quarta-feira, abril 08, 2009

Imagens

Duas cidades que me arrebatam: Belém e Santarém. Ambas amazônicas, irmanadas e distantes; ambas banhadas por águas colossais de rios grandiosos, cheios de poder real, aquele que não se impõe pela força, mas pela existência; ambas femininas e belas; ambas generosas e quentes como um longo abraço.


G20: vítima fatal teria sido agredida por policiais

Um vídeo divulgado pela versão on-line do diário britânico "Guardian" e reproduzido pelo site de notícias G1, mostra o que seria a ação policial sobre Ian Tomlinson, semana passada, durante um protesto contra a reunião do G20 (grupo de líderes de países desenvolvidos e em desenvolvimento) em Londres.
Ian, de 47 anos, morreu de infarto no dia 1º no ato, em ato em frente ao Banco da Inglaterra, no distrito financeiro de Londres, na véspera da cúpula.
Segundo o jornal, as imagens teriam sido feitas por um americano em visita à cidade, às 19h29 daquele dia.
Nelas, o homem é empurrado por um policial e cai no chão. Outras pessoas ajudam-no então a se levantar.
A corregedoria da polícia local disse que as imagens serão avaliadas na investigação sobre a morte de Tomlinson. Está sendo apurado se o contato dele com os policiais contribuiu para provocar a sua morte.
Tomlinson não participava dos protestos. Jornaleiro, ele trabalhava em uma banca próximo ao local e tentava romper um cordão policial.
Imagens da Associated Press, feitas e divulgadas no dia, mostraram a polícia chegando e ameaçando um homem deitado no chão, em frente a uma cafeteria. No entanto, a agência não conseguiu comprovar se é o mesmo homem mostrado no vídeo do "Guardian". O video pode ser assistido no link:
http://www.guardian.co.uk/uk/2009/apr/07/video-g20-police-assault
O encontro do G20 foi um importante momento para a consolidação da liderança brasileira no mundo. Durante o evento, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reconheceu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o "político mais popular da Terra". Obama fez o comentário em uma roda de líderes mundiais, pouco antes do início da reunião do G20, em uma sala de conferência do Excel Center, em Londres.
Um vídeo da BBC registra a cena em que os dois se cumprimentam. Obama troca um aperto de mãos com o presidente brasileiro, olha para o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, e diz, apontando para Lula: "Esse é o cara! Eu adoro esse cara!".
Em seguida, enquanto Lula cumprimenta Rudd, Obama diz, novamente apontando para Lula : "Esse é o político mais popular da Terra".
Rudd aproveita a deixa e diz : "O mais popular político de longo mandato".
"É porque ele é boa pinta", acrescenta Obama.
Após o encontro, líderes mundiais se comprometeram a regular grandes fundos de investimento pela primeira vez e criar um novo conselho de supervisão para monitorar o sistema financeiro global, de acordo com o esboço do comunicado oficial. O documento declara: "A era de segredos bancários acabou."

terça-feira, abril 07, 2009

Moradia popular com design. Um desafio.

No momento em que o governo federal lança o mais ambicioso programa habitacional em mais de cinco décadas em um país que enfrenta um deficit habitacional de 7 milhões de unidades e onde as populações empobrecidas se amontoam em favelas e áreas de risco de inundação e desabamento, provoca curiosidade saber como serão as casas construídas com incentivo público nessa primeira fase do projeto.
Em geral, moradia popular é sinônimo de arquitetura ausente, conforto de conteiner e engenharia de linha de produção.
Quanto a este último item, nada a contestar, especialmente porque a necessidade obriga a se empregar uma velocidade imensa para compensar a inoperância dos governos passados, ciosos em pagar juros da dívida externa e ociosos em resolver os problemas do povo brasileiro.
A iniciativa do chamado "PAC da moradia" é extraordinariamente positiva especialmente em um cenário internacional de crise que desmonta a economia, desestimula investimentos e mina a auto-estima de indivíduos e coletividades.
Diante do peso da iniciativa, me ocorre uma preocupação quase prosaica: mas e o desenho das casas populares do projeto? Por que não melhorar para dar ao povo não apenas moradia, mas conforto e, de quebra, uma estética que fuja da sucessão de casebres que parecem pequenos galinheiros perfilados na paisagem?
Pois a X-House (http://www.xhouse.se), uma pequena construtora sueca que projeta casas pré fabricadas, fez um modelo simples, barato e muito bem desenhado de uma unidade habitacional projetada de acordo com critérios de ergonomia, bom senso estético e simetria, com angulações no telhado que possibilitam assimilar à arquitetura conceitos sustentáveis como energia solar e aproveitamento de água da chuva, sem destoar do todo.
Vejam aqui o modelo Selma, com 60m². Mas a construtora disponibiliza até mesmo unidades com 15m² que conseguem manter o padrão.
Seria um bom desafio lançar um concurso nacional para arquitetos, designers e engenheiros para que as novas moradias populares permanecessem baratas, mas incorporassem estética e conforto como itens de qualidade de vida.



domingo, abril 05, 2009

Versos, filosofia

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes
que precisas passar, para atravessar o rio da vida
- ninguém, exceto tu, só tu.
Existe por certo atalhos sem número, e pontes,
e semideuses que se oferecerão para levar-te
além do rio: mas isso te custará
a tua própria pessoa:
tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho
onde só tu podes passar. Onde leva?
Não pergunte, segue-o.


(F. Nietzsche)

sexta-feira, abril 03, 2009

Militante fashion

Quem foi que disse que militante tem que andar fora de moda? No site http://www.militantclothing.co.uk/ você pode comprar camisetas e outras peças de vestuário, com o design clássico da arte de rua, ornamentadas com a clássica estrela de cinco pontas sobre fundo vermelho, que está desde sempre associada aos movimentos de esquerda. A foto dos modelos foi feita com uma simples polaroid e o site tem um design moderno e leve. Pura comunicação militante.

quinta-feira, abril 02, 2009

José Saramago e o Dia da Mulher

Acabo de ver nos noticiários da televisão manifestações de mulheres em todo o mundo e pergunto-me uma vez mais que desgraçado mundo é este em que ainda metade da população tem que sair à rua para reivindicar o que para todos já deveria ser óbvio.
Chegam-me informações oficiais de solenes instituições que dizem que pelo mesmo trabalho a mulher cobra 16 por cento menos, e seguramente esta cifra está falseada para evitar a vergonha de uma diferença ainda maior. Dizem que os conselhos de administração funcionam melhor quando são compostos por mulheres, mas os governos não se atrevem a recomendar que quarenta por cento, já não digamos cinquenta, sejam compostos por mulheres, ainda que, quando chega o colapso, como na Islândia, chamem mulheres para dirigir a vida pública e a banca. Dizem que para evitar a corrupção na organização do trânsito em Lima vão colocar guardas mulheres, porque se comprovou que nem se deixam subornar nem pedem coimas. Sabemos que a sociedade não funcionaria sem o trabalho das mulheres, e que sem a conversação das mulheres, como escrevi há algum tempo, o planeta sairia da sua órbita, nem a casa nem quem nelas habitam teriam a qualidade humana que as mulheres colocam, enquanto os homens passam sem ver, ou, vendo, não se dão conta de que isto é coisa de dois e que o modelo masculino já não serve.
Continuo vendo manifestações de mulheres na rua. Elas sabem o que querem, isto é, não ser humilhadas, coisificadas, desprezadas, assassinadas. Querem ser avaliadas pelo seu trabalho e não pelo acidental de cada dia.
Dizem que as minhas melhores personagens são mulheres e creio que têm razão. Às vezes penso que as mulheres que descrevi são propostas que eu mesmo quereria seguir. Talvez sejam só exemplos, talvez não existam, mas de uma coisa estou seguro: com elas o caos não se teria instalado neste mundo porque sempre conheceram a dimensão do humano.


8 de Março - By José Saramago