sexta-feira, janeiro 25, 2008

Realidade e simulacro na era da hipercomunicação

Na Era da Informação por demanda (a hipercomunicação), manter-se bem informado não é tarefa difícil para aqueles que dispõem de mínimos recursos e conseqüente acesso aos distintos e tão variados meios de comunicação. Mas, afinal, o que é exatamente estar bem informado?
Tomar ciência dos acontecimentos é, certamente, o primeiro passo. Ocorre, no entanto, que até mesmo por hora dessa tomada de conhecimento já se está diante de um arcabouço interpretativo que, na grande maioria das vezes, é parcial e tendencioso. Pior: parcial e com clara predominância de uma das partes em jogo, geralmente aquela que representa interesses mais poderosos, mas nem por isso com maior representatividade social.
As atuais análises quanto ao cenário político colombiano, em função das negociações para a liberação dos reféns em poder das FARCs, dão uma demonstração cabal dessa situação. Expõe-se Chávez, o presidente venezuelano, como defensor do terrorismo, na medida em que advoga a atuação do movimento como insurgente, e não terrorista; e o presidente colombiano Álvaro Uribe como intransigente na defesa da ordem.
Nem é preciso ideologizar essa discussão para extrair-lhe o caráter primário. São muito poucas, pra não dizer praticamente inexistentes, as situações da vida que levam a extremos do tipo `cara ou coroa´.
Ademais, para os observadores que buscam, ou ao menos não se recusam, aprofundar seu olhar, salta à vista a) a ausência de alusões quanto à origem e sentido histórico da atuação da `guerrilha´ ou `movimento insurgente´; b) a extensa cobertura jornalística sobre o tratamento dispensado às vítimas de seqüestro das FARCs, enquanto não se profere palavra quanto às ações de paramilitares e à ligação desses com o governo Uribe, que para muitos estudiosos configuraria um verdadeiro terrorismo de Estado na Colômbia; c) e, `last but not least´, a completa indiferença frente ao tema da interferência dos EUA na pacificação da região, cujos interesses em patrocinar o Plano Colômbia passam obviamente ao largo dos direitos humanitários.
Tentando entender autenticamente a explosiva situação que atravessa o vizinho latino-americano - no qual uma grave crise humanitária reforça as históricas contradições sociais, políticas e econômicas de nossos países da América Latina -, divulgo aqui as análises de Altamiro Borges, Hugo Paternina Espinosa e Emir Sader.