segunda-feira, maio 24, 2010

À espera do “efeito Obama”: a internet nas eleições 2010

Lucas de Abreu Maia, de O Estado de S.Paulo

Ainda não será desta vez. A despeito do empenho em aprovar, no ano passado, o financiamento de campanhas pela internet, hoje os envolvidos com as principais candidaturas presidenciais não têm grande esperança de que as doações online façam a diferença em 2010.
O entendimento nas campanhas de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB) é de que, se o dinheiro arrecadado pela web conseguir cobrir as despesas com os sites dos candidatos, já estará bom demais.
A descrença intensificou-se na semana passada, quando foi divulgado que o PV da pré-candidata Marina Silva conseguiu arrecadar apenas R$ 2,5 mil através de seu site. De acordo com resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), só pessoas físicas podem doar via internet. Vem em grande parte desta decisão o desânimo com o financiamento online. Petistas e tucanos avaliam que o Brasil é um país sem tradição de doação por pessoa física, o que deverá fazer com que a arrecadação na web beire o insignificante. Segundo um dos envolvidos na pré-campanha de Serra, o envolvimento dos candidatos com a internet é muito mais uma questão de presença de mídia que de dinheiro.
A aposta é usar a web principalmente para mobilizar eleitores - sobretudo em redes sociais. Os pré-candidatos já estão maciçamente presentes na rede. Dilma, a última pré-candidata a inaugurar um perfil no Twitter, começou a escrever no microblog no domingo.
A empolgação política com a internet surgiu depois da campanha presidencial de Barack Obama, em 2008. Mais da metade do valor total arrecadado pelo presidente americano - que ultrapassou R$ 1 bilhão - veio de seu site, em doações pequenas de eleitores. Scott Goodstein, um dos estrategistas da campanha de Obama, está trabalhando na candidatura de Dilma.
Sem a estrutura partidária de PT e PSDB, o PV vai na direção oposta e conta com a internet para arrecadar. Coordenador da campanha de Marina Silva, o vereador do Rio Alfredo Sirkis (PV) disse acreditar em um aumento nos recursos angariados pela candidata via internet. "A nossa expectativa é de que, quando a campanha esquentar, o número de doações aumente", afirmou. Os verdes apostam no discurso ecológico de Marina para mobilizar o eleitorado de classe média - com mais acesso à web. Além das doações diretas, a campanha vai investir na venda de mercadorias online.
As doações via internet passaram a ser permitidas no ano passado, quando o Congresso regulamentou a campanha online. Os eleitores poderão doar por boletos bancários e com cartões de débito e crédito. Mas quem espera ver aqui se repetir o fenômenos das doações milionárias de Obama, pode esquecer.