sexta-feira, setembro 26, 2008

Carta do leitor

"Dominque Wolton, um dos mais renomados pensadores midiáticos franceses, em sua obra "Penser la Communication" alerta sobre os perigos dos excessos da segmentação nas televisões a cabo e o risco de perdermos nosso último elo democrático de comunicação comum. Assim como um dia abrimos mão dos conselhos tribais em volta das fogueiras, onde discutíamos os nossos problemas comunitários, agora podemos perder as nossas últimas referências sociais universais. Apesar de todos os erros e problemas, a TV aberta ainda é um meio com grande importância para a democratização da informação e para a socialização de uma programação universal. Para existir democracia, precisamos de objetivos políticos comuns, mas também precisamos de assuntos comuns para uma integração de experiências. Em outras palavras, precisamos nos manter em contato para uma formação de identidade pelos meios de comunicação de massa como a TV.
A expansão da internet, suas promessas de convergência de todos os meios e garantias de interatividade total, ainda demandam grandes investimentos por parte dos governos de países como o Brasil. Uma promessa dispendiosa para o futuro. Mas aceitar a inevitável degradação das TVs públicas e o fim prematuro de uma experiência tão promissora da rede de TVs públicas em nosso país, é limitar o nosso próprio potencial de crescimento instalado. A televisão aberta, pública ou privada, também pode ser um instrumento fundamental nas políticas culturais e educacionais brasileiras. Televisão comum não precisa ser sinônimo de baixaria, vulgaridade ou consumismo, assim como computador e internet não significam, necessariamente, cultura e informação. Segundo dados alarmantes, os sites mais vistos e mais lucrativos da rede ainda são os sites pornográficos, a baixara na internet. É essa a contribuição que tenho a dar sobre o debate do conflito de meios antigos e novos e gostaria de ver essa opinião publicada em seu blog, que é, para mim, uma das referências na área de comunicação.

Obrigado e bom trabalho.

Antonio Brasil Neto, professor de jornalismo."