quinta-feira, dezembro 29, 2011

É a economia, estúpido

Estudo divulgado por prestigiado organismo internacional de pesquisa econômica indica que o Brasil conseguiu arrebatar ao Reino Unido o sexto lugar na lista das maiores economias mundiais. O estudo, realizado pelo Centre for Economics and Business Research (CEBR) mostra também um avanço dos países asiáticos e um recuo dos europeus na tabela das economias globais.
Em entrevista à rádio BBC, o executivo-chefe do CEBR, Douglas McWilliams, confirmou que o fato faz parte de uma tendência, que se acentuou nos últimos dez anos. “Creio que é parte de uma grande alteração econômica, na qual não apenas vemos uma transferência de ocidente para oriente, mas também vemos países que produzem artigos essenciais – comida, energia e coisas do género – se desenvolverem e gradualmente subirem na tabela da liga económica”, disse McWilliams.
A imprensa tucana torceu o nariz para a notícia que chamou a atenção do mundo. O comentarista econômico Celso Ming, em seu blog no jornal O Estado de São Paulo, tentou minimizar o fato, alegando que seria "natural" que o PIB brasileiro ultrapassasse a soma de toda riqueza que "um país menor" produz, ou, em suas palavras, superasse "o tamanho da economia de países bem mais acanhados (sic) em massa consumidora e extensão".
Minc ilustra: "tamanho do PIB é como o tamanho de caneca. E o Brasil tem quatro vezes a população do Reino Unido e 35 vezes a sua área territorial".
Realmente as metáforas deveriam ser deixadas para profissionais.
Poucas vezes li opiniões tão estúpidas em se tratando de economia, uma área pródiga de análises, previsões e opiniões estúpidas.
Do alto de sua estupidez, a afirmação de Minc não resiste a nenhum exercício lógico. Se seu raciocínio fizesse algum sentido, a China e a Índia já seriam os países mais ricos do mundo há pelo menos dois séculos e o Pará e o Amazonas seriam, na atualidade, os estados mais ricos do Brasil. A simples adição de território e população nem sempre geram riquezas. Aliás, a regra e o bom senso têm sistematicamente negado essa ilação.
Lançada por um dos marqueteiros de Bill Clinton durante a campanha eleitoral que em 1992 interrompeu um longo reinado republicano na Casa Branca, a frase que dá o título à este post poderia ser um alerta a Minc e a seus pares de tucanato: enquanto o mundo afunda em sua pior crise econômica dos últimos 100 anos, o Brasil cresce com distribuição de renda. Está perfeito? Não, não está. Longe disso. Mas está melhor do que quando quem mandava no país mandava também em Celso Minc.