sábado, setembro 25, 2010

A Lei de Newton aplicada ao marketing político

"Toda ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário", afirma a terceira lei de Newton. É uma lei natural. O boxeador em treinamento dá socos em um saco de areia bem pesado; a força que os punhos do boxeador exercem sobre o saco é igual a força exercida pelo saco sobre seus punhos. Em marketing político essa lei ganhou uma tradução popular: bateu, levou. Quando a ação não produz reação, o ponto fixo que sofre a ação absorve o impacto, se danificando. Os mais recentes números da pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial são eloquentes ao demonstrar que ignorar a Terceira Lei de Newton pode produzir danos irreparáveis. Embora ainda se mantenha uma larga distância entre Dilma, a candidata do PT, e José Serra, o candidato do PSDB, a ação ofensiva da campanha tucana produziu em Dilma a perda de cinco pontos percentuais, colocando em sério risco a vitória no primeiro turno. Acredito que o tempo é curto para que se produza um efeito em escala que permita o segundo turno, mas o episódio reinventa a roda em se tratando de marketing eleitoral. Digo, a principal lição que fica desse episódio é o sepultamento definitivo de uma lógica cínica inaugurada no Brasil por um cidadão hoje obscuro que já posou como "o rei do marketing político" e que diz "quem bate perde". Essa frase não apenas nega a terceira Lei de Newton, mas vai na contra-mão da vida. Não faz nenhum sentido e está eivada de comodismo, como se fosse uma vacina contra a rebeldia. "Cale-se enquanto eu bato em você" é o espírito norteador da frase "quem bate perde". Inverta a frase e a outra leitura para ela é "quem apanha vence". Que modalidade de esporte é essa? Onde isso aconteceu? A frase correta seria "quem bate, bate; quem apanha, apanha". E quem apanha sem revidar, absorve sim a negatividade do ataque que está sofrendo, já que a lógica do entendimento médio é que se deve revidar aos ataques pessoais. Na vida privada é assim que se age. Se alguém o calunia, você revida. Ou não? Se você é um cidadão de bem e é chamado de ladrão, de terrorista, de bandido, você leva esse desaforo para casa? Duvido. Então se um candidato é atacado e não revida é porque há verdade naquele ataque. Isso é de uma lógica cartesiana e apenas a imbecilidade ou a covardia pode recusar a clareza desse raciocínio. A inação da campanha do PT em relação aos ataques brutais e até mesmo desleais da campanha tucana desfere contra Dilma - com pleno eco na imprensa golpista - produziu um rombo na fuselagem da campanha petista por onde está escoando centenas de milhares de votos. Não estou dizendo que Dilma deveria ter revidado a isso em primeira pessoa. Mas sua campanha ficou devendo ao eleitor um contra-ataque à altura. "Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de mesma intensidade", é uma Lei irrevogável.