quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Sem remédio

Marx dizia que a burocracia ocupa-se, fundamentalmente, em criar as condições de sua própria sobrevivência. Isso quer dizer que, em nome dessa sobrevivência, às vezes atropela-se até mesmo o bom senso, desde que uma nova atribuição e um novo carimbo sejam criados para justificar a vida gris e desinteressante da burocracia.
Lembrei dessa lição da juventude ao me deparar com a totalmente lunática resolução da Anvisa, que proibe que as farmácias deixem expostos remédios de uso livre (cuja prescrição não exija receita), como analgésicos e vitaminas nas gôndolas das drogarias do país.
O que o público ganha com isso? Rigorosamente nada. Mas em compensação a burocracia da saúde pública justifica sua existência, já que terá que exercer o controle da execução da dita resolução, criada apenas para dar a si mesma uma ocupação e para dar aos advogados das associações de farmácias uma renda suplementar.
Se você viveu, como eu, o tempo em que era preciso ir ao balcão até mesmo para pedir uma Cibalena, sabe que essa medida vai gerar filas em duplicidade; uma para pedir a medicação que sequer carece de receita e outra para pagar o produto; sabe também que quem precisa comprar remédios com receita, terá que enfrentar filas maiores, já que terá a concorrência de pessoas que estão ali apenas para comprar uma caixa de vitamina C.
Essas questões, óbvias e ululantes, passaram ao largo quando da redação do texto que se propõe a "defender os cidadãos" contra "os abusos" das redes de farmácias, que se transformaram "em supermercados da saúde", substituindo "o conhecimento médico e a rede pública de saúde" pela auto-medicação. 
Bobagem. Na verdade, a resolução parte de uma crença ao mesmo tempo comum e estranha: a de que todo mundo é imbecil e que, apenas por ver exposto numa cesta um envelope de Lactopurga, o consumidor que precisa de um analgésico, por exemplo, irá comprar o laxante digestivo por indução, ou seja, irá comprar um produto que não precisa para um mal que não o acomete. A tutela do estado, que deve acontecer em questões relevantes, é levada assim ao paroxismo, invadindo todas as áreas da vida privada, incluindo aquela onde o Lactopurga atua.
Melhor faria a Anvisa se debatesse questões relevantes, como a discriminalização da maconha ou a legalização da venda de drogas proscritas, cuja proibição tornou-se, ao longo do século XX, o indutor principal do tráfego, da corrupção e da criminalidade que se organizam em torno dela.

Frase

“Eu sou eu e minhas circunstâncias”. José Ortega y Gasset

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Frase

“Duas coisas a burguesia nos legou, e não podemos dispensá-las: o bom gosto e as boas maneiras”.  Vladimir Lenin

sábado, fevereiro 13, 2010

epolitics

Se você consegue ler e entender o que está escrito na língua de Edgar Alan Poe e quer ocupar os dias de ócio momesco com informações úteis sobre marketing político, leia "Learning from Obama: Lessons for Online Communicators in 2009 & Beyond", de Colin Delany, especialista em comunicação política digital e editor do site epolitics.com (http://www.epolitics.com/). O livro é baseado em uma série de artigos publicados no site e desenvolve uma descrição e análise dos diversos aspectos da campanha online do Presidente Barack Obama. Baixe gratuitamente o "Learning from Obama", clicando aqui http://www.epolitics.com/learning-from-obama.pdf.

Inglês ruim

Outro dia alguém me mandou uma postagem do Twitter em que Walter Longo, refinado executivo do grupo Young & Rubican, criticava o embaixador Celso Amorim por seu "inglês ruim". Admiro Longo e me assustei com a pequeneza desse comentário. O linguista Noam Chomsky consideraria isso um hiato cultural ou, em bom português, uma "coisa de colonizado", que pensa que o domínio da comunicação em língua estrangeira deve eliminar o sotaque, a musicalidade própria de qualquer língua e a historicidade de cada cultura. Se Antonio Banderas pensasse como Longo teria sido, no máximo, motorista de táxi em Miami. Curioso é que pessoas que reproduzem esse preconceito em relação a brasileiros que falam inglês ou outra língua preservando o sotaque não estranham quando vêem um francês ou um espanhol falar um português cheio da musicalidade própria de sua língua nativa; acham até "charmoso". O correspondente da Rede Globo em Buenos Aires, um portenho autêntico, fala 100% portunhol e todos entendem e acham pitoresco. A não ser que você queira ser ator em Hollywood, professor de português no Texas ou controlador de vôo no aeroporto de Nova Iorque, esforçar-se para falar inglês sem nenhum sotaque é pura bobagem. Os tradutores da ONU, os repórteres franceses ou alemães que cobrem o noticiário internacional falam com sotaque. Todos os embaixadores norte-americanos que passaram pelo Brasil, incluindo aquele que foi sequestrado pelo MR-8, falavam um português sofrível e jamais foram criticados por isso. Outro dia, madrugada adentro, assisti a uma entrevista do homem mais rico do Brasil, Eiki Batista, no canal Bloomberg. O influente milionário mais parecia um russo tentando falar espanhol. E conseguiu dar o seu recado. Sua fluência trôpega não impediu que se comunicasse com o rico mercado onde está ampliando sua fortuna.

Politics

Para quem gosta de marketing político a dica é passar o carnaval lendo a revista Politics Magazine, desde agora publicada em espanhol com enfoque latino-americano. Sob o comando de Jordan Lieberman, a revista traz também em seu conselho editorial, nomes como Christopher Arterton, Jose Luis Sanchis, Aleix Sanmartin, Luis Matos, Manuel Mora y Araujo, Roberto Izurieta, Jaime Duran, Mauricio De Vengoechea, Eduardo Gamarra, Gisela Rubach, Cesar Martinez, Rafael Reyes Arce e Ralph Murphine. Você pode acessar a versão digital do primeiro número, clicando aqui: http://www.zinio.com/reader.jsp?issue=416112790&o=ext&csid=cj

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Guerrilha na era da comunicação

A cena política está apreensiva. As verdades mais secretas, suprimidas e encobertas nos cursos de teoria marxista dos anos 70 e 80 finalmente vieram à luz. Você sabia que Friedrich Engels e Karl Marx foram praticamente os primeiros a fazer comunicação-guerrilha (depois de Till Eulenspiegel* )? Eles forjaram resenhas do Das Kapital e foram os primeiros a demonstrar “falsas ocorrências que produzem eventos reais”.
A bandida intelectual Sonja Bruenzels e o comissário para o uso correto dos significantes no espaço público, Luther Blisset, juntaram forças com o grupo autônomo a.f.r.i.k.a. e publicaram suas revelações no Manual da Comunicação-Guerrilha (Handbuch der Kommunikationsguerrilla). Eles perguntam: “Quando há Comunicação-Guerrilha?” Eles dão uma boa risada em cima das fantasiosas reclamações daqueles que acreditam na força e glória da informação mas ignoram as linguagens e lugares que determinam o sentido de palavras e signos. Na selva dos processos comunicacionais, eles seguem os caminhos exauridos e obscuros de emissores, códigos e receptores e buscam maneiras de erodir as bases do poder e da autoridade.

O que é Comunicação-Guerrilha?

Comunicação-guerrilha é ação militante, política (politische Militanz). Difere da ação militante (autônoma) convencional no sentido em que ela não somente visa destruir os códigos do poder e da soberania, mas objetiva efetivamente desfigurá-los. Comunicação-guerrilha não é uma forma particular de comunicação política que apenas traz afirmações num texto direto (como flyers, slogans, pôsteres). O objetivo não é a interrupção nem a permanente apropriação de um meio comunicacional. O objetivo é o roubo e a distorção de mensagens. Partimos da premissa de que a importância da comunicação é não só o que é dito mas também a forma da própria comunicação.
O objetivo da comunicação-guerrilha é deslegitimar o presente estado de poder e soberania. Para realizar isso, deve-se entender suas manifestações e estruturas multifacetadas. A comunicação-guerrilha tenta lidar com as estruturas de poder normativo das formas estabelecidas de comunicação assim como as estruturas de poder internalizadas ao nível do sujeito. Isto requer que sejam fabricadas situações em que se torna perceptível - por pelo menos um breve momento - que tudo poderia realmente ser bem diferente.

Por que Comunicação-Guerrilha?

A comunicação-guerrilha é um resultado das experiências com os antigos conceitos da esfera pública oposicionista (Gegenüffentlichkeitskonzepten) e práticas educacionais da esquerda. Nas sociedades do capitalismo tardio nada pode ser ganho a partir da livre difusão da verdade. A política tradicional da esquerda frequentemente parece contar com o poder persuasivo do argumento racional. A confiança de que a simples apresentação da informação representa uma forma efetiva de ação política ainda é inabalável. Supõe-se que o conteúdo crítico seja suficiente para romper a rede de mensagens manipuladas, com as quais a mídia influencia a consciência das massas. O principal problema aqui é a aceitação da idéia: “quem quer que possua os emissores pode controlar os pensamentos dos humanos”. Esta hipótese vem de um modelo de comunicação muito simples que só põe o foco no “emissor” (no caso da comunicação de massas, no geral, central e industrialmente organizada), o “meio” que transporta a informação, e o “receptor”.
A euforia em torno da sociedade da informação, tanto quanto sua oposição pessimista - que acredita no excesso de informação -, não encaram o problema crucial da democracia representativa dos cidadãos: fatos e informação não causam quaisquer consequências. Encare a coisa, mesmo que estórias de desastres, escândalos e disparidades estejam sendo publicados, eles não têm quase nenhuma consequência.

Lugares e Espaços para a Comunicação-Guerrilha

Pontos de partida para a comunicação-guerrilha são espaços públicos nos quais o poder está sendo negociado e reproduzido num nível cultural e simbólico. Primeiramente, isso se refere ao espaço público concreto, a cidade e as ruas. Ao mesmo tempo, isso abrange o espaço da mídia, que é caracterizado por um processo de comunicação de sentido único (um-para-muitos). Aqui a balança do poder é claramente visível: alguns têm o poder de determinar os assuntos da mídia e a maneira pela qual eles são tratados, outros só podem expressar sua opinião movendo os pés para votar ou com seus controles remotos, desligando sua televisão ou rádio. Um terceiro espaço, de alguma forma conectado, mas, em muitos aspectos, parte de uma estrutura inteiramente diferente, é o espaço virtual. O desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação resulta em modos qualitativamente novos, interativos, de comunicação.

Comunicação-Guerrilha não é Guerrilha de Mídia

Não construímos nosso entendimento da comunicação na base de só um aparato técnico específico, ou seja, um meio. A comunicação-guerrilha não é, então, guerrilha de mídia. Comunicação-Guerrilha pode ser vista mais como uma forma de comunicação política, que requer uma energia e atitude subversiva, assim como uma intuição para as implicações das formas de atos comunicativos - de dentro da produção da ordem simbólica. Que resta fazer? Buscar e empacotar o subversivo na comunicação, com a intenção de equipar e suprir as forças emudecidas do público opositor com as estrondosas trombetas da distorção e da super-identificação! Até este momento, como aconteceu com as muralhas de Jericó, a fundação básica da ordem reinante logo irá desmoronar e implodir. O que só deixa uma instância: detone pra valer!

Manifesto do coletivo Kommunikationsguerrilla.
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* Till Eulenspiegel é um personagem de lenda medieval do norte da Europa. Pícaro, blefador e bon-vivant, teve suas peripécias e burlas farsescas narradas em lendas e romance (Charles de Coster), que lhe granjearam a fama de herói popular. (N. do Trad.)
Verlag Libertäre Assoziation Lindenallee
72 D-20259
Hamburg
 Tradução do inglês por Ricardo Rosas. Visite o site da Kommunikationsguerrilla (www.contrast.org/KG).

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Gramsci e o conceito de partido

A ação política (no sentido estrito) é necessária para que se possa falar de partido "político"?  No mundo moderno, pode-se observar que, em numerosos países, os partidos orgânicos e fundamentais, por necessidades da luta ou por outras razões, se dividiram em frações, cada uma das quais toma o nome de "partido" e mesmo de partido independente.  É por isso que o Estado Maior intelectual do partido orgânico não pertence a nenhuma dessas frações, mas opera como se fosse uma força dirigente completamente independente, superior aos partidos e às vezes considerada mesmo como tal pelo público.  Essa função, pode-se estudá-la com maior precisão se se parte do ponto de vista de um jornal. (ou um grupo de jornais) , uma revista (ou grupo de revistas); estes também são "partidos" ou "frações de partidos" ou "função de determinados partidos".  Pense-se na função do Times na Inglaterra, a que tem o Corriere de la Sera na Itália, e também na função do que se chama de "imprensa de informação" , que se diz "apolítica", e mesmo no noticiário esportivo e no técnico.  De resto, o fenômeno oferece aspectos interessantes  nos países onde existe um partido único e totalitário de governo: porque tal partido não tem mais funções francamente políticas, mas apenas técnicas de propaganda, de polícia, de influência moral e cultural.  A função política é indireta: porque, se não existem outros partidos legais, existem sempre outros partidos de fato ou tendências incontroláveis legalmente, contra os quais se polemiza e luta-se como num jogo de cabra-cega. 
De qualquer modo, é certo que em tais partidos as funções culturais predominam, dando lugar a uma linguagem política de jargão: isto é, as questões políticas se revestem de formas culturais e como tais tornam-se insolúveis.
Mas há um partido tradicional que tem um caráter essencialmente "indireto", isto é, apresenta-se explicitamente como puramente "educativo" (lucus1 etc.), moralista, cultural (sic):  assim, a dita ação direta (terrorista) é concebida como "propaganda" pelo exemplo, do que se pode ainda reforçar o juízo de que o movimento libertário não é autônomo, mas vive à margem de ourtros partidos, "para educá-los", e se pode falar de um "libertarismo" inerente a todo partido orgânico.  (Que são os "libertários intelectuais ou cerebrais" senão um aspecto de tal "marginalismo" correspondente aos grandes partidos dos grupos sociais dominantes?)  A própria "seita dos economistas"2 era um aspecto histórico desse fenômeno.
Apresentam-se, portanto, duas formas de "partido" que parecem fazer abstração (como tais) da ação política imediata.: o constituído por uma elite de homens de cultura, que tem a função de dirigir do ponto de vista da cultura, da ideologia em geral, um grande movimento dos partidos afins (que são na realidade frações de um extenso partido orgânico) e, no período mais recente, partido não de elite, mas de massa, que como massa não tem outra função política do que a de uma fidelidade genérica, de tipo militar, a um centro político visível ou invisível (frequentemente o centro visível é o mecanismo de comando da força que não deseja mostrar-se à plena luz, mas operar só indiretamente por interposta pessoa e por "interposta ideologia").  A massa é simplesmente de "manobra" e vem "ocupada" com predicados morais, com preocupações sentimentais e com mitos messiânicos de esperança em uma idade fabulosa na qual todas as contradições e misérias presentes serão automaticamente resolvidas e sanadas3.
1933
[Cadernos do cárcere / Notas sobre Maquiavel, a política e o príncipe moderno / 1932-1933]
Antonio Gramsci (1891-1937)


Notas:
1 Palavra latina significando "bosque sagrado".  Não se sabe a que Gramsci faz alusão.  Talvez a alguma organização com esse nome.
2 Ver a nota Alcuni aspetti teorici e practici dell'"economismo" [Alguns aspectos teóricos e práticos do "economismo"] nos Cadernos do Cárcere de Gramsci.
3 O segundo tipo de partido corresponde ao fascismo.  O primeiro tipo de partido é provavelmente uma referência ao papel de Croce: "o partido como ideologia em geral, superior aos diversos agrupamentos mais imediatos.  Na realidade, o modo de ser do partido liberal italiano após 1876 foi de se apresentar ao país como 'uma ordem dispersada' de frações e de grupos nacionais e regionais.  As frações do liberalismo político eram tanto o catolicismo liberal dos populares quanto o nacionalismo (Croce colaborou na Politica de A.  Rocco e F. Coppola), tanto as Uniões monarquistas quanto o partido republicano e uma grande parte do socialismo, tanto os radicais democratas quanto os conservadores, tanto Sonnino, Salamandra quanto Giolitti, Orlando, Nitti e Cie.  Croce foi o teórico de todos esses grupos e grupúsculos com coquetismos e cacoetes em comum; ele foi o chefe de um escritório central de propaganda, do qual todos esses grupos se serviam e tiravam benefícios, foi o líder nacional dos movimentos culturais que nasciam para renovar as antigas formas políticas".
Fonte: GRAMSCI, Antonio.  Note sul Machiavelli sulla politica e sullo Stato moderno.  Editori Riuniti, p.25-26.
Fonte secundária: Gramsci dans le texte. Paris: Editions sociales, 1975, p. 453-455

Lula, aquele que não entende nada

Por Pedro Lima * 

FHC, o farol, o sociólogo, entende tanto de Sociologia quanto o governador de São Paulo, José Serra, entende de economia. Lula, que não entende de sociologia, levou 32 milhões de miseráveis e pobres à condição de consumidores; e que também não entende de economia; pagou as contas  de FHC, zerou a dívida com o FMI e ainda empresta algum aos ricos.
Lula, o analfabeto, que não entende de educação, criou mais escolas e universidades que seus antecessores juntos [14 universidades públicas e entendeu mais de 40 campi], e ainda criou o PRÓ-UNI, que leva o filho do pobre à universidade [meio milhão de bolsa para pobres em escolas particulares]. 
Lula, que não entende de finanças nem de contas públicas, elevou o salário mínimo de 64 para mais de 291 dólares [valores de janeiro de 2010],e não quebrou a previdência como queria FHC.
Lula, que não entende de psicologia, levantou o moral da nação e disse que o Brasil está melhor que o mundo. Embora o PIG-Partido da Imprensa Golpista, que entende de tudo, diga que não.
Lula, que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de nada, reabilitou o Proálcool, acreditou no biodiesel e levou o país à liderança mundial de combustíveis renováveis [maior programa de energia alternativa ao petróleo do planeta].
Lula, que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais e colocou o Brasil na liderança dos países emergentes, passou a ser respeitado e enterrou o G-8 [criou o G-20].
Lula, que não entende de política externa nem de conciliação, pois foi sindicalista brucutu; mandou às favas a ALCA, olhou para os parceiros do sul, especialmente para os vizinhos da América Latina, onde exerce liderança absoluta sem ser imperialista. Tem fácil trânsito junto a Chaves, Fidel, Obama, Evo etc. Bobo que é, cedeu a tudo e a todos.
 Lula, que não entende de mulher nem de negro, colocou o primeiro negro no Supremo (desmoralizado por brancos) uma mulher no cargo de primeira ministra, e que pode inclusive, fazê-la sua sucessora.
Lula, que não  entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha (a convite dela) e afrontou nossa fidalguia branca de lentes azuis. 
Lula, que não entende de desenvolvimento, nunca ouviu falar de Keynes, criou o PAC; antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que é hora de o Estado investir; e hoje o PAC é um amortecedor da crise.
Lula, que não  entende de crise, mandou baixar o IPI e levou a indústria  automobilística a bater recorde no trimestre [como também na linha branca de eletrodomésticos]. 
Lula, que não entende de português nem de outra língua, tem fluência entre os líderes mundiais; é respeitado e citado entre as pessoas mais poderosas e influentes no mundo atual [o melhor do mundo para o Le Monde, Times, News Week, Financial Times e outros...].
Lula, que não  entende de respeito a seus pares, pois é um brucutu, já tinha empatia e relação direta com George Bush - notada até pela imprensa americana - e agora tem a mesma empatia com Barack Obama.
Lula, que não entende nada de sindicato, pois era apenas um agitador; é amigo do tal John Sweeny [presidente da AFL-CIO - American Federation Labor-Central Industrial Congres - a central de trabalhadores dos Estados Unidos, que lá sim, é única...] e entra na Casa Branca com credencial de negociador e fala direto com o Tio Sam lá, nos "States".
Lula, que não entende de geografia, pois não sabe interpretar um mapa; é ator da [maior] mudança geopolítica das Américas [na história]. 
Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois nunca estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se torna interlocutor universal.
Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas; faz história e será lembrado por um grande legado, dentro e fora do Brasil. 
Lula, que não entende nada de conflitos armados nem de guerra, pois é um pacifista ingênuo, já é cotado pelos palestinos para dialogar com Israel.
Lula, que não entende nada de nada;  é bem melhor que todos os outros.

* Economista e professor de economia da UFRJ

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

O fim do tamanho único

O jornalista e escritor estadunidense Chris Anderson afirma, no livro A Cauda Longa, que “a era do tamanho único está chegando ao fim e em seu lugar está surgindo algo novo, o mercado de variedades”. Basta lembrar que, em 1960, o carro mais procurado nos Estados Unidos, o sedã Impala, da Chevrolet, vendia mais de um milhão, ou 13% de uma indústria que não oferecia mais do que 40 tipos diferentes de automóveis. Hoje, em um mercado dez vezes maior, há mais de 250 modelos de carro disponíveis — se adicionadas as variantes para cada um dos tipos, esse número sobe para mil. Mas menos de dez deles conseguem ultrapassar 400 mil unidades vendidas anualmente, ou 0,5% do mercado.
A internet intensifica essa tendência. Se antes era difícil trabalhar com um mercado de nicho, devido ao número restrito de consumidores, com a web o público-alvo passou a estar em qualquer lugar do planeta. Mesmo que a ideia surja em uma cidade perdida no interior do Brasil, terá chance de vingar e fazer muito sucesso. “O mundo hoje é ocupado por seis bilhões de indivíduos que não precisam mais seguir o rebanho para ser ouvidos. Por mais excêntricas que sejam suas escolhas, existem 100 mil pessoas que compartilham seu gosto por iaque tibetano no espeto”, escreve Mark Penn no livro Microtendências, para concluir: “O enfoque único e padronizado está ultrapassado”.

Guerrilha na sacola

Apesar da minha intolerância quase fundamentalista a publicidade de bebida alcoólica, tenho que tirar o chapéu para a agência búlgara da cervejaria Carlsberg, que criou uma campanha de marketing de guerrilha tão simples quanto consistente. Em diversas sacolas distribuídas por mercados no país, a empresa imprimiu uma imagem em três dimensões de uma caixa da cerveja Shumensko. A ilusão permite associar que a pessoa está carregando uma caixa de cerveja com facilidade e, assim, transformou os pedestres em cartazes que perambulam pelas mais diferentes regiões do país. O anúncio foi criado pela agência publicitária Noble Graphics Creative Studio, sediada em Sofia, na Bulgária, e é exemplode guerrilha, que são as estratégias normalmente utilizadas por pequenas empresas e que envolvem uma campanha publicitária eficiente e consideravelmente mais barata. A mobilidade é uma das características deste tipo de campanha, normalmente não utilizada por grandes empresasA Carlsberg é uma cervejaria dinamarquesa fundada em 1847, com matriz em Copenhagen, na Dinamarca. Ela é presente em diversos países da Europa e do mundo, inclusive no Brasil, onde licencia para a AmBev a marca Skol. É, hoje, a quarta maior cervejaria do mundo.

O papel do slogan na campanha eleitoral

O slogan ainda é um item fundamental em qualquer campanha eleitoral, principalmente as candidaturas proporcionais, que têm a difícil tarefa de se diferenciar de centenas de concorrentes. Um bom slogan deve ser capaz de sintetizar a candidatura e a imagem do candidato em quatro ou cinco palavras fortes.
“A repetição exaustiva de quatro ou cinco palavras ‘quentes’, como por exemplo um adjetivo forte, em tudo que estiver relacionado ao candidato – discursos ou malas-diretas -, levam o eleitor a, inconscientemente, identificá-lo com elas… O slogan deve conter o contraste que favoreça o candidato” , afirma Rick Ridder, consultor do Partido Democrata dos Estados Unidos.
Vejamos a campanha de Barack Obama. Com o óbvio e pouco criativo “Yes, we can” (Sim, nós podemos), conseguiu traduzir o espírito de transformação que a sociedade americana desejava após oito anos de Bush, injetando auto-confiança em uma sociedade que padecia de queda da auto-estima com a perda de poder da outrora super-potência absoluta do planeta. O “change” (mudança) é ainda mais óbvio, mas abria-se uma avenida de significados quando acompanhava as principais peças publicitárias da campanha e reforçava a latente rejeição ao continuísmo representado pela candidatura de McCain. O mesmo slogan ("mudança") foi a peça de resistência da campanha de Ana Júlia Carepa ao governo do Pará em 2006, servindo de escada para a superação de 12 anos consecutivos de hegemonia tucana no estado.
O slogan é peça chave no “mix de marketing político” e deve ser condizente com a estratégia da campanha. Por exemplo, se um candidato a deputado estadual segmenta a sua candidatura geograficamente e escolhe uma cidade como seu principal reduto eleitoral, evidentemente que o seu slogan deve fazer referência a esta estratégia ou às demandadas dessa cidade. Se for uma região, a mesma coisa. Se for uma categoria profissional, idem.
Além disso, o slogan serve para classificar rapidamente a identidade de um candidato. Imaginemos um eleitor, vendo uma faixa de campanha de um deputado estadual com o seguinte slogan: Em defesa da Amazônia. Obviamente, o eleitor que não conhecia tal candidato, passará agora – no mínimo – a identificar a síntese da campanha, que estrategicamente tem a defesa da região e do meio ambiente como seu principal foco.
É necessário entender a cabeça do eleitor e o excesso de informações a que ele está exposto. Uma campanha eleitoral envolve centenas de candidaturas, com milhares de peças de propaganda, nos mais variados meios. E toda e qualquer peça publicitária de sua campanha deve ter o objetivo de identificar e gravar o nome e o número do candidato na cabeça do eleitor, fazendo prevalecer a sua mensagem, cuja síntese é o slogan.

domingo, fevereiro 07, 2010

Frase

"El huevo es una forma perfecta, aunque esté hecho com el culo". Bruno Munari.