segunda-feira, dezembro 21, 2009

Propaganda sem mídia

Há 10 anos seria impossível acreditar que uma empresa se tornaria um case de sucesso sem ter como base um planejamento de mídia de massa. Atualmente os anuários e publicações especializadas estampam centenas de exemplos de organizações que conseguiram, através de estratégias bem elaboradas e com pouco dinheiro, atropelar concorrentes e serem reconhecidas pelo grande público. Dentre as ações que correspondem à estas empresas, salientam-se terminologias como marketing de relacionamento, marketing viral, marketing promocional e marketing de guerrílha.
Num primeiro momento parecerem termos complexos e difíceis de serem implementados no dia-a-dia, mas na prática, eles representam estatégias de marketing e comunicação extremamente focadas no público alvo, descartando a necessidade de grandes investimentos em compras de espaços publicitários ou mesmo com altos custos de produção.
É claro que a questão de verba pesa. Quanto maior for o investimento, maior será as opções de ações. Porém é possível realizar um planejamento de marketing no-advertising mesmo com pouca verba, principalmente se o que for comunicado for algo inovador. O mais importante é a empresa que está investindo, ter a consciência de que esta abordagem de marketing focado é composta basicamente por um ciclo. Claro que existem organizações que queimam etapas de um processo teoricamente correto, ou por falta de verba para investimento, ou por opção, no entanto sempre aconselhamos desenvolver o plano abordando todas as fases, onde o marketing interno prepara os colaboradores, que serão os disseminadores das informações, passando para o marketing de relacionamento que ajudará a entender a base de dados dos clientes, conhecendo o podendo modificar as suas ações, indo para o conceito de marketing promocional que é a ação externa em si, onde há a possibilidade de expor a marca e produto, e finalmente abordando o conceito de viral e guerrilha que auxiliarão no rumo que estas informações poderam tomar.
Pode-se afirmar que a maior vantagem do marketing focado em relação ao marketing convencional é o uso de canais e ferramentas alternativos à mídia de massa, como por exemplo a TV, possibilitando uma maior interatividade e proximidade da empresa com seus clientes ou prospects. Outra característica intrínseca a esta abordagem é a utilização da Internet como plataforma para atingir o público alvo, sejam através de e-mail marketing ou mesmo do orkut.
Se ainda assim, esta quantidade de conceitos e termos mercadológicos ainda ficou difícil de ser entendido, veja abaixo mais detalhes.


Marketing de Guerrilha


O marketing de guerrilha é formado pelos conceitos táticos. Realizar ações de alto impacto na sociedade, atreladas a um trabalho de assessoria de imprensa que gere notícias vinculadas a uma marca e/ou um produto, em forma de mídia espontânea.


Marketing Viral


O conceito do marketing viral é de um vírus que se espalha de forma invisível e incontrolável. São ações não-comerciais, onde a venda de um produto ou serviço não é explícito, acontecendo como conseqüência das informações que são geradas. Algumas ações de marketing viral: construção e manutenção de blogs e fotologs, mobile marketing (SMS), ações no orkut, criação de hot sites, participações em grupos de discussão, entre outros.


Marketing Promocional


Marketing promocional envolve algumas ações como blitz, eventos, feiras, merchandising, PDV, entre outros.


Marketing de Relacionamento


O objetivo do trabalho de marketing de relacionamento é trabalhar a base de dados dos clientes. Através de ferramentas de CRM e marketing direto, é possível rastrear e segmentar os clientes de acordo com ticket-médio, posição social, posição geográfica, equipe de vendas, etc.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Dúvida mercadológica

Será que o grupo Pão de Açúcar comprou as Casas Bahia em 17 vezes sem entrada e sem juros? 

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Polêmica campanha anti-Aids

Simbolizando a morte, a imagem do ditador alemão Adolf Hitler está sendo usada numa campanha de rua para alertar contra os perigos do sexo desprotegido e da aids, com a legenda: “A aids é um assassino em massa”, numa referência ao conceito do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que cunhou o termo “armas de destruição em massa” no estágio prévio à invasão do Iraque.
 A ideia foi de uma agência de publicidade alemã chamada Das Commitee, que criou cartazes semelhantes com outros ditadores, como o líder georgiano Josef Stalin ou o iraquiano Saddam Hussein.
Em todo o mundo, campanhas publicitárias com referência a doenças sexualmente transmissíveis ganham um ar sensacionalista, mas em geral recorrentes. É preciso admitir que, embora de gosto duvidoso, a campanha da Das Commitee dá o recado.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Renovando o logotipo




Cérebros à venda

Alguns suíços criativos juntaram-se para abrir uma loja chamada BrainStore. Sim, é isso mesmo. Uma loja onde você pode entrar e comprar... idéias. Se você estiver com pressa, recebe as idéias na hora. Se não, eles mandam depois para você. Criada por Markus Mettler, a loja de idéias nunca diz não a qualquer tipo de trabalho criativo – desde o que dar de presente para sua mãe até embalagens para novos produtos e lançamentos. O formato é inovador. O conceito não. As agências de propaganda fazem isso desde o século XIX. 


48 Dicas de Marketing. Inteiramente grátis.



1. O pedido mais importante que você recebe do cliente, é o segundo.
2.      Em mala direta, despenda 10% do seu orçamento em teste.
3.     Compreensão e adaptação à motivação e ao comportamento do cliente não é uma opção, mas uma absoluta necessidade para sobrevivência competitiva.
4.     Um bom catálogo dirigido a um público qualificado, provavelmente trará uma resposta de 1%.
5.     Os custos decorrentes de um pedido, do momento em que ele é feito até seu despacho, devem ser processados e levados em conta. Este custo deve ser mantido abaixo de 10% do pedido.
6.     Conheça o poder da repetição. Assegure-se de que sua mensagem é consistente.
7.     Os dois erros mais comuns que as empresas cometem no uso do telefone é falhar na busca de resultados ou perseguir as coisas erradas.
8.     As atividades de Marketing devem ser planejadas para aumentar lucros, não somente vendas.
9.     Custa cinco vezes mais, vender a um novo cliente do que a um que já existe.
10. Vender o que seu cliente precisa, ao invés do que ele quer, pode levar a empresa à falência.
11. Não pense que a superioridade do produto, tecnologia, inovação ou tamanho da companhia, irá vender por si mesmo.
12. Não negligencie ou ignore o seu atual cliente enquanto persegue novos.
13. As pessoas não compram produtos, elas compram os benefícios e soluções que acreditam que os produtos proporcionam.
14. Qualquer campanha de mala direta custa US$ 1,25 por peça.
15. 96% dos clientes insatisfeitos com uma compra não voltam a procurar o produto.
16. 50% dos clientes que apresentam reclamações farão negócios novamente com a empresa, se as suas reclamações forem atendidas satisfatoriamente.
17. Observa-se que os clientes são mais propensos a falar de suas más experiências, do que das boas.
18. Marketing é um negócio de todos, não importando o título ou a posição na organização.
19. Propaganda exagerada pode produzir expectativas demasiadas que o produto ou serviço      não poderá atender, gerando insatisfação nos clientes.
20. Procure conhecer o seu cliente preferencial - os 20% de usuários que respondem por 80% do consumo total desta classe ou categoria de produto.
21. Os resultados obtidos por contatos telefônicos são aproximadamente seis vezes maiores do que os obtidos por mala direta.
22. As duas maneiras de garantir uma performance superior, são: excepcional cuidado com o cliente através de serviço de qualidade e inovação constantes.
23. A Regra dos Terços: Em um catálogo, um terço da mercadoria venderá muito bem, um terço venderá bem e um terço vai fracassar.
24. Planos apropriados e trabalhos de pesquisa podem reduzir significativamente os riscos de falha do marketing.
25. Existem três fundamentos para as decisões de Marketing: 1) pesquisa, 2)experiência e 3) intuição. Nenhum é completo sem o outro.
26. Os vendedores deveriam despender 25% do seu tempo no mercado, ouvindo e aprendendo de seus clientes.
27. Cerca de 90% de todos os lançamentos de produtos, ou falham ou apresentam pequeno potencial.
28. A chave de manter a fatia do mercado é o profundo e contínuo compromisso com a satisfação do cliente.
29. O contato pessoal (conversa face a face) influencia mais o comportamento do que anúncios ou outras ações conhecidas de marketing.
30. Quanto maior a informação dada visualmente, através da observação ou demonstração direta do produto, maior é o impacto na estimulação do interesse de compra.
31. Ganhar a atenção do cliente é possivelmente o maior desafio que o vendedor encontra
32. A percepção de preço do consumidor é usualmente mais importante do que o preço real.
33. O cliente não depende de você, você é que depende do cliente.
34. Se você não está em contato com o seu cliente, alguém mais vai atrair o interesse dele.
35. Planeje a operação de negócio para a conveniência do seu cliente. Torne fácil fazer negócios com você.
36. Se seu cliente faz perguntas, seu catálogo não está cumprindo seu papel.
37. 40% das pessoas que recebem brindes podem lembrar-se do nome do anunciante por até 6 meses.
38. Os dois grandes erros em Marketing são: gastar demais e gastar de menos.
39. Lembre-se de que pequenas fatias de mercados gigantes podem ser prósperas e lucrativas.
40. Uma mala direta com sucesso dará retorno de pelo menos 2,2 vezes o que você gastou.
41. Identifique as suas vantagens competitivas e então focalize os seus esforços sobre elas.
42. Lembre-se sempre que é melhor prometer menos e oferecer mais.
43. É difícil gerenciar algo que não se pode medir.
44. Desenvolva estratégias de venda de repescagem: modos de vender novamente para os clientes através de atualizações, novas versões e produtos complementares.
45. Se você não pode ser o primeiro em uma categoria de produto, tente criar uma nova, para ser o primeiro nela. Marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções.
46. Ache maneiras de transformar seus atuais clientes em uma força de vendas.
47. A credibilidade e persuasão de seu esforço de marketing, cresce na proporção direta da quantidade de informação específica que você fornece.
48. Trate as transações de venda não como um fim, mas como o início de um relacionamento.


DEMsalão

O jornalista Luis Carlos Azenha deu, em seu blog, uma contribuição iniqualável para testarmos a seriedade da imprensa brasileira. Ele pergunta: "Será que esse dinheiro vai aparecer no jornal nacional?". É a senha para uma resposta que revela a metodologia de dois pesos e duas medidas praticada pelo jornalismo venal e politizado que se pratica no Brasil.
Referia-se aos muitos pacotes de cédulas de cem reais sendo guardados, por assim dizer, com carinho, por diferentes representantes partidários do governo do Distrito Federal, flagrados por uma câmera escondida por um dos membros da quadrilha.
Os videos, que correram mundo na internet, não ganharam o mesmo destaque nos telejornais que ganhou, por exemplo, a imagem de um dirigente dos correios embolsando três mil reais, cena que desencadeou a tentativa de golpe de estado conhecida por "mensalão" - um suposto esquema de compra de votos na câmera federal e no senado, mas que não identificou nem um deputado ou senador que, por ventura, tenha "entregado o produto", ou seja, tenha votado no governo a troco de dinheiro.
Os dois pesos e duas medidas estão nas manchetes dos jornais e tentam amenizar a história, circunscrevendo o caso politicamente ao grupo do governador José Roberto Arruda e geograficamente ao Distrito Federal. Com o PT não era assim. Não foi o PT "de São Paulo" que estava envolvido na suposta compra de um dossiê contra José Serra. Era o "partido do presidente Lula". Com o DEM, ameniza-se a dimensão da crise. Com o PT, amplia-se.
Mas a revista Veja, porta voz da direita brasileira, nacionalizava Arruda quando escreveu sobre o governador do DEM: "Depois de amargar uma imensa rejeição provocada por medidas de austeridade, o governador do Distrito Federal diz que é possível ser popular sem ceder às tentações do populismo".  Era assim que se apresentava o governador que, na opinião da Veja, mostrava-se exemplar: "Numa cidade acostumada a conviver com exibições grotescas de todo tipo de privilégio e desperdício de dinheiro público, o governador chegou pela contramão. Demitiu funcionários, pôs as contas em ordem, tirou camelôs e vans irregulares das ruas, enfrentou grevistas e freou um processo histórico de invasão de terras públicas".
O herói da direita, cabo eleitoral de Serra, agora está no chão. E com ele, o discurso falsamente ético e verdadeiramente conservador que a ex-Arena, o partido da tortura e da ditadura militar, assumiu ao se nominar ironicamente de "Democratas". Sem santos, a não ser os de pau oco, ruiu o discurso da direita moralista. A pose de vestal beijou a lona no ringue virtual no YouTube.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Frase

"Além das mulheres-fruta, o mundo está cheio de gente carambola: azeda, cheia de aresta e que se fatia todo pra parecer estrela". Rosana Hermann

sexta-feira, novembro 13, 2009

O apagão mental da oposição

A mídia, esse ente abstrato mas cuja ação é concreta e objetiva, está em campanha aberta pelo retorno do PSDB ao centro do poder. E entrou no ritmo do vale-tudo.
Eu mesmo já escrevi aqui que uma das táticas é a de anunciar o apocalipse. Só a tática do medo pode levar a população a procurar a salvação no passado, no caso, no PSDB e seus aliados.
A tática do apocalipse é simples: a cada problema (e governar é administrar problemas) que surge no país, o fim do mundo é anunciado e atribuído ao governo. Dias a fio. Horas e horas. E sempre o Armagedon tem um único culpado: o governo Lula e, de uns meses para cá, a ministra Dilma Roussef.
Você deve lembrar. A queda do avião da TAM no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, já foi atribuída ao governo. A gripe suína já foi atribuída ao governo. As enchentes em São Paulo (fruto da falta de planejamento do governo tucano e da lentidão da administração municipal), também já foram colocadas nas costas do governo federal.
Mas o crescimento econômico, o fato do país ter sido o último a entrar e o primeiro a sair da crise econômica, a elevação do país no índice de desenvolvimento humano ou o aumento brutal da credibilidade internacional do Brasil, nada disso é atribuído ao governo. Esses são, todos, frutos do acaso, da sorte, da proteção divina e das ações "da sociedade civil".
O fim do mundo "da hora" foi a queda no fornecimento de energia em algumas regiões do país.
Antigamente, a imprensa chamava aos cortes do fornecimento de energia elétrica como ocorrido em Itaipu, de blecaute. Assim mesmo, em português. O de agora, atingiu 18 estados com cerca de quatro horas de duração. Logo depois o sistema retornou operante e nenhum outro problema foi registrado.
Tecnicamente, não teve a ver com falta de investimentos ou falta de planejamento do governo federal, com abastecimento insuficiente, mas sim com a falibilidade dos sistemas e um incidente natural: tempestades fortíssimas fizeram cair a rede.
A politização do problema é do jogo, mas nesse curto-circuito a imprensa está com o dedo na tomada. No choque, viu a oportunidade de criar uma confusão conceitual e o blecaute passou a se chamar "apagão", para dar oportunidade à imprensa de usar uma fala recente da ministra Dilma Roussef, na qual ela dizia que o país não corria o risco de voltar a ter um "apagão" - no sentido de voltar a ter racionamento de energia, como há hoje na Venezuela. A fala da ministra foi amplamente divulgada como "prova" de que ela mentia.
Qualquer pessoa bem informada sabe que o incidente de agora não tem parentesco com o patrocinado pelo governo tucano, em 2001, que marcou o início do racionamento de energia (apagão), trouxe prejuízos à economia e fulminou a chance de FHC eleger seu sucessor.
O apagão de 2001, que inaugurou o termo, foi sequela dos reservatórios baixos nas hidrelétricas, da escassez de investimentos em geração e transmissão e da falta de contingência. Até então "apagão" não era sinônimo de blecaute, mas designava o prenúncio de uma forte restrição no fornecimento de energia, um diagnóstico sistêmico de um problema que atravessava toda a estrutura de geração e distribuição de energia elétrica no país, levando a um intenso racionamento com graves conseqüências para a economia brasileira.
Na verdade, ficar horas sem energia elétrica em pleno século XXI por conta de um blecaute não é um “privilégio” do Brasil. Frequentes em países mais pobres, apagões atingiram recentemente milhões de pessoas nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa. O maior dos blecautes recentes, entretanto, aconteceu em 2005, na Indonésia, quando 100 milhões de pessoas ficaram até 12 horas sem energia. 
O blecaute de 2009 não foi "apagão". Foi apenas um blecaute.

Apagão mesmo está sofrendo a oposição. Uma espécie de, por assim dizer, apagão mental. Esse sim, irreversível.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Inteligência no Twitter

Já comentei aqui que o Twitter é a nova lata de lixo da internet. E confirmo. Uma quantidade impressionante de bobagens, algumas disfarçadas de aforismos, prolifera ali sem qualquer mediação. 99,9% daquilo é puro dejeto humano, espécies de hai-kais nutridos a lactopurga. A proliferação da ferramenta parece favorecer aquela sensação ficcional e terrível de que estamos ouvindo tudo o que as pessoas pensam. E isso não poderia dar certo. Afinal, até mesmo os gênios só foram geniais pontualmente.
Mas, como para toda regra há uma contra-regra, ofereço para vocês algumas twitadas inteligentes de Walter Longo, consultor de marketing e um dos dirigentes do grupo NewComm, que reúne diversas agências de publicidade, com destaque para a Y&R, uma das maiores do país.
- Moral é uma uma reflexão sobre o próprio comportamento. Já o moralismo é sobre a vida dos outros. 
- Estudiosos afirmam: numa grande empresa você tem mais chance de ser bem sucedido se errar de vez em quando do que se acertar sempre.
- Fala-se muito de mídia interativa, mas a maioria das pessoas quando está na frente da TV ainda prefere interagir com a geladeira!
- Ao ler um livro de suspense começo sempre pelo meio. Assim, fico curioso duplamente: como vai terminar e também como começou.
- Para polícia bandido é meliante, crime é delito, pessoa é elemento, carro é viatura e faca é instrumento pérfuro-inciso. Que língua é essa?
- Nobre deve ser a vida das pessoas, e não o horário da TV.
- Dizem que, para a mulher, o casamento significa trocar a atenção de muitos pela desatenção de apenas um. Há exceções.
- O futuro não está nos jornais. Na verdade, o futuro está nas coisas que não mudam. É na não-notícia que se percebe o que está por vir.

Caetano, go home!

Em entrevista à jornalista Sonia Racy, o cantor e compositor Caetano Veloso anunciou sua opção pela candidatura de Marina Silva, a senadora que se elegeu pelo PT e recentemente filiou-se ao PV. "Não posso deixar de votar nela", disse o cantor. "Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é uma cabocla. É inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro."
Caetano quer ser polêmico.  Aliás, Caetano quer ser intelectual. Já quis ser cineasta, escritor, pintor.  Fracassou em todas essas empreitadas. Deveria ser humilde e voltar a fazer o que gerou sua fama e fortuna:  deveria voltar a ser cantor e compositor. Mas isso não é fácil. O moto contínuo da juventude não existe mais e a experiência da terceira idade o inquieta. Para ganhar o centro da cena, ataca quem tem o que ele não tem mais: popularidade. No caso, o presidente Lula.
A última grande obra de Caetano foi o álbum "Estrangeiro", lançado no distante 1989. De lá para cá, álbuns medíocres, nulidades sonoras, covers e mais covers, alguns absolutamente desnecessários como os das músicas descartáveis de Peninha, Fernando Mendes e Claudinho e Bochecha. Profissionalmente, travou. Politicamente assumiu seu conservadorismo direitista, aliás já revelado em sua ótima relação com Toninho Malvadeza, o coronel baiano também conhecido como Antonio Carlos Magalhães.
Fui ao último show de Caetano em Belém, na Assembléia Paraense e sai quando o "espetáculo" já consumira meia hora de minha preciosa vida. Eu esperava muito, mesmo que parecesse ser modesto. E sai com quase nada. Um lixo.
Displicente, desrespeitoso, Caetano sub-tona, desafina, bate nas cordas de naylon de seu violão como um pedreiro desbasta tijolos e é acompanhada de uma banda de aprendizes, todos jovens moços, bem ao gosto do baiano.
O PT não fez bem em oficializar uma resposta a essa provocação de um artista decadente. Deveria, simplesmente, deixá-lo imerso em sua triste agonia do fim.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Neruda, sempre

É proibido não transformar
sonhos em realidade;
não viver cada dia como se
fosse um último suspiro.

terça-feira, novembro 03, 2009

713 milhões para veicular propaganda ruim

Não mantenho esse espaço para comentar propaganda. Como estou no ramo e tenho agência de publicidade - duas, aliás - seria um tanto tendencioso eu tratar do tema comentando o que outros fazem. Mas, meu deus do céu, como é ruim a propaganda das Casas Bahia, o maior anunciante de varejo do país.
Tradicionalmente, o grupo varejista aplica 3% do faturamento previsto para o mês seguinte, em marketing. No ano passado a empresa comprou R$ 713,169 milhões em mídia, segundo o raking Agências & Anunciantes. Em qualquer quadrante, é muito dinheiro. Então por que essa massa monetária não produz boas idéias e sim barulho e propaganda ruim?
A conta publicitária das Casas Bahia pertence à Y&R, uma das maiores agências do mundo cujo braço brasileiro pertence ao midiático multi-empresário Roberto Justos. O relacionamento entre o cliente e a agência data de 1999, quando então NewcommBates substituiu a house Interjob, responsável pela comunicação do grupo nos 20 anos anteriores. Quando o publicitário Silvio Matos deixou a presidência da agência e o comando da estrutura montada, a pedido das Casas Bahia, na sede da varejista em São Caetano do Sul (SP), o empresário Roberto Justus assumiu a linha de frente da operação e o contato direto com os Klein, dono da rede, até que novos profissionais fossem contatados para a linha de frente da conta. A WPP, sócia de Justus na Y&R, teria pressionando o astro televisivo e publicitário nas horas vagas a aumentar a rentabilidade na conta das Casas Bahia, já que, apesar dos altos volumes investidos, a operação seria pouco lucrativa para a agência por causa dos grandes descontos obtidos na negociação com os veículos.  O que fez Justos? Radicalizou uma fórmula básica e barata de fazer comerciais de varejo: a gritaria baseada na repetição. Uma releitura de Goebbels para vender geladeiras, fogões e móveis horríveis.
A gritaria e a repetição, presentes na propaganda da rede, reproduz, sem mediação, a locução de uma camelô de rua. O tom é estridente. O visual é primário. O volume final é muito alto. Incomoda.
Você poderá dizer "incomoda, mas vende". Essa não é a questão aqui. Não me interessa se ele vende ou não. Não sou acionista da rede. Estou aqui fazendo uma discussão ética. Vale tudo para vender? Sim, eles vendem, mas o fazem ao custo de produzir ruído, de dar um mal exemplo conceitual ("Quer pagar quanto?", a Lei de Gerson dos dias de hoje), de gerar, em escala, a repetição desse modelo de comunicação de camelô em todo o país. Sim, porque esse modelo que move uma estrutura milionária de produção pode ser copiado por qualquer um que tenha um PC velho em casa e uma câmera 3CCD. Não é preciso ser a Y&R para fazer propaganda ruim, não. Ela pode ser feita em qualquer quartinho. E certamente está sendo feita.
Por isso as redes de varejo de todo tamanho e de todo lugar repetem o modelo "Casas Bahia", gerando um ruído ensurdecedor no horário comercial da TV aberta. Não é de admirar que todos estão fugindo da TV para se encontrar na internet e em suas variáveis sempre novas.
Aliás, o barulho só não é total porque há uma exceção. A rede de varejo que eu atendo, o Grupo Formosa. Seguindo a linha de seu fundador, José Oliveira, o grupo parte da lógica de que, quando todo mundo grita, só será ouvido quem falar mais baixo. 
Com apenas duas lojas e fazendo propaganda clean, vendendo conceito, o Formosa tornou-se um dos maiores grupos de varejo do país. Sem grito.

sexta-feira, outubro 30, 2009

Democratizar os meios de comunicação

O presidente Lula disse que a sociedade brasileira não precisa mais de interlocutores, referindo-se ao fato de não haver mais uma determinação férrea de resultados eleitorais a partir do que é dito, mostrado e publicado na imprensa.
Esse poder de decidir pela indução foi um dos fatores que fez dos grupos de comunicação, potências político-econômicas inabaláveis por quase um século. Abrigados sob a nomenclatura de "formadores de opinião", os barões da mídia foram a voz de indução da sociedade ao longo do século passado mas sentem esse poder se fragilizar em uma atualidade onde todos podemos ser mídia, fragmentando como nunca a audiência dos meios.
Há estudos sérios sobre o fenômeno e, de fato, as eleições mais recentes mostraram, em diversos pleitos especialmente na América Latina, a derrota do agendamento. Os fatos mostram que a mídia não tem mais o poder que tinha, de definir a priori quem ganha e quem perde uma eleição. A população pensa à margem dos meios.
O agendamento pode estar enfraquecido, mas os agendadores ainda ruminam nas sombras. A concentração dos meios de comunicação nas mãos de pouquíssimos contribui para a afinação do discurso hegemônico e para o fortalecimento desses grupos de mando, arraigando preconceitos e ajudando a criminalizar os movimentos sociais, na medida em que super expõe a versão das elites, ocultando a voz das classes subalternas.
No Brasil, aproximadamente 90% da mídia está nas mãos de 11 famílias e 2 igrejas. E o Estado, desde sempre, estabelece uma série de normas e leis que mantêm a permissividade a essa concentração, além de não assegurar o respeito aos limites legais estabelecidos no país. No Congresso Nacional, mais de 270 dos 513 parlamentares detêm hoje concessões de radiodifusão.
E ainda há quem ache que a democratização dos meios de comunicação não é uma bandeira importantes para garantir um horizonte republicano para o nosso país.

quinta-feira, outubro 29, 2009

Marketing político primário

Eles juram que não é erro de concordância, mas sim uma tradução literal de uma legenda homônima em inglês. Mas não deixa de ser curioso que no Brasil haja um partido que chama a si mesmo de "o" Democratas.
Furtivo e recordista em troca de nome (ex-Arena, ex-PDS e ex-PFL), "o" Democratas ocupou o horário nobre de todas as emissoras do Brasil na noite do dia 29 de outubro para tomar o nosso tempo e expor um discurso mal estruturado, raivoso e improdutivo para as intenções da legenda.
Uma grande lição de marketing político ruim e inofensivo.
O programa da legenda foi divido em três partes óbvias e lineares: a) balanço positivo de administrações locais dirigidas por partidários da legenda, com destaque para Brasília; b) tentativa de ligar uma política de grande alcance (no caso a expansão da telefonia celular e a expansão da internet) com a fase em que o DEM governava o país ao lado do PSDB; c) crítica ao governo federal e ao MST - que não disputa eleições - tentando ligar a imagem do movimento dos trabalhadores rurais sem terra, chamuscada pela imprensa, com o governo petista, que tem índices de aprovação, como diria um amigo meu, "albaneses" - uma referência aos índices eleitorais do líder "comunista" da Albânia, Enver Roxha, que vencia os pleitos com, por exemplo, 99,3% dos votos.
O tom, a forma, a retórica do programa do DEM imita o discurso do PT do passado.
Ver esse discurso ser entoado agora repete a perplexidade do personagem da série estadunidense Live in Mars, que dorme na atualidade e acorda, surpreendentemente, nos anos 70.
O DEM, por algum motivo inexplicável, acredita que, imitando o PT dos anos oitenta, chegará a ser PT um dia, ou seja, que fazendo "oposição" retórica em uma época pragmática, incorporará o espírito de oposição real que animava o PT em sua caminhada para ser o maior partido orgânico do país.
Os dirigentes do DEM esquecem que havia, nos anos oitenta, uma audiência social e um ambiente político que justificavam aquele discurso - uma espécie de mantra da base social que o PT movia.
Em uma das cenas do programa, um jovem anda de camisa aberta entre outros jovens, veste roupa verde e azul (alguém disse a eles que é assim que se produz identidade cromática de uma marca). Ocorre que o que sai da boca do jovem é uma bobagem total: sua fala quer fazer crer que a ação dos bandidos que roubaram a prova do ENEM é fruto da "incompetência" do governo. Um delito comum é conduzido à sua culminância política sem qualquer escala intermediária. Seria mais ou menos como dizer que os hackers que invadem conta bancária para roubar dinheiro de cidadãos de bem são todos filhos de Bill Gates, aquele "incompetente" que popularizou o computador com seu sistema operacional fácil de usar.
Quem pode acreditar nisso? Ninguém. Fazer pré-teste das peças? Bem, para isso seria necessário um profissional de marketing político. E isso o DEM não tem.
Digo isso porque, pelo amadorismo estrutural que apresentou, o programa, por certo, não foi feito por profissionais de marketing político. Não posso acreditar que o briefing tenha sido escrito por quem sabe ler pesquisa, já que a retórica do programa não leva à ampliação do espaço do partido no imaginário popular, mas, ao contrário, o leva para o gueto social dos que querem o fim do governo apenas porque não gostam dele. Não há "razão", não há "argumento", não há "convencimento". Há, apenas e tão somente, a crítica, o ataque, o vocifero.
Alguém precisa avisar ao DEM que esse tipo de discurso não provoca qualquer efeito prático a essa altura do século XXI e que, de costas para o futuro, será difícil ver em que direção está rumando. O abismo pode estar no próximo passo.

sábado, outubro 24, 2009

Aceleração do crescimento

As despesas com  publicidade do governo José Serra (SP) aumentaram de R$ 88 milhões no ano 2000 para R$ 180 milhões no ano passado. E não param de crescer. A previsão é fechar 2009 com um incremento de 25%.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Belém nas nuvens

A revista de bordo "TAM nas Nuvens" pediu a um grupo de laureados arquitetos que indicassem algum destino no Brasil que, apesar de aparentemente trivial, por alguma característica arquitetônica possa ser visto "com outros olhos".
O arquiteto Arthur de Mattos Casas, que tem escritórios em São Paulo e Nova Iorque e que acumula prêmios internacionais na área, destaca Belém do Pará como um lugar para onde "vale a pena viajar".
O arquiteto escreve, sobre Belém: "É uma riqueza de arquitetura no meio da Amazônia, sem contar a culinária incrível da região. O mercado Ver-O-Peso, construído no século 18, tem uma feira ao ar livre que acabou de ganhar uma cobertura de lona atirantada. Tem também o Mercado de Ferro, com uma estrutura inglesa toda de ferro, e a Igreja da Sé, que passou por uma reforma recentemente. No final do século 19, Belém era muito rica devido ao ciclo da borracha, por isso é repleta de palacetes que tiveram grande influência da arquitetura européia, misturando o neoclássico com o art nouveau. Já fui pra lá três vezes".
Chama a atenção no texto de Arthur a plena ciência de que está falando de uma mistura unica. Belém não repete nenhuma outra cidade. Tem os traços de identidade que fundem diferentes épocas em sua arquitetura característica. Chama a atenção também o destaque a ações feitas por administrações petistas: a completa reforma do Ver-o-Peso, feita pela prefeitura então comandada pelo arquiteto Edmilson Rodrigues, a reforma da catedral da Sé, levada a cabo pelo governo do Estado comandado pela também arquiteta Ana Júlia Carepa e o Mercado de Ferro, que está sendo totalmente restaurado pelo governo Lula.
A pena, é que essa Belém tão bela e rica, quase etérea, esteja hoje submetida a uma administração tão negligente e aculturada. O populismo rebaixado de Duciomar Costa e suas limitações intelectuais evidentes, fundem-se com uma completa ignorância em urbanismo e completam-se com o apetite próprio dos famintos para abocanhar recursos que não produzem obras nem resultados, ajudando, isso sim, a emporcalhar a cidade.
Resgatar Belém da barbárie é a unica forma de fazer dessa Belém nas nuvens a realidade dos que pisam nesse chão.

terça-feira, outubro 13, 2009

Ong expõe criança em comercial de TV

O Estatuto da Criança e do Adolescente e suas modificações mais recentes proíbem a veiculação de imagens de crianças e adolescentes em "situação vexatória".
Crianças e adolescentes não podem ser apresentadas de nenhuma forma se estiverem em situações de risco social ou pessoal. Não se poderá fotografar de costas, de longe, colocar tarja ou alterar digitalmente o rosto para não identificá-las. A direita no congresso nacional reagiu contra a radicalização do ECA porque é a favor da criminalização da pobreza, mas essas medidas são absolutamente necessárias para evitar a exploração da imagem da criança e a produção de danos sociais, morais ou psicológicos a esses meninos e meninas.
Em que pese a reserva legal que temos no Brasil, diariamente os telespectadores do canal a cabo GNT são esbofeteados com a exibição de um comercial de um minuto de duração em que uma criança é exaustivamente exibida em situação de risco social absoluto. Um texto "de oposição" demarca o "abandono" a que a criança é submetida pelo poder público. O rosto da criança, seu corpo, sua possível casa, a rua onde supostamente mora, tudo é mostrado de maneira explícita e sem nenhuma reserva. A criança, indefesa, é agredida seguidas vezes pela superexposição na mídia.
Contraditoriamente, essa violência contra a criança é cometida em nome de sua defesa. A ONG (organização não governamental) que assina a peça é uma multinacional do recolhimento de donativos chamada Actionaid. O objetivo do comercial é sensibilizar o telespectador e arrancar dele R$ 35,00 por mês, uma mesada que a Actionaid promete usar para tirar crianças da miséria e do abandono.
A ONG tem o direito de recolher fundos mas não pode fazê-lo ao arrepio da Lei. Há que impor de fato um limite a exposição exagerada de crianças e adolescentes na imprensa. O que está faltando, então, para que o Conselho Tutelar ou o Ministério Público tire esse comercial infame do ar?

A internet como amplificador de bobagens


Em menos de 24 horas depois que o primeiro gracejo com o ator Zé Mayer apareceu na internet, os posts relacionados chegaram a ser o segundo tópico mais comentado do dia no mundo, atrás apenas do aniversário de Nick Jonas, dos Jonas Brothers e, em vários momentos, ultrapassando o rapper americano Kanye West, que invadiu o palco na premiação do Video Music Awards, da MTV americana com o firme propósito de virar notícia. Percebam que os dois temas que concorrem com Zé Mayer são, também, de suma importância para o futuro da espécie humana.
Para alguns, o sucesso das bobagens sobre o ator da novela de Manuel Carlos mostra o poder da internet em difundir fatos. Pode ser.
Mas para mim, mostra apenas que a quantidade de desocupados que ocupam a web é mesmo incalculável e sua disposição de alimentar assuntos sem nenhum interesse supera, em muito, o desejo de transformar a rede mundial de computadores em um fulcro de inteligência e do debate produtivo. A internet serve, em grande monta, para a difusão da bobagem.
Bom, já que não é do jeito que deveria ser que seja, pelo menos, divertido. Por isso reproduzo aqui alguns dos posts mais eloqüentes sobre o tema:
- 'Zé Mayer pega mulher há tanto tempo que a primeira Helena que ele pegou foi a de Tróia'
- 'A mata só é virgem porque o Zé Mayer nunca foi lá'
- 'Na verdade, o Zé Mayer comeu o Mario atrás do armário'
- 'No show do Wando jogam calcinhas. No show do Zé Mayer jogam diafragmas'
- 'Quando foi ao proctologista, o médico é que levou dedada de Zé Mayer'
- 'Novelas com o Zé Mayer não duram mais que 9 meses por conta da epidemia de licenças maternidade no elenco'.

A caminho da intolerância

A revista Carta Capital, uma espécie de reserva de inteligência na imprensa acéfala do país, reporta-se a um tema perigosamente negligenciado nos debates sobre democracia e comunicação: a expansão do controle de estações de rádios e emissoras de tevê por seitas religiosas.
Esse fato deveria provocar temor e produzir debate entre os cidadãos de bem, mas encontra uma sociedade entorpecida pelo discurso tolo que entoam 24 horas por dia, inclusive no rádio e na tevê, essas corporações capitalistas - que negociam símbolos e atuam no mercado do imaginário da população para acumular capital material e político.

Pegue seu controle remoto e faça um teste.
Para cada canal noticioso no ar hoje, há quatro canais religiosos, bombardeando a população com mensagens velhas, óbvias e recorrentes que culminam, invariavelmente, com um 0800 para aporte financeiro, uma espécie de “compre djá” do paraíso e da vida eterna.
Como cidadão, sou totalmente favorável à liberdade de crença – todo cidadão tem direito de crer no que quiser e professar essa fé de maneira aberta - mas sou totalmente contrário à organização de grupos de negócios religiosos, na mídia ou fora dela, assim como na constituição de agremiações políticas sectárias, pertencentes a um grupo religioso.
Democracia é pluralidade e é incompatível com o pensamento único e a tentativa de impô-lo aos demais, que se constitui sempre no caminho mais curto para a intolerância e para o totalitarismo.
O monopólio do pensamento e da política por grupos religiosos é um modelo experimentado pela humanidade - e rotundamente fracassado. Na idade Média o poder absoluto da igreja resultou não apenas no atraso científico, mas na intolerância mais brutal, com a prática da tortura e da matança de "infiéis". Galileu Galilei e Giordano Bruno são dois exemplos de inteligências científicas submetidas a esse torniquete de imbecilidades. Religiões milenares, como o hinduísmo ou as crenças de indígenas do Novo Mundo - politeístas - eram consideradas "pagãs" e, portanto, passíveis de condenação e segregação.

Ideologicamente, o desejo do retorno a essa época em que as religiões imperavam no campo político e havia uma fusão entre Igreja e Estado está na raíz no avanço político dos grupos religiosos; economicamente, essa empreitada focada nos meios de comunicação quer produzir fortunas que serão, é claro, apropriadas individualmente, gerando o paraíso imediato para os controladores dessas seitas. Política e negócios, ou seja, o jogo do poder, bem terreno, é que está na base dessa suposta disputa pela supremacia no Céu e salvação de almas.
Nos demais cidadãos não pode haver saudosismo de um período da história humana em que a prática mais comum para converter e punir era a tortura e a difusão do medo.
Naquele tempo, além de aparelhos mais sofisticados como a propaganda, a arquitetura e a persuasão visual, utilizavam-se também instrumentos mais simples de convencimento e conversão, como tesouras, alicates, garras metálicas que destroçavam seios e mutilavam órgãos genitais, chicotes, instrumentos de carpintaria adaptados, ou apenas barras aquecidas de ferro.
No caso específico da Santa Inquisição, os acusados eram, geralmente, torturados até que admitissem ligações com Satã e práticas obscenas. Se um acusado denunciasse outras pessoas, poderia ter uma execução menos cruel, gerando com isso uma sociedade de dedos-duros, que usavam as divergências pessoais ou políticas como motivação para acusar parentes, vizinhos e desafetos.
Em alguns países onde o fundamentalismo religioso ganhou o poder político essas práticas seguem sendo diariamente levadas a cabo para punir “infiéis”, ou seja, dissidentes.
O futuro da democracia é incompatível com o fundamentalismo religioso, baseado na verdade única e na separação da sociedade em dois grupos sociais distintos e com direitos diferenciados: os fiéis e os infiéis.
A democratização dos meios de comunicação, por sua vez, é incompatível com o loteamento de canais de rádio e tevê entre organizações religiosas, ainda que em nome de um precário “direito de difusão de idéias” e do suposto fim pacífico dessas organizações.
"Nunca grupos religiosos, evangélicos e católicos, controlaram tantas rádios e tevês. Nem empreenderam ofensiva tão organizada para ampliar seu poder político", diz a matéria da Carta, assinada por Gilberto Nascimento, que exemplifica dizendo que o SBT perdeu, desde 1995, 18 emissoras para grupos religiosos. A matéria mostra que o objetivo dessa cruzada é a ampliação do poder político: a Igreja Mundial, uma espécie de Universal "do B", pretende lançar candidatos em todas as capitais, enquanto a Canção Nova, a mais forte vertente carismática, aposta não em fazer um senador, mas em fazer "uma bancada" no senado.
Ao mesmo tempo, centrais sindicais e organizações populares continuam apartadas de meios de comunicação de massas.
A Central Única dos Trabalhadores, por exemplo, tem um pedido de canal de TV que está amarelando nas gavetas do Ministério das Comunicações há mais de uma década e meia.

sexta-feira, outubro 09, 2009

As meias verdades da imprensa e a palavra do MST

Diante da falta de espaço para o contraditório na imprensa brasileira, é fundamental repercutir posicionamento como o do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras que, mais uma vez, vira alvo dos ataques da direita brasileira sem que seja dado ao movimento o direito mínimo de expressar a sua posição. Com a palavra, o MST:

"Diante dos últimos episódios que envolvem o MST e vêm repercutindo na mídia, a direção nacional do MST vem a público se pronunciar.

1. A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso país. O resultado do Censo de 2006, divulgado na semana passada, revelou que o Brasil é o país com a maior concentração da propriedade da terra do mundo. Menos de 15 mil latifundiários detêm fazendas acima de 2,5 mil hectares e possuem 98 milhões de hectares. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras.
2. Há uma lei de Reforma Agrária para corrigir essa distorção histórica. No entanto, as leis a favor do povo somente funcionam com pressão popular. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina a Constituição de 1988.
A Constituição Federal estabelece que deva ser desapropriada a propriedade que está abaixo da produtividade, não respeitam o ambiente, não respeitam os direitos trabalhistas e são usadas para contrabando ou cultivo de drogas.
3. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas, como acontece, por exemplo, no Pontal do Paranapanema e em Iaras (empresa Cutrale), no Pará (Banco Opportunity) e no sul da Bahia (Veracel/Stora Enso). São áreas que pertencem  à União e estão indevidamente apropriadas por grandes empresas, enquanto se alega que há falta de terras para assentar trabalhadores rurais sem terras.
4. Os inimigos da Reforma Agrária querem transformar os episódios que aconteceram na fazenda grilada pela Cutrale para criminalizar o MST, os movimentos sociais, impedir a Reforma Agrária e proteger os interesses do agronegócio e dos que controlam a terra.
5. Somos contra a violência. Sabemos que a violência é a arma utilizada sempre pelos opressores para manter seus privilégios. E, principalmente, temos o maior respeito às famílias dos trabalhadores das grandes fazendas quando fazemos as ocupações. Os trabalhadores rurais são vítimas da violência. Nos últimos anos, já foram assassinados mais de 1,6 mil companheiros e companheiras, e apenas 80 assassinos e mandantes chegaram aos tribunais. São raros aqueles que tiveram alguma punição, reinando a impunidade, como no caso do Massacre de Eldorado de Carajás.
6. As famílias acampadas recorreram à ação na Cutrale como última alternativa para chamar a atenção da sociedade para o absurdo fato de que umas das maiores empresas da agricultura - que controla 30% de todo suco de laranja no mundo - se dedique a grilar terras. Já havíamos ocupado a área diversas vezes nos últimos 10 anos, e a população não tinha conhecimento desse crime cometido pela Cutrale.
7. Nós lamentamos muito quando acontecem desvios de conduta em ocupações, que não representam a linha do movimento. Em geral, eles têm acontecido por causa da infiltração dos inimigos da Reforma Agrária, seja dos latifundiários ou da policia.
8. Os companheiros e companheiras do MST de São Paulo reafirmam que não houve depredação nem furto por parte das famílias que ocuparam a fazenda da Cutrale. Quando as famílias saíram da fazenda, não havia ambiente de depredações, como foi apresentado na mídia. Representantes das famílias que fizeram a ocupação foram impedidos de acompanhar a entrada dos funcionários da fazenda e da PM, após a saída da área. O que aconteceu desde a saída das famílias e a entrada da imprensa na fazenda deve ser investigado.
9. Há uma clara articulação entre os latifundiários, setores conservadores do Poder Judiciário, serviços de inteligência, parlamentares ruralistas e setores reacionários da imprensa brasileira para atacar o MST e a Reforma Agrária. Não admitem o direito dos pobres se organizarem e lutarem.
Em períodos eleitorais, essas articulações ganham mais força política, como parte das táticas da direita para  impedir as ações do governo a favor da Reforma Agrária e "enquadrar" as candidaturas dentro dos seus interesses de classe.
10. O MST luta há mais de 25 anos pela implantação de uma Reforma Agrária popular e verdadeira. Obtivemos muitas vitórias: mais de 500 mil famílias de trabalhadores pobres do campo foram assentados. Estamos acostumados a enfrentar as manipulações dos latifundiários e de seus representantes na imprensa.
À sociedade, pedimos que não nos julgue pela versão apresentada pela mídia. No Brasil, há um histórico de ruptura com a verdade e com a ética pela grande mídia, para manipular os fatos, prejudicar os trabalhadores e suas lutas e defender os interesses dos poderosos.
Apesar de todas as dificuldades, de nossos erros e acertos e, principalmente, das artimanhas da burguesia, a sociedade brasileira sabe que sem a Reforma Agrária será impossível corrigir as injustiças sociais e as desigualdades no campo. De nossa parte, temos o compromisso de seguir organizando os pobres do campo e fazendo mobilizações e lutas pela realização dos direitos do povo à terra, educação e dignidade.

São Paulo, 9 de outubro de 2009 | Direção Nacional do MST"

Frase

"Deus criou o mundo em seis dias, descansou no domingo e na segunda se arrependeu. Desde então, a segunda-feira ficou consagrada como dia internacional do remorso". Luiz Fernando Veríssimo.

segunda-feira, outubro 05, 2009

O Rio deve essa a Lula


Lula poderia ter agido, como muitos de seus pares na política agiriam, com rancor e desprezo pelo Rio de Janeiro, seus políticos, sua mídia, todos alegremente colocados como caixa de ressonância dos piores e mais mesquinhos interesses oriundos de um claro ódio de classe, embora mal disfarçados de oposição política. Lula poderia ter destilado fel e ter feito corpo mole contra o Rio de Janeiro, em reação, demasiada humana, à vaia que recebeu – estranha vaia, puxada por uma tropa de canalhas, reverberada em efeito manada – na abertura dos jogos panamericanos, em 2007, talvez o maior e mais bem definido ato de incivilidade de uma cidade perdida em décadas de decadência. Vaiou-se Lula, aplaudiu-se César Maia, o que basta como termo de entendimento sobre os rumos da política que se faz e se admira na antiga capital da República. Fosse um homem público qualquer, Lula faria o que mais desejavam seus adversários: deixaria o Rio à própria sorte, esmagado por uma classe política claudicante e tristemente medíocre, presa a um passado de cidade maravilhosa que só existe, nos dias de hoje, nas novelas da TV Globo ambientadas nas oníricas ruas do Leblon.
Lula poderia ter agido burocraticamente a favor do Rio, cumprido um papel formal de chefe de Estado, falado a favor da candidatura do Rio apenas porque não lhe caberia falar mal. Deixado a cidade ao gosto de seus notórios representantes da Zona Sul, esses seres apavorados que avançam sinais vermelhos para fugir da rotina de assaltos e sobressaltos sociais para, na segurança das grades de prédios e condomínios, maldizer a existência do Bolsa Família e do MST, antros simbólicos de pretos e pobres culpados, em primeira e última análise, do estado de coisas que tanto os aflige. Lula poderia ter feito do rancor um ato político, e não seria novidade, para dar uma lição a uma cidade que o expôs e ao país a um vexame internacional pensado e executado com extrema crueldade por seus piores e mais despreparados opositores.
Mas Lula não fez nada disso.
No discurso anterior à escolha do Comitê Olímpico Internacional, já visivelmente emocionado, Lula fez o que se esperava de um estadista: fez do Rio o Brasil todo, o porto belo e seguro de todos os brasileiros, a alma da nacionalidade. Foi um ato de generosidade política inesquecível e uma lição de patriotismo real com o qual, finalmente, podemos nos perfilar sem a mácula do adesismo partidário ou do fervor imbecil das patriotadas. Lula, esse mesmo Lula que setores da imprensa brasileira insistem em classificar de títere do poder chavista em Honduras, outra vez passou por cima da guerrilha editorial e da inveja pura e simples de seus adversários. Falou, como em seus melhores momentos, direto aos corações, sem concessões de linguagem e estilo, franco e direto, como líder não só da nação, mas do continente, que hoje o saúda e, certamente, o aplaude de pé.
Em 2016, o cidadão Luiz Inácio da Silva terá 71 anos. Que os cariocas desse futuro tão próximo consigam ser generosos o bastante para também aplaudi-lo na abertura das Olimpíadas do Rio, da qual, só posso imaginar, ele será convidado especial.
Por Leandro Fortes www.brasiliaeuvi.wordpress.com

sexta-feira, outubro 02, 2009

O futuro é agora

Em 2006, a Associação Mundial de Jornais e a consultoria Kairos Future elaboraram cenários possíveis para a indústria da comunicação em 2020, apontando também as 66 tendências que resultam em impactos no cenário desse mercado em todo o mundo. O curioso é que a quase totalidade dessa previsão  já está em operação. Confira a relação das "tendências futuras" que se tornaram presentes mais rápido do que qualquer um poderia esperar:


Infoentretenimento;
Crescimento da disponibilidade (vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana);
As pessoas não compram o que realmente querem - as pessoas compram o que encontram disponíveis;
Novas constelações de família - a desconstrução e reconstrução das unidades familiares geram novos modelos de consumo e descortinam novos mercados;
Momento de viver o "just in time";
Infinitas escolhas em produtos e serviços;
Simplificação da vida - resposta ao estresse cotidiano;
Compradores profissionais - shoppers com extenso conhecimento de produtos e serviços; Individualismo;
Velhos parceiros - mais e mais pessoas idosas (mais e mais saudáveis);
Pânico climático - maior preocupação com poluição e emissão de CO2;
Consumidor está no controle - blogs e outras ferramentas;
Geração de consumidores criativos - criação e distribuição de mensagens comerciais de consumidores;
Mobile broadband;
Hype do design - 50% a 70% das decisões de compra ocorrem no ponto-de-venda reforçando o foco no design e embalagens; Papel inteligente;
Palavras boca-a-boca - marketing viral ganha confiança total dos consumidores;
"Long tail" - mídia digital oferece novas possibilidades para nichos de audiência;
Redes sociais - Facebook e outras redes sociais crescem;
Geração de nativos digitais - o total gasto na Internet dobrou no último ano na Suécia (Europa). Pessoas jovens não vêem internet como tecnologia, mas como algo simples que está sempre por perto;
Pesquisa por autenticidade - em um mundo de history fakes, a autencidade se torna mais importante;
Mídia de localização - GPS e outras ferramentas possibilitam conteúdos de localização e inserções publicitárias;
Consumidor como co-produtor de idéias, conceitos, tendências;
Relações públicas e marketing - conteúdo editorial tem maior impacto do que peças publicitárias, o que torna relações públicas uma atividade de vendas;
Jornalismo mais analítico;
Mais plataformas de mídia;
Fragmentação da audiência;
Transações online = receitas online;
Maior compartilhamento de conteúdo criado pelos consumidores - mais formas de expressão dos consumidores na internet;
Jornais gratuitos;
"Snacks news" - pílulas de notícias;
Novas demandas em vendas - vendas de publicidade se tornam extremamente importantes e difíceis - em um ambiente de extrema pulverização de canais de mídia;
Times de vendas tornam-se "media brokers";
Target altamente segmentado;
Mídia digital oferece melhor mensuração - é possível prever o impacto das peças publicitárias, clicks e transações;
Receita dos jornais vem da mídia digital;
Mobile news - consumidores não lêem mais os jornais. Consomem notícias em trânsito para o escritório, para a casa ou em reuniões do escritório acessando o celular;
Tempos difíceis para assinaturas de jornais;
E-paper - displays flexíveis e dobráveis são nova geração de gadgets;
Jornais se tornam exclusivos - acesso para classes exclusivas; Companhias de jornais se tornam apenas mais uma mídia;
Ataque vindo do below the line - ataques criativos em marketing online, ações globais, numa época de rápida movimentação;
Globalização da mídia - consumo global e intenso de mídia na internet;
Estratégias multicanal - diferenças entre jornais, TVs, rádio, revistas e internet ficam cada vez mais fracas. A estratégia é abranger todas as mídias integradas;
Colapso na mensuração - novas ferramentas serão necessárias;
Marketing cada vez mais direto - publicitários querem alcançar consumidores diretamente. Sites de campanhas, clubes de compradores, presença no Facebook são meios de avançar além da mídia tradicional;
Jornalismo cidadão - pessoas jovens querem se envolver e fazer parte do contexto, da reportagem;
Mix de mídia mais complexo - clusters de novas mídias (You Tube, clips, canais de esporte na TV);
Individualismo e queda da audiência de massa;
Desafios na liberdade de imprensa - jornalistas enfrentam dificuldades com censores e perseguições;
Melhor qualidade de material impressos - mais cores e considerável aumento da qualidade na mídia impressa;
Informação instantânea - atualizações de notícias minuto a minuto;
Maior regularidade de informações com simetria na distribuição das notícias;
Informação visual - conteúdos visuais são consumidos mais facilmente;
Mais e mais displays com vídeos vão aparecer na sociedade;
Jovens pessoas com um novo comportamento de mídia - internet é a plataforma de mídia deles;
Serviços - webpages e blogs pessoais gerenciadas com notícias, serviços e atualizações;
Era do print digital;
Interesse em grupos é maior do que interesse na opinião pública geral (target);
Novo modelo de receitas na internet;
Enfraquecimento do controle das marcas e companhias;
Crescimento do contato com o consumidor;
O conteúdo torna-se mais importante do que o canal;
Empresas e companhias tornam-se competidores de jornais no fornecimento de conteúdo;
Perdendo lealdade - se os consumidores não gostam da mídia ou programa, mudam imediatamente para novos canais;
Perda de circulação de jornais;
Avalanche da mídia - super exposição de histórias na mídia;
Jornais hiper locais;
Companhias online se tornam fortes competidores de jornais;
Marketing one-to-one - várias técnicas incluindo inteligência artificial possibilitam ao Google e outros competidores materializar na internet exatos desejos e necessidades dos consumidores.