quarta-feira, outubro 31, 2007

Marcas na mente

Pelo 17º ano, o Folha Top of Mind identifica as marcas que não saem da cabeça dos brasileiros. Os vencedores são conhecidos a partir de pesquisa nacional feita pelo Datafolha desde 1991 que se tornou a principal referência na área.
Como a preocupação com o aquecimento global também não sai da cabeça, o levantamento deste ano perguntou pela primeira vez aos entrevistados quais as marcas identificadas por eles com a preservação do meio ambiente.
Duas empresas nacionais, Ypê e Natura, dividem o pódio inédito com uma ONG (Greenpeace) e um órgão governamental (Ibama). A disputa é acirrada mesmo considerando o critério de desempate (que conta as outras marcas de que as pessoas se lembram, além da primeira). Os resultados mostram ainda que o espaço a ser explorado nesse segmento é grande --63% das pessoas não souberam citar nenhuma marca relacionada ao tema.
Outra novidade deste ano foi o grande prêmio novamente dividido apenas em dois: Omo e Coca-Cola foram os nomes mais lembrados pelos brasileiros e, com isso, levaram sozinhos o Top do Top, deixando Nestlé fora da disputa. De 2001 a 2006 (com exceção de 2004), as três marcas estiveram juntas nesse pódio.
O Top Performance de 2007 também foi repartido. Brastemp (geladeira) e Caixa Econômica Federal (poupança) subiram seis pontos cada uma em relação ao levamentamento do ano passado. Com o resultado, Brastemp diminuiu de 23 para 10 pontos a diferença em relação a Consul, que lidera a categoria de geladeiras desde 1992.
Os outros prêmios especiais ficaram com Brastemp e Seda, que confirmaram o primeiro lugar nos tops Classe A e Feminino, respectivamente, e Sorriso, que levou o Top Teen. Elas foram as marcas que tiveram desempenho importante entre os mais ricos, as mulheres e os jovens de 16 a 20 anos. Mais detalhes:

terça-feira, outubro 30, 2007

Goverblog

Às vezes a gente encontra pérolas onde menos espera. Um bom exemplo de guerrilha vem da Secretaria do Turismo (Setur) do Governo do Ceará, que lançou o primeiro blog governamental do Brasil para cobrir no Rio de Janeiro os quatro dias da Abav 2007, um dos maiores eventos do setor turístico. Em lugar de contar apenas com a assessoria de imprensa tradicional, a Setur decidiu ser mídia também. Apelidado de "Goverblog", o blog contou ainda com fotos no Flickr, vídeos no YouTube e atualização constante pelo Twitter. Tudo conforme a cartilha Web 2.0 e sem gastar nenhum centavo a mais dos cofres públicos, as atrações turísticas cearenses ganharam uma repercussão bem maior do que teriam se fossem disputar com outras secretarias de turismo mais abonadas o mesmo espaço na mídia tradicional. Fica o exemplo.

Guerrilha no Chile

Gustavo Fortes, da agência Espalhe, sintetiza o conceito do marketing de guerrilha como uma estratégia de abordagem e comunicação que objetiva "fazer um barulho diferente, furar o congestionamento do mercado, onde milhares de produtos gritam por atenção e posicionar a sua marca ali, na rua, lado a lado com o seu consumidor". É uma síntese pertinente. Em uma sociedade saturada de informação, o maior risco, mesmo, é ser ignorado. Para fugir do lugar-comum, a tática de guerrilha oferece múltiplas oportunidades de contato com o público-alvo. Quer um exemplo? A ação de guerrilha criada pela agência Sépia de Santiago no Chile para a companhia de seguros Ripley, especializada em seguros de automóveis. Travesseiros gigantes e em seqüência foram colocados em lugares onde os veículos se acidentavam, como árvores, colunas de estacionamentos e prédios, e nas proteções de curvas perigosas. Ao final da seqüência aparece o logotipo da companhia de seguros. A proposta era passar ao público a sensação de proteção que seguradora oferece em caso de acidente com o veículo.

domingo, outubro 28, 2007

Guerrilha Jeep

Atualmente, marketing de guerrilha está se associando de maneira crescente ao chamado ambient marketing (ambientação em locais públicos ou privados), mas sempre vai além, em geral derivando em outras modalidades de marketing alternativo. Por exemplo, é criada uma ação diferenciada (guerrilha), que utiliza uma ambientação (ambient); essa ação gera um boca-a-boca (buzz) e se a intenção de quem gerou a ação for propagá-la através de redes sociais ai já se trata de marketing viral. É ocaso das brilhantes campanhas criadas para a marca Jeep, hoje marca registrada da montadora Daimler-Benz. Aqui, mais uma pérola. A ação de guerrilha criada pela agência M&C Saatchi de Cingapura para a marca Jeep se baseia em simples adesivos de fácil remoção que mostravam paisagens de ambientes selvagens com o slogan "Only in a Jeep" que foram colados em retrovisores de veículos estacionados nas ruas de Cingapura. O efeito é de alto impacto e transmite o conceito de marca de forma extremamente pertinente, gerando boca-a-boca e se espraiando para as redes sociais que podem consumir a marca.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Mianmar

Mianmar (Birmânia) é um país do sul da Ásia, governado, desde 1962, por uma das piores ditaduras militares do mundo. Recentemente monges e monjas Budistas começaram uma marcha pela democracia. Os protestos se espalharam e centenas de milhares de pessoas se juntaram a eles. A reação da junta militar foi uma repressão violenta. Eu assinei a petição pedindo para o principal aliado dos militares - a China - e o Conselho de Segurança da ONU interferirem na situação pedindo o fim dos assassinatos e torturas a presos políticos. A petição já conta com mais de 750.000 assinaturas e já foi entregue a líderes globais e divulgada em jornais internacionais. Existe um movimento para conseguir 1 milhão de assinaturas. Você pode se juntar a esse movimento global angariando apoio com quem você conhece, remetendo por email o link abaixo:

http://www.avaaz.org/en/burma_hope_lives/98.php/?cl_tf_sign=1

A Avaaz.Org, que está organizando o abaixo-assinado, promete não guardar informações sobre os indivíduos contatados através dessa ferramenta.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Nós amamos grandes idéias

Criar campanhas para vender a própria agência é um inferno. Poucos sobrevivem a esse fogo intenso. Em canais como Multishow e GNT pode-se ver exemplos de agências brasileiras criativas que fazem comerciais sem nenhum traço de criatividade ou mesmo de informação persuasiva. Perdas de tempo onerosas e inúteis. Em uma delas, atores famosos falam como se fossem os executivos da agência. Picasso disse que é melhor uma boa cópia do que um idéia original sem imaginação. Se vale para Picasso, vale para propaganda. Um exemplo de boa campanha de auto-promoção é a criada pela agência DDB (Doyle, Dane, Bernbach) do Canadá. Fundada em 1949 por Bill Bernbach, um dos grandes mestres da publicidade moderna, a agência é um ponto luminoso de excelência em todo o mundo. A campanha da seção canadense é criativa e bem humorada. Nos anúncios o boneco azul, que representa a DDB, e o amarelo, que representa a Idéia, estão sempre em situações de puro amor. Outro detalhe é o martelo na cor azul e os pequenos bonecos amarelos representando as pequenas idéias que foram descartadas até se chegar ao "big love", a grande idéia. A campanha é sutil, inteligente e estabelece um conceito inequívoco de excelência criativa: nós amamos grandes idéias. Não deixe de visitar o site da agência: www.ddbcanada.com

terça-feira, outubro 23, 2007

Marcas

Há muitos bons sites sobre branding e marca em língua inglesa. Agora podemos nos orgulhar de ter um bom site em português, que expõe minúcias sobre o universo das marcas, sua história e sua importância na economia de mercado e nas relações de consumo. O endereço é www.powerfullbrands.blogspot.com mas não espere grandes elaborações visuais e pirotecnias em 3D, que aliás só servem para deixar os sites mais pesados e menos operacionais. É um site simples, com layout enxuto e austero, como manda o bom senso, mas com muita informação especializada nas marcas mais poderosas e influentes do planeta. Vale a pena dar uma olhada. Muita informação e muitos links interessantes para quem quer se aprofundar no universo das marcas.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Frase

A maneira de se conseguir boa reputação reside no esforço em se ser aquilo que se deseja parecer. (Sócrates).

domingo, outubro 21, 2007

Na pele

QR codes é uma tecnologia similar aos códigos de barras, que com seu selo bidimensional traz informações do produto, desde o endereço da empresa até os nutrientes que o produto tem. Já circulou na internet posts com um exemplo utilizado nas embalagens de BigMac da rede MacDonalds no Japão. Agora uma garota decidiu tatuar um código desses atrás da nuca. O código aponta para um site em espanhol sobre Sprite. Melissa, a tatuada, mencionou em seu blog que quando seu pescoço fica na posição adequada o código pode ser lido. Os códigos QR são lidos por celulares. Você tira uma foto do código e o celular te leva pro site da internet que o código aponta. Estes códigos também já foram encontrados até em outdoors, espalhados por grandes cidades dos Estados Unidos e da Europa.

terça-feira, outubro 16, 2007

iPod na parede

Ícone moderno de consumo e objeto de desejo de milhões de seres humanos, o iPod é um pequeno aparelho de armazenamento de dados fabricado e comercializado pela Apple Inc, empresa que inventou o computador pessoal e o sistema de janelas, depois imitado pela Microsoft. iPod é o nome genérico de uma série de tocadores de áudio digital. A Hewlett-Packard também vendia o produto até pouco tempo atrás sob o nome de Apple iPod + HP. Os aparelhos da família iPod oferecem interface simples para o usuário, centrada no uso de uma roda clicável, ou click wheel. O maior dos modelos do iPod armazena mídia em um disco rígido acoplado, enquanto os modelos menores, usam memória flash. Como a maioria dos players portáteis digitais, o iPod pode servir como armazenador de dados quando conectado a um computador pessoal. Sucesso de público e crítica, alavancou a Apple, tirando-a do ostracismo. É considerado até hoje o lançamento mais arriscado da Apple, pois foi lançado em outubro de 2001, quando os Estados Unidos ainda estavam sob forte comoção, devido aos atentados de 11 de setembro. Aqui, uma empena criada pela agência Media Arts Lab, dos Estados Unidos, para o iPod da Apple mostrando em três dimensões a grande capacidade de armazenamento do aparelho. Mídia de rua criativa e pertinente.

Guerrilha no aeroporto

O marketing de guerrilha trouxe as táticas da guerrilha para o campo do marketing: criatividade, foco e alto impacto com menos recursos financeiros. Ferramenta já consagrada nos EUA e Europa, o marketing de guerrilha surgiu como uma tática para pequenas e médias empresas conquistarem a atenção público mesmo sem contar com verbas milionárias para campanhas nos meios tradicionais. Hoje, até os grandes anunciantes já perceberam as vantagens de utilizar o marketing de guerrilha. A companhia aérea Air Asia, a mais bem sucedida Low-Fare do continente asiático, é partidária do marketing de guerrilha. Para divulgar que suas passagens são bem mais em conta, principalmente para quem está com o orçamento apertado, a agência Playground de Jacarta na Indonésia criou esta ação de guerrilha em aeroportos, shoppings e estações de trens. Várias malas foram espalhadas em locais estratégicos destes estabelecimentos contendo duas mãos aparentemente humanas semi encobertas, como se alguém estivesse dentro. Uma etiqueta colada na mala dizia: Less Budget? Click airasia.com. No Brasil com seu histórico de acidentes aéreos recentes, soaria de mau gosto, mas fica o registro do inusitado.

segunda-feira, outubro 08, 2007

A sombra do Che

Che ainda assusta a direita brasileira (de que Veja é apenas o mais conspícuo ninho). Detestam a idéia de um revolucionário autêntico, humanista; que lutou em armas sim porque a imposição de seu tempo isso exigia, mas que abriu-se ao mundo tão generosamente que morreu em plena glória, podendo ter apenas desfrutado dos benefícios do poder que já havia conquistado. A sombra de Ernesto Guevara continua mais viva do que nunca, sobretudo do que aqueles vivos que estão mortos e ainda não sabem.

Por Flávio Aguiar

Causou reações a reacionária matéria de capa de Veja sobre Ernesto Guevara, por ocasião destes 40 anos de sua morte, assassinado por membros do Exército boliviano a serviço dos Estados Unidos. Mas é coisa de não causar surpresa.

Tentaram, na revista, levantar o que os psicanalistas jungueanos chamariam de "a sombra" de Ernesto Guevara. Sob a égide de "destruir" um mito, pretenderam levantar tudo o que de negativo se poderia sobre a vida de um homem humano, certamente mais humano do que estes arautos do que de mais servil existe no jornalismo brasileiro.

Não conseguem. É verdade que Ernesto Guevara se transformou no mito Che. Num mito, quanto mais se bate, mais ele cresce. Porque ao contrário do que essas vulgaridades pensam, um mito não é sinônimo de uma mentira. Um mito é uma história que explica porque estamos aqui e somos assim ou assado. Um mito remonta a enigmas que não conseguimos explicar. Então temos que narrar.

Abaixo, dou cinco razões pelas quais os arautos da direita brasileira não podem suportar o mito Che. Muito mais do que a direita propriamente, porque duvido que os poderosos de fato na direita estejam hoje muito preocupados com o mito Che Guevara. Até porque nenhum - repito, nenhum - governo de hoje na América Latina está à altura do mito.

1) Che em línguas pampeanas quer dizer "homem". Em guarani quer também dizer "meu". El Che significa "o homem", "o ser humano", em linguagens que, como rios subterrâneos, nos lembram das catástrofes históricas que nos trouxeram até hoje. O nome, El Che, é uma cicatriz da história, assim como o de Zumbi, ou o de Anita Garibaldi. Com a diferença de que ele cobre o continente e hoje o mundo com sua imagem. A mera presença desse nome como dos preferidos no mundo inteiro prova que as tragédias dos povos são inesquecíveis, por mais que as queiram mergulhar no esquecimento.O nome do Che é um ícone do anjo de Walter Benjamin, aquele que segue para diante na história, mas de costas, vendo-a como uma construção de ruínas.

2) O Che foi um guerrilheiro romântico. Nada mais estranho ao mundo desses arautos do que qualquer sombra de romantismo rebelde. Eles (os arautos) tiveram que eleger o servilismo como estilo, têm que beijar a mão que os afaga ou os chicoteia conforme o gosto (o deles e o da mão). Palavras como rebeldia, entono, ousadia, energia, paixão, e outras do mesmo estilo, são verbetes em branco nos seus dicionários. O Che - que como todo o ser humano tinha qualidades, defeitos e problemas, e que como todo o mito, é mais uma lâmina de contradições do que de certezas absolutas - era alegre, era um ser voltado para a vida, não párea a morte. Como podem os mortos vivos passar incólumes diante desse ser em contínua operação na história, eles que venderam a alma mas esperam poder deixar de entrega-la?

3) O Che era latino-americano. Nada mais detestável para esses arautos (e aí também para os poderosos da direita) do que a lembrança de que eles são latino-americanos. O ideal da sombra deles (a sombra é aquilo que a gente também é mas não gosta de lembrar de que é) é que o Brasil fosse uma imensa pista de aeroporto rumo ao norte, aos idolatrados shoppings centers onde se fala inglês como "língua natural" (como se isso existisse), porque é assim que eles vêm o mundo e a cultura do hemisfério norte. O fato do ícone cuja imagem é uma das mais procuradas no mundo ser a de alguém que morreu pelos povos desse continente amaldiçoado pelos poderes de todo o mundo traz pesadelos inconfessáveis para esses arautos. Pesadelos tão pesados que de manhã eles fingem nem se lembrar deles. Fingem tão fingidamente que até acreditam ser o sonhozinho de consumo em que fingidamente vivem, esses sinhozinhos das próprias palavras, a quem tratam como escravas.

4) O Che lutou pela libertação da África. E com os demais companheiros e companheiras do Exército cubano. Sem a participação de Cuba, é possível até que o regime do apartheid sulafricano pelo menos demorasse muito mais para cair. A vitória do Exército angolano, com Cuba, contra as forças sulafricanas, na batalha de Cuita Canevale foi fundamental para a queda do regime sulafricano. É verdade que as iniciativas do Che nas lutas no Congo não tiveram êxito. Não importa: como o Che é que se tornou o mito, ele carrega nas costas essa pesada carga de ser um dos ícones da solidariedade latino-americana com os povos do continente cujas costas lanhadas de sangue ajudaram a construir a nossa riqueza.

5) O Che era bonito. Aí é demais. Dispensa palavras.

Tudo isso vem aliado à terrível sensação, para esses arautos, de que o mito do Che, a lembrança do personagem vivo, sobreviverá a todos eles. E que se esse mito-anjo vê a história como a construção de ruínas, eles, os arautos, são as mais expressivas da ruína humana a que se reduz o servilismo eleito como estilo.

Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.

Vale vai mudar de nome

Maior empresa brasileira, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) vai mudar de nome e de logomarca a partir de novembro. A decisão da direção da CVRD e do conselho de administração é reposicionar a empresa no mercado de uma forma mais compatível com o status de companhia multinacional, consolidado com a aquisição da mineradora canadense Inco, no ano passado, por US$ 18 bilhões.O novo nome ainda não foi decidido e as opções estão sendo tratadas na empresa como segredo de Estado. O sigilo é tamanho que a África, agência do publicitário Nizan Guanaes, foi contratada com a missão de fazer a campanha da nova marca da empresa sem saber ainda os novos nome e logotipo.Toda a estratégia de divulgação está sendo desenvolvida em cima dos conceitos que a CVRD quer adotar a partir de agora. Uma empresa internacional que seja imediatamente identificada com o Brasil.
Uma grande empresa nacional e uma outra americana, especializadas em marketing e criação de marcas, foram contratadas pela Vale e estão trabalhando no projeto. Aliás, a palavra Vale, como a empresa é mais conhecida no Brasil, tem grandes chances de não figurar no novo nome.
Uma das principais linhas de discussão é se apenas a sigla --CVRD-- deveria ser adotada. Outra opção em estudo é focar a marca em cima apenas da expressão "Rio Doce".
A idéia é, dez anos depois da privatização, romper com os laços que ainda ligam a empresa à imagem de uma ex-estatal, além de reforçar a marca internacional, livrá-la do losango e das barras de seu logotipo atual, associadas de alguma forma à simbologia de patentes militares que ainda remetem à época da ditadura.
A mudança também ocorre em um momento de questionamento da privatização da empresa, em que algumas entidades defendem a realização de plebiscito para avaliar a venda da mineradora.
A CVRD foi fundada pelo governo federal em 1942 e privatizada em maio de 1997.
Uma reunião em um hotel na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, que acabou neste fim de semana, definiu as novas diretrizes para mudanças na imagem da empresa.
Como não tem nenhum produto facilmente associável à companhia, que fornece matéria-prima para diversas outras empresas com marcas mundialmente muito mais conhecidas do que CVRD, a idéia é criar uma marca de identificação forte e que possa ser associada a tudo o que é produzido a partir do minério de ferro: de fogões a aviões.
A conclusão dos executivos é de que a empresa é mais forte do que conhecida. Na segunda-feira, o presidente Roger Agnelli anunciou que a CVRD havia se transformado na 31ª empresa do mundo, à frente da IBM. Antes, já tinha se tornado a maior companhia brasileira, ao superar a Petrobras. Esta semana, seu valor de mercado atingiu US$ 167,3 bilhões -alta de 140% em relação à cifra do final de 2006, US$ 69,8 bilhões. O desafio é criar uma marca que espelhe tudo isso.
Curiosamente, o movimento extremo de mudar o nome e a marca da CVRD, uma das maiores companhias do mundo, coincide com a ampliação do movimento pela reestatização da empresa, levado a cabo por entidades da sociedade civil, partidos políticos de esquerda e o MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - na esteira dos exemplos da Bolívia e da Venezuela, países que nacionalizaram e reestatizaram recursos estratégicos, como a exploração mineral.
A exemplo dos povos da Bolívia e da Venezuela, movimentos brasileiros se articulam para nacionalizar e reestatizar recursos estratégicos; agora é a vez dos minérios, vendidos de forma fraudulenta para os atuais proprietários da Companhia Vale do Rio Doce

sexta-feira, outubro 05, 2007

A arte de persuadir

Está sendo exibido no canal GNT (Sky e Net 41), o documentário inédito "A Arte de Persuadir" - dirigido pela dupla Barak Goodman e Rachel Dretzin -, que explora a influência cultural das estratégias de marketing e o comportamento dos cidadão diante disso, transformando o dia-a-dia de milhares de pessoas em uma prisão eterna num cenário de propaganda de produtos.
Vale muito a pena assistir. E pensar.
Apresentado pelo correspondente Douglas Rushkoff, o programa traz depoimentos de peritos e estudiosos no assunto, além de grandes nomes da publicidade norte-americana, como Bob Garfiels (colunista da Advertising Age), Eugene Secunda (Executivo J. Walter Thompson) John Hayes (Diretor de Marketing da American Express), Rich Frank (Executivo da Walt Disney Studios) e Kevin Roberts (CEO Satchi & Satchi), entre outros.
Os entrevistados traçam um perfil do norte-americano moderno em relação a essa enxurrada de publicidade e mostram "a receita de sucesso" de grandes anunciantes.
Um dos melhores exemplos foi a campanha política de 2004 nos Estados Unidos, onde republicanos e democratas apostaram alto no marketing pessoal, almejando chegar na frente. Segundo o Professor da Universidade de Ohio, Peter Swire, até os discursos dos candidatos foram minuciosamente preparados para atingir cada parcela da população definida como público-alvo.
Em outra situação, numa visita a Acxiom, líder mundial em soluções de marketing de precisão, uma pequena amostra de como a empresa disponibiliza dados, ferramentas e conhecimento necessários para identificar, captar e fidelizar os clientes mais rentáveis, usando e abusando da propaganda em massa.
Como relata o escritor Bob Garfield: "Você não pode andar calmamente nas ruas, pois corre o risco de ser bombardeado". E complementa: "Vai encher o tanque de gasolina, olha a bomba e vê um anúncio. Depois entra no banheiro, pára em frente ao mictório e se depara com mais um anúncio. Até olhando para o céu os anúncios estão lá!”.
O programa mostra ainda o efeito coletaral do bombardeio midiático: a poluição visual que a publicidade despeja nos ruas e como os anunciantes estão tentando contornar essa situação; o ataque das marcas famosas ao universo teen e a "fórmula mágica" de campanhas bem sucedidas, que faz cada vez mais a conexão mercado versus consumidor crescer e se fortificar.
Apesar de centrado nos Estados Unidos e na visão estadunidense do tema, as questões levantadas pelo documentário têm caráter universal. Afinal , vivemos todos no mundo da hipercomunicação.

terça-feira, outubro 02, 2007

Uma nação de crentes

Os brasileiros encabeçam um ranking das nacionalidades que mais acreditam em publicidade, entre 47 países pesquisados pela consultoria Nielsen.
Dois em cada três brasileiros (67%) disseram confiar em propagandas - mesmo percentual de filipinos e pouco mais que de mexicanos (66%).
Na outra ponta da lista, os dinamarqueses se mostraram os mais desconfiados em relação a anúncios (apenas 28% confiam), seguidos pelos italianos (32%), lituânios (34%) e alemães (35%).
A pesquisa, feita por internet com cerca de 24,5 mil pessoas, teve como objetivo medir a credibilidade de cada meio utilizado para fins publicitários.
O levantamento mostrou que existe um "jeitinho brasileiro" de confiar em anúncios. Por exemplo: brasileiros confiam mais em anúncios de jornais que no velho boca-a-boca (83% contra 81%).
No ranking geral, essa relação é inversa, e o boca-a-boca supera o jornal como a primeira fonte de informação em que consumidores mais confiam (78% a 63%).
A modalidade tradicional de publicidade é apreciada principalmente nos países asiáticos, com destaque para Hong Kong (93%), Taiwan (91%) e Indonésia (89%).
Os tradicionais anúncios em revistas ganham a confiança de 80% dos brasileiros, e de apenas 56% da média das nacionalidades.
Entretanto, os brasileiros ocuparam o topo do ranking entre as nacionalidades que mais crêem em uma novidade tecnológica: as newsletters de emails.
A confiança desta modalidade chega a 79% entre os brasileiros, contra apenas 49% da média geral.
A publicidade em rádio é crível para 75% dos brasileiros, e para 54% da média das nacionalidades.
Pelos números da pesquisa, os brasileiros confiam tanto em anúncios em grandes portais de internet como em anúncios de TV (74%). A média geral para essas duas mídias é, respectivamente, 60% e 56%.
Outra diferença dos brasileiros em relação à média geral é a confiança dada a mídias geradas por consumidores, como comentários online e blogs.
Esta foi a terceira fonte de informação mais confiada pela média das nacionalidades (66%), mas uma das últimas na lista dos brasileiros (55%).
"Embora as novas tecnologias e mídias estejam desempenhando um papel importante na sociedade 'globalizada', muitas decisões de compra ainda são baseadas em atitudes culturais e nacionais adotadas com firmeza", disse o diretor gerente de Relação com o Consumidor da Nielsen, David McCallum.
Segundo ele, embora novas mídias comecem a tomar espaço das tradicionais em alguns países, o boca-a-boca continua sendo a melhor maneira de divulgar um produto.
"Nada viaja mais rápido que as más notícias. Há estimativas que calculam que as más experiências são cinco vezes mais contadas que as boas", afirmou McCallum.


Fonte: BBC Brasil.