quarta-feira, junho 30, 2010

O verbo politizado

A jornalista Mirian Leitão, colunista de diversos periódicos nacionais, não nega sua preferência por Serra e pelo PSDB e sua adesão ideológica ao neoliberalismo, essa forma senil de danaçao capitalista que ainda sobrevive em mentes obscuras mesmo diante dos exemplos, soberbos, ofertados pela realidade presente.
Leitão foi uma das analistas que profetizou que o país seria o que mais sofreria o impacto da mais recente crise econômica mundial e não fez auto-crítica quando a realidade a desmentiu de maneira eloquente.
Quando sua opinião não é declaradamente tucana, deixe que o tempo verbal denuncie sua penugem enegrecida.
Em sua coluna Panorama Econômico de hoje, expõe as "Ideias de Serra". Informa que o candidato do PSDB "não vai mudar o status do presidente do Banco Central"e que devolverá "ao consumidor final 30% dos impostos pagos elo varejo". "É a primeira vez", comemora a jornalista, "que se devolve imposto ao consumidor no Brasil", usando, vejam bem, o tempo verbal para tornar fato de agora o que não passa de promessa para um futuro cada vez mais distante no momento em que Dilma, a candidata do PT, começa a ver Serra pelo retrovisor.
Onde se escreve português usando-se corretamente os tempos verbais, as afirmações de Leitão seriam postas no condicional, sendo grafadas assim: "Serra garantiu que, na eventualidade de vencer as eleições, não mudaria o status do presidente do Banco Central" e, mais adiante, no tema da devoluçao tributária, o correto seria escrever que, nesse caso, "seria a primeira vez que se devolveria imposto ao consumidor no Brasil".
Além de escorregar politicamente nos tempos verbais, Leitão esquece de indagar ou provocar indagações sobre as razões que levaram Serra e seu patrono FHC, que governaram por longos e tristes oito anos o país que agora cresce a índices chineses, a não terem tornado prática o que agora ganha o contorno fácil de discurso eleitoral.