quinta-feira, julho 29, 2010
Prestígio
A palavra veio do latim praestringere, e significa "vendar os olhos de alguém". Em sua origem, a palavra era aplicada a truques de magia e a ilusionismos. Apenas no século XVIII é que surgiu o sentido atual, de "influência que advém do exercício de um cargo ou função". Muita gente já não percebe essa sutileza, mas hoje, como dantes, o prestígio ainda segue sendo apenas uma ilusão passageira.
Acidentes de trânsito e Lei Seca
É curiosa a tendência que cultiva a imprensa nativa de contornar os problemas ou de atribuí-los a uma origem difusa chamada "governo". Baixada a tensão produzida pelo envolvimento do goleiro do time mais popular do país no "desaparecimento" (ou na "finalização", no jargão jurídico-policial) de sua amante, agora, a temática da hora é a violência no trânsito. O aumento do número de acidentes fatais nas estradas em julho deste ano e casos de grande repercussão, como a morte por atropelamento do filho de uma conhecida atriz, colocaram na ordem do dia o debate, o que poderia ser salutar não fosse um fato singelo: a liberalidade na produçao, venda e consumo de bebida alcóolica passa incólume por essa tensão, não sendo sequer tocado quando os "especialistas" reunem-se para pensar soluções para a questão dos altos índices de acidentes fatais no trânsito, seja nas estradas ou nas ruas do país. Sabemos que o consumo de bebida alcóolica está na raiz de 75% dos acidentes de trânsito. Mas esse elemento nunca está posto no desenho que se faz no chão de asfalto quando a perícia chega ao local do sinistro.
Bebidas alcóolicas provocam acidentes, grande parte deles fatais. Mas não só. Pesquisas indicam que o consumo de álcool está ligado a incêndios, afogamentos, acidentes de trabalho (operação de máquinas), suicídios, quedas, acidentes com barcos, jet-ski, assaltos, brigas, violência doméstica e contra crianças, estupro, comportamento agressivo, nervosismo, resfriados, risco elevado de pneumonia, doenças do fígado (cirrose), pancreatite, tremor nas mãos, dormências, perda de memória, envelhecimento precoce, câncer de boca e faringe, insuficiência cardíaca, anemia, câncer de mama, úlcera gástrica, gastrite, hemorragia digestiva, deficiência de vitaminas, diarréia, má nutrição, disfunção erétil, risco de má formação do feto em gestantes e nascimento de filhos com diferentes graus de retardo mental, afora moléstias desconhecidas, que se cruzam com outras e não explicitam sua interação com o consumo de bebida.
Então, qual a razão de não progredir no congresso a proposta de repetir em nosso país a experiência do Reino Unido, onde os bares fecham às 23:00h e bebida alcóolica tem tantas sobretaxas tributárias que torna o consumo de grandes quantidades desses alteradores de percepção quase proibitivo? Além de fechar bares antes da meia-noite, na terra da Rainha uma rigorosa lei restritiva à propaganda de bebidas desestimula o consumo, especialmente entre os mais jovens enquanto no Brasil a propaganda de bebida visa alcançar e fidelizar justamente os mais jovens.
A resposta para essa inquietante questão é simples: a indústria de bebida alcóolica em nosso país é responsável por manter a mídia em patamares de lucratividade insanos. Não me dedico a coleta de dados sobre o tema, mas o investimento publicitário do setor de bebidas havia sido estimado em R$ 525 milhões no terceiro trimestre de 2007, com maior participação (R$ 377 milhões) na televisão aberta. Comparado com o ano anterior, essa evolução do investimento de bebidas na televisão aberta, por exemplo, foi de aproximadamente 105%. De lá para cá esse volume vem crescendo acima da inflação a cada ano.
Para conter os acidentes de trânsito é preciso frear a indústria da morte mantida pelos fabricantes de bebida alcóolica. É preciso Lei Seca, restrição de propaganda e elevação de tributos para compensar os custos indiretos que o alcoolismo gera. Quem vai pisar no breque?
Bebidas alcóolicas provocam acidentes, grande parte deles fatais. Mas não só. Pesquisas indicam que o consumo de álcool está ligado a incêndios, afogamentos, acidentes de trabalho (operação de máquinas), suicídios, quedas, acidentes com barcos, jet-ski, assaltos, brigas, violência doméstica e contra crianças, estupro, comportamento agressivo, nervosismo, resfriados, risco elevado de pneumonia, doenças do fígado (cirrose), pancreatite, tremor nas mãos, dormências, perda de memória, envelhecimento precoce, câncer de boca e faringe, insuficiência cardíaca, anemia, câncer de mama, úlcera gástrica, gastrite, hemorragia digestiva, deficiência de vitaminas, diarréia, má nutrição, disfunção erétil, risco de má formação do feto em gestantes e nascimento de filhos com diferentes graus de retardo mental, afora moléstias desconhecidas, que se cruzam com outras e não explicitam sua interação com o consumo de bebida.
Então, qual a razão de não progredir no congresso a proposta de repetir em nosso país a experiência do Reino Unido, onde os bares fecham às 23:00h e bebida alcóolica tem tantas sobretaxas tributárias que torna o consumo de grandes quantidades desses alteradores de percepção quase proibitivo? Além de fechar bares antes da meia-noite, na terra da Rainha uma rigorosa lei restritiva à propaganda de bebidas desestimula o consumo, especialmente entre os mais jovens enquanto no Brasil a propaganda de bebida visa alcançar e fidelizar justamente os mais jovens.
A resposta para essa inquietante questão é simples: a indústria de bebida alcóolica em nosso país é responsável por manter a mídia em patamares de lucratividade insanos. Não me dedico a coleta de dados sobre o tema, mas o investimento publicitário do setor de bebidas havia sido estimado em R$ 525 milhões no terceiro trimestre de 2007, com maior participação (R$ 377 milhões) na televisão aberta. Comparado com o ano anterior, essa evolução do investimento de bebidas na televisão aberta, por exemplo, foi de aproximadamente 105%. De lá para cá esse volume vem crescendo acima da inflação a cada ano.
Para conter os acidentes de trânsito é preciso frear a indústria da morte mantida pelos fabricantes de bebida alcóolica. É preciso Lei Seca, restrição de propaganda e elevação de tributos para compensar os custos indiretos que o alcoolismo gera. Quem vai pisar no breque?
Criatividade na cabeça
Uma agência de publicidade do Cazaquistão criou uma campanha irreverente em prol do uso de capacetes. Naquele país os scooters são a grande coqueluche do momento. A primeira opção de uma lista com 14 sugestivos temas é a do modelo Tiger Woods. Na verdade um “casco” aberto com o desenho de uma bola de golfe.
Apesar da sugestão bem humorada e criativa, os capacetes estariam fora das normas brasileiras. Eles só podem ser utilizados aqui com viseira ou com os óculos de proteção.
De acordo com a Resolução 257, publicada no dia 6 de dezembro de 2007, pilotar ou conduzir passageiro sem o uso do capacete ou fora das especificações implicará nas sanções da lei, previstas nos incisos I e II do Art. 244 do CTB, que estabelece multa, cinco pontos na Carteira de Habilitação (CNH) e retenção do veículo para regularização.
Apesar da sugestão bem humorada e criativa, os capacetes estariam fora das normas brasileiras. Eles só podem ser utilizados aqui com viseira ou com os óculos de proteção.
De acordo com a Resolução 257, publicada no dia 6 de dezembro de 2007, pilotar ou conduzir passageiro sem o uso do capacete ou fora das especificações implicará nas sanções da lei, previstas nos incisos I e II do Art. 244 do CTB, que estabelece multa, cinco pontos na Carteira de Habilitação (CNH) e retenção do veículo para regularização.
De novo: a Lei da Ficha Limpa
Estado por estado, os Tribunais Regionais Eleitorais vão colocando uma pá de cal na cláusula da chamada "Lei da Ficha Limpa" que, de modo absolutamente arbitrário e insconstitucional, impõe a retroatividade da norma legal, abrindo o precedente perigoso de usar artefatos jurídicos para violar direitos. Se uma pessoa errou e foi punida ou usou um artifício legal para evitar a punição, essas ações se deram ao abrigo da Lei e não à sua revelia. Nenhuma normal legal posterior pode ignorar ou atropelar esse direito sob pena de, no futuro, a lei não servir para ordenar, corrigir e apenar, mas sim para perseguir cidadãos de pleno direito.
Algumas pessoas, crédulas no que publica a imprensa e na opinião dos falsos vestais, acham que a chamada "Lei da Ficha Limpa" é uma bênção que fará cair sobre a cabeça dos impuros a longa espada da justiça. Bobagem. Como já disse anteriormente, seduzidas pela visibilidade midiática, as togas estão jogando para a torcida. Se desejassem algo mais que seus quinze minutos de visibilidade na mídia, bastaria aplicar aos postulantes de cargos públicos as mesmas regras que valem para os concursos públicos, ou seja, aplicar ao processo eleitoral o estatuto do funcionalismo público, para termos uma regra legal válida e útil para reduzir a quantidade de marginais que postulam mandatos a cada dois anos.
Algumas pessoas, crédulas no que publica a imprensa e na opinião dos falsos vestais, acham que a chamada "Lei da Ficha Limpa" é uma bênção que fará cair sobre a cabeça dos impuros a longa espada da justiça. Bobagem. Como já disse anteriormente, seduzidas pela visibilidade midiática, as togas estão jogando para a torcida. Se desejassem algo mais que seus quinze minutos de visibilidade na mídia, bastaria aplicar aos postulantes de cargos públicos as mesmas regras que valem para os concursos públicos, ou seja, aplicar ao processo eleitoral o estatuto do funcionalismo público, para termos uma regra legal válida e útil para reduzir a quantidade de marginais que postulam mandatos a cada dois anos.
sexta-feira, julho 09, 2010
Guerrilha de garagem
Use técnicas de marketing de guerrilha para impressionar os seus vizinhos. A ideia é de uma empresa alemã chamada "Your Style Garage", que cria cartazes autocolantes para portas de garagem que dão uma impressão de transparência, como se estivessem mostrando o seu interior, de maneira extremamente realista. Os preços variam de US$ 199 a US$ 399, para a porta dupla.


terça-feira, julho 06, 2010
Portuários dos Estados Unidos dão o exemplo
Em uma ação histórica e sem precedentes, mais de 800 ativistas, entre trabalhadores e apoiadores, bloquearam os portões das docas de Oakland nas primeiras horas da manhã do sai 20 de junho, solicitando que trabalhadores portuários se recusassem a atravessar o piquete no local programado para descarregar um navio israelense.
De 5: 30 às 9: 30 da manhã foi realizado um protesto militante e vigoroso na frente dos quatro portões dos Serviços de Estiva da América, com pessoas cantando palavras de ordem como "Palestina livre, livre; não atravesse o piquete” e "O ataque a um é um ataque a todos, abaixo o muro do apartheid".
Citando as disposições de segurança e saúde do seu contrato, os trabalhadores do Sindicato de Portuários e Armazenamento Internacional recusaram-se a entrar para trabalhar. Entre 8:30 e 9:00 h, uma negociação de emergência foi realizada no Estacionamento Maersk, nas proximidades, com um árbitro "instantâneo" chamado para decidir se os trabalhadores poderiam recusar a trabalhar sem medidas disciplinares.
Às 9:15, após reavaliar os protestos de centenas em cada portão, o árbitro decidiu em favor do sindicato, que era realmente inseguro para os trabalhadores entrar nas docas. Ouviram-se gritos de "Viva a Palestina"! Jess Ghannam, Aliança Palestina Livre, e Richard Becker da coalizão ANSWER anunciaram a vitória. Ghannam disse, "isso é um fato histórico, nunca foi bloqueado um navio de Israel nos Estados Unidos"! As notícias de que um navio contêiner da empresa de transporte marítimo israelense Zim havia sido programado para chegar à área da Baía hoje desencadeou uma tremenda corrente de solidariedade com a Palestina, especialmente após o massacre israelense de voluntários levando ajuda humanitária a Gaza em 31 de Maio.
Com antecedência de 10 dias da chegada do navio, o “Comitê de Trabalhadores e da Comunidade em Solidariedade ao Povo Palestino" foi criado. Na quarta-feira, cerca de 110 pessoas de sindicatos e da comunidade reuniram-se para organizar a logística, o alcance e o apoio da população. As organizações presentes incluíram a “Frente de Defesa do Direito de Retorno do Povo Palestino Al-Awda”, a Coalizão ANSWER, a regional da área da Baía do USLAW e a Comissão Sindical pela Paz e Justiça da região.
Esta semana o Conselho Sindical de São Francisco e o Conselho Sindical Alameda aprovaram retumbantes resoluções denunciando o bloqueio de Israel a Gaza. Ambos os Conselhos emitiram notas públicos sobre a ação dos portuários.
O ILWU tem uma história de orgulho de estender sua solidariedade à luta de povos de todo o mundo. Em 1984, quando o povo negro da África do Sul exercia uma intensa luta contra o apartheid sul-africano, o ILWU recusou descarregar o navio sul-africano "Ned Lloyd" por um tempo recorde de 10 dias. Apesar da multa de milhões de dólares imposta ao sindicato, os trabalhadores portuários mantiveram-se fortes, fornecendo um enorme impulso ao movimento antiapartheid.
A ação de Oakland, no sexto maior porto dos Estados Unidos, é o primeiro de vários protestos e boicotes planejados em todo o mundo, incluindo a Noruega, a Suécia e a África do Sul. É certo que inspirem outros a fazerem o mesmo.
Um tom conhecido
É impressionante o tom que vem sendo usado pela imprensa para tratar Dunga, o treinador da seleção brasileira. Há um deboche, uma raiva não contida, uma evidente vontade de incitar o povo contra o treinador e contra a própria seleção. Isso não ocorreu antes. Não ocorreu, por exemplo, em 2006, quando a impressão geral era de desinteresse dos jogadores pelo rumo da seleção.
II
Mas há mais um aspecto: a Sportv publicou um matéria de tal maneira desrespeitosa em relação ao Paraguai, a pretexto de falar sobre sua seleção de futebol, que foi obrigada a se retratar dois dias após. A matéria era de extremo mau gosto, provocativa, debochada, estúpida. Uma agressão gratuita a nossos vizinhos, a gente com quem convivemos muito bem há muitos anos.
III
São dois os fatos, portanto: o primeiro, o tom em relação a Dunga e à seleção, muito superior ao usado em 2006. O segundo, a matéria de baixíssimo nível feita contra o Paraguai.
IV
Refleti sobre isso e me dei conta do que efetivamente ocorreu. Esse tom jocoso, desrespeitoso, debochado, irônico, superior, sarcástico, é exatamente o que vem sendo utilizado pela imprensa contra o Presidente Lula. A cada momento a imprensa faz questão de vincular a imagem de Lula a qualquer coisa negativa ou de pobre, como cachaça, por exemplo. Durante a copa, por exemplo, um grupo de assessores do Presidente resolveu, por mera brincadeira de um momento de euforia, apostar uma garrafa da – dizem – excelente cachaça fabricada pelo Vice-Presidente José Alencar. A curiosidade é que, segundo divulgado, o Vice-Presidente teria sido apenas comunicado que seria o fornecedor do brinde. A manchete estampada em alguns informativos foi vinculando Lula à Cachaça.
V
Há um amontoado de críticas que provavelmente fariam corar os racistas da África do Sul quando estavam no poder. São as expressões como “o sem dedo”, ou “o analfabeto”, que esse tipo de gente não tem coragem e nem condições de utilizar em público. Falam à boca pequena, ironizam nos seus pseudo-refinados meios. É o mesmo que fez Boris Casoy quando, ao final do ano passado, criticou os garis que se atreveram a desejar final ano novo a todos. Boris dizia: “era só o que faltava, o que há de mais baixo na sociedade desejando feliz ano novo”. Ou seja, uma visão escravista, de humilhação do ser humano.
VI
Aquela visão de Boris Casoy é exatamente a visão que alimenta esse tipo de comentário feito contra o Presidente da República. Agora mesmo, à noite, o Jornal Nacional critica a visita de Lula a um país africano porque há uma ditadura no poder há 31 anos. Ora, então o Jornal Nacional critica visitas de Obama à China? O Jornal Nacional critica visitas de Obama à Arábia Saudita? É evidente que não, mas tudo é vendido como se fosse uma imensa gafe. Quem entende de boa educação, quem entende de etiqueta, quem entende de diplomacia, quem entende de finesse, pois, é o Jornal Nacional, é a grande imprensa. Eles é que podem dizer o que é certo e o que é errado, com quais países o Brasil pode manter relações diplomáticas, quem pode ou não jogar na seleção brasileira.
VII
Friso, primeiro, que quando da visita da seleção ao Presidente da República, na ida para África, Dunga fez questão de demonstrar seu azedume em relação a Lula, cumprimentando-o visivelmente a contragosto. Ou seja, não há nada em comum entre Dunga e Lula. A questão é outra: é que o ódio mal dissimulado, esse tom de deboche permanente, é exatamente o tom usado pela grande imprensa contra os seus desafetos.
VIII
É ali que emerge a soberba, o sentimento de superioridade. O tom que vem sendo usado contra a seleção e contra Dunga , o tom que foi utilizado contra o Paraguai – sim, o país Paraguai, e não a seleção paraguaia – é exatamente o mesmo tom que a grande imprensa usa contra Lula.
IX
Concluo, pois: o uso permanente desse tom desrepeitoso contra alguém que esses meios de comunicação consideram “inferior”, agora teve as comportas arrombadas. Passaram a utilizar esse tom contra a seleção, contra Dunga, e agora contra o Paraguai. Pode observar. É exatamente o mesmo tom, a mesma arrogância, o mesmo ódio mal disfarçado, a mesma prepotência, o mesmo deboche, a mesma ironia, o mesmo preconceito.
Por Castagna Maia
II
Mas há mais um aspecto: a Sportv publicou um matéria de tal maneira desrespeitosa em relação ao Paraguai, a pretexto de falar sobre sua seleção de futebol, que foi obrigada a se retratar dois dias após. A matéria era de extremo mau gosto, provocativa, debochada, estúpida. Uma agressão gratuita a nossos vizinhos, a gente com quem convivemos muito bem há muitos anos.
III
São dois os fatos, portanto: o primeiro, o tom em relação a Dunga e à seleção, muito superior ao usado em 2006. O segundo, a matéria de baixíssimo nível feita contra o Paraguai.
IV
Refleti sobre isso e me dei conta do que efetivamente ocorreu. Esse tom jocoso, desrespeitoso, debochado, irônico, superior, sarcástico, é exatamente o que vem sendo utilizado pela imprensa contra o Presidente Lula. A cada momento a imprensa faz questão de vincular a imagem de Lula a qualquer coisa negativa ou de pobre, como cachaça, por exemplo. Durante a copa, por exemplo, um grupo de assessores do Presidente resolveu, por mera brincadeira de um momento de euforia, apostar uma garrafa da – dizem – excelente cachaça fabricada pelo Vice-Presidente José Alencar. A curiosidade é que, segundo divulgado, o Vice-Presidente teria sido apenas comunicado que seria o fornecedor do brinde. A manchete estampada em alguns informativos foi vinculando Lula à Cachaça.
V
Há um amontoado de críticas que provavelmente fariam corar os racistas da África do Sul quando estavam no poder. São as expressões como “o sem dedo”, ou “o analfabeto”, que esse tipo de gente não tem coragem e nem condições de utilizar em público. Falam à boca pequena, ironizam nos seus pseudo-refinados meios. É o mesmo que fez Boris Casoy quando, ao final do ano passado, criticou os garis que se atreveram a desejar final ano novo a todos. Boris dizia: “era só o que faltava, o que há de mais baixo na sociedade desejando feliz ano novo”. Ou seja, uma visão escravista, de humilhação do ser humano.
VI
Aquela visão de Boris Casoy é exatamente a visão que alimenta esse tipo de comentário feito contra o Presidente da República. Agora mesmo, à noite, o Jornal Nacional critica a visita de Lula a um país africano porque há uma ditadura no poder há 31 anos. Ora, então o Jornal Nacional critica visitas de Obama à China? O Jornal Nacional critica visitas de Obama à Arábia Saudita? É evidente que não, mas tudo é vendido como se fosse uma imensa gafe. Quem entende de boa educação, quem entende de etiqueta, quem entende de diplomacia, quem entende de finesse, pois, é o Jornal Nacional, é a grande imprensa. Eles é que podem dizer o que é certo e o que é errado, com quais países o Brasil pode manter relações diplomáticas, quem pode ou não jogar na seleção brasileira.
VII
Friso, primeiro, que quando da visita da seleção ao Presidente da República, na ida para África, Dunga fez questão de demonstrar seu azedume em relação a Lula, cumprimentando-o visivelmente a contragosto. Ou seja, não há nada em comum entre Dunga e Lula. A questão é outra: é que o ódio mal dissimulado, esse tom de deboche permanente, é exatamente o tom usado pela grande imprensa contra os seus desafetos.
VIII
É ali que emerge a soberba, o sentimento de superioridade. O tom que vem sendo usado contra a seleção e contra Dunga , o tom que foi utilizado contra o Paraguai – sim, o país Paraguai, e não a seleção paraguaia – é exatamente o mesmo tom que a grande imprensa usa contra Lula.
IX
Concluo, pois: o uso permanente desse tom desrepeitoso contra alguém que esses meios de comunicação consideram “inferior”, agora teve as comportas arrombadas. Passaram a utilizar esse tom contra a seleção, contra Dunga, e agora contra o Paraguai. Pode observar. É exatamente o mesmo tom, a mesma arrogância, o mesmo ódio mal disfarçado, a mesma prepotência, o mesmo deboche, a mesma ironia, o mesmo preconceito.
Por Castagna Maia
quarta-feira, junho 30, 2010
O verbo politizado
A jornalista Mirian Leitão, colunista de diversos periódicos nacionais, não nega sua preferência por Serra e pelo PSDB e sua adesão ideológica ao neoliberalismo, essa forma senil de danaçao capitalista que ainda sobrevive em mentes obscuras mesmo diante dos exemplos, soberbos, ofertados pela realidade presente.
Leitão foi uma das analistas que profetizou que o país seria o que mais sofreria o impacto da mais recente crise econômica mundial e não fez auto-crítica quando a realidade a desmentiu de maneira eloquente.
Quando sua opinião não é declaradamente tucana, deixe que o tempo verbal denuncie sua penugem enegrecida.
Em sua coluna Panorama Econômico de hoje, expõe as "Ideias de Serra". Informa que o candidato do PSDB "não vai mudar o status do presidente do Banco Central"e que devolverá "ao consumidor final 30% dos impostos pagos elo varejo". "É a primeira vez", comemora a jornalista, "que se devolve imposto ao consumidor no Brasil", usando, vejam bem, o tempo verbal para tornar fato de agora o que não passa de promessa para um futuro cada vez mais distante no momento em que Dilma, a candidata do PT, começa a ver Serra pelo retrovisor.
Onde se escreve português usando-se corretamente os tempos verbais, as afirmações de Leitão seriam postas no condicional, sendo grafadas assim: "Serra garantiu que, na eventualidade de vencer as eleições, não mudaria o status do presidente do Banco Central" e, mais adiante, no tema da devoluçao tributária, o correto seria escrever que, nesse caso, "seria a primeira vez que se devolveria imposto ao consumidor no Brasil".
Além de escorregar politicamente nos tempos verbais, Leitão esquece de indagar ou provocar indagações sobre as razões que levaram Serra e seu patrono FHC, que governaram por longos e tristes oito anos o país que agora cresce a índices chineses, a não terem tornado prática o que agora ganha o contorno fácil de discurso eleitoral.
Leitão foi uma das analistas que profetizou que o país seria o que mais sofreria o impacto da mais recente crise econômica mundial e não fez auto-crítica quando a realidade a desmentiu de maneira eloquente.
Quando sua opinião não é declaradamente tucana, deixe que o tempo verbal denuncie sua penugem enegrecida.
Em sua coluna Panorama Econômico de hoje, expõe as "Ideias de Serra". Informa que o candidato do PSDB "não vai mudar o status do presidente do Banco Central"e que devolverá "ao consumidor final 30% dos impostos pagos elo varejo". "É a primeira vez", comemora a jornalista, "que se devolve imposto ao consumidor no Brasil", usando, vejam bem, o tempo verbal para tornar fato de agora o que não passa de promessa para um futuro cada vez mais distante no momento em que Dilma, a candidata do PT, começa a ver Serra pelo retrovisor.
Onde se escreve português usando-se corretamente os tempos verbais, as afirmações de Leitão seriam postas no condicional, sendo grafadas assim: "Serra garantiu que, na eventualidade de vencer as eleições, não mudaria o status do presidente do Banco Central" e, mais adiante, no tema da devoluçao tributária, o correto seria escrever que, nesse caso, "seria a primeira vez que se devolveria imposto ao consumidor no Brasil".
Além de escorregar politicamente nos tempos verbais, Leitão esquece de indagar ou provocar indagações sobre as razões que levaram Serra e seu patrono FHC, que governaram por longos e tristes oito anos o país que agora cresce a índices chineses, a não terem tornado prática o que agora ganha o contorno fácil de discurso eleitoral.
quinta-feira, junho 24, 2010
... no Verão na Datcha
A Extraordinária Aventura vivida por Vladimir Maiakóvski no Verão na Datcha
A tarde ardia em cem sóis.
O verão rolava em julho.
O calor se enrolava
no ar e nos lençóis
da datcha onde eu estava,
Na colina de Púchkino, corcunda,
o monte Akula,
e ao pé do monte
a aldeia enruga
a casca dos telhados.
E atrás da aldeia,
um buraco
e no buraco, todo dia,
o mesmo ato:
o sol descia
lento e exato
E de manhã
outra vez
por toda a parte
lá estava o sol
escarlate.
Dia após dia
isto
começou a irritar-me
terrivelmente.
Um dia me enfureço a tal ponto
que, de pavor, tudo empalidece.
E grito ao sol, de pronto:
Desce!
Chega de vadiar nessa fornalha!
E grito ao sol:
Parasita!
Você aí, a flanar pelos ares,
e eu aqui, cheio de tinta,
com a cara nos cartazes!
E grito ao sol:
Espere!
Ouça, topete de ouro,
e se em lugar
desse ocaso
de paxá
você baixar em casa
para um chá?
Que mosca me mordeu!
É o meu fim!
Para mim
sem perder tempo
o sol
alargando os raios-passos
avança pelo campo.
Não quero mostrar medo.
Recuo para o quarto.
Seus olhos brilham no jardim.
Avançam mais.
Pelas janelas,
pelas portas,
pelas frestas
a massa
solar vem abaixo
e invade a minha casa.
Recobrando o fôlego,
me diz o sol com a voz de baixo:
Pela primeira vez recolho o fogo,
desde que o mundo foi criado.
Você me chamou?
Apanhe o chá,
pegue a compota, poeta!
Lágrimas na ponta dos olhos
- o calor me fazia desvairar, eu lhe mostro
o samovar:
Pois bem,
sente-se, astro!
Quem me mandou berrar ao sol
insolências sem conta?
Contrafeito
me sento numa ponta
do banco e espero a conta
com um frio no peito.
Mas uma estranha claridade
fluía sobre o quarto
e esquecendo os cuidados
começo
pouco a pouco
a palestrar com o astro.
Falo
disso e daquilo,
como me cansa a Rosta,
etc.
E o sol:
Está certo,
mas não se desgoste,
não pinte as coisas tão pretas.
E eu? Você pensa
que brilhar
é fácil?
Prove, pra ver!
Mas quando se começa
é preciso prosseguir
e a gente vai e brilha pra valer!
Conversamos até a noite
ou até o que, antes, eram trevas.
Como falar, ali, de sombras?
Ficamos íntimos,
os dois.
Logo,
com desassombro
estou batendo no seu ombro.
E o sol, por fim:
Somos amigos
pra sempre, eu de você,
você de mim.
Vamos, poeta,
cantar,
luzir
no lixo cinza do universo.
Eu verterei o meu sol
e você o seu
com seus versos.
O muro das sombras,
prisão das trevas,
desaba sob o obus
dos nossos sóis de duas bocas.
Confusão de poesia e luz,
chamas por toda a parte.
Se o sol se cansa
e a noite lenta
quer ir pra cama,
marmota sonolenta,
eu, de repente,
inflamo a minha flama
e o dia fulge novamente.
Brilhar para sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
Gente é pra brilhar
que tudo o mais vá prá o inferno,
este é o meu slogan
e o do sol.
O verão rolava em julho.
O calor se enrolava
no ar e nos lençóis
da datcha onde eu estava,
Na colina de Púchkino, corcunda,
o monte Akula,
e ao pé do monte
a aldeia enruga
a casca dos telhados.
E atrás da aldeia,
um buraco
e no buraco, todo dia,
o mesmo ato:
o sol descia
lento e exato
E de manhã
outra vez
por toda a parte
lá estava o sol
escarlate.
Dia após dia
isto
começou a irritar-me
terrivelmente.
Um dia me enfureço a tal ponto
que, de pavor, tudo empalidece.
E grito ao sol, de pronto:
Desce!
Chega de vadiar nessa fornalha!
E grito ao sol:
Parasita!
Você aí, a flanar pelos ares,
e eu aqui, cheio de tinta,
com a cara nos cartazes!
E grito ao sol:
Espere!
Ouça, topete de ouro,
e se em lugar
desse ocaso
de paxá
você baixar em casa
para um chá?
Que mosca me mordeu!
É o meu fim!
Para mim
sem perder tempo
o sol
alargando os raios-passos
avança pelo campo.
Não quero mostrar medo.
Recuo para o quarto.
Seus olhos brilham no jardim.
Avançam mais.
Pelas janelas,
pelas portas,
pelas frestas
a massa
solar vem abaixo
e invade a minha casa.
Recobrando o fôlego,
me diz o sol com a voz de baixo:
Pela primeira vez recolho o fogo,
desde que o mundo foi criado.
Você me chamou?
Apanhe o chá,
pegue a compota, poeta!
Lágrimas na ponta dos olhos
- o calor me fazia desvairar, eu lhe mostro
o samovar:
Pois bem,
sente-se, astro!
Quem me mandou berrar ao sol
insolências sem conta?
Contrafeito
me sento numa ponta
do banco e espero a conta
com um frio no peito.
Mas uma estranha claridade
fluía sobre o quarto
e esquecendo os cuidados
começo
pouco a pouco
a palestrar com o astro.
Falo
disso e daquilo,
como me cansa a Rosta,
etc.
E o sol:
Está certo,
mas não se desgoste,
não pinte as coisas tão pretas.
E eu? Você pensa
que brilhar
é fácil?
Prove, pra ver!
Mas quando se começa
é preciso prosseguir
e a gente vai e brilha pra valer!
Conversamos até a noite
ou até o que, antes, eram trevas.
Como falar, ali, de sombras?
Ficamos íntimos,
os dois.
Logo,
com desassombro
estou batendo no seu ombro.
E o sol, por fim:
Somos amigos
pra sempre, eu de você,
você de mim.
Vamos, poeta,
cantar,
luzir
no lixo cinza do universo.
Eu verterei o meu sol
e você o seu
com seus versos.
O muro das sombras,
prisão das trevas,
desaba sob o obus
dos nossos sóis de duas bocas.
Confusão de poesia e luz,
chamas por toda a parte.
Se o sol se cansa
e a noite lenta
quer ir pra cama,
marmota sonolenta,
eu, de repente,
inflamo a minha flama
e o dia fulge novamente.
Brilhar para sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
Gente é pra brilhar
que tudo o mais vá prá o inferno,
este é o meu slogan
e o do sol.
(tradução: Augusto de Campos)
terça-feira, junho 01, 2010
O mundo repudia brutalidade de Israel
Mais uma vez uma ação militar de Israel choca o mundo. Agora, porém, a brutalidade captada pelas câmeras de TV e a covardia demonstrada pelo exército israelense parecem ter ultrapassado todos os limites.
Na madrugada desse dia 31 de maio, segunda-feira, um comboio de ajuda humanitária com destino a Gaza, composto por seis navios que transportavam 750 pessoas e 10 toneladas de alimentos, foi atacado por Israel antes mesmo de entrar no território do país.
Os dados ainda são desencontrados, mas o número de tripulantes assassinados pode variar de 10 a 20, enquanto os feridos chegam a 60. O comboio pertencia à organização Gaza Freedom e era encabeçado por uma embarcação turca. O navio turco “Marvi Marmara” foi interceptado por três navios de guerra israelense. Helicópteros transportaram os soldados que invadiram a embarcação e abriram fogo contra os tripulantes.
“Isto não foi um confronto, foi um massacre!”, afirma nota do Gaza Freedom. Toda a ação foi captada pela TV turca.
O próprio governo de Israel reconheceu que o ataque ocorreu em águas internacionais. O governo de Benjamin Netayanhu, porém, se defendeu afirmando que os soldados que invadiram o navio haviam sido recebidos com tiros e que os tripulantes pertenciam à Al Qaeda e ao Hamas. Antes, já haviam declarado que o comboio de ajuda humanitária era uma “provocação política” contra Israel.
O comboio, porém, trazia pessoas de 60 nacionalidades diferentes, entre ativistas de ONG’s, parlamentares europeus e até mesmo uma premiada por um Nobel da Paz, a ativista irlandesa Mairead Corrigan Maguire, que recebeu o prêmio em 1976.
Os barcos de ajuda humanitária foram transportados ao sul de Israel e os ativistas estão sendo deportados aos seus países de origem. A imprensa não pode se aproximar do local e os presos estão incomunicáveis.
A ação brutal de Israel provocou uma onda de protestos em várias partes do mundo. Na Turquia, mais de 10 mil pessoas marcharam contra Israel. Manifestações de repúdio à brutalidade israelense também ocorrem em outras capitais, como Londres.
Num momento em que se discute o enriquecimento de urânio por parte do Irã, e que os EUA pressionam o Conselho de Segurança da ONU para impor sanções contra o país, Israel demonstra quem é de fato o estado terrorista do Oriente Médio.
segunda-feira, maio 31, 2010
Uma lição para o mundo
Editorial publicado no jornal Propaganda e Marketing, 31/05/2010
Por polêmica que seja a tentativa do governo Lula de resolver o impasse com o Irã, não se pode negar que, com ela, o Brasil usa de uma liderança de fato que, até então, era vista apenas como potencial. Isso não é pouca coisa e tem repercussões importantes em todas as áreas das atividades políticas econômicas.
Nossa passividade histórica, por assombrados pelo significado das potências do “primeiro mundo”, formou gerações de brasileiros afetadas pelo que Nelson Rodrigues chamou de “complexo de vira-lata”, sentença recorrente em discursos presidenciais.
Foi esse complexo, aliás, que fez com que, inúmeras vezes, perdêssemos oportunidades de nos afirmar, mesmo tendo fatos que atestassem nossos direitos e nossa força. Pelo contrário, parte das elites brasileiras insistia em fazer coro com o “primeiro mundo” nas críticas aos modelos brasileiros de gerir as relações de mercado.
Quem vivenciou a resistência do Brasil às tentativas de desmonte do padrão de negócios sobre o qual a nossa indústria da comunicação construiu suas bases, sabe muito bem o quão pesado foi o fardo representado pelo enfrentamento com a tentativa de sabotagem da parte de quem se pretendia alinhado com o que chamava de “modernidade”.
Em nome dessa pretensa “liberdade de iniciativa”, o mercado publicitário mundial foi sacudido por longos períodos de instabilidade e insegurança, provocados por interesses desvinculados de qualquer compromisso outro senão valer-se do caos para fazer dinheiro rápido.
Agências e veículos, da Europa à América Latina, assistiram, impotentes, aos direitos à comercialização do produto de seus talentos serem usurpados por escritórios que tratavam os espaços na mídia como mera mercadoria afeita à pior especulação.
O Brasil, “na contramão da história”, na opinião de algumas “inteligências”, suportou heroicamente todas as pressões. Com isso, garantiu a consolidação da sua indústria da comunicação, cujos produtos tornaram-se referência para o mundo e são largamente exportados, inclusive, para o “primeiro mundo”.
O tempo, como sempre, foi senhor da razão. E descobrimos todos, aqui e lá, que aqueles modelos, durante anos defendidos por uma parcela de profissionais e empreendedores internacionais, como modernos e alinhados com o melhor capitalismo, em nada contribuíram com seus mercados; pelo contrário, promoveram um desmantelamento tamanho no que havia de mais saudável em suas inter-relações que hoje se faz penosa a remontagem de uma equação minimamente digna para atender aos interesses de agências e veículos.
Certamente, a reconhecida resistência brasileira à crise econômica, que massacrou mercados no mundo inteiro, sustentou-se também na qualidade dos fundamentos dos nossos modelos setoriais de negócios. Entre eles aquele que há décadas rege as relações entre agências, veículos e anunciantes.
Passado o tempo, os setores da indústria brasileira de comunicação que defenderam incansavelmente esse modelo podem orgulhar-se da acolhida que nossos produtos encontram no mundo. Está demonstrado, à prova das piores intempéries, que o Brasil estava certo. Que seja, portanto, copiado, como o que há de mais moderno.
Por polêmica que seja a tentativa do governo Lula de resolver o impasse com o Irã, não se pode negar que, com ela, o Brasil usa de uma liderança de fato que, até então, era vista apenas como potencial. Isso não é pouca coisa e tem repercussões importantes em todas as áreas das atividades políticas econômicas.
Nossa passividade histórica, por assombrados pelo significado das potências do “primeiro mundo”, formou gerações de brasileiros afetadas pelo que Nelson Rodrigues chamou de “complexo de vira-lata”, sentença recorrente em discursos presidenciais.
Foi esse complexo, aliás, que fez com que, inúmeras vezes, perdêssemos oportunidades de nos afirmar, mesmo tendo fatos que atestassem nossos direitos e nossa força. Pelo contrário, parte das elites brasileiras insistia em fazer coro com o “primeiro mundo” nas críticas aos modelos brasileiros de gerir as relações de mercado.
Quem vivenciou a resistência do Brasil às tentativas de desmonte do padrão de negócios sobre o qual a nossa indústria da comunicação construiu suas bases, sabe muito bem o quão pesado foi o fardo representado pelo enfrentamento com a tentativa de sabotagem da parte de quem se pretendia alinhado com o que chamava de “modernidade”.
Em nome dessa pretensa “liberdade de iniciativa”, o mercado publicitário mundial foi sacudido por longos períodos de instabilidade e insegurança, provocados por interesses desvinculados de qualquer compromisso outro senão valer-se do caos para fazer dinheiro rápido.
Agências e veículos, da Europa à América Latina, assistiram, impotentes, aos direitos à comercialização do produto de seus talentos serem usurpados por escritórios que tratavam os espaços na mídia como mera mercadoria afeita à pior especulação.
O Brasil, “na contramão da história”, na opinião de algumas “inteligências”, suportou heroicamente todas as pressões. Com isso, garantiu a consolidação da sua indústria da comunicação, cujos produtos tornaram-se referência para o mundo e são largamente exportados, inclusive, para o “primeiro mundo”.
O tempo, como sempre, foi senhor da razão. E descobrimos todos, aqui e lá, que aqueles modelos, durante anos defendidos por uma parcela de profissionais e empreendedores internacionais, como modernos e alinhados com o melhor capitalismo, em nada contribuíram com seus mercados; pelo contrário, promoveram um desmantelamento tamanho no que havia de mais saudável em suas inter-relações que hoje se faz penosa a remontagem de uma equação minimamente digna para atender aos interesses de agências e veículos.
Certamente, a reconhecida resistência brasileira à crise econômica, que massacrou mercados no mundo inteiro, sustentou-se também na qualidade dos fundamentos dos nossos modelos setoriais de negócios. Entre eles aquele que há décadas rege as relações entre agências, veículos e anunciantes.
Passado o tempo, os setores da indústria brasileira de comunicação que defenderam incansavelmente esse modelo podem orgulhar-se da acolhida que nossos produtos encontram no mundo. Está demonstrado, à prova das piores intempéries, que o Brasil estava certo. Que seja, portanto, copiado, como o que há de mais moderno.
sexta-feira, maio 28, 2010
"É a hora de vender o Brasil"
Energia, dinamismo, glamour, ousadia. Eis alguns dos principais atributos do país na visão dos estrangeiros. O fato é que nunca foi tão fácil projetar o Brasil lá fora, diz Martin Sorrell, presidente do maior conglomerado de publicidade do mundo.
Por Angela Pimenta, para a revista Exame.
Aos olhos do britânico Martin Sorrell - talvez o homem mais importante da publicidade mundial -, o Brasil é hoje a marca mais charmosa a ser vendida ao redor do planeta. Até a década de 90, segundo Sorrell, a baixa autoestima dos brasileiros contribuía negativamente para a imagem do país lá fora. Atualmente, movido por uma inédita injeção de ânimo, o Brasil exala um senso de autoconfiança que extrapola suas fronteiras. Essa imagem - que alia um ingrediente novo, o dinamismo, a outros já tradicionalmente associados ao país, como a sensualidade e a diversão - deve ser capitalizada em oportunidades como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. No dia 25 de maio, Sorrell, que comanda o grupo publicitário WPP, um gigante presente em 107 países, com faturamento de 10 bilhões de dólares, estará no Rio de Janeiro para vender os dois eventos a uma plateia de 250 clientes de suas agências brasileiras, entre as quais a Ogilvy e a Young&Rubicam. Nesta entrevista a EXAME, aos 65 anos, um incansável Sorrell fala da nova percepção do mundo sobre o país e dos desafios para tirar proveito do momento favorável.
EXAME - Se o senhor tivesse um produto chamado Brasil, como o venderia globalmente?
Martin Sorrell - Nunca foi tão fácil vender a marca Brasil tanto dentro quanto fora do país. Em grande medida, isso tem a ver com a posição mais vigorosa do país nos últimos sete anos e meio, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a governar. Acabamos de concluir uma nova pesquisa sobre a imagem do Brasil em cerca de 50 países. Ela indica mudanças interessantes no DNA da marca Brasil. Hoje, ele diz respeito a sete características principais: sensualidade, energia, dinamismo, glamour, despreocupação, diversão e ousadia. Trata-se de uma visão altamente positiva. A mesma pesquisa indica que os produtos brasileiros ainda não são reconhecidos como inovadores ou de alta qualidade no exterior, mas essa percepção tem evoluído favoravelmente. Ao longo da última década, a marca Brasil se tornou muito mais dinâmica e inovadora aos olhos dos americanos e europeus ocidentais. Ao considerar que o Brasil vai sediar nos próximos anos os dois maiores eventos esportivos do mundo - a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016 -, temos uma combinação perfeita e única para vender o país.
EXAME - Como as empresas brasileiras devem tratar a Copa e a Olimpíada?
Martin Sorrell - Da mesma forma que a China fez nos Jogos de Pequim de 2008 - encarando esses acontecimentos não apenas como eventos esportivos mas também como uma espécie de rito de passagem para afirmar a nova estatura global do Brasil. Os dois eventos devem ser abordados num contexto social e econômico de importância colossal. Para o Brasil, trata-se de afirmar sua condição de potência emergente. Na verdade, para mim, ao contrário do que diz o famoso estudo do banco Goldman Sachs sobre os países do Bric, o Brasil, junto com Rússia, Índia e China, não é mais um emergente, mas já desenvolvido. Considero o Brasil um país de rápido desenvolvimento, e que continuará com enorme potencial de crescimento nas próximas décadas. É bom lembrar que tanto a Copa quanto a Olimpíada têm uma importância especial também para os demais países latino-americanos. Esse sentimento positivo deve ser capitalizado.
EXAME - Quando comparado à China e à Índia, o Brasil não se torna um mercado de menor importância?
Martin Sorrell - Não. Se você comandasse uma grande empresa global e tivesse de escolher um dos países do Bric - sobretudo entre China, Índia e Brasil -, a resposta correta seria não fazer essa escolha. Todos eles oferecem grandes oportunidades de crescimento, o que é especialmente crítico num mundo pós-Lehman Brothers, marcado por baixas taxas de expansão na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Uma das estratégias-chave do grupo WPP diz respeito aos países do Bric e aos chamados "próximos 11", as economias emergentes que vêm a seguir. Esse grupo já responde por 27% de nossos negócios e a meta é elevar o patamar para 33%. Hoje, a América Latina representa 8% de nossos negócios - ou 1 bilhão de dólares -, e o Brasil responde por metade disso. Temos 25% do mercado brasileiro de publicidade. As grandes empresas mundiais percebem o país como um mercado estratégico, algo relativamente novo. Ao longo da crise global, a força relativa do Brasil tem aumentado. Há três anos, os outros três países do Bric eram vistos como mais interessantes. Hoje, o Brasil está relativamente mais forte que os demais. No contexto da América Latina, é o líder disparado.
EXAME - Mas a economia brasileira se apoia fortemente em commodities agrícolas e minerais. Isso não limita o potencial de inovação do país?
Martin Sorrell - Obviamente, o Brasil é uma economia com fortes raízes no setor de commodities e na indústria primária. Mas já tem empresas de porte e renome global, como Petrobras, Vale, Embraer e AmBev. Creio que o Brasil tem potencial para desenvolver-se como uma economia mais forte na indústria e nos serviços, criando novas empresas como essas. Falo isso porque conheço bem o país. A primeira vez que o visitei, em 1968, o Brasil era tido como uma terra de imenso potencial, mas que parecia fadada a jamais decolar. Nas últimas décadas o Brasil decolou, porque se tornou um país muito mais bem administrado. Criar seu momentum não é hoje o desafio do Brasil. A questão central é saber se será capaz de manter o curso e não retroceder econômica e politicamente, como infelizmente tem acontecido com outros países da América Latina.
EXAME - Por que o senhor menciona o presidente Lula como a face global desse novo Brasil?
Martin Sorrell - Porque ele é uma figura extraordinária, seja por sua história de vida, pela maneira como tem conduzido o país ou por sua liderança global. Lula transmite um senso de autoconfiança brasileira que é completamente novo na cena internacional. Há uma década, o Brasil já era um país maravilhoso, mas padecia de uma baixa autoestima histórica. Isso mudou com Lula. Um bom exemplo disso é aquela frase dele culpando as pessoas de olhos azuis pela crise mundial. Em resumo, era como se ele dissesse: "Por que devemos prestar atenção nessa gente que causou toda essa bagunça?" Ele tem razão.
EXAME - Qual seria a forma errada de vender o Brasil no exterior?
Martin Sorrell - Nossa pesquisa aponta algumas características negativas do Brasil aos olhos de consumidores de outros países, como certa arrogância e falta de responsabilidade social. Mas creio que os principais riscos para a marca Brasil tenham a ver com os perigos da sensualidade, associados a uma suposta falta de seriedade. Se tais características forem enfatizadas excessivamente, a qualidade da marca Brasil poderia ser mal interpretada. Mas note que atributos como diversão, sensualidade e dinamismo, que são a cara do Brasil, são coisas que as pessoas adoram. São atributos naturais, de leveza e alegria, de um enorme apelo e valor publicitário. É um tesouro único para o país - a única questão é saber aproveitá-lo. Outra questão importante é que, por enquanto, o resto do mundo não conhece o Brasil direito e só costuma olhar para o Rio de Janeiro e para São Paulo. Mas o Brasil, que eu conheço bem, é um país imenso, com uma enorme energia em lugares como Curitiba, Porto Alegre, Salvador ou Búzios. Grande parte do país ainda está por ser descoberta pelos estrangeiros.
EXAME - Vivemos um momento de muitas transformações. Qual a importância das novas tecnologias para a publicidade, sobretudo em países emergentes?
Martin Sorrell - Ainda que a publicidade online não tenha crescido de forma explosiva, creio que ela terá uma importância crítica de agora em diante. Seja em áudio, vídeo ou mensagens de texto, o futuro dos anúncios passa obrigatoriamente por laptops, smartphones e outros aparelhos, como o iPad. Em países como Brasil, China e Índia, muitas pessoas não vão começar a navegar na internet num PC, mas já em plataformas móveis. Estou certo de que os próximos anos serão de explosão da internet móvel. O Google já sabe disso, tanto que tem investido em suas ferramentas de busca para a internet móvel. Nossas pesquisas indicam que os consumidores já passam cerca de 20% de seu tempo online. Nossos clientes já estão investindo de 12% a 14% de suas verbas em publicidade digital. Logo, eles estarão gastando 20%. Quase 30% do faturamento do grupo WPP vem de plataformas digitais. O caminho é esse.
Aos olhos do britânico Martin Sorrell - talvez o homem mais importante da publicidade mundial -, o Brasil é hoje a marca mais charmosa a ser vendida ao redor do planeta. Até a década de 90, segundo Sorrell, a baixa autoestima dos brasileiros contribuía negativamente para a imagem do país lá fora. Atualmente, movido por uma inédita injeção de ânimo, o Brasil exala um senso de autoconfiança que extrapola suas fronteiras. Essa imagem - que alia um ingrediente novo, o dinamismo, a outros já tradicionalmente associados ao país, como a sensualidade e a diversão - deve ser capitalizada em oportunidades como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. No dia 25 de maio, Sorrell, que comanda o grupo publicitário WPP, um gigante presente em 107 países, com faturamento de 10 bilhões de dólares, estará no Rio de Janeiro para vender os dois eventos a uma plateia de 250 clientes de suas agências brasileiras, entre as quais a Ogilvy e a Young&Rubicam. Nesta entrevista a EXAME, aos 65 anos, um incansável Sorrell fala da nova percepção do mundo sobre o país e dos desafios para tirar proveito do momento favorável.
EXAME - Se o senhor tivesse um produto chamado Brasil, como o venderia globalmente?
Martin Sorrell - Nunca foi tão fácil vender a marca Brasil tanto dentro quanto fora do país. Em grande medida, isso tem a ver com a posição mais vigorosa do país nos últimos sete anos e meio, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a governar. Acabamos de concluir uma nova pesquisa sobre a imagem do Brasil em cerca de 50 países. Ela indica mudanças interessantes no DNA da marca Brasil. Hoje, ele diz respeito a sete características principais: sensualidade, energia, dinamismo, glamour, despreocupação, diversão e ousadia. Trata-se de uma visão altamente positiva. A mesma pesquisa indica que os produtos brasileiros ainda não são reconhecidos como inovadores ou de alta qualidade no exterior, mas essa percepção tem evoluído favoravelmente. Ao longo da última década, a marca Brasil se tornou muito mais dinâmica e inovadora aos olhos dos americanos e europeus ocidentais. Ao considerar que o Brasil vai sediar nos próximos anos os dois maiores eventos esportivos do mundo - a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016 -, temos uma combinação perfeita e única para vender o país.
EXAME - Como as empresas brasileiras devem tratar a Copa e a Olimpíada?
Martin Sorrell - Da mesma forma que a China fez nos Jogos de Pequim de 2008 - encarando esses acontecimentos não apenas como eventos esportivos mas também como uma espécie de rito de passagem para afirmar a nova estatura global do Brasil. Os dois eventos devem ser abordados num contexto social e econômico de importância colossal. Para o Brasil, trata-se de afirmar sua condição de potência emergente. Na verdade, para mim, ao contrário do que diz o famoso estudo do banco Goldman Sachs sobre os países do Bric, o Brasil, junto com Rússia, Índia e China, não é mais um emergente, mas já desenvolvido. Considero o Brasil um país de rápido desenvolvimento, e que continuará com enorme potencial de crescimento nas próximas décadas. É bom lembrar que tanto a Copa quanto a Olimpíada têm uma importância especial também para os demais países latino-americanos. Esse sentimento positivo deve ser capitalizado.
EXAME - Quando comparado à China e à Índia, o Brasil não se torna um mercado de menor importância?
Martin Sorrell - Não. Se você comandasse uma grande empresa global e tivesse de escolher um dos países do Bric - sobretudo entre China, Índia e Brasil -, a resposta correta seria não fazer essa escolha. Todos eles oferecem grandes oportunidades de crescimento, o que é especialmente crítico num mundo pós-Lehman Brothers, marcado por baixas taxas de expansão na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Uma das estratégias-chave do grupo WPP diz respeito aos países do Bric e aos chamados "próximos 11", as economias emergentes que vêm a seguir. Esse grupo já responde por 27% de nossos negócios e a meta é elevar o patamar para 33%. Hoje, a América Latina representa 8% de nossos negócios - ou 1 bilhão de dólares -, e o Brasil responde por metade disso. Temos 25% do mercado brasileiro de publicidade. As grandes empresas mundiais percebem o país como um mercado estratégico, algo relativamente novo. Ao longo da crise global, a força relativa do Brasil tem aumentado. Há três anos, os outros três países do Bric eram vistos como mais interessantes. Hoje, o Brasil está relativamente mais forte que os demais. No contexto da América Latina, é o líder disparado.
EXAME - Mas a economia brasileira se apoia fortemente em commodities agrícolas e minerais. Isso não limita o potencial de inovação do país?
Martin Sorrell - Obviamente, o Brasil é uma economia com fortes raízes no setor de commodities e na indústria primária. Mas já tem empresas de porte e renome global, como Petrobras, Vale, Embraer e AmBev. Creio que o Brasil tem potencial para desenvolver-se como uma economia mais forte na indústria e nos serviços, criando novas empresas como essas. Falo isso porque conheço bem o país. A primeira vez que o visitei, em 1968, o Brasil era tido como uma terra de imenso potencial, mas que parecia fadada a jamais decolar. Nas últimas décadas o Brasil decolou, porque se tornou um país muito mais bem administrado. Criar seu momentum não é hoje o desafio do Brasil. A questão central é saber se será capaz de manter o curso e não retroceder econômica e politicamente, como infelizmente tem acontecido com outros países da América Latina.
EXAME - Por que o senhor menciona o presidente Lula como a face global desse novo Brasil?
Martin Sorrell - Porque ele é uma figura extraordinária, seja por sua história de vida, pela maneira como tem conduzido o país ou por sua liderança global. Lula transmite um senso de autoconfiança brasileira que é completamente novo na cena internacional. Há uma década, o Brasil já era um país maravilhoso, mas padecia de uma baixa autoestima histórica. Isso mudou com Lula. Um bom exemplo disso é aquela frase dele culpando as pessoas de olhos azuis pela crise mundial. Em resumo, era como se ele dissesse: "Por que devemos prestar atenção nessa gente que causou toda essa bagunça?" Ele tem razão.
EXAME - Qual seria a forma errada de vender o Brasil no exterior?
Martin Sorrell - Nossa pesquisa aponta algumas características negativas do Brasil aos olhos de consumidores de outros países, como certa arrogância e falta de responsabilidade social. Mas creio que os principais riscos para a marca Brasil tenham a ver com os perigos da sensualidade, associados a uma suposta falta de seriedade. Se tais características forem enfatizadas excessivamente, a qualidade da marca Brasil poderia ser mal interpretada. Mas note que atributos como diversão, sensualidade e dinamismo, que são a cara do Brasil, são coisas que as pessoas adoram. São atributos naturais, de leveza e alegria, de um enorme apelo e valor publicitário. É um tesouro único para o país - a única questão é saber aproveitá-lo. Outra questão importante é que, por enquanto, o resto do mundo não conhece o Brasil direito e só costuma olhar para o Rio de Janeiro e para São Paulo. Mas o Brasil, que eu conheço bem, é um país imenso, com uma enorme energia em lugares como Curitiba, Porto Alegre, Salvador ou Búzios. Grande parte do país ainda está por ser descoberta pelos estrangeiros.
EXAME - Vivemos um momento de muitas transformações. Qual a importância das novas tecnologias para a publicidade, sobretudo em países emergentes?
Martin Sorrell - Ainda que a publicidade online não tenha crescido de forma explosiva, creio que ela terá uma importância crítica de agora em diante. Seja em áudio, vídeo ou mensagens de texto, o futuro dos anúncios passa obrigatoriamente por laptops, smartphones e outros aparelhos, como o iPad. Em países como Brasil, China e Índia, muitas pessoas não vão começar a navegar na internet num PC, mas já em plataformas móveis. Estou certo de que os próximos anos serão de explosão da internet móvel. O Google já sabe disso, tanto que tem investido em suas ferramentas de busca para a internet móvel. Nossas pesquisas indicam que os consumidores já passam cerca de 20% de seu tempo online. Nossos clientes já estão investindo de 12% a 14% de suas verbas em publicidade digital. Logo, eles estarão gastando 20%. Quase 30% do faturamento do grupo WPP vem de plataformas digitais. O caminho é esse.
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