quarta-feira, junho 25, 2008

Por que Lula perdeu a batalha da comunicação

Bernardo Kucinski

A mídia na era Lula deixou de funcionar como mediadora da política, passando a atuar diretamente como um partido político de oposição. Apesar de disputarem agressivamente o mercado entre si, há mais unidade programática hoje entre os veículos da mídia oligárquica do que no interior de qualquer partido político brasileiro, até mesmo partidos ideológicos como o PT e o PSOL. Todos os grandes veículos, sem exceção, apóiam as privatizações, a contenção dos gastos públicos, a redução de impostos; a obtenção de um maior superávit primário, a adesão do Brasil à ALCA; todos são críticos à criação de um fundo soberano, ao controle na entrada de capitais, ao Bolsa Família, à política de cotas nas universidades para negros, índios e alunos oriundos da escola pública, à entrada de Venezuela no Mercosul e ao próprio Mercosul. Todos criticam o governo sistematicamente, em todas as frentes da administração, faça o governo o que fizer ou deixar de fazer.
Na campanha da grande imprensa que levou Vargas ao suicídio, o governo ainda contava como apoio da poderosa cadeia nacional de jornais Última Hora. Hoje, não há exceção entre os grandes jornais. Outra diferença desta vez é a adesão ampla de jornalistas à postura de oposição, e sua disseminação por todos os gêneros jornalísticos tornando-se uma sub-cultura profissional. Emulada por editores, prestigiada por jornalistas bem sucedidos e comandada pelos intelectuais orgânicos das redações, os colunistas, essa sub-cultura é dotada de um modo narrativo e jargão próprios.
Em contraste com o jornalismo clássico, que trabalha com assertivas verazes para esclarecer fatos concretos, sua narrativa não tem o objetivo de esclarecer e sim o de convencer o leitor de determinada acusação, usando como fio condutores seqüências de ilações. É ao mesmo tempo grosseira na omissão inescrupulosa de fatos que poderiam criar outras narrativas , e sofisticada na forma maliciosa como manipula falas, datas e números. O enunciador dessa narrativa conhece os bastidores do poder e não precisar provar suas assertivas. VEJA acusou o PT de receber dinheiro de Cuba, admitindo na própria narrativa não ter provas de que isso tenha acontecido. Em outra ocasião, justificou a acusação alegando não haver nenhuma prova de que aquilo não havia acontecido.
Trata-se de uma sub- cultura agressiva. Chegam a atacar colegas jornalistas que a ela se recusaram a aderir , criando nas redações um ambiente adverso a nuances de interpretação ou divergências de análise. O meta-sentido construído por essa narrativa é o de que o governo Lula é o mais corrupto da história do Brasil, é incompetente, trapalhão, só tem alto índice de aprovação porque o povo é ignorante ou se deixa levar pelo bolso, não pela cabeça.
Levantam como principal bandeira o repúdio à corrupção. Mas como quase todo o moralismo em política, trata-se de mais uma modalidade de falso moralismo: é o "moralismo dirigido" que denuncia os " mensaleiros do PT" e deixa pra lá o valerioduto dos tucanos, onde tudo de fato começou, e mais recentemente o escândalo do Detran de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul onde tudo continua. É " moralismo instrumental", que visa menos o restabelecimento da ética e mais a destruição do PT e do petismo.
O que poucos sabem é que essa sub-cultura se tornou dominante graças a uma mãozinha da Globo. Quando foi revelada em fevereiro de 2004 a propina recebida dois anos antes por Waldomiro Diniz, sub-chefe da assessoria parlamentar da Casa Civil do governo Lula, a Globo vislumbrou a oportunidade de uma ofensiva de caráter estratégico: cortar o barato do petismo e de sua ameaça de governar o Brasil por 40 anos. Com esse objetivo, mudou o modus operandi do seu jornalismo político. Logo depois das denúncias de Roberto Jefferson, criou uma central de operações, em Brasília, unificando as coberturas de política da TV, CBN e jornal O Globo sob o comando de Ali Kamel, que para isso se deslocou para Brasília.
Em quase todas as campanhas eleitorais os grandes jornais criam uma instância adicional de decisão sob o comando de alguem de confiança da casa, que passa a centralizar toda a cobertura política. A central coordenada por Ali Kamel em Brasília reflete essa passagem de um jornalismo normal para um jornalismo de campanha, apesar de não estar em curso uma campanha eleitoral.
A central de Brasília, dizem jornalistas que trabalharam no sistema Globo, formou uma espécie de "gabinete de crise" com líderes da oposição do qual faziam parte ACM Neto e Paes de Andrade, pautando-os e por eles se pautando. Vários jornalistas faziam parte da operação, cada um encarregado de uma "fonte" da oposição. Tinham a ordem de repercutir junto àquela fonte, todos os dias, falas e acusações, matérias do dia anterior, entrevistando sempre os mesmos protagonistas: Heloísa Helena, ACM Neto, Gabeira , Onix Lorenzoni. No dia seguinte, os jornais davam essas falas em manchete, como se fosse fatos. Assim surgiu todo um processo de construção de um relato da crise destinado a se tornar a narrativa dominante e única.
VEJA lançara sua própria operação de objetivos estratégicos muito antes. Entre 2003 e 2006, VEJA produziu 50 capas contra Lula , sendo 18 delas consecutivas.
Quando surgiu a fita de Waldomiro Diniz, a revista revelou esse objetivo em ato falho : "Os ares em torno do Palácio tinham na semana passada sabor de fim de governo."
Na Globo, a operação encontrou resistências internas de jornalistas que ainda lambiam as feridas provocadas pelo falseamento do debate Collor- Lula, e da cobertura da campanha das Diretas Já. Deu-se então a marginalização de Franklin Martins da cobertura política. Esse afastamento teve grande importância porque institui no corpo de jornalistas a sensação de insegurança e o medo, necessários para a imposição da nova ordem. Sua saída foi um baque", avaliou Luiz Nassif em entrevista a Forum.
Com o vazamento de informações sobre o clima interno de intolerância, em especial uma reportagem de Raimundo Pereira em Carta Capital, e matérias críticas em blogs e no site Carta Maior, a cúpula jornalística da empresa mandou circular um manifesto cobrando lealdade à casa. Três jornalistas que se recusam a assinar foram expurgados.
Da Globo o expurgo respingou a outros veículos da grande imprensa. O último capítulo desse processo foi a não renovação do mandato do Ombudsman da Folha, Mário Magalhães por criticar na internet a forma como a Folha reportou o vazamento dos gastos do governo FHC com cartões corporativos. Apontou falta de transparência por não indicarem as fontes da acusação de que Dilma Roussef foi a mandante, e a falha de não ouvir os causados. No caminho também perdeu seu espaço Paulo Henrique Amorim. Mino Carta, em solidariedade, desligou-se do IG.
Na campanha contra Getúlio a sobre-determinante era a guerra-fria, que desqualificava o nacionalismo e as demandas sindicais como meros instrumentos do comunismo. Hoje a sobre-determinante é o neoliberalismo que desqualifica opções de política econômica em nome de uma verdade única à qual é atribuído o monopólio da eficácia. A unanimidade anti-Lula da grande mídia só tem paralelo na unanimidade pró-neoliberal dessa mesma mídia.
Mas temos um paradoxo. O governo Lula tem mantido religiosamente seu acordo estratégico com o capital financeiro, que é o setor dominante hoje no capitalismo mundial e brasileiro. E apesar do vasto leque de políticas públicas de apoio aos pobres, não brigou com nenhum dos outros grupos de interesses do grande capital. Por que então tanta hostilidade da mídia? É como se a grande mídia agisse por conta própria, pouco ligando para a dupla capital financeiro-capital agrário e na qual se apóia.
É uma mídia governista, ou "áulica", na adjetivação de Nelson Werneck Sodré, quando o governo faz o jogo da dependência, como foram os governos de Dutra, Café Filho, Jânio Quadros e Fernando Henrique. E anti-governista, quando os governos são portadores de projetos de autonomia nacional, como foram os governos de Getúlio, Juscelino, que rompeu com o FMI, Jango e agora o de Lula.
Uma mídia que já nasceu neoliberal, muito antes do neoliberalismo se impor como ideologia dominante e organizativa das políticas públicas. Nunca aceitaram o Estado que chamam pejorativamente de "populista". Em artigo recente na Folha, Bresser Pereira associou diretamente o discurso da mídia contra o populismo e sua inclinação pelo golpe à nossa extrema pobreza e polarização de renda. "Como a apropriação do excedente econômico não se realiza principalmente por meio do mercado mas do Estado, a probabilidade de que facções das elites recorram ao golpe de Estado quando se sentem ameaçadas é sempre grande." Diz ainda que nossas elites "estão quase sempre associadas às potências externas e às suas elites." Daí, diz ele "O que vemos na imprensa, além de ameaças de golpe é o julgamento negativo dos seus governantes..."
A incompatibilidade entre governos populares portadores de projetos nacionais e a mídia oligárquica é de tal ordem que muitos desses governantes tiveram que jogar o mesmo jogo do autoritarismo, para dela se proteger. Getulio criou a Hora do Brasil como programa informativo de rádio para defender a revolução tenentista contra a oligarquia ainda em 1934, quando o regime era democrático, fundado na Constituição de 34. No Estado Novo foi ao extremo de instituir a censura previa através criando o Departamento de Imprensa e Propaganda. (DIP). No em seu retorno democrático, estimulou Samuel Wainer a criar sua cadeia Última Hora.
Estas reflexões, se tem algum fundamento, mostram como foi equivocada a política de comunicação do governo Lula, a começar por não atribuir à comunicação e às relações com a mídia o mesmo peso estratégico que atribuiu às suas relações com a banca internacional. Nem sequer havia um comando único para a comunicação, que sofreu um processo de feudalização. Só na presidência, três feudos disputavam espaço: a Secom, o Gabinete do Porta-Voz e Assessoria de Imprensa. Fora dela, dois ministérios definiam políticas públicas na esfera da comunicação: Ministério das Comunicações e Ministério da Cultura.
Propostas longamente discutidas ainda no âmbito dos grupos de jornalistas do PT, e pelos funcionários da Radiobrás, não foram sequer discutidas. Nesse vazio, o único grande aparelho de comunicação social do governo, o sistema Radiobrás acabou embarcando numa política editorial chamada de "comunicação cidadã", que tinha como preocupação fundamental e explícita de dissociar-se do governo do dia. O que é pior: despojava a Radiobrás de sua atribuição formal de sistema estatal de comunicação. Isso num momento histórico que exigia, ao contrário, reforçar o sistema estatal de comunicação.
Pouco experiente em jornalismo político, a equipe não conseguiu resolver de forma criativa a contradição entre fazer um jornalismo veraz de qualidade e politicamente relevante, e ser ao mesmo tempo um serviço estatal de comunicação. Com definições opacas, que nada acrescentavam ao que se entende por jornalismo, acabaram desenvolvendo um jornalismo de tipo alternativo, parecido ao que fazem as ongs e movimentos sociais.
A importante mudança do papel da Radiobras nunca foi discutida no Conselho da Radiobrás. O corpo da Radiobrás chegou a se entusiasmar com a idéia sempre simpática a jornalistas, mas simplória, de deixar de ser "chapa-branca", mas acabou não havendo muita harmonia entre a nova direção e as bases. Uma apregoada "gestão participativa", ficou mais no papel do que na prática.
Em minucioso relatório sobre as conquistas da Radiobrás perto do final do primeiro mandato, o presidente do Conselho enumerou os muitos avanços técnicos, mas apontou que a Radiobrás havia criado uma outra missão e outro papel para si, sem discutir essas mudanças previamente com o próprio governo. Também apontou ser falso o debate que contrapõe comunicação de caráter oficial com o direito do cidadão á boa informação.
Mais equivocada ainda foi a proposta de acabar com a obrigatoriedade da Voz do Brasil, formulada pela direção da Radiobrás logo no primeiro ano do mandato de Lula, a partir dos conceitos neoliberais de que o Estado não faz parte da esfera pública e a liberdade de imprensa do baronato da mídia é a própria liberdade de imprensa. A Radiobrás chegou a co-patrocinar no anexo II da Câmara dos Deputados, junto com os Mesquitas um seminário para apoiar a flexibilização da Voz do Brasil.
Essa mesma visão ingênua levou a Radiobrás a adotar como sua e como se fosse a única possível, a narrativa da grande imprensa na grande crise do mensalão, que como vimos foi em grande parte articulada entre o sistema Globo e a oposição. Embora só hoje se saibam alguns detalhes dessa operação, as forçadas de barra no noticiário e nas manchetes eram discerníveis a qualquer jornalista experiente.
Naquele momento, a Radiobrás era o único sistema de comunicação social capaz de criar uma narrativa realmente independente da crise, que sem ser chapa branca também não fosse submissa à articulação comandada pela Globo. Mas quando veio a crise, seu projeto editorial entrou em parafuso. Mais do que isso: a crise traumatizou a direção da empresa que viu ruir a bandeira ética do PT, sob a qual muitos deles cresceram, formaram-se e criaram sua identidade pública. Só um estado catatônico poderia explicar o fato da Radiobrás dar ao vivo e na íntegra o depoimento de Roberto Jefferson de junho de 2005 como se quisesse se colocar à frente do sistema Globo. No momento crucial da crise cortou um discurso de Lula em Luziania, o que nem a Globo fez.
Foi a fase em que manchetes da Agência Brasil rivalizavam com as da grande imprensa na espetacularização da crise e na disseminação de noticias infundadas. Entre essas manchetes está a acusação nunca comprovada do dia de renuncia de Zé Dirceu (16/06/05) : "Ex-agente do SNI diz que Casa Civil está envolvida nas provas dos correios". E a noticia falsa de que "Miro Teixeira confirmou as acusações de Jeffersson", dada no mesmo dia 21/06;05 em que até a grande imprensa admitia que Miro Teixeira não havia confirmado essas acusações. Mesmo sem atentar para a dimensão política desse tipo de noticiário, sua fragilidade era incompatível com o padrão que se espera de uma comunicação de Estado.
Outras manchetes meramente reproduziam falas de líderes da oposição: "Nada poderá restringir nosso trabalho na CPI", diz líder do PFL (17/056/05) ou "PFL e PSDB alegam que PT violou legislação (22/06/05). A Radiobrás, sem perceber, havia entrado no esquema orquestrado por Ali Kamel. Naquele momento nascia o processo de colonização da comunicação de governo e do Estado pelo ideário liberal-conservador , que acabou levando ao fechamento intempestivo da própria Radiobrás.
Fechar a Radiobrás foi o ato síntese de todos os grandes erros na política da comunicação do governo Lula. Ademais, ao fechar a Radiobrás o governo violou a Constituição que manda coexistirem os três sistemas; púbico, privado e estatal E não é à toa que a Constituinte cidadã assim decidiu. Como sabemos, diversas vezes a grande mídia latino-americana apoiou golpes de Estado, algo inimaginável nas democracias dos países centrais. Ter um sistema estatal de comunicação minimamente funcional , com credibilidade e legitimidade junto à população é uma espécie de apólice de seguro contra golpes de Estado.
O governo lidou com a comunicação como se a nossa democracia fosse igualzinha a democracia americana. Mas o que vale para os Estados Unidos da América, pode não valer para o Brasil. O Estado americano não tem uma Radiobrás ou uma Voz do Brasil, porque nunca sofreu um golpe midiático, mas tem a Voice of America, para defender seus interesses imperiais. O Estado brasileiro não contempla interesses imperiais, mas precisa se defender do golpismo e das pressões externas sobre a Amazônia. Por isso precisa de uma Radiobrás e de uma Voz do Brasil.

terça-feira, junho 24, 2008

Santarém tem hospital regional

A luta política tem uma face cruel: a mentira.
Usada secularmente como arma na disputa do poder, a mentira ganhou asas com a criação dos meios de comunicação de massas e recebeu motor turbo com a chegada da internet. Absolutamente tudo o que se quer dizer se diz e isso ganha as redes, replica-se em posts, em up-loads, enfim, alastra-se pelo ambiente sem fronteira da web.
No Pará, uma das mentiras que ganharam os céus, as páginas de jornal, as ondas de rádio e as redes de boatos e penetraram, por fim, nas mentes dos viventes passivos foi a de que o Hospital Regional do Oeste, sob responsabilidade do governo do Estado, não estaria funcionando.
Está. E bem.
A idéia dos hospitais regionais surgiu na campanha de Maria (PT, hoje prefeita de Santarém) ao governo do Pará em 2002, forçando o governo seguinte (eleito por uma margem de votos muito pequena) a assumir a bandeira do PT, de descentralização do atendimento.
Inexplicavelmente, a promessa foi cumprida apenas parcialmente depois de 12 anos de poder. Prédios foram construídos, é verdade, mas entre um prédio e um hospital existe uma distância tão grande quanto entre a mentira e a verdade.
O VT que postamos aqui, o primeiro de uma série de 4, foi exibido em Santarém e agora ganha versão para exibição em todo o Estado. Mostra o Hospital funcionando, prestando serviço e assistência, levando o direito à saúde às últimas conseqüências.
Criação Vanguarda Propaganda (Unidade Santarém) e produção final da Digital Produções.

sexta-feira, junho 13, 2008

Imprensa tucana

O jornalista Nelson de Sá, que monitora atentamente o que rola na mídia e ainda preserva certa imparcialidade nas páginas da Folha, confirmou nesta semana o que muitos já sabem: a imprensa burguesa protege descaradamente tucanos e demos.
Com o título "um mês depois", ele ironizou: "Por qualquer razão, o Jornal Nacional [da TV Globo] deu o caso Alstom na sexta-feira, um mês depois de sair em manchete no Wall Street Journal. E nada de mencionar o PSDB ou o governo paulista, só o Metrô, "sob suspeita, por um contracheque de 1994". Noutro caso mais cabeludo, o colunista lembrou que "o escândalo no Rio Grande do Sul só chegou ao JN, enfim, no sábado".
As duas denúncias sepultaram a imagem dos tucanos e dos demos, que pousavam cinicamente de guardiões da ética. No primeiro caso, a empresa suíça foi privilegiada em contratos para obras no Metrô, inclusive ficando livre de licitações. Mas a mídia, inclusive a Folha, não dá destaque nem esclarece o assunto. Como reagiu indignado o blogueiro Eduardo Guimarães, "no caso Alstom, a denúncia contra Alckmin, Kassab e outros não vem de brasileiros ou de pessoas físicas. Quem denunciou que a multinacional andou dando dinheiro para as campanhas políticas em troca de gordos contratos com o governo de São Paulo foram o Wall Street Journal e a justiça suíça".
Já no caso da governadora Yeda Crusius, a situação é mais dramática. Não há apenas indícios de corrupção, mas provas concretas. O próprio vice-governador, do insuspeito Demo, já apresentou fitas comprovando que as estatais gaúchas fizeram "caixa-2" para a campanha tucana e mantém um esquema ilícito para garantir a sua governabilidade. Desesperada e abandonada por tucanos de alta plumagem, Yeda exonerou quatro secretários e até montou um gabinete da crise. Mesmo assim, cresce o movimento pelo impeachment da governadora tucana. A CPI do Detran acumula provas que justificariam a cassação do mandato, o que seria o maior vexame nacional do PSDB.
A mídia hegemônica, que durante a chamada crise do "mensalão" pediu a cabeça do presidente Lula, agora nada fala sobre o impeachment da atual governadora e ex-ministra de FHC. Cadê os editoriais e as chamadas no horário nobre de televisão sobre a queda iminente da nobre tucana? Cadê os vestais da ética do PSDB e do ex-PFL? O demo até fala em expulsar o vice-governador linguarudo. FHC e Serra simplesmente sumiram. Vale até recordar um discurso hidrófobo da ex-senadora Yeda Crusius, em julho de 2005, contra "o mar de lama da corrupção que se instalou no Palácio do Planalto" e também a sua singela pergunta: "Não é o caso de impeachment?".

Do blog de Walter Rodrigues

quarta-feira, junho 11, 2008

TSE decide manter réu candidato

Por 4 a votos a 3, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomou uma das decisões mais vergonhosas da história: que réu por desvio de recurso público, crime comum ou ação civil pública pode concorrer em condições de igualdade com os cidadãos de bem no processo eleitoral de 2008, ou seja, essa candidatura só pode ter o registro indeferido quando houver condenação com trânsito em julgado, quer dizer, sentença definitiva, sem mais possibilidade alguma de recurso. Exagerando para esclarecer: com essa decisão o Tribunal autoriza o casal Nardoni, por exemplo, a se candidatar a cargos eletivos em outubro, ganhando, se eleito, imunidade.
A decisão foi tomada no julgamento do processo administrativo nº 19919. O relator, ministro Ari Pargendler, havia dado, durante a sessão plenária do último dia 5 de junho, voto favorável à tese de que a candidatura só pode ser indeferida caso haja sentença com trânsito em julgado.
Na ocasião, o ministro Erus Grau pediu vistas dos processos, transferindo o final do julgamento. Grau, Caputo Bastos e Marcelo Ribeiro seguiram o voto do relator. Os ministros Carlos Ayres Britto, presidente do TSE, Felix Fischer e Joaquim Barbosa votaram contra a tese defendida por Pargendler.
Em síntese: os candidatos que sejam réus em processos criminais, improbidade administrativa ou ação civil pública poderã
o se candidatar nas eleições municipais deste ano.

segunda-feira, junho 09, 2008

Pin-ups rides again

Aprecio muito o trabalho do filósofo suíço Alan De Botton, um divulgador bem-sucedido da filosofia, que mostra em livros e documentários bem feitos, como as idéias de grandes sábios da humanidade podem ajudar as pessoas comuns a enfrentar o cotidiano hostil. Uma das teses de Botton é a de que, esteticamente, somos atraídos por aquilo que nos falta. Se gostamos de desenhos cleans, de limpeza visual e de decoração minimalista, é porque estamos cheios da confusão moderna provocada pela hipercomunicação e pela ausência de privacidade. Pois eu gosto de elementos vintage. Tenho guitarras e violões que lembram os anos 50; um rádio que é a cópia dos modelos perfeitos dos anos 60, com aquele desenho que lembra a frente das pick-ups. E gosto de propaganda que parece propaganda. Como a campanha que a Coca-Cola lançou na Austrália. Criada pela Publicis Mojo, versão local da gigante multinacional Publicis, a campanha faz bom uso de garotas-propaganda, pin-ups bem ao estilo das antigas campanhas que aprendi a apreciar olhando anúncios na revista Manchete, Life e Seleções. A campanha vintage da Coca-Coca serve para comunicar o relançamento das novas velhas clássicas garrafas de Coca, aquelas que até deixam o refrigerante melhor. Criada no melhor estilo dos anos 50, com um visual de verão, leva a assinatura "Summer as it should be". Eu gosto. Como diria De Botton, falta-me essa simplicidade romântica que busco ao meu redor. E não paro de buscar.

sexta-feira, junho 06, 2008

Marketing eleitoral: seis dicas grátis

Baseadas em experiências reais e personagens reais. E você não paga nada por isso.

DESCUBRA O QUE O ELEITOR QUER OUVIR

Por meio de pesquisas, detecte os temas que mais seduzem o eleitorado. Essa bússola levou Lula e Fernando Henrique Cardoso a transformar o emprego no principal tema de suas campanhas, até a explosão da crise mundial. Maluf, que tinha fama de fazedor de estradas e viadutos, virou defensor de programas sociais depois que as pesquisas recomendaram. Sua principal proposta é o Cingapura, projeto de casas populares.

ACHE O PÚBLICO CERTO

A "embalagem" do candidato varia de acordo com o eleitor a ser conquistado. Os evangélicos candidatos a deputados fazem campanha com a Bíblia na mão, porque lhes interessa apenas o voto dos fiéis. Quando concorrem ao Executivo, são mais discretos, para não espantar o público de outras religiões. Oscar, "o do basquete", queria o voto jovem. Seu jingle é era rap, seu programa parecia um videoclipe e as letras dos cartazes lembram as do time de basquete Chicago Bulls.

ACHE A IMAGEM CERTA

Não é possível mudar totalmente a imagem de um candidato, mas pode-se corrigir sua postura. Lula diminuiu o comprimento da barba e começou a usar terno quando passou a almejar a Presidência. O governador Mário Covas, que tinha a imagem de pouco resolvedor, passou a ser mostrado na propaganda como estadista, posando ao lado de líderes internacionais como o presidente francês Jacques Chirac, o americano Bill Clinton e o espanhol José María Aznar.

VENDA IDÉIAS ATRAENTES. E VIÁVEIS.

É preciso identificar o candidato com uma idéia, um slogan. Fernando Collor elegeu-se como "O caçador de marajás". Fernando Henrique se apresentava como o homem que trouxe a estabilidade. No Rio Grande do Sul, o eleitor achava que o Estado estava estagnado. O governador licenciado Antonio Britto, que negociou a ida da fábrica da General Motors para o RGS, vendeu a idéia de que esse era apenas o início da recuperação. Seu slogan era "O Rio Grande voltou a ganhar".

TORPEDEIE O INIMIGO

Na guerra das eleições, não basta disparar acusações contra os adversários, é preciso escolher os ataques mais eficientes. Ao ver que seu concorrente, Anthony Garotinho, tinha pouca rejeição entre o eleitorado, Cesar Maia tentou arrastá-lo para baixo vinculando sua imagem à do ex-governador Brizola, cuja rejeição é altíssima. Repetia, na propaganda: "Garotinho é Brizola". A tática não funcionou. Em São Paulo, Maluf usou a mesma estratégia vinculando Rossi a Brizola, e seu adversário perdeu pontos.

DESARME ARMADILHAS

É preciso proteger o candidato dos ataques dos competidores. Em São Paulo, nas eleições municipais de 1996, circularam folhetos apócrifos acusando o candidato do PDT, Francisco Rossi, de "bater na mãe", dona Mercedes. Seus adversários fizeram com que esses boatos voltassem à tona na eleição seguinte. Rossi passou a levar a mãe a seus comícios, aos debates entre os candidatos e mesmo aos programas de televisão para fazer depoimentos a seu favor, evitando que o boato prosperasse.

quinta-feira, junho 05, 2008

Aécio, a face oculta

Estreou semana passada na Current TV nos EUA e no dia 27 de maio no Reino Unido o filme 'Censurados no Brasil' . O filme trata das relações entre governos e a mídia e as pressões sofridas pelos profissionais de mídia e jornalistas.
O filme explora as relações entre o Governo de Minas Gerais e a mídia no país, e como ele usa seu poderio econômico para suprimir críticas e construir a imagem do Governador Aécio Neves, através de investimentos publicitários.
É um filme ágil de 8 minutos, com entrevistas e exemplos. Por favor, assista o filme e espalhe a mensagem, já que esse não é um problema exclusivo de Minas Gerais, mas algo que acontece em todo o Brasil e no mundo.
Uma versão com legendas em português do filme já apareceu no YouTube, e pode ser visto
em:
ou no

terça-feira, junho 03, 2008

Folha de São Paulo, 31 de maio de 2008

Na coluna Painel, a mais lida do jornal mais lido do país: "PT ao tucupi. A paraense Vanguarda Propaganda, de Chico Cavalcante, deixou para trás agências nacionais de porte e venceu a concorrência para produzir os programas do PT, a começar pelo que vai ao ar no próximo dia 5".