segunda-feira, junho 27, 2011

Opinião alheia: "O cérebro e suas metáforas"

"Se olharmos para os séculos recentes, veremos que o cérebro foi descrito como uma máquina hidrodinâmica, um relógio e um motor a vapor. Quando eu era criança, nos anos 50, li que o cérebro humano era uma central telefônica. Depois, ele se tornou um computador. Recentemente, alguém me fez a pergunta que eu esperava havia anos: "O cérebro humano é como a internet?". O cérebro sempre parece ser a mais avançada tecnologia que nós, humanos, dispomos em determinado momento. As metáforas que usamos no passado não resistiram, e duvido que a metáfora atual - de uma rede de computadores - resista por muito tempo. Suspeito que, em algum momento, ainda criaremos metáforas melhores e menos computacionais, que poderão ter implicações importantes em nossa capacidade de entender o mundo." Rodney Brooks, especialista em inteligência artificial do MIT.

sexta-feira, junho 24, 2011

Frase

"Mantenha seus inimigos próximos". Nelson Mandela

Tu já tens o que ler no fim de semana?

Vale a pena conferir. O portal Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br/), mantido pelo Governo Federal, contém um bom número de obras em texto, som e imagem para baixar grátis. Não é pirataria. Por se tratar de um site com a chancela do governo federal, é uma fonte segura. Eis a lista dos 49 mais baixados em ordem de popularidade. A lista é por si só uma preciosidade, cheia de pérolas. Boa leitura!

A Divina Comédia - Dante Alighieri
Poemas de Fernando Pessoa - Fernando Pessoa
A borboleta azul - Lenira Almeida Heck
A Comédia dos Erros - William Shakespeare
Romeu e Julieta - William Shakespeare
Mensagem - Fernando Pessoa
A Bruxa e o Caldeirão - José Leon Machado
O peixinho e o gato - Lenira Almeida Heck
Dom Casmurro - Machado de Assis
Sonho de Uma Noite de Verão - William Shakespeare
O Eu profundo e os outros Eus. - Fernando Pessoa
A Cartomante - Machado de Assis
Poesias Inéditas - Fernando Pessoa
Cancioneiro - Fernando Pessoa
A Megera Domada - William Shakespeare
Tudo Bem Quando Termina Bem - William Shakespeare
O galo Tião e a dinda Raposa - Lenira Almeida Heck
A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca - William Shakespeare
A Carteira - Machado de Assis
Dom Casmurro - Machado de Assis
Do Livro do Desassossego - Fernando Pessoa
No reino das letras felizes - Lenira Almeida Heck
Histórias da Avózinha - Alberto Figueiredo Pimentel
Macbeth - William Shakespeare
O pastor amoroso - Fernando Pessoa
A Igreja do Diabo - Machado de Assis
A Tempestade - William Shakespeare
O galo Tião e a vaca Malhada - Lenira Almeida Heck
Elementos de Geometria - Euclides
Livro do Desassossego - Fernando Pessoa
O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas - Ministério da Educação
O Mercador de Veneza - William Shakespeare
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
A Carta - Pero Vaz de Caminha
Cancioneiro - Fernando Pessoa
O Guardador de Rebanhos - Fernando Pessoa
Trabalhos de Amor Perdidos - William Shakespeare
Os Lusíadas - Luís Vaz de Camões
A Carta de Pero Vaz de Caminha - Pero Vaz de Caminha
Este mundo da injustiça globalizada - José Saramago
A Carteira - Machado de Assis
Conto de Inverno - William Shakespeare
A Cartomante - Machado de Assis
Histórias que acabam aqui - Maria Teresa Lobato Fernandes Pereira Lopes
Muito Barulho Por Nada - William Shakespeare
Poemas Traduzidos - Fernando Pessoa
A Metamorfose - Franz Kafka
A Mão e a Luva - Machado de Assis
Americanas - Machado de Assis
Otelo, O Mouro de Veneza - William Shakespeare

Opinião alheia: "A internet liberta?"

"O presidente da China, Hu Jintao, disse certa vez que fortalecer a cultura da internet ajudará a estender a frente de batalha da propaganda e do trabalho ideológico. Se eu tivesse lido essas palavras há poucos anos, elas teriam me soado ridículas. Parecia óbvio que a internet se opunha ao tipo de poder centralizado chinês. A rede de computadores representava a tecnologia de libertação pessoal. Agora, percebo que eu era ingênuo. Vemos sinais claros de que, enquanto a net pode ser um sistema de comunicação descentralizado, sua operação realmente promove a centralização do poder. Observe, por exemplo, a crescente concentração do tráfego da web. Ou como o Google continua a expandir sua hegemonia sobre a pesquisa na rede. Executivos do Yahoo! e da Sun Microsystems preveem que a infra-estrutura da internet cairá em poucos anos nas mãos de cinco ou seis organizações". Nicholas Carr, escritor.

Hackers não! Criminosos.

Originalmente hackers (singular: hacker) denominava indivíduos que elaboram e modificam software e hardware de computadores, seja desenvolvendo funcionalidades novas, seja adaptando as antigas. O termo "hacker", é erradamente confundido com "cracker", que são peritos em informática que fazem o mau uso de seus conhecimentos, utilizando-o tanto para danificar componentes eletrônicos, como para roubo de dados, sejam pessoais ou não. Conceitualmente, portanto, Hackers seriam aqueles que usam seus conhecimentos para ajudar a aprimorar componentes de segurança.
No Brasil, por uma razão qualquer, o termo "hacker" passou a ser associado a um tipo de crime: a invasão de sistemas computadorizados para roubar ou alterar de modo criminoso informações confidenciais ou simplesmente derrubar os servidores que sustentam determinados sites ou portais. Essas pessoas não são hackers, são deliquentes comuns, ou seja, criminosos.
A imprensa internacional noticiou que um grupo desses delinqüentes digitais atacou na tarde desta quarta feira (22) o site da Petrobras, uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, deixando-o fora do ar.
Um grupo italiano reivindicou a autoria do ato e de outros dois ataques que deixaram os sites “presidência.gov.br” e “brasil.gov.br” com o mesmo problema durante a madrugada de quinta-feira (23).
Responsáveis pela segurança de informações do governo brasileiro comprovaram que o ataque partiu de provedores italianos, mas os autores do crime podem estar em qualquer lugar do mundo.
O grupo que reivindicou autoria da ação criminosa usou um site de relacionamentos para se exibir, justificando o movimento contra a Petrobras diante do alto preço da gasolina.
O site do exército brasileiro também foi invadido no sábado e informações de senhas de acesso dos militares foram parar na internet. Segundo a corporação, não houve prejuízo às forças de segurança do país.
Autoridades brasileiras especulam que o ataque foi perpetrado por grupos de ultradireita, em represália à recusa do Brasil em entregar o exilado político Cesare Batisti, acusado pelo governo italiano e julgado à revelia por terrorismo. O ex-ativista de esquerda, condenado na Itália à prisão perpétua acusado de envolvimento em homicídios na década de 1970, estava preso no Brasil desde 2007. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu libertar Battisti, negando recurso da Itália contra a decisão do executivo brasileiro de não extraditar o ex-ativista, a quem o governo havia concedido asilo político. A decisão irritou a direita italiana, conduzindo a ações de intolerância contra nosso país, seus cidadãos e seus símbolos.
No dia 15, uma dupla brasileira de jogadores enfrentou um grosseiro protesto político durante a partida no Campeonato Mundial de vôlei de praia, em Roma. Militantes de ultradireita, vestidos de negro como faziam os fascistas de Mussolini, atiraram laranjas na arena durante o confronto de Alison e Emanuel contra os dinamarqueses Soderberg e Hoyer.
A bravata da direita italiana é só isso: bravata. Abalada por uma profunda crise econômica e pela queda vertiginosa da posição do país no ranking das economias importantes, a Itália nada pode fazer contra o Brasil a não ser o vexame de atos criminosos, que desabonam ainda mais a imagem da bota perante o resto do mundo; imagem, aliás, já não é das melhores, abalada pela incompetência em combater o desemprego e a xenofobia e pelos escândalos de corrupção e de desvios de conduta de seus dirigentes.

Mobile politics: marketing político via celular

Scott Goodstein atuou na campanha de Barack Obama dedicando-se exclusivamente ao uso de telefones celulares como instrumento de marketing político. Durante o 1º Seminário de Estratégia de Comunicação e Marketing da George Washington University ele falou que o desafio em atuar com a comunicação via celular na política é o alto custo do serviço de transmissão de dados. No período em que a campanha analisada por ele foi realizada, nos EUA grande parte da população não tinha acesso à tecnologia 3G, o que restringiu a atuação dos possíveis apoiadores do candidato.

Internet e política na opinião de Ben Self

Ben Self, que foi um dos consultores da campanha presidencial de Dilma Rousseff, é outro nome associado à estratégia da campanha de Barack Obama. Aqui, ele ressalta a importância da internet nas campanhas políticas e nas relações sociais. Ben destaca que, atualmente, as pessoas buscam estreitar suas relações pela web, tendo como base experiências que proporcionam a interação e o engajamento. E essa não é uma exclusividade da política. Assista ao vídeo abaixo e saiba mais.

Internet, política e televisão

Muitos estudantes de comunicação me procuram para saber minha opinião sobre o papel da internet no processo eleitoral. Responder a essas questões é sempre uma forma de refletir sobre elas. Para auxiliar na compreensão do tema, publico aqui a fala de Jason Ralston - um dos responsáveis pela criação da publicidade da campanha presidencial de Barack Obama - sobre como aliar política, internet e televisão. O pronunciamento aconteceu durante o 1º Seminário de Estratégia de Comunicação e Marketing da George Washington University. Ali, o estrategista ressaltou que a TV continua sendo o meio mais eficaz para convencer os eleitores. O grande papel da internet, segundo a opinião dele que também é a minha, seria organizar os apoiadores do candidato. Além disso, o fato de usar novas tecnologias na campanha reforça a ideia de que o candidato é adepto a novidades, o que de certo modo faz com que o meio se torne parte da mensagem. Algumas das opiniões de Jason estão no vídeo abaixo:

quinta-feira, junho 16, 2011

Como se tornar uma pessoa interessante

Em um texto fantástico publicado no seu blog, Russel Davies - planejador de marketing que todos deveriam conhecer - conta que o futuro nos negócios criativos está reservado às pessoas interessantes. Segundo ele, as pessoas empregarão e trabalharão com gente interessante. Diante disso, com a propriedade de quem já foi diretor de marca da Nike e diretor de planejamento da Wieden + Kennedy, ele dá 10 dicas preciosas para quem quiser se enquadrar nesse contexto. Segundo o Russel, colocando-os em prática, você já se sentirá mais interessante em questão de semanas. Vale a pena.

Para elaborar seus pontos, ele se baseou em duas premissas:

Para ser interessante é preciso ser interessado: Você tem que encontrar o lado interessante de tudo. Você deve ser bom em perceber as coisas, em ouvir, em encontrar pessoas (e coisas) interessantes – e eles também te acharão interessantes.

Pessoas interessantes são boas em compartilhar: Você não consegue se interessar por alguém que não te conta nada. Compartilhar, porém, não tem nada a ver com falar, falar e falar. Significa compartilhar suas ideias, deixar as pessoas brincarem com elas, e ser bom em contá-las sem ter que falar de si mesmo.

Seguem as dicas:

1. Tire pelo menos uma foto todo dia. Poste-a no Flickr.
Carregue sempre uma câmera. Se tem uma no telefone celular, já ajuda. O ato de levar sua câmera a todo lado e sempre manter os olhos abertos para possíveis fotos mudará a maneira como você vê o mundo. Isso faz com que você perceba mais coisas. Deixa você ligado em tudo ao seu redor. Além disso, postar suas fotos no Flickr (ou outros sites de compartilhamento de fotos) significa que você estará compartilhando. Fica público. Isso fará você pensar um pouco mais sobre o que irá fotografar e gerará diálogos sobre suas imagens.

2. Monte um blog. Escreva nele pelo menos uma frase por semana.
È muito fácil. Além disso, vai ser impossível você se limitar a uma só frase. Você vai querer escrever mais. É fácil rotular blogs como uma forma de jornalismo banal, mas, de certa forma, isso é uma força a seu favor. Blogueiros não saem para investigar coisas (a maioria), não estão em lugares chiques, ninguém dá histórias a eles e, portanto, tem que construir com o conteúdo presente na própria vida. Isso fará você perceber as coisas que os outros não vêem. Ao sentir a necessidade de escrever sobre algo, fará você prestar mais atenção às coisas, sair e ver novidades, carregar um notebook – deixará você antenado no mundo.

3 – Mantenha um scrapbook
Todas as pessoas interessantes e criativas com quem trabalhei já tiveram scrapbooks. Eles são sempre estimuladores de ideais e o aspecto físico desses cadernos trazem benefícios para o processo. Além disso, conjunções inesperadas que você terá com a aleatoriedade dos scrapbooks podem te levar a algumas das suas melhores ideias.

4. Toda semana, leia uma revista que nunca leu antes.
Pessoas interessantes são interessadas em todo tipo de coisa. Isso quer dizer que exploram todos os tipos de mundo, vão a lugares que não esperariam gostar, e buscam sempre o que há de bom e interessante lá. Uma ótima maneira de fazer isso é por meio das revistas. Revistas especializadas permitem que, da poltrona da sua casa, você explore o sistema solar das atividades humanas . Experimente. È fantástico.

5. Uma vez por mês, entreviste alguém por 20 minutos e descubra como elas se tornaram interessantes. Faça podcasts das conversas.
Mais uma vez, ser interessante é ser interessado. Entrevistar é fazer que a outra pessoa se torne uma estrela. Poder ser qualquer um: um amigo, um colega, um estranho, qualquer um. Encontre o que há de interessante a respeito de cada um deles. Entrevistar fará você parar um pouco e te forçará a escutar. Uma boa coisa para praticar. Criar Podcasts é compartilhar. Compartilhar é algo com o qual você deve se acostumar.

6. Colecione algo
Pode ser qualquer coisa. Mas prefira se tornar um especialista em algo inesperado e que poucos colecionem. Desenvolva uma paixão. Aprenda como comunicar isso a outras pessoas sem assustá-las. Encontre as outras poucas pessoas que dividem esse mesmo interesse. Aprenda a se tornar útil nessa comunidade.

7. Uma vez por semana, sente-se em um café por uma hora e ouça a conversa dos outros. Faça anotações. Poste sobre esses assuntos no seu blog (com muito cuidado).
Passeie um pouco pela vida das pessoas. Ouça seus discursos padrões e suas preocupações. Coloque-as no papel. Mas não deixe que as pessoas o vejam – tente não apanhar. Também não aja de forma forçada, pulando de mesa em mesa para ouvir a melhor conversa. Apenas escute as que surgirem no seu caminho.

8 – Mensalmente, escreva 50 palavras sobre uma peça de arte visual, um texto, uma música e um trecho de filme. Se puder, faça o mesmo para outros tipos de arte. Poste-as no seu blog.
Se quiser trabalhar em negócios criativos (e logo todos serão assim), terá que se acostumar a ter um ponto de vista sobre coisas artísticas. Mesmo se não for tão ligado às artes, você terá que se sentir confortável em expressar uma opinião sobre coisas que não sabe como fazer ou criar, como música ou poesia. Com a prática, você melhorará cada vez mais. Compartilhando esses pensamentos, a evolução será ainda maior.

9. Crie coisas
Faça alguma coisa manual. Crie algo do nada. Podem ser nós, lego, um bolo ou mesmo tricô. Tire um tempo para se desligar e sair um pouco do seu pensamento. O ideal é optar por algo que você não tem ideia de como fazer. Não ligue se tiver dificuldade no início. As pessoas adoram gente que cria coisas. Compartilhe essas criações no seu blog.

10. Leia:

Desvendando os Quadrinhos: história, criação, desenho, animação, roteiro. (Understanding Comics) - Scott McCloud
The Mezzanine - Nicholson Baker
The Visual Display Of Quantitative Information - Edward Tufte

Todos esses livros são bons, cada um por um motivo diferente. O que importa, no entanto, é que são ótimos exemplos de pessoas que são realmente interessadas por coisas que os outros acham banais. Neles, elas explicam suas paixões de uma maneira que também acabamos nos apaixonando pelo assunto.

segunda-feira, junho 06, 2011

Bandidos desmoralizam sistema "suja notas"

Em São Paulo, hoje, a polícia prendeu quadrilha que limpava dinheiro machado pelo sistema anti-furto usado nos caixas eletrônicos. As cédulas ficavam como novas. O sistema inventado pelos bancos e anunciado como a solução para a destruição dos caixa-eletrônicos consiste em um tubo de vidro que, ao ser detonado, derrama tinta cor de rosa nas cédulas, inutilizando-as. Cidadãos de bem já foram considerados bandidos por usarem notas manchadas, que às vezes saem dos próprios caixa-eletrônicos do sistema bancário, por falha na vedação da tinta. Na humilde casa onde a quadrilha atuava, nenhuma fórmula sofisticada ou laboratório avançado foi encontrado. Apenas detergentes comuns, desses que se vendem em supermercados. O sistema "suja notas" criado pelos bancos custou milhões de reais em projeto, desenvolvimento e instalação. O sistema "limpa notas" dos bandidos custou um punhado de reais no supermercado da esquina. Está claro que temos aqui uma desvantagem considerável entre a inteligência de segurança usada pelos bancos e pela polícia e a inteligência dos delinqüentes. À favor dos bandidos, diga-se. A idéia de sujar as notas e destruir as cédulas para evitar assaltos aos caixa-eletrônicos é mais ou menos como sugerir explodir o pulmão de alguém para impedir que volte a fumar. É uma das concepções mais imbecis que já foram colocadas em prática e, é claro, logo seria desmoralizada em público. Cheguei a pensar que os bandidos levariam seis a oito meses para driblar o mecanismo "suja notas". Levaram três meses e essa inteligência de baixa tecnologia já deve ter sido passada adiante via twitter ou msn, em telefones celulares pré-pagos. O fato prova, uma vez mais, que todo problema complexo tem uma solução simples. E ela invariavelmente está errada.

quinta-feira, junho 02, 2011

Frase

"Prefiro a disciplina do conhecimento à anarquia da ignorância". David Ogilvy

quarta-feira, junho 01, 2011

O neologismo da moda: coaching

A palavra da moda é "coaching". Todo texto de administração e negócios que quer ser levado a sério precisa apresentar esse termo, em geral em um contexto onde ele parece brilhar. Exemplo aleatório: "O líder coaching pode ser comparar com um maestro, que em alguns momentos trabalha com apenas com um integrante, em outros orienta todos à distância e, em outros, corta os vínculos para que possam se desenvolver em áreas completamente fora do seu escopo. Você as leva a aprender e a treinar regularmente, ajuda-as a canalizar sua paixão pela aprendizagem para as melhores oportunidades e harmonizar a participação delas e dos demais integrantes da organização". Esse e outros estrangeirismos demonstram o quanto o nosso idioma elaborado está perdendo espaço para um idioma primitivo como o inglês. O que hoje chamam de coaching é, simplesmente, o que chamamos em português de educação - que em inglês não tem o mesmo sentido que em português, indicando "ensino", aprendizado formal escolástico; em nosso idioma "educação" indica sistema, assimilação e transmissão de conhecimento de modo abrangente que atravessa todo o tecido social. Usar caaching para substituir educação é de um subdesenvolvimento cultural colossal. Afinal, o que é educação? É o processo contínuo de equipar as pessoas com as ferramentas, o conhecimento e as oportunidades de que precisam para se desenvolver e se tornar mais efetivas, reflexivas e eficazes. É essa justamente essa a definição de coaching na maioria dos textos sobre o tema. Qual a razão de usar um estrangeirismo para definir algo que em português se define melhor? Na tradução livre do inglês para português coaching significa “treinador”. O termo foi adaptado para expressar um modo de treinar no intuito de instruir a carreira profissional. Ou seja, educar para o mercado.
O que esses textos chamam de “coaches” nós chamamos de educadores, pessoas que não desenvolvem pessoas (as pessoas desenvolvem-se por si mesmas), mas dão condições para que elas se auto-desenvolvam através do conhecimento e do senso crítico. Raramente um educador terá tempo para se envolver com cada aspecto do desenvolvimento humano. E raramente terá todas as informações, habilidades e a sabedoria de que alguém pode precisar para garantir esse desenvolvimento. Felizmente, não há necessidade de ser perfeito para ser um educador efetivo. Pelo contrário, todo educador é um catalisador do desenvolvimento. O processo educativo, que os idiotas no Brasil e em Portugal chamam de “coaching”, nada mais é que um processo pedagógico contínuo, não uma conversa eventual ou a transmissão de um acontecimento isolado. “Educar”, escreveu William Butler Yeats, “não é encher um balde, mas acender uma chama”.
Quando alguém disser "coaching" reaja. Ele quer dizer "educador".