprovada cientificamente, com inúmeros experimentos que apresentaram fortes evidências.
Na imagem que ilustra este post, uma suposta campanha pró-cidadania, na verdade um exemplo canalha de propaganda subliminar fazendo uso do bom nome de entidades sólidas e de alto reconhecimento público. Perceba que a expressão “eu voto BEM”, soa foneticamente e assemelha-se visualmente com “eu voto DEM”, nickname do “Democratas” (sic), herdeiro político do recente PFL e, remotamente, do partido chamado Arena, instrumento político de sustentação da ditadura militar no país. O requinte de crueldade: o sinal de positivo, feito com a mão... direita.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Rexona estimula experimentação

A Unilever utiliza o suporte Fitness da ENOX Indoor Experience para a ativação da campanha dos novos Rexona Quantum e Rexona roll-on em ambientes indoor. As ações acontecem nas principais academias de São Paulo e atingem um público de mais de 35 mil pessoas quase que diariamente. A divulgação do Quantum conta com displays especiais com o desodorante acoplado para experimentação, com criação assinada pela agência BorghiErh/Lowe*.
Com o mote "Proteção pronta para o futuro", o foco está voltado ao homem moderno que busca "proteção-extra" para enfrentar a correria do dia-a-dia e situações extremas. Os displays com experimentação do produto estão em 25 academias da capital paulistana, entre elas, Estação Fitness, Human Fit, Triatlon Academia e outras três unidades da Nível A. "Proporcionamos a experimentação destes lançamentos num ambiente freqüentado pelo target exato do produto e no momento mais relevante, em que as pessoas realmente precisam utilizá-lo", diz Rafael Cordeiro, um dos diretores da ENOX, ao explicar que a dispersão de público é praticamente nula nesta ação.
Já o Rexona roll-on, com campanha voltada para o público feminino, pode ser visto em 15 academias, entre elas a Runner, Código do Corpo e Progress.

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* Só para não perder a oportunidade. A propaganda é o único negócio onde uma empresa com um nome como este, sem qualquer significado em qualquer língua viva e quase impronunciável, pode ser bem-sucedida; tente colocar um nome assim em uma padaria ou em uma indústria de confecção e prepare-se para a falência irreversível. No livro "Posicionamento", o clássico trabalho de Ries e Trout, há um capítulo inteiro sobre o tema. Chama-se "O poder do nome", onde os autores afirmam que a decisão mais importante que você pode tomar diz respeito ao nome, que sozinho tem um poder imenso em uma sociedade com excesso de comunicação. Pelo visto, o princípio não se aplica às agências de publicidade.

Vivo usa blogs para monitorar mercado

Inegavelmente, os blogs e as redes sociais se tornaram uma importante fonte de informação para os clientes. Mas as operadoras agora também passam a usar essas ferramentas como termômetro da aceitação de novas ofertas e também para monitorar os passos dos concorrentes. "Quando eu monitoro a concorrência eu olho para os blogs", afirma Paulo Cesar Teixeira, vice-presidente executivo de operações da Vivo.
A Vivo também experimentou um feedback em tempo real no lançamento do iPhone, que foi feito simultaneamente com a concorrente Claro. De acordo com Paulo César Teixeira, alguns minutos depois da divulgação dos planos e dos preços do iPhone os blogs já avaliaram as ofertas e, segundo Teixeira, diziam que a Vivo oferecia os melhores pacotes. "Se fôssemos contratar uma pesquisa de opinião não teríamos essa avaliação em tão pouco tempo", diz ele. Teixeira também diz que a partir das impressões retiradas de comunidades do Orkut é possível aperfeiçoar alguns produtos. "Muitas sugestões são positivas. Quando não há impossibilidade técnica ou comercial, nós podemos até acatá-las", diz ele, que reconhece a existência de comunidades do tipo "eu odeio a Vivo".
Segundo Teixeira, a Vivo escolheu alguns atendentes do call center que tinham maior interesse e familiaridade com tecnologia e fez o treinamento para a venda do iPhone disponibilizando o próprio aparelho para elas manusearem. Teixeira não soube dizer quantos aparelhos foram usados no treinamento.

Fonte: TI Inside Online

quarta-feira, outubro 29, 2008

Em defesa do rádio

Amarildo Augusto*

Em seu livro "O rádio na era da informação - teoria e prática do novo radiojornalismo", o jornalista Eduardo Meditsch diz que o rádio é um veículo que oferece proximidade e intimidade, portanto, verosimilhança. Credibilidade.
Pesquisa do Instituto Ipsos Marplan, especializado em mídia, mostra isso com clareza. Os números revelam que, para 54% dos entrevistados, a televisão é um veículo em que eles podem confiar. O rádio é confiável para 75% das pessoas ouvidas.
Meditsch também lembra que dez pessoas podem ouvir, juntas, uma mesma mensagem radiofônica, mas ela será apreendida individualmente. Tudo depende da forma como a mente de cada uma delas é capaz de decodificar a mensagem que está sendo transmitida. Aquilo que é informado por intermédio do veículo rádio, defende o autor, tem mais condições de permanecer gravado na memória do ouvinte porque exige dele uma participação efetiva e ativa. Por isso o rádio é interativo.
O rádio talvez seja o mais democrático meio de comunicação. Quem não tem em sua casa ao menos um aparelho de rádio? Pelo menos 99% dos lares brasileiros recebem as ondas curtas, médias ou de freqüência modulada das centenas de emissoras espalhadas pelo País. Comparando com o custo de um computador, fica fácil perceber qual dos dois é mais acessível economicamente. E nem estamos falando de veículos e escritórios, onde a presença do aparelho radiofônico é quase absoluta.
Pequeno, e de certa forma simples, o aparelho transmissor acompanha o ouvinte onde quer que ele esteja: no banheiro é possível ouvir rádio. No campo, também. Nos estádios de futebol. O rádio é companheiro de muitos. E grande parte é fiel a essa amizade. Outra vez a mesma pesquisa Ipsos Marplan mostra que as pessoas que ouvem rádio ficam sintonizadas entre três horas e meia a quatro horas por dia. E que um mesmo ouvinte permanece em média 45 minutos ligado na mesma emissora.
Embora não seja visto com os mesmos bons olhos pelo mercado publicitário, o poder de penetração do veículo é indiscutível. A comparação entre rádio e televisão é quase injusta, do ponto de vista das vantagens que um e outro oferecem aos anunciantes:

As pessoas passam mais tempo ouvindo o rádio do que televisão

Para convencer o consumidor o comercial tem que ser visto ou ouvido várias vezes ao dia. E as pessoas ouvem mais rádio que vêem TV. Sem contar o fato de que as pessoas absorvem o que ouvem (palavras) com mais facilidade do que o que assistem (imagens), principalmente quando a mensagem estiver em forma de jingle.

O rádio é imbatível durante o horário comercial

O rádio tem o triplo da audiência da televisão durante a manhã e mais que o dobro durante a tarde. Note que o rádio é imbatível justamente no horário em que as empresas e o comércio estão abertos, fazendo dele mídia obrigatória para quem quer efetuar uma venda. A TV só tem boa audiência à noite, quando o comércio está fechado e o cliente, em casa.

O rádio chega aonde a TV não vai

O rádio é o único veículo que atinge o consumidor em qualquer lugar: começando o dia com o rádio-relógio, como companhia no café da manhã, no ônibus e no carro, a caminho do trabalho, no restaurante ou na lanchonete, na praia, na fazenda, no cooper e na bicicleta com o walkman, ao lado enquanto navega na internet. Enfim, o rádio é o único veículo que tem um público exclusivo, enorme e pronto para receber uma mensagem.

O horário nobre do rádio dura 13 horas. O da TV, só três

O rádio é imbatível das 6 horas da manhã até às 19 horas. A TV alcança seu pico entre 19 e 22 horas. São quatro vezes mais eficiência a favor do rádio. E com um custo 15 vezes menor.

Um comercial de rádio pode mudar em menos de uma hora. Na TV isso não funciona assim

Um bom comercial de rádio pode ser produzido e estar no ar em menos de uma hora, enquanto na TV requer mais de um dia e a boa vontade da emissora. Não é à toa que vemos tantos comerciais "de Natal" sendo veiculados na TV após 25 de dezembro, coisa que não acontece no rádio porque nele o comercial já mudou na madrugada do dia 26.

Uma produção de alto nível no rádio custa 95% menos

Você pode usar dez helicópteros, 20 carros de Fórmula 1, uma fábrica inteira e milhares de pessoas em um comercial de rádio gastando quase nada e em prazo recorde. Isto porque o rádio usa a imaginação do consumidor, ao invés de usar o seu bolso. Tente fazer a mesma cena na televisão e ela se transforma em uma superprodução de alguns milhares de dólares e meses de filmagem. Além disso, quando você mostra uma "bela imagem" na TV, ela pode ou não agradar o consumidor. Mas se você diz a ele, no rádio, que ali está uma "bela paisagem", ele imagina a paisagem de seus sonhos.

Anunciar em rádio custa 15 vezes menos que na tevê

Não é necessário fazer comentários. Mesmo com todas estas vantagens, o mercado praticamente ignora o rádio. Citando novamente a pesquisa Ipsos Marplan, 60,4% das verbas publicitárias do País são direcionadas para a televisão. Outros 23,4% vão para os jornais. As revistas ficam com 8,9% desse bolo, enquanto 1,3% ficam com a mídia externa. Para o rádio vão apenas 4% dos recursos publicitários. É muito pouco para um potencial tão grande.
O jornalismo no meio do rádio é um caso a parte. Grandes emissoras, como a CBN (Central Brasileira de Notícias), Globo, Bandeirantes, Jovem Pan, para ficar apenas entre as paulistas, investem pesado em radiojornalismo. São, na maioria, seu carro chefe e compromisso com o ouvinte. Nessas emissoras, a independência financeira e a isenção política lhes permitem exercer um jornalismo sério, apartidário, sem rabo preso.
Embora, seja necessário lembrar que a corrente de analistas que vê o veículo hoje "correndo atrás" da tevê e das agências de notícias, essas emissoras vêm cumprindo bem o papel a que se dispuseram: informar a sociedade.
O mesmo não se pode dizer, com boas exceções, das emissoras menores, do interior do Estado e do País. A isenção do poder público, o distanciamento necessário para crítica construtiva, seu papel simultâneo de formador de opinião e porta voz da sociedade nem sempre estão no nível desejado. A dependência financeira das prefeituras e câmaras municipais impede que esse papel seja exercido a contento. Não por responsabilidade dos profissionais de radiojornalismo, mas pelos compromissos comerciais, muitas das vezes motivados por interesses menos nobres, outras por uma mera questão de sobrevivência.
Em que pese todas as dificuldades e vantagens, para o profissional que opta por se aventurar no veículo rádio, resta saber uma última face do poder do rádio: sua capacidade de seduzir o profissional. Por todas as suas características e desafios o rádio é apaixonante. Informar o ouvinte de viva voz, instantaneamente; receber o retorno quase que imediato dos ouvintes, entre outras emoções, não têm preço. É preciso estar preparado para enfrentar esse desafio, mas também é preciso saber que ele vale a pena.


*Amarildo Augusto, é repórter e produtor de rádio.

Em resposta a um questionário de alunos de comunicação

O que é marketing?

Os dicionários definem marketing como "a oferta de mercadorias ou serviços de modo a atender às necessidades dos consumidores".
Por essa definição, marketing compreende descobrir os desejos do cliente, fazendo com que os produtos de uma empresa atendam a essas exigências. Essa é uma definição mecanicista, que não apreende o espírito do conceito e sim o movimento mecânico dos processos de regulação de mercado.
Segundo essa abordagem, marketing bem-sucedido significa ter o produto certo disponível no lugar e no momento certos e assegurando que o cliente tenha consciência disso. Parece fazer sentido, mas isso não explica o que é marketing, apenas explica precariamente como ele funciona. É como você pedir para alguém explicar o que é uma televisão e o interlocutor dizer: "você liga a tomada na corrente elétrica, aperta o botão do play e espera um segundo até que a imagem apareça".
Na verdade, marketing é interação, é troca; e trocas acontecem entre equivalentes. Para que haja marketing, é preciso que os agentes queiram trocar entre si equivalentes em um ambiente (mercado) regulado pela relação entre oferta e procura. Os instrumentos de marketing são facilitadores de troca, regidos pelos objetivos de marketing.

O que é um “objetivo de marketing”?

Simplificando: os objetivos são o que queremos alcançar; as estratégias são a maneira como chegaremos lá.
Um objetivo de marketing preocupa-se com o equilíbrio entre os produtos e seus mercados: ele se relaciona a quais produtos queremos vender em quais mercados.
Os objetivos de marketing devem ser definíveis e quantificáveis de modo que haja um objetivo mensurável a ser alcançado.

O que é uma “estratégia de marketing”?

As estratégias de marketing são os meios pelos quais os objetivos de marketing serão alcançados.
As estratégias são os métodos em geral escolhidos para atingir determinados objetivos e designam os meios para que se alcancem esses objetivos dentro de uma escala de tempo definida.

O que é “planejamento de marketing”?

A expressão "planejamento de marketing" é usada para definir os métodos de aplicação dos recursos de marketing para alcançar os objetivos. O planejamento de marketing é usado para segmentar mercados, identificar a posição no mercado, prever a dimensão do público-alvo e planejar uma participação viável de seu produto dentro de cada um de seus segmentos. O planejamento de marketing deverá:
a) fazer melhor uso dos recursos da empresa para identificar oportunidades de marketing;
b) encorajar o espírito de equipe e identidade da empresa;
c) ajudar a empresa a prosseguir na realização de suas metas.

Planos de Ação são os desdobramentos da estratégia?

De certo modo, sim, mas não é um desdobramento mecânico, automático ou irreversível. Uma vez escolhidas as estratégias e táticas gerais para alcançar seus objetivos de marketing, é preciso converter essas estratégias em programas ou planos de ação que irão capacitá-lo a dar instruções claras ao seu pessoal em toda a cadeia de venda. Cada plano de ação deve incluir:
a) Posição atual: onde você se encontra no momento;
b) Objetivos: o que fazer, onde você precisa chegar;
c) Ação: o que você precisa fazer para chegar lá;
d) Pessoa responsável: quem irá fazer o que;
e) Data de início;
f) Data de conclusão; custo orçado.

Como podemos classificar o que se convencionou chamar de “Canais de Marketing”?

Os canais de marketing são todos os meios pelos quais uma empresa faz contato com os clientes potenciais.

Kommunikationsguerrilla

A cena política está apreensiva. As verdades mais secretas, suprimidas e encobertas nos cursos de teoria marxista dos anos 70 e 80 finalmente vieram à luz. Você sabia que Friedrich Engels e Karl Marx foram praticamente os primeiros a fazer comunicação-guerrilha (depois de Till Eulenspiegel* )? Eles forjaram resenhas do Das Kapital e foram os primeiros a demonstrar "falsas ocorrências que produzem eventos reais".
A renegada intelectual Sonja Bruenzels e o comissário para o uso correto dos significantes no espaço público, Luther Blisset, juntaram forças com o grupo autônomo a.f.r.i.k.a. e publicaram suas revelações no Manual da Comunicação-Guerrilha (Handbuch der Kommunikationsguerrilla).
Eles perguntam: "Quando há Comunicação-Guerrilha?" E dão uma boa risada em cima das fantasiosas reclamações daqueles que acreditam na força e glória da informação, mas ignoram as linguagens e lugares que determinam o sentido de palavras e signos. Na selva dos processos comunicacionais, eles seguem os caminhos exauridos e obscuros de emissores, códigos e receptores e buscam maneiras de erodir as bases do poder e da autoridade.

O que é Comunicação-Guerrilha?

O que os autores chamam de Comunicação-guerrilha é algo próximo do que conceituei, a partir de 2000, como “comunicação militante”, mas que tem um desdobramento diferenciado. É uma forma de ação política militante (politische Militanz). Difere da comunicação militante (autônoma) no sentido em que ela não somente visa destruir os códigos do poder e da soberania, mas objetiva efetivamente desfigurá-los.
Comunicação-guerrilha não é uma forma particular de comunicação política que apenas traz afirmações num texto direto (como flyers, slogans, pôsters). O objetivo não consiste na interrupção nem na permanente apropriação de um meio comunicacional. O objetivo é o assalto aos significados e a distorção de mensagens. Partem da premissa de que a importância da comunicação é não só o que é dito mas também a forma da própria comunicação.
Enquanto a comunicação militante é um instrumento para os que querem se fazer ouvir, para os "sem mídia", o objetivo da comunicação-guerrilha é deslegitimar o presente estado de poder e soberania. Para realizar isso, deve-se entender suas manifestações e estruturas multifacetadas. A comunicação-guerrilha tenta lidar com as estruturas de poder normativo das formas estabelecidas de comunicação assim como as estruturas de poder internalizadas ao nível do sujeito. Isto requer que sejam fabricadas situações em que se torna perceptível - por pelo menos um breve momento - que tudo poderia realmente ser bem diferente.

Por que Comunicação-Guerrilha?

A comunicação-guerrilha é um resultado das experiências com os antigos conceitos da esfera pública oposicionista (Gegenüffentlichkeitskonzepten) e práticas educacionais da esquerda. Nas sociedades do capitalismo tardio nada pode ser ganho a partir da livre difusão da verdade. A política tradicional da esquerda frequentemente parece contar com o poder persuasivo do argumento racional. A confiança de que a simples apresentação da informação representa uma forma efetiva de ação política ainda é inabalável. Supõe-se que o conteúdo crítico seja suficiente para romper a rede de mensagens manipuladas, com as quais a mídia influencia a consciência das massas. O principal problema aqui é a aceitação da idéia: "quem quer que possua os emissores pode controlar os pensamentos dos humanos". Esta hipótese vem de um modelo de comunicação muito simples que só põe o foco no "emissor" (no caso da comunicação de massas, no geral, central e industrialmente organizada), o "meio" que transporta a informação, e o "receptor".
A euforia em torno da sociedade da informação, tanto quanto sua oposição pessimista - que acredita no excesso de informação -, não encaram o problema crucial da democracia representativa dos cidadãos: fatos e informação não causam quaisquer conseqüências. Encare a coisa: mesmo que estórias de desastres, escândalos e disparidades estejam sendo publicados, eles não têm quase nenhuma conseqüência.

Lugares e Espaços para a Comunicação-Guerrilha

Pontos de partida para a comunicação-guerrilha são espaços públicos nos quais o poder está sendo negociado e reproduzido num nível cultural e simbólico. Primeiramente, isso se refere ao espaço público concreto, a cidade e as ruas. Ao mesmo tempo, isso abrange o espaço da mídia, que é caracterizado por um processo de comunicação de sentido único (um-para-muitos). Aqui a balança do poder é claramente visível: alguns têm o poder de determinar os assuntos da mídia e a maneira pela qual eles são tratados, outros só podem expressar sua opinião movendo os pés para votar ou com seus controles remotos, desligando sua televisão ou rádio. Um terceiro espaço, de alguma forma conectado, mas, em muitos aspectos, parte de uma estrutura inteiramente diferente, é o espaço virtual. O desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação resulta em modos qualitativamente novos, interativos, de comunicação.

Comunicação-Guerrilha não é Guerrilha de Mídia

O Manifesto da Kommunikationsguerrilla diz: “Não construímos nosso entendimento da comunicação na base de só um aparato técnico específico, ou seja, um meio. A comunicação-guerrilha não é, então, guerrilha de mídia. Comunicação-Guerrilha pode ser vista mais como uma forma de comunicação política, que requer uma energia e atitude subversiva, assim como uma intuição para as implicações das formas de atos comunicativos - de dentro da produção da ordem simbólica. Que resta fazer? Buscar e empacotar o subversivo na comunicação, com a intenção de equipar e suprir as forças emudecidas do público opositor com as estrondosas trombetas da distorção e da super-identificação! Até este momento, como aconteceu com as muralhas de Jericó, a fundação básica da ordem reinante logo irá desmoronar e implodir. O que só deixa uma instância: detone pra valer!”

Comunicação e teoria crítica

O livro "Comunicação e Poder: A presença e o papel dos meios de comunicação de massa estrangeiros na América Latina", de Pedrinho A Guareschi (Vozes, 13ª Edição) é uma leitura importante em tempos de explosão midiática e de sua crescente influência sobre a vida social.
O autor expõe didaticamente os principais estudos acerca da comunicação de massa realizados ao longo do século XX. O Funcionalismo, a Escola de Frankfurt, a Teoria Crítica Marxista de Louis Althusser, encadeiam-se para criar o cenário que jogará luz sobre a importância da ideologia na sociedade explicando de que forma os Meios de Comunicação de Massa (MCM) exercem papel preponderante na manutenção da coesão social e na reprodução das condições de manutenção do status quo.
Da preocupação com os efeitos e funções dos meios, lançando a idéia de utilidade e dominação, passa-se pelo enfoque à influência do consumismo na sensibilidade humana e chega-se no nível em que os MCM são colocados ao lado da escola e da religião, em relação ao seu poder de manipulação ideológica. Todos são aparelhos ideológicos de Estado, a fim de manter a ordem sem que o indivíduo perceba, ou seja, são mediadores velados da ação coercitiva dos dominantes (mercantilismo da comunicação).
O autor aborda formas de imperialismo cultural dos MCM sobre a América Latina. Há o investimento direto (as redes de TV CBS, ABC e NBC) e, o mais atual, o indireto (publicidade, filmes, desenhos como Os Flinstones, revistas como a Reader’s Digest e até programas ditos educativos). Este investimento indireto visa criar uma ilusão de igualdade, liberdade e supremacia natural do branco rico e norte-americano na sociedade capitalista.
A própria Disney é um símbolo de consumismo e influência ideológica. Há o estereótipo de que os habitantes de países subdesenvolvidos são selvagens (colonialismo), uma espécie de síndrome Pato Donald, em que o tesouro alheio é tomado e transportado aos Estados Unidos de forma natural, em uma exposição lúdica do fato (imperialismo), e o trabalhador braçal tendo seu perfil de criminoso traçado (classismo).
Fatos corriqueiros são carregados de ideologia. Não nos é permitido perceber tão facilmente os efeitos nefastos de sermos dominados. Perdemos nossa identidade cultural, somos levados a desacreditar em nosso potencial, esquecemos da riqueza do simples para exaltar o luxo, a abundância. Por estarmos imersos nesta cultura de dominação, tudo parece inofensivo.
O livro também enumera duas técnicas psicológicas muito empregadas pelos meios para substituir valores sociais vigentes:
1) Diluição: banaliza um fenômeno que agride a ordem social, isolando-o. Assim, não se dá atenção ao fato e este não se propaga.
2) Recuperação: utiliza um fenômeno perigoso ao corpo social, para justificar o sistema vigente, suas ações e valores.
O papel das agências de notícia, no processo de velada influência, é exposto com muita precisão. Há clara supremacia em relação a quem mais envia matérias prontas aos meios de comunicação. Dos 20 países da América Latina em que existe operação de agências noticiosas, as norte-americanas UPI e AP exercem influência sobre 16 e 14 países respectivamente. A LATIN é apontada como mais influente agência de origem latino-americana (13 países), seguida de longe pela ORBE.
As maneiras que a ICA, antiga USIS, agência do governo dos Estados Unidos, encontra para servir aos interesses capitalistas também merece destaque na obra de Pedrinho A. Guareschi. Há intenso interesse em abafar aspirações anti-capitalistas, em busca de autonomia e autodeterminação.
Enfim, "Comunicação e Poder", que surgiu de um trabalho complementar ao Curso de Comunicação de Massa realizado pelo autor, é de linguagem acessível e fácil compreensão, uma leitura que recomendo com entusiasmo. Vem apoiado por explicações em tópicos, que diminui o peso da leitura e é rica em ilustrações com dados estatísticos e comparativos. É uma crítica ao estigma do subdesenvolvimento incutido em nossa sociedade e sustentado pelos veículos de comunicação de massas.

Para quem gosta de desafios

De volta ao conceito: o que é Marketing de Guerrilha?

A História está cheia de casos sobre exércitos pequenos e mal equipados que derrotaram exércitos maiores e muito melhor equipados. A narrativa destas batalhas conta como as guerrilhas enfrentam uma guerra.
Existem casos semelhantes no mundo dos negócios. Um exemplo disso é "O Homem de Marlboro". Antes do surgimento dele, a marca de cigarros Marlboro ocupava o 31º lugar no ranking - quase o fundo do poço. Após a introdução do novo personagem e uma campanha de guerrilha para promoção da marca, Marlboro se tornou a marca nº1 na multi-bilionária indústria de cigarros americana.
Pode surpreender o número de "grandes empresas" que iniciaram a luta como pequenas empresas. A história da ascensão destes ícones é a história do marketing de guerrilha. Até 1984, os princípios do marketing de guerrilha eram conhecidos por um grupo seleto de pessoas no mundo. Eles ciosamente mantiveram em segredo esta informação num fervor quase fanático. E quem vai culpá-los? Se você detivesse algum conhecimento especial, que lhe permitiu ascender ao topo na sua área de atuação profissional, você gostaria que ele se tornasse público? Claro que não!
O equilíbrio de forças foi dramaticamente prejudicado por um gênio de marketing, chamado Jay Conrad Levinson - indiscutivelmente um dos mais respeitados homens de marketing no mundo.
Ele é o homem que cunhou o termo "marketing de guerrilha" e apresentou estes segredos aos comuns. Seus conceitos têm tanto êxito que ele já publicou 27 livros sobre o assunto (em 37 idiomas). Os livros de Jay Conrad Levinson são leitura obrigatória na maioria dos mais respeitáveis programas de MBA no mundo, e ele é hoje o autor de livros empresariais mais amplamente lido e respeitado no mundo. E ele fez tudo isso "do nada". Quer dizer, o sucesso da marca "Marketing de Guerrilha" é um testamento dos mesmos princípios que o próprio Jay ensina.
Tanto é assim, que ele também é um dos criadores do Homem de Marlboro. (Pense o que você quiser sobre a indústria de cigarro, mas você não pode negar o poder do marketing atrás de Marlboro - sem sombra de dúvida a campanha de marketing mais próspera da história e a marca mais reconhecida no mundo.
Então, afinal, o que é o Marketing de Guerrilha?
Vejamos um segmento do novo livro de Jay "Marketing de Guerrilha para o Novo Milênio" para descobrir que:
. "Marketing é absolutamente todos os mínimos contatos que qualquer parte de seu negócio tem com qualquer segmento de público. A tática de Guerrilha vê o Marketing como um círculo que começa nas suas idéias para gerar lucro e continua com a meta de acumular o maior número possível de clientes que retornam e que indicam seu produto ou serviço.";
. "As três palavras chaves no parágrafo acima são todos, retornar e indicar. Se seu marketing não é um círculo, é uma linha direta que conduzirá sua empresa diretamente à bancarrota.";
. "De que forma o Marketing de Guerrilha é diferente do Marketing Tradicional? Marketing de Guerrilha significa estratégias pouco convencionais, nada tradicionais, que não estão no manual e são extremamente flexíveis. São dezoito aspectos, citados por Jay, que fazem a diferença entre o Marketing de Guerrilha e o Marketing tradicional, e que você encontrará no livro recentemente publicado por ele e que não está a venda nas livrarias, somente na Internet."
As táticas de Guerrilha aplicam-se totalmente aos negócios eletrônicos pois a Internet não é apenas um novo campo de batalha para o Marketing de Guerrilha, mas o seu derradeiro.
Surgiram, nos últimos 5 anos, mais casos de pequenos empresários que obtiveram um mega-sucesso, que em toda a história do mundo dos negócios. E existem nitidamente dois fatores que influenciaram mais que qualquer outro para que isto ocorresse:
1. A Internet;
2. O Marketing de Guerrilha.
A razão para que grandes empresas ainda não tenham estourado online é porque eles não são pensadores de guerrilha. Estas grandes, inchadas pela burocracia, são lentas e emperradas no seu modo de ser. Isto significa que alguém como você pode entrar na competição online e ultrapassa-las. Cada vez mais as Grandes Empresas estão contratando pequenas empresas para ensina-las a fazer negócios online - os papéis se inverteram.
Assim, comece a pensar já como um guerrilheiro. Você está em vantagem - tudo o que você precisa é aprender e executar. Para começar seu ataque de guerrilha, adquira um plano fácil de seguir e que demonstrará passo-a-passo a essência do Marketing de Guerrilha, o novo livro de Jay Conrad Levinson.

*artigo de Mark Joyner, CIO da Aesop Marketing Corporation's.

terça-feira, outubro 28, 2008

Tipos de Propaganda

A propaganda moderna está presente em todos os setores da vida: econômico, social, político, religioso.
Tradicionalmente é conceituada como "o conjunto de técnicas e atividades de informação e persuasão destinadas a influenciar, num determinado sentido, as opiniões, os sentimentos a as atividades - do público receptor."
Podemos classificá-la de variadas formas, cada qual assumindo uma denominação distinta, que define o espaço de sua atuação.
Propaganda ideológica é a técnica de persuasão desenvolvida de maneira mais ampla do que os demais tipos. Sua função é a de influenciar a maior parte das idéias e convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social.
Propaganda política, de caráter permanente, visa difundir ideologias políticas, programas e filosofias partidárias e atuações dos governos. A propaganda política tornou-se um dos grandes fenômenos dominantes do século XX e um instrumental poderoso para a implantação do comunismo, do fascismo, do nazismo e da doutrina hegemonista norte-americana.
Propaganda eleitoral é sazonal. De utilização esporádica, objetiva conquistar votos para determinado postulante a um cargo eletivo. Os principais instrumentos das campanhas eleitorais são: comerciais de rádio e tv, pichação em muros, paredes; adesivos para automóveis, vitrines etc.; crachás; braçadeiras; camisetas e bonés; balões; faixas, que constituem um material indispensável em uma campanha eleitoral; mala-direta, levando notícias do candidato ao seu eleitorado; site de internet e blog opinativo e jornal próprio.
Já a propaganda governamental tem caráter permanente. É destinada a criar, reforçar ou modificar a imagem de um determinado governo, dentro e fora de suas fronteiras. A propaganda governamental feita pelo próprio governo ou por companhias estatais - representa aproximadamente 60% do volume de propaganda veiculada no Brasil, o que demonstra a preocupação do governo (em seus três níveis: federal, estadual a municipal) com a opinião pública.
Denominada por alguns autores americanos de propaganda de relações públicas (Public Relations Advertising), a propaganda institucional é uma área onde as atividades de Relações Públicas e de Propaganda interagem. A propaganda institucional tem por propósito preencher as necessidades de fixação de marca da empresa, aquelas diferentes de vender um produto. A propaganda institucional visa fixar a imagem intrínseca de uma determinada marca e não a função de um produto.
Propaganda corporativa é aquela que objetiva gerar opinião favorável a uma empresa ou marca. Segundo o Publishers Information Bureau (PIB), dos Estados Unidos, a propaganda pode ser definida como corporativa quando preenche um ou mais destes propósitos: 1. divulgar e informar ao público as políticas, objetivos, funções e normas da companhia; 2. construir uma opinião favorável sobre a companhia, destacando a sua administração, know-how, corpo técnico, tecnologia, aperfeiçoamentos nos produtos, a sua contribuição para o progresso social e o bem-estar público; por outro lado, contrabalançar a propaganda desfavorável e as atitudes negativas, e 3. desenvolver uma imagem de confiabilidade para os investimentos em ações da companhia ou para desenvolver sua estrutura financeira.
Propaganda religiosa é uma das mais antigas formas de propaganda. Em meu livro "Agência de Propaganda - o que é e como funciona" descrevo como o termo propaganda já era utilizado pela Igreja Católica, criadora da Congregatio de Propaganda Fide (Congregação para a Propagação da Fé). As religiões sempre exerceram influência sobre os povos utilizando-se fartamente dos mecanismos de comunicação social disponíveis, como formas de persuasão destinadas a influenciar, em um determinado sentido, as opiniões e os sentimentos do público-alvo.
Propaganda social é a propaganda voltada para as causas sociais: desemprego, adoção do menor, tóxicos, entre outras. Nos tempos em que vivemos, o social deve, mais do que nunca, ser a preocupação da propaganda.
Propaganda de produto ou mercadológica tem por objetivo divulgar um produto, levando o consumidor ao conhecimento a compra. É também chamada de propaganda comercial ou simplesmente "publicidade".
O responsável por sua veiculação é o produtor, isto é, o fabricante do bem.
Propaganda de serviços - procura "vender" serviços. Deve-se tomar cuidado na sua identificação, pois as empresas prestadoras de serviços praticam com bastante intensidade a propaganda institucional, que, como foi visto, tem características que a diferenciam da propaganda comercial.
Propaganda de varejo é um desdobramento da propaganda comerciais. Os produtos anunciados são patrocinados pelo intermediário no caso, o varejista.
Propaganda comparativa é um tema controverso no Brasil, onde a tradição não é a da confrontação aberta entre marcas e argumentos. Na propaganda comparativa são feitas alusões aos produtos e serviços dos concorrentes, pois o anunciante contrapõe a sua própria oferta à oferta da concorrência. Com o objetivo de demonstrar a inferioridade das mercadorias alheias em relação às suas próprias, o anunciante esforça-se por mostrar as diferenças existentes entre os seus produtos e os da concorrência.
Propaganda de promoção é simplesmente a divulga a Promoção de Venda através dos meios massivos: rádio, televisão, cinema, jornal (anúncios ou encartes), folhetos, revista a outdoor.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Dicas para um bom relacionamento com a imprensa

Ter um contato livre de culpa com a imprensa é uma tarefa difícil, especialmente se vivemos na “Era do Escândalo”, quando personalidades, lideranças, corporações, organizações e até partidos políticos se desmancham no ar ao colocarem a nu suas intimidades ante o poder fulminante de veículos de comunicação cuja abrangência e alcance nunca antes assumiram tamanha dimensão.
A Revista Exame publicou tempos atrás reportagem com o tema “Empresa X Imprensa - Os segredos de um Bom Relacionamento”. Essa matéria foi encerrada com a publicação de um decálogo, que a seguir reescrevemos, por sua utilidade na compreensão das normas que permeiam a relação de empresários e jornalistas.

1- Pense no leitor (telespectador)

A matéria-prima da imprensa é a notícia ou informação que possa interessar aos leitores. A chave para se obter um bom relacionamento com a imprensa é municiá-la com fatos e notícias corretas e concretas. É válido eleger um determinado veículo para divulgar um fato específico. Mas estabeleça um rodízio na concessão deste privilégio, de forma a não marginalizar ninguém.

2- Crie canais de comunicação com os órgãos de imprensa.


E cuide de mantê-los abertos. Forneça informações úteis mesmo que a sua empresa não esteja sendo focalizada. Plante para o futuro. É importante que os jornalistas tenham acesso permanente e imediato a alguém na direção da empresa. Colabore.

3- Não evite a imprensa.

Na sociedade moderna, uma empresa, mesmo que queira, não pode e não deve se desligar da comunidade. Suas ações, sua estratégia e seus investimentos afetam toda a sociedade. A relação entre as empresas e a opinião pública deixou de ser um gesto magnânimo; é uma obrigação.

4- Não tente impedir a publicação de notícias desagradáveis.

Se o fizer, chamará ainda mais a atenção para o fato e ela ganhará mais destaque do que antes. O recomendável, nestes casos, é dar a melhor explicação possível. A versão da empresa pode colocar uma “pá-de-cal” no assunto.

5- Não minta.

Mesmo que a imprensa não possa checar as suas declarações na hora, a verdade acaba aparecendo. Se uma empresa mente ao público, corre o grave risco de ser desmoralizada.
Em casos limites, mantenha silêncio sobre informações confidenciais.

6- Não solicite cobertura através dos donos de veículos.


Na prática, os pedidos aos donos de empresas jornalísticas terminam sendo encaminhados à redação - a quem cabe a última palavra. E o by-pass evidentemente não é bem acolhido. Gera mal-estar. Portanto, o ideal é fazer contatos com os responsáveis diretos.

7- Não abuse de press-releases.

Este instrumento de comunicação de empresas com jornalistas está muito desgastado. Quase desmoralizado. As redações recebem centenas de releases por dia. E a tiragem é draconiana. Evite releases, de preferência quando tiver uma informação importante ou útil a transmitir. Quanto mais personalizado, específico e objetivo, maior a chance de aproveitamento de um release.

8- Não misture jornalismo com publicidade.

Na grande imprensa, não existe vínculo entre aplicação de verba publicitária e a cobertura editorial. Publicidade é uma coisa, redação é outra. O corte de anúncio não altera a linha ediorial e quem sai prejudicado é o próprio anunciante. Por extensão, não use a sua agência de publicidade para pressionar o editor ou a redação. É até possível que se consiga algum resultado imediato, mas tanto a empresa quanto a agência ganharão a antipatia da redação para sempre...

9- Não acredite em tráfego de influência.

Cuidado com oportunistas que se oferecem para contornar problemas de empresas junto a jornais e revistas. Ou, então, para impedir a divulgação de notícias desfavoráveis. Dizem conhecer jornalistas e cobram alto pelo serviço. Na verdade, evitam a publicação de reportagens que jamais existiram.

10- Nunca “peça a cabeça” de um jornalista.

Mesmo que o veículo ceda à pressão da empresa - o que é raríssimo - outro jornalista será indicado para cobrir o setor. E, certamente, o fará com “o pé atrás”. Além disso, haverá uma reação negativa por parte de toda a imprensa.

Porque a esquerda perdeu nos grandes centros

A desindustrialização empurrou a esquerda para fora das grandes cidades, sustenta o sociólogo Francisco de Oliveira, 74, professor titular do Departamento de Sociologia da USP. Segundo ele, a fuga das indústrias da capital paulista, por exemplo, converteu a cidade num pólo de serviços com um setor informal muito extenso, cujos integrantes não se identificam com o PT: "Em geral eles votam na direita devido ao imediatismo. É gente que quer receber benefícios imediatos, sem esperar por transformações estruturais". Crítico, Oliveira vê o Bolsa Família como uma "política conformista" que reflete o predomínio desse "exército informal que representa mais de 50% da força de trabalho".

O sociólogo sustenta ainda que, ao chegar ao poder, "o PT foi engolido pelo atraso", pois trocou uma política de classe, que buscava uma hegemonia intelectual, por uma política de combate à pobreza, que busca a maioria com atrativos materiais.

A entrevista é de Maurício Puls e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo no dia 19 de outubro de 2008 talvez não seja expositora de posições unânimes, mas serve como instigante instrumentos de debate nesse momento pós-eleitoral.

Eis a entrevista.

Em novembro de 2004, o sr. publicou um artigo na Folha em que dizia que Marta Suplicy foi derrotada pelo governo Lula, pois sua política econômica era indefensável. Hoje Lula tem mais de 50% de aprovação na cidade de São Paulo. Como o sr. explica a rejeição a Marta? A criação das taxas? As políticas sociais do PT? Críticas moralistas?


Um pouco de tudo isso. Em primeiro lugar, naquela época o ataque da mídia ao governo Lula era muito intenso, e Lula não transferiu votos para Marta, transferiu a carga negativa. Agora a situação é a seguinte: a administração de Kassab está muito fresca na memória, enquanto a de Marta já tem quase quatro anos de distância. Isso hoje é muito importante devido à imediaticidade da mídia. É ela que faz a nossa consciência: é uma presentificação absoluta. A distância da administração da Marta esbarra na imediaticidade das avaliações positivas de Kassab. O fato de a avaliação do governo federal ser positiva na cidade de São Paulo não dissolve essa distância da Marta. E São Paulo é uma cidade bastante conservadora. Bastante conservadora. Se você retoma a história brasileira, o populismo paulista sempre foi de direita: Adhemar de Barros, Jânio Quadros, Paulo Maluf.

Ignácio Rangel dizia que o latifúndio gaúcho - Getúlio Vargas, João Goulart - conseguiu representar politicamente a indústria nacional, o que deu origem a um populismo de esquerda, progressista. Mas isso não aconteceu em São Paulo.

Isso nunca aconteceu. Mas não é só isso. Na verdade o que é importante no Rio Grande do Sul é a pequena propriedade, não é o latifúndio: o latifúndio enche nossas mentes, mas não forma... As ideologias populistas nascem no Rio Grande do Sul, mas é importante não esquecer que o Estado conheceu um positivismo muito especial, que é o que influi na legislação trabalhista. Vargas era positivista, a moçada formada nas escolas militares era positivista. Não é a toa que a divisa da bandeira brasileira é "Ordem e Progresso". E São Paulo não teve essa formação.

Mas por que a direita é especialmente forte em São Paulo? Devido à centralidade econômica da cidade, sede de grandes empresas, bancos, associações empresariais?

De fato, a centralidade econômica de São Paulo leva a cidade para a direita. Não é tautológico, mas é um fato.

Mas o PT continua sendo muito votado na periferia da cidade e nos demais municípios da região metropolitana. O sr. acha que a esquerda foi expulsa para fora da cidade - para a região metropolitana?


Foi, é verdade. Esse é um fenômeno político da maior importância. As indústrias saíram de São Paulo. São Paulo não é mais uma cidade proletária: é uma cidade de serviços e de um setor informal imenso, cuja identificação de classe é muito ambígua, muito perpassada pelo fenômeno da sobrevivência. É uma situação de classe muito difícil. São Paulo não é mais do proletariado clássico. Moro num bairro, a Vila Romana, que antigamente tinha várias indústrias. Hoje não tem mais nenhuma, todas foram para outros municípios.

Inclusive é uma área de forte investimento imobiliário.

Forte, muito forte. Não é uma zona rica, comparada a Higienópolis, mas é uma zona de investimentos imobiliários muito altos. E aqui você tinha a Matarazzo, a Saturnia, a Melhoramentos - hoje aqui só ficou o escritório -, a Parmalat... Era uma zona de fábricas, e hoje não tem mais nenhuma. Isso aconteceu com a cidade como um todo. A cidade se desproletarizou na forma clássica e ganhou um enorme exército de trabalhadores informais....

Que em geral não votam na esquerda...

Em geral eles votam na direita devido ao imediatismo. É gente que quer benefícios imediatos, sem esperar por transformações estruturais.

Apesar de sua provável derrota em São Paulo, o PT continua sendo o partido que mais cresceu no país. Em 2004 o sr. escreveu que isso mostrava o envelhecimento de um partido nascido para reformar o país. O sr. ainda mantém essa opinião: o PT foi engolido pelo atraso ou foi o atraso que se modernizou?

Eu acho que o PT, como força transformadora, foi engolido pelo atraso. Qual é a modernização que existe aí? É uma modernização de políticas sociais que são políticas de ajustamento, não são políticas sociais transformadoras - elas se ajustam à realidade. O Bolsa Família é uma política de ajuste, uma política conformista. E isso reflete essa situação um tanto ambígua de uma classe que não é classe, desse enorme exército informal que representa mais de 50% da força de trabalho. Então, o PT foi engolido pelo atraso. A modernização das políticas sociais é uma regressão da classe para a pobreza, enquanto o movimento histórico vai da pobreza para a classe. A extensão das políticas sociais focais é uma regressão da classe para a pobreza: elas são políticas para os pobres.

Os partidos social-democratas de tipo clássico se baseavam em seções territoriais, os núcleos de base. Hoje os núcleos do PT praticamente desapareceram. Essa transformação reflete a conversão de um "partido dos trabalhadores" em um "partido dos pobres"? O PT não é mais um partido social-democrata?


Não, não é. Isso reflete em parte essa mudança e, em parte, é um reflexo da chegada ao poder. Você se profissionaliza porque a gestão do Estado exige a profissionalização. Não é um Estado qualquer: é um Estado capitalista, todo permeado por relações patrimonialistas, mas na maior parte dos casos você tem que gerir dinheiro. E dinheiro não se gere passando a mão na cabeça. O partido profissionalizou-se e burocratizou-se no sentido weberiano - ele tem de tornar a gestão previsível, e por isso se profissionaliza. Isso é em parte o efeito da chegada ao poder, e em parte o efeito da regressão da classe para a pobreza.

Mas o PT ainda tem um vínculo razoavelmente estreito com os sindicatos. O sr. acha que ele se parece hoje mais com o Partido Democrata norte-americano, que ainda está ligado a uma central como a AFL-CIO, do que com os social-democratas europeus, que antes eram estruturados a partir dos sindicatos?


Não, não é mais o modelo europeu. É mais próximo realmente do modelo norte-americano, com algumas particularidades que a legislação brasileira conferiu, devido ao fato de que a influência do Estado na formação da economia levou à formação desses fundos estatais, que eram mecanismos de acumulação, e que estão na maior parte dos casos sob o controle de sindicalistas. É uma transformação da classe.

É aquilo que o sr. tinha descrito no "Ornitorrinco". O sr. acha que o partido hoje é controlado por uma nova classe social?

Eu acho. É uma expressão forte, porque os sociólogos têm muito medo de falar em classe social. Mas é uma nova fração de classe que tem um papel muito importante hoje.

O sr. fala de uma aproximação entre PT e PSDB. Mas o que opõe os dois partidos nas eleições? Qual é a fratura que divide os dois?


A fratura é parecida com a que existe nos Estados Unidos: embora democratas possam ser tão ricos quanto republicanos, essa fratura permanece nos EUA devido a origens históricas diferentes. Isso tem peso. Quem fez a paz no Vietnã foi um conservador. Os democratas não ousavam dar nenhum passo no Vietnã porque apareceriam como traidores. Origens históricas diferentes continuam a pesar, e o fato de que, a partir dessas origens diferentes, eles se inscreveram junto ao eleitorado como alternativas. Mas a aproximação entre eles é tão grande que em Minas tentou-se essa façanha, de eleger um tertius que representasse os dois partidos, PT e PSDB. Essa é a tendência. Mas não ocorrerá de forma absoluta devido a essas raízes históricas diferentes. Mas as diferenças reais são muito pequenas.

Mas, se há uma identidade absoluta, não haveria nenhum fundamento para uma escolha do eleitor. Existiria alguma coisa substantiva além das raízes históricas?

Existe. Ainda há diferenças. Mas do ponto de vista das políticas decisivas elas são quase irreais - as diferenças reais quanto ao rumo da política nacional são quase irrelevantes. Mas eles jamais vão se unir, porque em política a soma não é maior do que as partes, como o caso de Minas revelou: juntaram duas forças que aparentemente iam aplastar qualquer outra. E não resultou.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Candidatos processados

Um levantamento aponta que 71,6% dos candidatos que concorrem no segundo turno das eleições municipais do próximo dia 26 respondem a processos na Justiça.
Segundo o levantamento feito pelo site Congresso em Foco (www.congressoemfoco.com.br), 43 dos 60 postulantes que concorrem às Prefeituras das 30 cidades onde haverá segundo turno têm pendências com a Justiça. No total, estes candidatos somam 249 ações.
Para levantar os dados sobre os candidatos, foram consultadas as páginas na internet do STF (Supremo Tribunal Federal), da Justiça Federal e dos tribunais de Justiça de cada Estado.
Em 16 cidade, os dois candidatos à Prefeitura são réus em processos em alguma instância do Judiciário. Entre elas estão as seguintes capitais: São Paulo (SP), Belém (PA), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC) e Manaus (AM).
Já em outros 11 municípios, apenas um dos concorrentes no segundo turno respondem a processos. Entre elas estão Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Luís (MA).
Em apenas três cidades não foram encontrados processos contra os postulantes à Prefeitura: Belo Horizonte (MG), Canoas (RS) e Macapá (AP).

Casos mais comuns

Segundo o site Congresso em Foco, foram encontradas dificuldades para acessar dados sobre os candidatos a prefeito nas páginas da internet dos Tribunais de Justiça.
Em quase nenhum dos websites --com exceção do STF-- é possível saber qual o assunto a que as ações se referem.
Houve também dificuldades em se consultar agravos, apelações em segunda instância e outros recursos nos processos. Portanto, foram considerados apenas processos de origem.
Mas, entre os 249 processos encontrados no levantamento, os casos mais comuns se referem a execuções fiscais, ações populares e processos por improbidade administrativa.
Porém, foram também encontradas ações que tratam desde cobranças de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) até inquéritos de corrupção e compra de votos.

Polêmica

A divulgação dos nomes de candidatos envolvidos em processos têm causado grande polêmica.
Em agosto deste ano, a Associação dos Magistrados Brasileiros divulgou a primeira lista de candidatos que eram réus em ações judiciais.
A AMB também pediu em ação que as candidaturas de postulantes "fichas sujas" fossem impedidas. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, rejeitou a ação, alegando que ela feriria o princípio da presunção de inocência.
Na ocasião, a lista foi criticada por juristas e por políticos que foram incluídos na categoria. Na opinião deles, o fato de os candidatos serem réus em processos não poderia ser usado contra suas candidaturas, já que tais ações ainda não teriam transitado em julgado.
Candidatos processados se defendem dizendo que tais ações podem ter sido iniciadas por motivos eleitoreiros. Já entidades como a AMB e o site Congresso em Foco entendem que a divulgações de informações sobre a vida pregressa dos candidatos ajudaria os eleitores a fazerem melhores escolhas nas eleições ou, no mínimo, a votarem com consciência e informação sobre os elementos em disputa.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Bate-boca criativo

No último MaxiMídia, o mais importante evento do meio publicitário nacional, em pleno painel sobre a Criatividade Brasileira, o mais importante, porque tinha como Presidente da Mesa o presidente da ABAP, Dalton Pastore, como Moderador, Luis Lara e como debatedores aqueles que a grande maioria do mercado publicitário julga como os maiores representantes dessa geração de criativos brasileiros, Nizan Guanaes e Fábio Fernandes, um confronto aberto se estabeleceu.
O que se viu foi um enorme bate-boca e, pior (ou melhor, a depender do ponto de vista), Fábio desancando Nizan como grande parte do mercado gostaria de fazer mas não tem a coragem necessária ou a oportunidade devida. Ali, diante de muitos, Fábio chutou um ídolo de barro até vê-lo reduzido ao que ele realmente é: barro.
Leiam a seguir, com atenção, o texto do email que Fábio Fernandes mandou a todos os seus funcionários da F/Nazca com o título "ninguém é obrigado a ler".
Leitura obrigatória.


Pessoal,

Achei que devia escrever a vocês para falar sobre o Maximidia e o debate/embate que eu travei com o Nizan.
Acho que não é novidade para os mais próximos e os nem tão próximos que tenho diferenças profundas, quase religiosas, na visão sobre o que é e o que deve ser o negócio, o objetivo do trabalho, a missão, os processos, a forma e o conteúdo do prodtuto final de uma agencia de propaganda, em relação ao dito personagem - pra mim, uma caricatura de ser-humano, dublê de político populista e novo-rico deslumbrado, comediante de frases de efeito repetidas à exaustão, arremedo de empresário anti-ético e criativo anti-estético.
Nunca escondi - nem dele - que o acho vil, pernicioso à nossa indústria, predador, oportunista, aproveitador, manipulador.
Nunca deixei de observar e comentar que todo o tempo em que ele esteve criador, foi um tempo que ele utilizou apenas para forjar um personagem que, com tino e capacidade de observação, o levaria a ter seu próprio negócio, onde ele reproduziria não aquilo que ele almejou como empregado mas, ao contrário, os piores modelos, os piores ambientes internos, piores lugares comuns, entre todas as agencias em que ele trabalhou. Desde que isso, convenientemente, implicasse em fazê-lo mais forte, mais rico, mais poderoso.
Nizan é um caso típico de uma pessoa que quanto mais tem mais quer. E que quanto mais quer menos mede esforços e as consequencias nefastas dos atos que ele pratica para ter mais. Ele é o exemplo pronto e acabado da insustentabilidade.
Se fosse presidente dos EUA não seria em nada diferente de Bush - só o discurso seria mais engraçado. Mas invadiria o Iraque, deportaria estrangeiros, perseguiria minorias, poluiria a atmosfera, cagaria para o mundo. O que interessa para ele é ele. E por ele, acha ele, que pode, ele, tudo.
Mas a minha questão mais vital em relação a ele, é o fato de que - queira eu ou não - ele se transformou em uma celebridade da propaganda brasileira. Os incautos, os bobos da corte, os novatos, os leigos, os incultos, clientes inclusive, publicitários inclusive, imprensa, principalmente, inclusive, o acham o máximo. E eu, que convivo muito bem com as minhas invejas, meus desencantos, meus fracassos, não teria nada a objetar se ele o fosse de fato. Portanto não é este, em nenhuma hipótese, o meu problema com ele.
O meu imenso, colossal, infinito problema com ele é que, amparado por essa "populariadade", "unanimidade", "superioridade" ele diz o que quer, do jeito e na hora que quer, destruindo o que quer, com voz e pompas de "representante da categoria".
Agencias que produzem trash for cash (ou, lixo por dinheiro, em bom português) existiram e existirão sempre. Na realidade, em boa parte elas até nos ajudam a sermos melhor percebidos como inovadores, originais, cuidadosos, diferentes.
O Brasil, entretanto, é o único país do mundo onde a publicidade tem no discurso do seu maior expoente que "o que é bom é feito para ser copiado", "propaganda criativa é bobagem", "eficiência é o contrário de originalidade", ou as pérolas que ouvimos no próprio Maximídia "momento de crise não momento de inovar". Ou seja: na falta de capacidade ou de vontade de fazer boa propaganda, propaganda de qualidade (o que, obviamente, na nossa opinião passa obrigatoriamente por inovação, criatividade, excelência na execução e excitação do pessoal interno de uma agencia de propaganda) o que ele faz - oficialmente - é nos colocar na posição de meninos traquinas, revoltadinhos de plantão, criativos irresponsáveis que querem brincar com o dinheiro dos clientes, enquanto ele finge que é Jack Welch, Warren Buffet ou Armínio Fraga. Nizan não sabe mais quem ele é. Ele é publicitário mas quer fingir que é analista econômico. Foi criativo mas gostaria mesmo era de ser dono da Ambev. Tem um business microscópico mas arrota ares de colega de turma de um Jorge Gerdau. Mas eu sei quem é Nizan. É um demagogo. Ele sabe bem que o discurso do tradicionalismo, do conservadorismo, da mediocridade, da pasteurização, agrada em cheio a uma imensa gama de bundões de plantão que preferem demitir do que investir. Preferem temer do que empreender, preferem dividir os prejuízos, já que nos lucros ele posa com a esposa em sandálias de 3.200 reais em seu apartamento em Paris. Preferem disseminar o caos, porque a alegria dos bons momentos ele rega com champagne em festas particulares com celebridades estéreis e etéreas de ultima hora.
Na publicidade, que afinal é o meu negócio, embora sempre que eu fale nisso ele ache que o assunto está infantil demais (lembrem-se, ele é um business man) ele sabe também que há bundões prontos a gastar mais para contratar uma meia dúzia de artistas famosos, cantando um jingle com uma logomarca formada por funcionários da empresa, do que se "arriscarem" a criar um posicionamento de verdade, uma linguagem proprietária, um estilo único e próprio.
Na visão desse chupa-sangue de plantão, ele está certo. Tanto que acerta duas vezes com uma mesma tacada: acalenta os desejos mais primitivos de um ou outro cliente cagão e ainda fatura muito mais em cima do trouxa que tem que enfiar todo o dinheiro do mundo para ser ouvido/visto/lembrado com uma bobajada cheia de clichês e formulinhas baratas, que definitivamente não sobreviveriam a um plano de mídia comprado com poucos recursos. De quebra, ele ainda usa todo o seu arsenal de repetidores e baba-ovos da imprensa e arredores para confirmar que um monte de estrume na verdade é um pote de ouro.
E o bobo alegre que aprovou e pagou pela campanha, acha que fez a coisa certa de novo.
Reis nus. Que se sentem vestidos com o melhor da tecnologia e design da indústria textil. E eu, daqui do alto da minha inocência, só vejo que eles têm pênis pequenos.
Não é à toa que ele está tão preocupado com a crise de liquidez que todos vamos enfrentar nos próximos tempos. Ele sabe que o dinheiro, quanto mais valioso e raro fica, melhor tem que ser aplicado. E, com menos dinheiro, é a inteligência o que a propaganda vai voltar a exigir.
Quanto mais economizarmos, compensados por uma mensagem forte e memorável, mais eficientes seremos para os nossos clientes.
Ninguém lembra de um amigo medíocre que fala pouco, alguns até se recordam de um amigo chato que fala muito, mas todos sentem saudades do amigo genial que falava coisas legais. Ou seja: o modelo de negócio dele desmoronou. A festa acabou para quem não passava de vendedor de um montão de espaço na mídia e começou para quem tem o Que e o Como dizer nesse espaço, que será inevitavelmente menor.
E isso ele não sabe fazer.
Isso foi o que suscitou o nosso duelo na última quinta feira.
Ao contrário do que ele ainda tentou fazer alguns crerem, eu não estava discutindo sobre o ofício da criação ou sobre "leões em Cannes".
Ao contrário do que ele fingiu que estava acontecendo, a nossa discussão não era sobre a criatividadezinha e os sonhos dos seus pequenos criadores.
Nós discutíamos sim era sobre uma questão que, apesar de tudo, ele mesmo ainda tem senso crítico suficiente para entender, mesmo que intimamente isso seja altamente doloroso, já que foi o que um dia ele mesmo já tanto defendera. Nós estávamos discutindo caráter.
Porque, ao contrário dos que não oferecem o melhor para os seus clientes por falta de recursos, talento, ferramental, essa mediocrização a que ele está submetendo as agencias controladas por ele é um esforço premeditado para esvaziar toda e qualquer possibilidade de que o discurso dos que fazem melhor, com mais interesse, mais cuidado, mais compromisso e mais responsabilidade se reestabeleça.
O trabalho que as agencias do Nizan faz, a maneira como ele trata seus funcionários, as propostas comerciais indecorosas que elas oferecem aos seus clientes, não seriam um problema tão grande se não fosse o fato, como eu já disse, de que o discurso que o embasa é avassaladoramente mais potente que o que nós e outros poucos como nós, conseguimos rebater daqui.
Quando alguém vende a alma ao demônio isso deixa de ser um problema exclusivamente dele quando esse alguém vai à Caras, à Exame e à Veja para convencer a todos de que vender a alma é o certo.
E o que aconteceu de bom no final de tudo isso? Na minha opinião, várias coisas.
A primeira é que muitos agora viram que o que ele diz não é uma verdade. É uma opinião viciada, interesseira e oportunista.
E não é a opinião do resto do mercado.
Segundo, é que outros que pensam como nós entenderam que ele pode e deve ser confrontado.
Terceiro, é que se definiram claramente os discursos e as práticas no dia a dia. Agora, já pode-se começar a entender que mediocridade e mesmice são apenas uma opção e, tanto são uma opção, que têm um lugar (ou um grupo) certo onde podem ser solicitadas.
Mas existem sim outras opções e nós estamos na ponta entre as agencias de propaganda latu-sensu que oferecem essa opção.
Quarto, é que sempre é bom ver os que se fazem de bonzinhos e corretos finalmente mostrando as suas garras e suas verdadeiras motivações. Naquele mesmo dia à tarde o Nizan me telefonou aqui na agencia. Como eu não o atendi, deixou, literalmente, o seguinte recado com a Sueli: "Diga ao Fábio que ele é viado, frouxo, que ele me bate em público mas se ele for homem que telefone para mim!"
Disse também, mais tarde, em um jantar com pessoas que me conhecem que "Eu só não bati em Fábio Fernandes porque ele estava maquiado - e eu não bato em homem maquiado". Para os que não entenderam o enigma (como eu, que fui perguntar a uma pessoa que o conhece) ele acha que eu... passo lápis nos olhos. Sim, acreditem. Alguém, inclusive, já o ouviu relatando que alguém lhe contou que uma certa vez, sob a chuva, o lápis dos meus olhos borrou e eu corri para colocar os óculos escuros.... :-))))) Inacreditável, mas é a mais pura verdade. Foi a esse ponto que esse sujeito chegou.
Por isso mesmo eu resolvi escrever a todos vocês sobre isso. Porque o que eu tenho a dizer sobre ele é bem pior do que seria se ele apenas usasse lápis para ressaltar os seus lindos olhos. O que eu tenho a dizer sobre ele é claro, verdadeiro, profundo e cabal.
Fico feliz de não me maquiar, mas não teria problema nenhum em admití-lo se, ainda que absurdo, isso fosse verdade.
O duro para ele deve ser ouvir o que eu penso - e que a cada dia mais gente vem me dizer que foi bom eu dizê-lo porque é o que quase todo mundo pensa - e, mesmo sendo a mais aguda verdade, não poder admití-lo.
Porque é revelador, comprometedor e devastador.
O rei está nu. E eu sei que ele não é de nada.

Fabio Fernandes

F/NAZCA SAATCHI & SAATCHI
Agency of The Year 1999, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Quando o improvável acontece

"100% de esforço onde houver 1% de chance". Essa é a assinatura da campanha que a MPM Propaganda, uma das agências de Nizan Guanaes, desenvolveu para a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE). A ação, que contará com filme, spot de rádio e anúncios de mídia impressa, mostra que a entidade não mede esforços na difusão de conhecimentos sobre os mais avançados tratamentos para pacientes com linfoma, leucemia, mieloma múltiplo e mielodisplasia no Brasil. A idéia é recorrente. Todo mundo, em uma agência de publicidade de qualquer paragem, já usou essa máxima de que algo improvável pode acontecer quando as condições para que aconteça convirjam de maneira adequada. Mas a realização da idéia pela MPM qualificou o lugar-comum, com um resultado visual que lembra documentário do Discovery Channel, associado à leve poesia da interação entre a imagem real e o desenho, que serve de assinatura final da peça.

Veja o filme “Besouro”

http://www.youtube.com/watch?v=krJg69VIMrw

quarta-feira, outubro 15, 2008

Acessos forjados em sites são criticados

Foi-se o tempo dos panfletos que emporcalhavam as ruas e estampavam frases manjadas como "Trago a pessoa amada em sete dias". Agora, panfleto é spam e a sentença poderia ser trocada por "Trago sucesso na internet em milhares de cliques". É com propostas nestes moldes que sites como o Mymp3plays.com embolsam entre U$ 15 e U$ 50 para aumentar artificialmente acessos dos perfis de bandas cadastradas do MySpace. Estes são os valores do download do programa capaz de burlar a contagem do número de acessos em sites.
Gravadoras estão de olho nesses números e estrelas inglesas como Lily Allen e Arctic Monkeys ganharam as primeiras manchetes por causa dos números estratosféricos de seus page views, em parte questionados pelo produtor musical Dudu Marote. Em entrevista ao Jornal do Brasil, publicada na segunda-feira, o homem que aparou sucessos de Skank e Jota Quest usou o termo "jabá na internet" para definir as "empresas que se especializam em colocar comentários em blogs e em sites".
Do Youtube para a EMI
– Não é difícil descobrir que há algo errado. A comunidade pode ter milhares de membros, mas as discussões não são movimentadas. Na internet, mentira tem perna curta – sentencia Wagner Martins, sócio da Espalhe, agência especializada em marketing de guerrilha.
Martins garante que acessos inflados existem, mas não trazem resultados favoráveis:
– Talento e criatividade em se promover contam cada vez mais. Pode ser romântico, mas ainda acredito que a liberdade da web sirva para favorecer este tipo de coisa e desmascarar de vez o jabá.
Num comunicado em resposta às suposições de irregularidade na contabilidade dos acessos, posta em debate por Marote , o departamento de tecnologia do MySpace é categórico: "Privacidade e segurança são prioritários. O enfrentamento ao spam inclui implementação de tecnologia para a prevenção de mensagens indesejadas. O esforço do MySpace em relação ao combate ao spam é contínuo". Por seu lado, a assessoria de imprensa do Google no Brasil afirma que os números de visualizações dos vídeos do YouTube não podem ser forjados.
Diretor executivo da Riot, dedicada exclusivamente a estratégias com redes sociais, blogs e fóruns, Pedro Ivo Resende alerta que artistas que insistirem na prática podem acabar prejudicados.
– Não existe empresa séria que faça isso, só profissionais que vêem pontos fracos nos sistemas. A repercussão negativa pode acabar com uma banda. É fácil detectar um desvio de padrão por meio do histórico no servidor – ressalta Resende. – Este procedimento de fato existe, mas ainda não foi adotado por gravadoras. Há um trabalho muito sério de divulgação na internet. Ela está ocupando o papel da rádio, das gravadoras e das lojas. É um ambiente que, se bem explorado, pode gerar dinheiro.
Os mais de 2 milhões de acessos no YouTube de Como ocê pode abandonar eu , vídeo gravado no celular por um fã anônimo da recém-lançada banda goiana Pedra Letícia, chamou a atenção do gerente do departamento artístico da EMI, Victor Kelly, que faz questão de separar marketing viral de jabá.
– Alguns artistas têm uma assessoria de marketing viral para fomentar a carreira. Empresas prestam estes tipos de serviço – distingue Kelly. – Já ouvi dizer que no MySpace é possível conseguir burlar números com a ajuda de softwares, mas não tenho provas disso. Às vezes, você vê um número lá que não quer dizer a realidade. As pessoas sempre dão um jeitinho em tudo.
Kelly reconhece que fica curioso para ouvir artistas que estão no topo das listas de acesso dos principais sites, mas faz ressalvas. O executivo ignora a matemática. Para ele, 7 milhões, total de visualizações dos vídeos do grupo goiano, tem valor menor do que 3 mil pessoas num show.
– Nunca vou contratar só pelos acessos. Vou aos shows, não pode ser algo apenas de internet. O Pedra Letícia ganhou o circuito universitário do Paraná. Em Londrina você vê milhares de pessoas cantando músicas que só podiam ser ouvidas no YouTube.
O grupo não tinha CDs ou MP3. Mas sempre soube que maquiar cifras na internet não é bom negócio.
– Forjar os números não vai ajudar no que realmente é preciso: aumentar a quantidade de fãs. Não quero parecer famoso, quero ser famoso. Você pode gerar um bafafá, mas não cria algo enraizado – analisa o vocalista do Pedra Letícia, Fabiano Cambota.
O cantor desafia alguém a apontar algum artista que tenha despontado a partir de trambiques online:
– Você pode aumentar o número de integrantes da sua comunidade no Orkut. Se descobrem, você passa por ridículo – exemplifica Cambota. – O trabalho em internet é braçal. O número impressiona, é claro. Tivemos sorte porque o YouTube privilegia muito o humor. Nosso MySpace estava meio largado, mas por uma questão imbecil: tinha perdido a senha...
Edney Souza, diretor de operações da Pólvora Comunicação, com modelo semelhante aos da Riot e Espalhe, lembra que não é permitido criar perfis e blogs falsos na Europa, o que por aqui é chamado de estratégia de divulgação:
– Lá existem legislações contra esse tipo de coisa. A divulgação tem de ser feita de forma verdadeira.
Souza também faz uso de uma comparação que une copos de cerveja e marketing na internet na mesma idéia.
– É como quando você chega numa festa e vê que está todo mundo conversando. Você vai ver qual é o papo primeiro para depois ir tentando se inserir – teoriza Souza. – As pessoas te dão espaço, então você dá suas opiniões. O mais ético na internet é ouvir antes de falar.

Por Bráulio Lorentz, Jornal do Brasil.

Milton Glaser: arte é trabalho

Talvez você pense que não conhece Milton Glaser.
Mas se você se interessa por publicidade, comunicação e artes gráficas (ou design gráfico, como se diz agora), então você conhece esse profissional que criou peças de grande impacto ao longo de muitas décadas de trabalho profícuo. Se você já viu o poster que retrata Bob Dylan e mostra sua silhueta escura ornada por uma cabeleira psicodélica multicolorida ou se você já viu a frase "I Love New York" com a palavra "love" substituída por um coração vermelho, então você conhece Milton Glaser.
Nascido em 1929, Glaser estudou na Cooper Union entre 1948 e 1951 e continuou sua formação na Academia de Belas Artes de Bolonha com o pintor Giorgio Morandi.
Em 1954, Glaser, junto com Reyonld Ruffins, Seymour Chwast e Edward Sorel, fundaram os Pushpin Studios.
Durante vinte anos Glaser e Chwast dirigiram o Push Pin, uma referência que guiava o mundo design gráfico. Em 1974 Glaser montou o seu próprio escritório.
Fez posters, revistas, design de jornais, design de interiores, logotipos, discos, ilustrações para revista e jornal, tipografia, desenhos, aquarelas, material impresso, brinquedos.
Seu trabalho é fortemente caracterizado por ilustrações feitas à mão, tendo um estilo muito eclético. A sua arte foi mais ornamentada e virtuosa do início, passou para uma concepção mais redutiva, simples, forte e direta — reflexo da sua maturidade e da assimilação do tempo que passou por ele deixando suas marcas profundas, influenciando seu trabalho de maneira marcante.
Hoje menos conhecido e estudado, ao longo da sua carreira Glaser teve um grande impacto na ilustração e design gráfico contemporâneo e foi um dos grandes nomes na base de minha formação profissional. Foi a grande figura de referência para os designers de sucessivas gerações até os anos oitenta do século passado.
E deixou sua digital em nosso país. Em 1995 a empresa de design WBMG, de Walter Bernard & Milton Glaser, foi contratada para a reformulação gráfica do jornal O Globo.

Push Pin Style

Nos anos 60, o estéril Estilo Internacional Suiço, muitas vezes limitador e elitista, dominava o mercado do design gráfico. Foi quando surgiu o Push Pin Style, que tornou-se uma referência do design gráfico, ao lado do Pentagram, de Herb Lubalin, outro estúdio que marcou época.
O Push Pin Style não se prendia apenas ao que era considerado o "bom design", com um estilo excêntrico muitas vezes inspirado na estética do século XIX e nas tendências da cultura pop.
Criou uma linguagem contemporânea, compatível com um design pós-moderno. No Push Pin foram projectados capas de disco, livros, cartazes, identidades visuais, tipografias originais e Revistas.
Glaser usou desde então e usa hoje ainda a sua arte para influenciar pessoas, para fazer um discurso político anti-belicista, anti-colonialista e pacifista. Faz de seu trabalho longevo um belo exemplo de comunicação militante.
Na frente de seu modesto estúdio em New York lê-se, em Garamond, sua máxima de vida: "art is work".

Aforismos

Há muito o que aprender com Glaser, como nessas sugestões e dicas que podem ser muito úteis para todos os profissionais da área de criação:

1. Menos não é necessariamente mais. Existem trabalhos que só ganham o verdadeiro impacto pelo trabalho que deram.
2. Não se deve confiar num estilo único. A realidade muda, e os estilos devem adaptar-se. Um estilo pode ser muito funcional em um momento, ou durante algumas décadas, mas pode vir por água abaixo após um tempo.
3. Você só deve trabalhar para quem você gosta. Todo trabalho realmente significativo surgiu de um relacionamento afectivo com o cliente. Compartilhar de informações em comum e gerar um laço afetivo torna o trabalho mais completo, estimulante, eficiente.
4. Algumas pessoas são tóxicas, mantenha distância. Observe quais pessoas lhe sugam ou renovam as energias, quais agregam e quais não acrescentam nada em sua vida.
5. Profissionalismo não é suficiente. Profissionais tendem a repetir o sucesso quando acertam. Isso significa reduzir a margem de risco. Porém, uma das coisas mais necessárias no nosso campo é transgredir, e correr o risco de apresentar algo novo, aceitar a possibilidade de falhar ou ouvir alguns ‘nãos’.
6. Dúvida é melhor que certeza. Quando você tiver certeza de qualquer coisa na sua vida, fique preocupado. A dúvida é o caminho para a evolução.
7. Não se feche em poucas referências. Devemos ser persistentes e consistentes e, principalmente, compreender as idéia a fundo e a amplitude e correlações entre elas. ‘A riqueza do entendimento vem da profunda idéia histórica e filosófica’.

Video

http://miltonglaser.com/pages/milton/mg_index.html

Bibliografia

Milton Glaser: Graphic Design. Ed. Overlook TP, 1983.
Milton Glaser: Art Is Work. Thames and Hudson, 2000.
MEGGS, Philip B. (ed.) 6 Chapters in Design. Chronicle Books, 1997.
Milton Glaser. The Design of Dissent : Socially and Politically Graphics. Rockport Publishers, 2005.
CHWAST, Seymour. Push Pin Graphic: A Quarter Century Of Innovative Design And Illustration. Chronicle Books, 2004.

terça-feira, outubro 14, 2008

O que lêem os jornalistas

A terceira edição da pesquisa Barômetro de Imprensa traz alguns dados interessantes sobre os jornalistas brasileiros. Quinhentos e sessenta e três profissionais de mídia (320 de meios impressos, 111 de veículos online, 77 de TV e 55 de rádio) responderam ao questionário enviado por e-mail, em setembro, aos 39.772 listados no mailing da Maxpress. A pesquisa é realizada bimestralmente pela FSB Comunicações e seu relatório completo está disponível no site Observatório da Imprensa.

Vale a pena olhar de perto alguns dos resultados:

1. A internet ultrapassou o jornal impresso como principal fonte de informação no trabalho dos jornalistas. Para 57% dos entrevistados, sites e blogs da internet constituem as principais fontes de informação usadas cotidianamente no trabalho jornalístico.
2. Apesar da internet, os jornais são lidos diariamente pela maioria dos jornalistas de todas as mídias pesquisadas, em índices superiores a 80%. É a força do hábito, porque na verdade os jornais continuam a ter tiragens baixíssimas no país inteiro. O jornal de maior tiragem no país, a Folha de São Paulo, publica apenas o equivalente em exemplares a 7% da população da cidade onde é impresso.
3. Pela força de sua marca, a Folha de S.Paulo é o jornal mais lido pelos profissionais de mídia em São Paulo: ele foi indicado por 73,1% dos entrevistados, contra 62,7% de O Estado de S. Paulo (cada jornalista podia fazer até duas indicações).
4. No Rio de Janeiro, onde a tiragem dos jornais vêm sofrendo o maior refluxo dentre as capitais mais influentes, o preferido é O Globo (69%) e Folha aparece em segundo lugar, com 32,2% das indicações.
5. Nos resultados apurados com os 208 jornalistas entrevistados nos demais estados (excluindo Rio e São Paulo), o nome na liderança é a Folha de S.Paulo, seguida pelo Estado de S. Paulo e pelo Globo.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Cuba, um furacão chamado bloqueio

No próximo 29 de outubro, a Assembléia Geral da ONU, após ouvir o informe apresentado pelo secretário-geral, Ban Ki Moon, votará o projeto de Cuba visando à suspensão do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto à ilha do Caribe pelo governo dos EUA desde 1959.
Será a 17ª vez que a ONU tratará deste tema. Em 2007, dos 192 países-membros das Nações Unidas, 184 votaram a favor do projeto que pedia a suspensão. Infelizmente, suas resoluções não têm caráter obrigatório, exceto as do Conselho de Segurança.
O fato de a maioria dos países condenarem, por 16 vezes, o bloqueio representa um gesto de solidariedade à Ilha e uma derrota moral para a Casa Branca, cuja prepotência se evidencia por não ter a menor consideração para o que pensa a comunidade internacional, que repudia a hostilidade usamericana.
O bloqueio é o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba. Ano passado, representou, para o país, prejuízo de US$ 3,775 bilhões. Ao longo dos 50 anos de Revolução, calcula-se que o total do prejuízo chegue a US$ 224,6 bilhões, levando em conta a desvalorização do dólar e suas flutuações no decorrer do tempo.
O bloqueio é um polvo com tentáculos extraterritoriais, violando o direito internacional, em especial a Convenção de Genebra, que o qualifica de genocídio. Empresas, bancos e cidadãos que mantêm relações econômicas, comerciais ou financeiras com Cuba sofrem perseguições. A exemplo do que fez a China durante as Olimpíadas, também o governo usamericano bloqueia sites da Internet relacionados com Cuba.
A muito custo o governo cubano tem conseguido abrir pequenas brechas no bloqueio, como ao comprar alimentos dos EUA. As empresas vendedoras enfrentam gigantesca burocracia, sobretudo porque a comercialização tem de passar pela intermediação de um terceiro país, já que o bloqueio proíbe relações diretas entre EUA e Cuba. O comprador é obrigado a pagar adiantado e não pode vender seus produtos aos usamericanos; os navios retornam vazios aos portos de origem.
Os recentes furacões Gustav e Ike provocaram muitos danos à Ilha. Áreas agrícolas foram devastadas, 444 mil moradias afetadas, das quais 67 mil totalmente destruídas. Com a alta dos preços dos alimentos no mercado internacional, Cuba só não está com a corda no pescoço graças à solidariedade internacional, inclusive da União Européia e do Brasil.
O governo cubano solicitou à Casa Branca uma trégua no bloqueio nos próximos seis meses, por razões humanitárias. Até agora, Bush mantém completo silêncio. Contudo, a máquina publicitária da Casa Branca trata de camuflar a omissão presidencial com uma série de mentiras, como a oferta de US$ 5 milhões aos cubanos vítimas dos furacões.
Ora, o que representa essa ninharia diante dos US$ 46 milhões que a Usaid recebeu este ano para financiar grupos mercenários dedicados ao terrorismo anticubano? E outros US$ 40 milhões foram liberados para manter as transmissões de rádio e TV contra o regime de Cuba.
Apesar de o bloqueio causar mais danos que todos os furacões que já afetaram Cuba, a nação resiste e, agora, se mobiliza em amplos mutirões para consertar os estragos causados pela natureza e aprimorar a produção agrícola, graças às recentes medidas que facilitam aos camponeses acesso às terras onde, outrora, se cultivava cana-de-açúcar. Além de ter no Estado um comprador seguro, os agricultores cubanos poderão vender diretamente ao consumidor.
Sem olhar para o próprio umbigo, Cuba reitera sua solidariedade internacional e envia médicos às vítimas dos furacões no Haiti, e mantêm médicos e professores em mais de 70 países, a maioria pobres.
A história é uma velha senhora que nos surpreende a cada dia: quem imaginaria, há um ano, que o socialismo cubano veria a crise financeira de Wall Street e o Estado mais capitalista do mundo contradizerem todos os seus discursos e intervir no mercado para tentar salvar bancos e empresas? Como fica o dogma da imaculada concepção de que fora do mercado não há salvação?
PS: Contribuições para compra de alimentos e remédios a serem remetidos às vítimas dos furacões em Cuba podem ser remetidas a: Associação Ação Solidária Madre Cristina, Banco do Brasil 4328-1, Conta 6654-0.

Frei Betto é escritor, autor de "A mosca azul - reflexão sobre o poder" (Rocco), entre outros livros.

Copiar com sentido

Se copiarmos as idéias de uma pessoa, somos acusados de plágio. Porém, a escola ensinou-nos que, se copiarmos as ideias de muitas pessoas, já somos vistos como autores de um “novo” trabalho científico. Contudo, socialmente, o acto de copiar continua a ser visto como uma prática reprovável. A ironia é que classificamos de reprovável uma prática exercida, precisamente, para evitar as reprovações. Mas isso pouco importa, pois também ninguém questiona por que “separado” se escreve tudo junto e “tudo junto” se escreve separado…
A verdade é que o acto de copiar raramente é assumido por quem o executa. No entanto, no mundo publicitário, a cópia pode ser assumida sempre que as pequenas alterações revelem uma criatividade que não suscite quaisquer dúvidas de que copiar foi apenas uma opção e não uma necessidade. Sim, porque copiar é fácil, melhorar o que se copia é que já não é para todos. No fundo, este é o “segredo” dos sucessos do advercopy que, não raras vezes, conseguem deixar ao original uma ideia de esboço e à cópia uma imagem do trabalho acabado.
Assim, no advercopy pegamos numa imagem, frase ou ideia já conhecida (para facilitar a retenção) e acrescentamos-lhe as necessárias alterações (normalmente com forte carga humorística) na persecução dos objectivos da campanha. Apesar da menoridade com que muitas vezes é tratado, a verdade é que o advercopy encontra sustentação em princípios teóricos de marketing de muito boa gente: como os avisos para a dificuldade de reter uma campanha dados por Jay Levison (marketing de guerrilha) ou os alertas de Stephen Brown de como o marketing e a publicidade se tornaram chatos, demasiado cientificos e sem a necessária dose de humor (marketease).
Apesar de poderem ridicularizar a obra original, na grande maioria das vezes, as campanhas de advercopy acabam por ser uma homenagem de reconhecimento ao original, onde quem copia e é copiado obtém vantagens. Historicamente, a prática de copiar os sucessos dos outros estava ligada a marcas de menor dimensão. Mas até neste aspecto os tempos mudaram. A Burger King, por exemplo, pegou na imagem bem conhecida do solitário cowboy americano de Marlboro na mão, para lhe substituir o cigarro por uma batata frita ainda a deitar fumo. A Nissan transformou uma campanha da Volkswagen, onde um batalhão de polícia se protege atrás da segurança de um Polo, substituindo o Volkswagen por um Nissan e colocando o batalhão à frente do carro para que nada lhe pudesse acontecer.
Naturalmente, estes são apenas dois exemplos de como a criatividade, em vez de criar o novo, pode ser praticada com o “simples” saber olhar de outra forma para o que já foi criado. Já Salvador Dali dizia “Aqueles que não querem imitar coisa nenhuma produzem coisa nenhuma” e, na verdade, basta entender o que Dali disse para perceber que, na maioria das vezes, o sucesso da “cópia” é conseguido por esta ser ainda mais “original”… que o próprio original.

Por Paulo Nunes, do blog Fordoc, Portugal.

Sabedoria viking

quarta-feira, outubro 08, 2008

10 Melhores Citações de David Ogilvy - O Pai da Propaganda Moderna

David Ogilvy foi um publicitário inglês de renome que expandiu as fronteiras da criatividade e é considerado o “pai da propaganda moderna”.
A seguir, dez, entre dezenas, de citações geniais deste profissional pioneiro, que me inspiram bastante:

1 - Na publicidade, o que você diz é mais importante que como você diz;
2 - Na publicidade, quanto mais informativo, mais persuasivo;
3 - O consumidor não é tolo. Ele é sua esposa;
4 - Nunca pare de testar e sua publicidade nunca deixará de se aprimorar;
5 - Nunca escreva um anúncio que você não gostaria que sua família visse. Você não mentiria para sua própria esposa. Não minta para a minha;
6 - Na era moderna dos negócios, é inútil ser criativo ao menos que você saiba vender o que você cria;
7 - Se você está tentando persuadir pessoas a fazer algo ou comprar alguma coisa, me parece que você deveria usar a linguagem delas, a linguagem que elas usam no dia-a-dia;
8 - É preciso uma grande idéia para atrair a atenção de consumidores e fazê-los comprar seus produtos. Ao menos que a publicidade contenha uma grane idéia, ela passará como um navio na noite. Duvido que mais de uma campanha entre 100 contenha uma grande idéia;
9 - O segredo de uma vida longa é uma carreira dupla. Uma para até os 60 anos e outra para os próximos 30;
10 - A publicidade reflete os costumes da sociedade, mas não os influencia.

Traduzi livremente o termo advertising para publicidade, embora o significado em inglês seja mais abrangente. Vale a pena também conferir o ótimo site da agência no link http://www.ogilvy.com.br/

terça-feira, outubro 07, 2008

Até debaixo d´água

A Epson criou uma ação instigante de guerrilha para divulgar sua nova linha de impressoras. Para evidenciar a resistência à água e à luz, a Epson enviará para clientes, revendedores e jornalistas um kit contendo a foto de uma flor e um borrifador, convidando para que seja feito um teste de resistência.
O material segue acompanhado de texto explicativo e sugere: "Confira você mesmo!"

Frase

“Campanha eleitoral é uma guerra, com tudo que tem direito; tiros, bombardeios, espionagem, traições, contra-informação, guerrilha, loucura. E sempre deixa vítimas civis”.

Chico Santa Rita

quarta-feira, outubro 01, 2008

Dicas Úteis para Debates Eleitorais

César Maia, o prefeito marketeiro do Rio, postou em seu Blog algumas "Dicas para Debates Eleitorais" que se tornaram sucesso na internet, com centenas de links de referência e citações.
A base do seu texto é interessante, simples, mas ele perde-se em generalidades em vários pontos, o que torna sua abordagem superficial.
Tomando como ponto de partida o texto de Maia, reescrevi os três pontos originais e ampliei o leque com Dicas Úteis para uso de nossos candidatos e candidatas em debates eleitorais.
Penso que podem servir de orientação na preparação de nossos quadros para os embates midiáticos que acontecem no período eleitoral.

1. As mídias são diferentes e atingem o público de maneira diferente. O debate eleitoral na TV e Rádio exigem posturas distintas. Na TV o que vale é a imagem. Voz escandida, tranqüila. Alguns especialistas receitam "sorriso-Reagan" para tudo. Bobagem. Tenha cuidado com o sorriso, que pode parecer cinismo ou desrespeito ao adversário. Num debate de 1 hora e meia entre 4 candidatos - incluindo o tempo ocupado pelo locutor-coordenador- cada um fala uns 15 minutos e assim mesmo de forma fatiada.

2. Na rádio a audiência mais importante é a cobertura da imprensa no dia seguinte. Portanto fatos novos ou pegadas firmes serão mais importantes se ganharem os jornais na cobertura ou se forem replicados no seu programa eleitoral no dia seguinte. Se o debate for a última oportunidade durante uma eleição (como o que se realiza no último dia antes do pleito), a preparação do candidato tem que ser intensa e cada palavra deve ser medida. Perde-se mais com o que não se diz do que com o que diz em ocasiões assim. Uma ausência de resposta pode valer pontos preciosos na contagem final.

3. Na TV, tenha postura. O importante é a imagem nunca ser derrotada, independente de perguntas e respostas. Não baixe os olhos. Desmontar a imagem dos outros na telinha (deixá-los nervosos, irritados) e manter a sua tranquila e firme, é que é o básico. Mesmo se você for atingido, mantenha a imagem como se você estivesse tranqüilo e superior. A câmera só estará em você quando você falar. Você tem tempo para se programar. Não deixe ofensas ou ataques sem resposta.

4. Em qualquer debate, quem pergunta deve estar na verdade perguntando a si mesmo. O outro é apenas a escada para a pergunta voltar a você. Quem responde tem a vantagem de falar por último. Essa sua última fala deve ser bem pensada, mesmo que saindo do tema, e lançando -com tranqüilidade- ao outro o desconhecimento e despreparo. Nunca podem subir a ofensas, pois dão direito de resposta. Se você chamar de mentiroso ao adversário, ele pedirá direito de resposta. Mas se você disser que ele "não tem apreço pela verdade", terá dito a mesma coisa sem garantir o direito de resposta do adversário. Uma afirmação tranqüila e incisiva vale muito mais. Quando se dirigir ao eleitor para pedir o voto, não se esqueça de sorrir, mas só o faça se esse sorriso puder ser sincero. Na dúvida, manter-se sério é melhor do que desferir um sorriso sardônico.

5. A memória é seletiva. O que fica de um debate para o público é muitas vezes, uma frase de efeito, uma formulação clara e feliz, uma jogada desconcertante, uma postura precisa, uma atitude, um gesto. Isso não é obra de marketeiro, depende da capacidade e do reflexo do candidato. Aliás, o gesto na TV conversa, argumenta, convence. Você está muito próximo do telespectador, talvez a um metro de sua cama ou sofá. É de fundamental importância. Um debate é primordialmente algo teatral. TV não é para se gritar como em comício. É fundamental preservar a voz para um debate. Um candidato rouco será sempre um candidato cansado.

6. Manter-se no tempo demonstra equilíbrio. Evite extrapolar o tempo das respostas, para não ser cortado pelo apresentador. O descontrole do tempo é visto como despreparo por alguns eleitores. Na TV, expressão conta muito, muito mesmo. Já entre com cara de vencedor. O visual conta muito. Peça a seus assessores que façam durante o treino as 10 perguntas que você não gostaria que lhe fizessem de forma alguma. Uma boa maneira de não perder uma resposta é começar respondendo, para depois argumentar. Se o mediador lhe pergunta o que você vai fazer para acabar com o caos no trânsito, tenha em mente 3 ações de impacto e as dispare. Depois, fundamente. Se o tempo se dissipar, a fundamentação pode ficar pela metade, mas sua resposta terá sido dada, passando para o eleitor a percepção de que você conhece o problema e tem uma solução concreta para ele.

7. O público vê um debate eleitoral como quem vê uma corrida de fórmula 1. Você quer saber o resultado final, mas se tiver uma batida no meio tudo ficará mais emocionante. Todos esperam um candidato sincero, verdadeiro e equilibrado. Como na Fórmula 1, acidente são aceitáveis, mas barbeiragens, jamais. Quem só ataca perde simpatia. Quem não se defende, parece acuado. O que mais conta no debate é o carisma, a sinceridade, o preparo (que se manifesta em propostas, números e atenção concentrada no evento) e a capacidade de comunicação de cada um. Isso tudo se traduz em postura corporal. Lembre-se: o corpo fala. E as pessoas entendem a sua linguagem.

8. As considerações finais são o filé dos debates eleitorais. Você pode corrigir um desempenho fraco se fizer de suas considerações finais um pedido de voto eloquente, sincero, bem construído. Nunca, nunca mesmo, "se despeça" em um debate de rádio e TV. Se isso for feito no primeiro turno, significa que você não estará no segundo-turno. Se isso for feito no segundo-turno, significa que você desaparecerá de vista quando estiver no cargo. Concentre-se em pedir votos, em dar ao eleitor razões novas e antigas para que ele vote em você e atue na propagação do voto. Demonstre confiança. Ninguém segue um líder cabisbaixo.