quarta-feira, março 31, 2010

Escolha do candidato não é racional

Como o eleitor escolhe seus candidatos? A resposta, já há tempos intuída por políticos e marqueteiros e que agora ganha apoio da neurociência, é que, na definição do voto, emoções são significativamente mais importantes que a razão.
Experimentos conduzidos nos EUA pelo psicólogo Drew Westen mostram que, com base apenas em questionários de cinco minutos sobre os sentimentos das pessoas em relação a certos temas, é possível prever com 80% de acuidade a resposta que elas darão a perguntas bastante precisas, como "o presidente mentiu ou disse a verdade?", "a Constituição autoriza ou não a adoção da medida proposta pelo governo?".
Enriquecer esse modelo com conteúdos mais propriamente racionais, considerando também informações sobre a situação em que o presidente teria mentido, por exemplo, tem impacto negligenciável nas previsões, que ganham apenas entre 0,5 e 3 pontos percentuais de precisão. Em outras palavras, a realidade é só um detalhe para o eleitor, que raramente muda sua opinião em virtude de fatos que lhe sejam apresentados.
As implicações dessas descobertas, que vão ganhando atenção crescente dos departamentos de psicologia e ciência política nos Estados Unidos, não são triviais. Se o voto não é o resultado de uma escolha racional e ponderada do cidadão -e poderia, em princípio, ser substituído por um teste de personalidade-, a ideia da democracia representativa continua a fazer sentido?

Livros
Questões como essa estão bem sistematizadas em dois livros lançados nos EUA. Em "The Political Brain" (o cérebro político), de 2007, Westen, hoje na Universidade Emory, dedica 500 páginas a recapitular experimentos que esmiúçam o comportamento do eleitorado e a mostrar as estratégias que costuma dar certo em campanhas.
No outro, "The Political Mind" (a mente política), o linguista e cientista cognitivo George Lakoff usa 300 páginas para explicar por que os cérebros de conservadores e progressistas funcionam de forma diferente (e inconciliável).
Mirando alto, Lakoff, hoje na Universidade da Califórnia em Berkeley, aproveita o livro para advogar pela fundação de um "novo iluminismo", no qual a razão deixaria de ser idealizada como uma máquina de calcular objetiva e desapaixonada e passaria a ser considerada como o que de fato é: um processo bem menos razoável, no qual 98% das "decisões" ocorrem inconscientemente e sob influência de emoções que nem sequer desconfiamos possuir.

"Frames"
O cérebro político pensa em termos de "frames" (enquadramentos) e metáforas. Podemos chamar um grupo armado que lute por uma causa determinada de "terroristas" ou de "combatentes da liberdade". E isso faz toda a diferença.
"Frames" são mais que etiquetas ideológicas que pregamos a objetos. A capacidade dos neurônios de se conectar em redes que podem ser ativadas por contiguidade semântica faz com que as palavras escolhidas tenham o dom de comunicar sentimentos. Sem nos dar conta, sempre que lemos a palavra "terror", sensações de angústia e medo são acionadas. De modo análogo, a palavra "liberdade" dispara estímulos positivos.
Experimentos de Westen mostraram que a ativação dessas redes, embora inconsciente, influencia fortemente as nossas decisões.
Assim, os embates políticos não se resolvem tanto no plano das propostas, mas principalmente das narrativas que partidos e postulantes escolhem para contar suas histórias e transmitir seus valores. Devem constituir uma história fácil de contar e que fale ao cérebro emocional do eleitor.
Especialmente para Lakoff, metáforas são muito mais que um recurso linguístico para explicar ideias. Elas são a matéria-prima do pensamento e têm existência física no cérebro. Pares de ideias frequentemente disparadas juntas acabam se consolidando numa rede neuronal que se torna mais forte à medida em que vai sendo mais utilizada.
Sempre que uma conexão é ativada, ela inibe o acionamento de redes alternativas que possam existir. O viés do militante em favor de seu partido não é necessariamente mau-caratismo (veja quadro). Ele de fato percebe o mundo de forma menos objetiva.

Moderação
A questão que fica é: a democracia ainda para em pé? Num quadro em que as decisões dos eleitores são principalmente fruto de uma combinação de propaganda subliminar com estímulos consolidados ao longo dos primeiros anos de vida, faz sentido determinar o destino da nação através do voto?
A resposta é afirmativa. Antes de mais nada, nem todo mundo é um militante radical e nem todas as questões debatidas são politicamente explosivas. Um número significativo de pessoas não é tão veemente em suas convicções políticas e adota visões de mundo ora conservadoras, ora progressistas dependendo do assunto. É em geral esse contingente que acaba definindo o resultado de eleições. Não deixa de ser uma virtude da democracia que os destinos de um país sejam definidos pelos mais moderados.
Outro ponto é que, embora seja difícil contornar conexões neuronais já consolidadas, não é impossível. Discursos que ofereçam "frames" alternativos e explicitem os processos mentais em operação podem levar o eleitor a mudar de ideia, constituindo uma forma legítima de persuasão política.
Apesar de as democracias modernas terem sido concebidas por filósofos iluministas que as moldaram segundo uma concepção de razão que hoje sabemos falsa, o fato é que há mais de 200 anos elas vêm se mostrando um sistema bastante funcional, capaz na maioria das vezes de autocorrigir-se.



Por Hélio Schwartzman, da equipe de articulistas da Folha

terça-feira, março 30, 2010

10 mandamentos para fracassar

Livros de negócios em geral deitam receitas de como crescer e obter sucesso. Donald Keough, ex-presidente mundial da Coca-Cola, resolveu subverter essa regra. No livro 10 Mandamentos para Fracassar nos Negócios (Editora Sextante), o autor mostra o que fazer para ir o mais rápido possível para o fundo do poço.


1. Pare de correr riscos
Sobretudo na incerteza. É o oposto do que fez a Coca-Coca durante a Grande Depressão. A empresa investiu pesado em comunicação e criou um ícone que aumentou suas vendas e a de milhares de empresas até hoje - o Papai Noel gorducho, com sua indefectível roupa vermelha (a cor oficial da Coca-Cola).


2. Seja inflexível
Nunca procure outro jeito de fazer as coisas. Na década de 50, por exemplo a Coca-Cola perdeu mercado para a Pepsi ao insistir em um formato único de comercializaçao: a garrafinha de vidro de 185 mm.


3. Isole-se
Não é difícil criar uma caixa e se enfiar dentro. Consiga uma sala grande e afastada e depois feche bem a porta.


4. Acredite que você é infalível
Jamais admita um erro. Os clientes costumam ser encrenqueiros. Você sempre poderá responsabiliza-los por algo que não deu certo.


5. Ultrapasse o limite da irresponsabilidade
Em vez de se perguntar "isto é certo?", pergunte "será que dá pra fazer isso sem ser apanhado?".


6. Não pare para pensar
Evite analisar os erros e não os analise. Assim, continuará comentendo-os no futuro.


7. Confie cegamente nos especialistas
O que não falta no mundo são vigaristas gentis, agradáveis e bem vestidos dispostos a lhe vender soluções milagrosas para tudo.


8. Ame a burocracia
Assegure-se de que as regras e as rotinas sufoquem a criatividade dos funcionários.


9. Envie mensagens confusas
Mantenha uma comunicaçao de duplo sentido com seu pessoal, fornecedores e clientes.


10. Tenha medo do futuro
Mesmo que não existam temores reais no horizonte, crie-os. Coisas ruins acontecem o tempo todo, em todo lugar.

Frase

"Cada um aprende com os seus próximos e afins; cede e adquire, perde e ganha, esquece e acumula noções, modos e hábitos".
Antonio Gramsci

segunda-feira, março 29, 2010

6 segredos para o bom atendimento

É preciso conquistar até dez clientes fiéis para compensar o estrago causado por um único consumidor furioso. Veja como construir uma relação saudável com o seu público. 

1. Determine que os problemas devem ser solucionados rapidamente
Empresas que fazem do bom atendimento um valor são mais eficazes na soluçao de problemas. Na Renner, por exemplo, os funcionários são orientados a resolver o probelam na loja, na hora em que ele aparece - e têm autonomia para isso. Ao adotar essa prática, a rede de varejo dispensou o tradicional call center e Serviço de Atendimento ao Consumidor via telefone.

2. Faça auditorias periódicas
Ter treinamento e sistemas avançados nào é tudo. As melhores empresas auditam serviços e call centers. Honda e Odontoprev, por exemplo, checam os serviços a cada três meses por meio de um sistema chamado "cliente surpresa".

3. Ouça de verdade o que o cliente tem a dizer
Saber o que vai bem e onde estão os principais problemas é o primeiro passo para um atendimento de qualidade. A Natura procura clientes que dão nota baixa ao atendimento ou a seus produtos para entender as razões da queixa.

4. Não subestime uma queixa
Mesmo um erro aparentemente banal merece atençao. Ele pode se transformar numa bola de neve ou indicar que algo mais complexo não vai bem. Descontente com o atendimento da United Airlines, o cantor estadunidense Dave Caroll gravou uma música e colocou no YouTube. O video teve 7 milhões de acessos e levou a companhia a desencadear uma ofensiva para combater o estrago na imagem.

5. Desculpas sinceras interessam
Foi o que fez a Telefônica no ano passado, após o desastre do Speedy. Se o cliente ficar convencido de que a empresa está fazendo algo para resolver o problema, dará uma nova chance. Depois de um período de baixa, a venda do serviço de banda larga voltou a crescer no final do ano.

6. Entenda: cliente fiel vende
De acordo com estudos da consultoria Brain & Company, a fidelização que dá lucro é a espontânea - não a que prende o cliente com carências e multas. Na Nextel, 77% das novas vendas são feitas por recomendação de antigos clientes.

Gigante vira nanico

O Democratas, ex-PFL e ex-Arena, corre o risco de se tornar um partido "nanino" nas próximas eleições. A avaliaçao não é de inimigos nem de adversários, mas de um dos principais líderes do DEM, que prefere não ser identificado. Na análise do cacique, o DEM deverá eleger 30 deputados federais nas eleições deste ano, ou menos da metade dos 65 parlamentares eleitos para a Câmara federal em 2006. A trajetória de queda do DEM impressiona. Em 1998, quando era o principal aliado do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, o partido elegeu 105 deputados. Na eleição seguinte, em 2002, caiu para 84. A distância do poder e os escândalos como a prisão do governador de Bras[ilia, José Roberto Arruda, são vistos como os causadores da decadência do DEM.

Fonte: Camila Fusco, revista Exame

sábado, março 27, 2010

Para entender o que é política

A vulgaridade produzida pela mídia de massas gerou uma grave dissonância conceitual quando o assunto é política.
Após postar a entrevista "Um novo olhar sobre o marketing político” recebi email de um leitor que discorda do uso da expressão “marketing político” para designar atividades de comunicação social de organizações não governamentais, como o Greenpeace, por exemplo. "Essas organizações", diz o leitor, "se constituem contra a política".
Eu poderia liquidar esse debate dizendo que ser "contra a política" já é, de antemão, uma atitude política, mas prefiro atribuir o erro da análise do leitor a uma compreensão equivocada do conceito de política.
A explicação original do termo deixa margem de dúvidas por onde se consolida uma leitura distorcida da política e da prática política. Diz-se que, tendo origem no grego politikós (polis), a expressão política abrange, desde os escritos de Aristóteles, “tudo o que diz respeito à cidade” ou “aos negócios do estado”.
Onde surge o erro de interpretação? No entendimento do que Aristóteles queria dizer quando falava em “cidade”, “estado” ou em “urbano”. Hoje sabemos que quando falava em “polis” o filósofo grego estava falando das relações humanas, da inter-relação entre as pessoas em um espaço geográfico dado e da necessidade de uma ordenação normativa e não-normativa para estabelecer, nos grupos humanos e na relação entre eles, as posições de poder.
Aristóteles não estava falando apenas da gestão do Estado e dos negócios de estado, mas de toda inter-relaçao humana. Daí enterdermos que a política está onde estão as pessoas interagindo, organizando-se em um busca de um objetivo qualquer.
Há política no centro do poder institucional, como há política no interior das empresas, nos times de futebol em campo (sem falar nos clubes de futebol fora de campo), nas famílias, nas igrejas, na associação de bairro, nas comunidades, nas relações a dois. Se há disputa, estamos no terreno da política.
Porque política é embate pelo comando - poder que passa pela construção de alianças em torno de objetivos comuns - e o poder não está em um lugar, mas em todos; atravessa a sociedade transversalmente.
É certo que Aristóteles fala em “polis”, em “cidade” e aí reside a base da confusão conceitual. Mas o que é uma cidade, afinal? Surgem cidades por combustão natural? São as cidades fenômenos naturais? Não. Cidades são agrupamentos humanos, são construções humanas. A expressão "polis" abrange toda forma de organização espacial humana, ou seja, todo conjunto que esteja para além do indivíduo, que esteja fora dele e que seja composto por ele e por um outro, realizando uma sinergia entre dois espaços de individualidade não apenas distintos e delimitados, mas por vezes antagônicos. É nesse espaço social que surge a coisa pública, aquela que não é minha nem sua, mas nossa e deve ser preservada enquanto tal e disputada por forças sociais que possuem projetos diferentes de como tornar a "pólis", a sociedade humana em qualquer de suas dimensões, um espaço de convivência melhor.
A confusão de origem está em traduzir política como estado; ou mais, em confundir a prática política com a atividade profissional da gestão dos negócios públicos. A confusão se agrava em ver na atividade parlamentar e de governo o fim cabal do terreno da política.
As ONGs fazem sim política. Como as igrejas fazem política. E o marketing que algumas delas praticam pode ser inscrito sim no conceito de marketing político radical porque o método de ação e os instrumentos de realização desse marketing cuidam de todos os aspectos relacionados com a imagem da instituição, seu corpo simbólico e seu arsenal de marca a partir de uma ótica que questiona os paradigmas da mídia e da comunicação convencionais.
Há política onde há geografia humana, onde há pessoas vivas interagindo, sobrevivendo, construindo marcos comuns e disputando espaços de mando.
"Só os mortos não fazem política", escreveu um filósofo francês, embora Che Guevara, Marx e tantos outros cadáveres ilustres esteja aí para desmentir até mesmo essa premissa.

Um novo olhar sobre o marketing político


Entrevista publicada no jornal Diário do Pará, 21/03/2010

Jornalista e publicitário com larga experiência em marketing comercial, Chico Cavalcante também é uma referencia quando o assunto é marketing político e comunicação pública. Sua atuação no mercado e sua atividade empresarial o qualificam como um dos profissionais mais bem sucedidos do setor no Pará.
Autor de vários livros sobre comunicação e marketing, Cavalcante acaba de lançar “Marketing Político Radical”, uma abordagem inovadora sobre um tema sempre em voga. A obra, a venda nas melhores livrarias,  mereceu destaque em revistas de circulação nacional. Veja o que pensa o autor.

O que é marketing político radical?

Cavalcante – Marketing político é o uso das ferramentas de marketing para traduzir e propagar mensagens políticas. Simplificando, posso dizer que marketing político radical é o uso das ferramentas de marketing político de maneira alternativa, de modo a furar o monopólio de divulgação e dar chances de disputa a quem tem menos recursos financeiros e menos tempo de TV.

No seu livro, você cita a campanha de Obama, atual presidente dos Estados Unidos. Mas Obama é radical?

Cavalcante – Não, obviamente. Mas sua eleição teve uma representação radical. Um negro ter alcançado a posição de mandatário maior de uma nação onde, até a década de 60 do século passado os negros não podiam nem usar os mesmos banheiros públicos que os brancos, guarda um componente radical, de ruptura de paradigma. Alem disso, a forma como a campanha de Obama usou as novas mídias representou um desvio de percurso importante em um pais onde toda a mídia eleitoral é paga a peso de ouro, diferente do Brasil, onde o sistema de distribuição do tempo de TV e rádio é mais democrático e gratuito.

Você criou esse conceito para explicar o modo como as organizações e partidos de pouca expressão vencem a disputa simbólica. Que exemplos inspiraram essa construção teórica?

Cavalcante -Muitos, aqui e fora daqui. O Greenpeace, por exemplo, usa marketing político radical assim como o Exército Zapatista de Libertação Nacional mexicano o usa. O marketing político radical inclui não apenas o uso criativo e persuasivo dos meios de comunicação tradicionais, mas ingredientes como construção de redes sociais, adesão voluntária, militância e trabalho prolongado em áreas de atuação mapeadas previamente, tendo como ponto de partida uma base material limitadora: a falta de dinheiro e pouco espaço na mídia tradicional.

Em uma eleição, o que diferencia o marketing político tradicional do marketing político radical?

Cavalcante - O marketing político tradicional mede como estão as pesquisas e se adapta a ela, achando que a população pode engolir tudo. Isso pode funcionar por um tempo mas vai resultar em perda de densidade de imagem. Para o marketing político radical a coerência é um valor e índices de intenção de voto só servem quando acompanhados de adesões consistentes, que se reproduzam em escala. Para os radicais o sucesso é medido a partir da arregimentação de adeptos ativos. Por isso o planejamento é a parte mais importante de uma campanha radical.

Qual a regra de ouro do marketing político radical?

Cavalcante – A política deve dominar a função do marketing e não o oposto.

sexta-feira, março 26, 2010

Internautas não lembram de propaganda online


Levantamento da Millward Brown Brasil reafirma a necessidade de relevância para marcas se relacionarem com consumidores
Jovens ou adultos, não importa. O que cativa mesmo o consumidor na internet é a oferta de conteúdo relevante. Durante apresentação no 4º Congresso Brasileiro de Pesquisa (ABEP) na tarde desta quarta-feira, 22, Valquíria Garré, da Millward Brown Brasil, mostrou que, apesar de nutrirem uma relação mais forte com as marcas na internet, os consumidores nao lembram de inserções publicitárias e dependem de relevância para se relacionarem.
Segundo pesquisa feita com uma pequena amostragem de público jovem e adulto, as categorias de produtos de tecnologia, carros, roupas e restaurantes são as que se saem melhor no boca a boca online. Por outro lado, refrigerantes, supermercados e o setor de seguros são os que oferecem menos vantagens de relacionamento, de acordo com os consumidores.
O estudo revelou ainda que a televisão, ao contrário do que pregam as teorias apocalípticas, ainda tem papel bastante representativo na vida das pessoas. "Esse é um resultado esperado, uma vez que a televisão é o canal que recebe mais investimentos publicitários. Por consequência, a maioria dos entrevistados associa a televisão à publicidade, mas mostram certa resistência ao falar de propaganda na internet", disse Valquíria. Do total de jovens investigados, 28 disseram associar propaganda à TV, 5 à sites, 3 à revistas e apenas 1 ao YouTube.
Referência em comunicaçao online, a Coca-Cola assumiu papel importante diante desse público por conseguir usar de maneira bastante completa o mix de meios para se relacionar. "É um exemplo a ser seguido por conseguir chamar as pessoas para a internet através do comercial de televisão e, na rede, oferecer entretenimento, diversão e benefícios reais aos consumidores", coloca Valquíria. "São associações que mostram como é cada vez menos necessário ser lembrado por uma propaganda e investir para que o consumidor se mantenha em contato constante com a marca, mudando a essência da abordagem e do ciclo de relacionamento", finaliza.



Fonte: http://www.mmonline.com.br/noticias.mm?url=Internautas_nao_lembram_de_propaganda_online

quarta-feira, março 24, 2010

Guerrilha política na web


O PT prepara uma operação de guerra na internet a fim de dar ainda mais fôlego à campanha presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, cujo crescimento surpreendeu os analistas de direita.
A internet é um campo minado. A ideia é municiar com textos, áudios e vídeos os 518.912 filiados que participaram, em novembro de 2009, das eleições internas do partido. Eles terão a missão de reproduzir e distribuir o material de propaganda em blogs e redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter e Google Buzz. Uma das prioridades do novo secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal André Vargas (PR), a estratégia tenta transplantar para o mundo virtual a base social da legenda, considerada um dos trunfos na ofensiva para derrotar o PSDB na sucessão presidencial.
“O PT já conta com uma imensa base social, ao contrário dos tucanos. A nossa militância tem discurso e será estimulada a divulgá-lo”, diz Vargas. “Vamos trabalhar fortemente na internet. O Twitter, por exemplo, pauta a mídia e é um instrumento formador de opinião.” A direção nacional petista ainda não sabe como tirar o plano do papel. Nem sequer tem orçamento definido para tanto. O valor dependerá do desempenho na arrecadação de doações eleitorais. Há, no entanto, propostas à mesa. Vargas prevê a criação de milhares de comitês virtuais, que teriam a tarefa de adaptar o discurso nacional às realidades regionais.
Cogita, ainda, montar estruturas físicas que seriam usadas pelos filiados para inundar as redes sociais de elogios a Dilma e críticas ao concorrente da oposição na disputa pela Presidência da República — provavelmente, o governador de São Paulo, José Serra. “A guerra de guerrilha na internet é a informação e a contrainformação”, afirma Vargas. A menção do deputado à contrainformação não é à toa. O páreo presidencial deste ano tende a ser acirrado e de baixo nível, segundo governistas e oposicionistas. 
Marqueteiro de Lula e de Dilma, João Santana manterá a linha “paz e amor” na propaganda da ministra. Reforçará as realizações da gestão petista, comparando-a com os oitos anos de mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso, e apresentará propostas para acelerar o ritmo da suposta herança bendita deixada pelo atual presidente.
Em outubro do ano passado, o PT lançou um novo portal na internet, com emissora de rádio e canal de televisão. O projeto custou cerca de R$ 600 mil ao partido. Além disso, há previsão de um custo mensal de R$ 60 mil com a manutenção do espaço virtual. Segundo o deputado federal André Vargas (PR), 30 mil pessoas assistiram a trechos do discurso de Dilma Rousseff em 20 de fevereiro, quando a ministra foi aclamada candidata da sigla à Presidência da República. O dado seria uma das provas do acerto da legenda ao apostar na rede mundial de computadores.
PSDB também investe pesado na internet
Não apenas o PT, mas também o PSDB está se armando para uma verdadeira "guerra virtual" na campanha presidencial de 2010.
Embora a candidatura de José Serra ainda não tenha sido formalizada, a estrutura de pré-campanha que o PSDB está montando tem a cara e a chancela, em todas as áreas, do governador de São Paulo.
Sem uma militância organizada e engajada como a do PT, o PSDB aposta numa estratégia de comunicação on-line --a cargo da Loops Mobilização Social-- e já convidou um especialista em marketing digital para a coordenação das ações dos tucanos na internet.
Os dois foram avalizados por Serra. Além do desafio de mobilização de militantes para um partido nascido da vida parlamentar, a Loops se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet, com especial atenção na conversação no ambiente das redes sociais.
Recém-criada por quatro jovens --entre eles, Arnon de Mello, filho do senador Fernando Collor--, a Loops vai atuar sob a coordenação do empresário Sérgio Caruso, da agência Sinc.
A Loops já tem experiência em trabalhos com partidos políticos, pois trabalhou para o PV em 2008 e também deve cuidar da estratégia de mobilização na web da campanha de Fernando Gabeira ao governo do Rio.
Segundo o secretário-geral do PSDB, Eduardo Jorge Caldeira Pereira, Caruso deverá "gerenciar o projeto de atuação na internet". O PSDB não informou o valor dos contratos.
Há um mês, o partido exibe, em caráter experimental, um blog com munição para militantes. Batizado de "Brasil é com S", oferece argumentos para o debate político.
Isso explica, em boa medida, a preocupação quase nula com o visual: o blog prioriza conteúdo informativo sobre os governos Serra, em São Paulo, e, na esfera federal, FHC e Lula. Os textos são publicados na página em categorias como "Bolsa Família" e "Mensalão".
Desde o ano passado, o PSDB leva ao ar o site "Gente que Mente", sob a responsabilidade da jornalista Cila Schulman. Secretária de comunicação dos governos de Jaime Lerner, no Paraná, Schulman também foi contratada pelo PSDB --o domínio de internet está registrado em nome do próprio partido, o que é bastante raro.Essas contratações aconteceram à revelia do jornalista Luiz Gonzalez, cotado para assumir a coordenação de comunicação da campanha de Serra.

Leitura de bordo

Tenho horror a aeroportos e aviões. Naquela arena de impessoalidades não distingo pessoas de bagagens. Ali estou sempre indefeso, sem controle nenhum sobre meu destino. Dependo de terceiros para tudo, entro em filas, uno-me a uma manada, sigo a ordem unida das companhias aéreas, tiro as botas para responder ao pânico do império.
Essa sensação de atordoamento da individualidade me afronta.
Não é que eu não goste de viajar. Ao contrário. Adoro estradas, olhar o horizonte e dirigir ou andar em direção a ele. Gosto da sensaçao de saber ou não para onde ir mas poder tomar eu próprio as decisões de trajeto, de seguir ou parar.
Por não gostar de aeroportos e aviões, guardo meus tempos das recorrentes viagens aéreas, especialmente para Brasília, para a leitura daqueles títulos que a gente guarda com carinho esperando a oportunidade de degustar.
Li agora dois trabalhos inquietantes.
O primeiro é Compreender (Companhia das Letras, 465 páginas). São 40 pequenos ensaios da então jovem filósofa Hannah Arendt. Incisivos, fortes, pessoais. Pode-se começar a ler por qualquer ensaio, sem a obrigatoriedade de seguir a ordem crescente das páginas.
Lê-se ali, por exemplo, que Hitler confiava mais no fascínio que exercia sobre os outros do que em sua eficiência para escapar aos confrontos dos fatos. Olha-se para as origens humanas do mal.
Abra uma página qualquer e leia. Uma porta sempre se abre. Há pérolas em todas as partes desse conjunto de textros que se propõem a investigar as marcas do totalitarismo e de sua prevalência sobre a política.
Fortemente influencida por Heidegger, professor e filósofo com quem teve um longo relacionamento íntimo, Arendt conclui em seus ensaios que a crueldade não é absoluta, como a sugeriu Adorno. Pior. Ela é simplesmente banal.
O segundo trabalho que li no desconforto da espera é Para que serve a verdade?, de Pascal Engel e Richard Rorty (Editora Unesp, 85 páginas). Engel é professor da Universidade de Paris-Sorbonne. Rorty foi professor da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. O livro retrata uma polêmica travada entre os dois autores em um auditório da Sorbonne, em 2002. Retrata as diferenças agudas entre a retórica da busca da verdade objetiva, independente do contexto, e a retórica baseada "no que importa na prática".
É raro autores colocarem em questão o conceito de verdade. Nesse caso, demonstrando que, em alguns casos, o predicado "verdadeiro"pode ser trivialmente eliminado sem que se sinta falta dele para compreender o mundo e responder às questões que a vida impõe.
"A neve é branca", por exemplo, é uma expressão verdadeira se e somente se a neve for branca. Em outros casos, serve apenas para expressar uma aprovação ou uma atitude de cautela; serve para dissimular a diversidade do real. "Com efeito, o que muitas vezes se pretende articular mediante a noção de verdade não é algo que propriamente diz respeito à verdade. Há muito a dizer sobre a justificação de nossas crenças, mas pouco sobre a verdade", afirma Caetano Plastino na apresentação da obra.

O que liga essas duas obras é a curiosidade filosófica, o questionamento dos pressupostos correntes, o olhar desconfiado diante das certezas e a arguta análise do que se oculta na entrelinha dos fatos.
Essa é uma das minhas viagens preferidas.

terça-feira, março 23, 2010

Design inovador

Fazia tempo que eu nao postava aqui uma curiosidade de design. Com este post creio que posso me redimir. E você, um dia transformar a ferramenta de escritório favorita da sua mesa em talheres… isso é Din-ink. Um conjunto de três tampas de caneta que também são um garfo, uma colher e uma faca. Esse projeto (essas tampas não existem de verdade… ainda) é um dos vencedores do prêmio Dining in 2015, da Designboom.

sexta-feira, março 19, 2010

Dilma sobe, Serra cai

Se tivéssemos uma imprensa séria e comprometida com os fatos, o título acima teria sido manchete de algum dos maiores jornais do país. Não foi. Mais que isso. A leitura foi invertida, com molecagens do tipo “Serra lidera, Dilma melhora desempenho” predominando na leitura torta que fazem dos números.
O fato é que a Pesquisa CNI/Ibope divulgada esta semana mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) está subindo vertiginosamente na disputa à Presidência e encostou no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que estacionou na pesquisa estimulada no patamar de um terço e não apenas não progride, como está caindo.
Progressivamente e em apenas três meses a diferença entre os dois pré-candidatos caiu de 21 para cinco pontos percentuais. Em novembro, Serra tinha 38% e agora aparece com 35%, o que significa queda. Já Dilma subiu de 17% para 30%, o que significa curso ascendente. Não é preciso ser doutor em física para saber que um corpo em deslocamento constante ultrapassará em dado momento outro corpo que está inerte a sua frente. Na pesquisa espontânea, que é o que vale de verdade como elemento de aferição, já é Dilma quem lidera.
Ciro Gomes (PSB) caiu de 13% para 11%, e Marina Silva (PV) manteve-se estável em 6%. Brancos e nulos somam 10% e não responderam, 8%.
A melhoria no desempenho de Dilma, que nunca disputou nenhuma eleição, é espantosa para a direita, que não compreende a lógica das massas, para quem o país se tornou mais generoso de 2002 para cá e para quem empreender grandes mudanças abriria um vazio de significados completamente desnecessário. O PSDB e seu discurso não emplaca porque está na contra-mão do sentimento hegemonico das massas.
Além de crescer rapidamente, ao ser identificada por uma parte do eleitorado com o melhor presidente que o país já teve, a ministra Dilma vê seu índice de rejeição despencar de 41% para 27%. Rejeiçao em queda, popularidade em alta e intensão de voto ampliada são os fatos relevantes desse cenário atual para a candidata do PT.
A capacidade de crescimento da petista também pode ser vista ainda pelo fato de 38% dos entrevistados não saberem ainda quem será o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com índices de popularidade que não param de subir, Lula é o principal cabo eleitoral dessa eleição e deve levar Dilma a um patamar de vantagem sobre Serra já antes do começo da campanha eleitoral no rádio e na TV. Segundo o Ibope, 53% disseram que preferem votar em um candidato apoiado pelo presidente, outros 10% optam por um candidato de oposição.
10% é a margem real da oposição radical a Lula e ao PT, ou seja, os que dizem que o país piorou, que Lula é burro e ignorante, que tudo o que o governo fez foi errado, se engalfinharão por 10% dos votos.
As alternativas do PSDB e da direita brasileira são piores ainda que manter Serra na disputa. Num cenário em que o candidato do PSDB é o governador de Minas, Aécio Neves, Dilma, do PT, lidera a disputa, pela primeira vez, com 34%, ultrapassando Ciro, que aparece com 21%.
O fraco Aécio tem 13% e eco-candidata Marina, 8%. Brancos e nulos somam 14% e 9% não souberam ou quiseram responder.
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 6 e 10 de março, em 140 municípios.
A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, o que denota “empate técnico”, expressão que também não foi usada por nenhum dos grandes jornais do pais.
Teimar contra os fatos é uma forma de demência, mal que vem acometendo a grande imprensa nacional desde a vitória de Lula em 2002.
Achando que um governo do PT seria um desastre para o país, esses setores confiaram em sua capacidade de "formar opinião" para sabotar subjetivamente a governabilidade, acreditando que Lula e seus companheiros cairiam por si mesmos.
As denúncias em série, o massacre midático permanente contra Lula e o PT estão a serviço da crença de que, mais cedo ou mais tarde, a esquerda social-democrata que comanda o país pedirá água. As tentativas de impeachement do presidente, a insistencia em ligar a imagem de Lula a figuras como o presidente do Irã ou da Venezuela e, agora, de Cuba tem por objetivo minar a imagem do presidente e do partido que o sustenta diante da opinião pública. Curiosamente, não vem dando certo. Ou vem, para 10% da população.
Ainda há tempo para a cura da demência que acomete os analistas e jornalistas de direita. Basta que aprendam a ler os números como analistas dos fatos, honrando a profissão que exercem, e não como torcedores fanáticos de um time que, isolado, já demonstra que não terá pernas para ir até o fim da partida sem amargar uma derrota acachapante.

quinta-feira, março 18, 2010

Cuba se defende

Eis a nota de escritores cubanos repelindo a "lição" de direitos humanos dada por colonizadores.

Enquanto a Feira do Livro percorria nosso país de ponta a ponta e centenas de médicos cubanos salvavam vidas no Haiti, foi se gestando uma nova campanha contra Cuba. Um criminoso comum, com um histórico comprovado de violência, tornou-se "prisioneiro político" e declarou-se em greve de fome para que lhe fossem instalados telefone, cozinha e televisão na cela. Incentivado por pessoas sem escrúpulos e apesar de tudo que se fez para prolonga sua vida, Orlando Zapata Tamayo morreu e foi transformado em um lamentável ícone da maquinaria anticubana.

Em 11 de março, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que "condena energicamente a morte evitável e cruel do dissidente e preso político Orlando Zapata Tamayo" e, em uma intromissão ofensiva em nossos assuntos internos, "insta as instituições europeias a darem apoio incondicional e incentivar, sem reservas, o início de um processo pacífico de transição política, rumo a uma democracia pluripartidarista em Cuba".

Com o título "Orlando Zapata Tamayo: Eu acuso o governo cubano", está circulando um apelo para recolher assinaturas contra Cuba. A declaração assegura que este detido foi "injustamente preso e brutalmente torturado", e que morreu "denunciando estes crimes e a falta de direitos e de democracia em seu país". Ao mesmo tempo, mente sem pudor algum quanto a uma suposta prática de nosso governo de "eliminar fisicamente seus críticos e opositores pacíficos".

Em 15 de março, um jornal espanhol mostrava na primeira página o rosto de Zapata Tamayo, no caixão, ao tempo que anunciava a adesão ao apelo de alguns intelectuais, que uniam suas assinaturas às de velhos e novos profissionais da contrarrevolução interna e externa.

Nós, escritores e artistas cubanos, estamos cientes da maneira em que se articulam, sob qualquer pretexto, as corporações midiáticas e os interesses hegemônicos e da reação internacional para prejudicar nossa imagem.

Sabemos com quanta sanha e morbo se deturpa nossa realidade e a forma em que se mente diariamente sobre Cuba. Sabemos também o preço que pagam os que tentaram se expressar, a partir da cultura, com matizes próprias.

Na história da Revolução, nunca se torturou nenhum prisioneiro. Não houve um único desaparecimento. Não houve uma só execução extrajudicial. Fundamos uma democracia própria, imperfeita, sim, porém muito mais participativa e legítima que aquela que nos pretendem impor. Não têm moral os que orquestraram esta campanha para dar-nos lições de direitos humanos.

É imprescindível deter esta nova agressão contra um país bloqueado e perseguido sem piedade. Portanto, apelamos à consciência de todos os intelectuais e artistas que não abrigam interesses espúrios sobre o futuro de uma Revolução que foi, é e será um modelo de humanismo e solidariedade.

Secretariado da União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba (Uneac)

Direção Nacional da Associação Hermanos Saíz

segunda-feira, março 15, 2010

Tempestade no Cerrado: o golpe da mídia

“Tempestade no Cerrado”: é o apelido que ganhou nas redações a operação de bombardeio midiático sobre o governo Lula, deflagrada nesta primeira quinzena de Março, após o convescote promovido pelo Instituto Millenium.
A expressão é inspirada na operação “Tempestade no Deserto”, realizada em fevereiro de 1991, durante a Guerra do Golfo.
Liderada pelo general norte-americano Norman Schwarzkopf, a ação militar destruiu parcela significativa das forças iraquianas. Estima-se que 70 mil pessoas morreram em decorrência da ofensiva.
A ordem nas redações da Editora Abril, de O Globo, do Estadão e da Folha de S. Paulo é disparar sem piedade, dia e noite, sem pausas, contra o presidente, contra Dilma Roussef e contra o Partido dos Trabalhadores.
A meta é produzir uma onda de fogo tão intensa que seja impossível ao governo responder pontualmente às denúncias e provocações.
As conversas tensas nos "aquários" do editores terminam com o repasse verbal da cartilha de ataque.
1) Manter permanentemente uma denúncia (qualquer que seja) contra o governo Lula nos portais informativos na Internet.
2) Produzir manchetes impactantes nas versões impressas. Utilizar fotos que ridicularizem o presidente e sua candidata.
3)Ressuscitar o caso “Mensalão”, de 2005, e explorá-lo ao máximo. Associar Lula a supostas arbitrariedades cometidas em Cuba, na Venezuela e no Irã.
4)Elevar o tom de voz nos editoriais.
5)Provocar o governo, de forma que qualquer reação possa ser qualificada como tentativa de “censura”.
6) Selecionar dados supostamente negativos na Economia e isolá-los do contexto.
7) Trabalhar os ataques de maneira coordenada com a militância paga dos partidos de direita e com a banda alugada das promotorias.
8) Utilizar ao máximo o poder de fogo dos articulistas.

Quem está por trás

Parte da estratégia tucano-midiática foi traçada por Drew Westen, norte-americano que se diz neurocientista e costuma prestar serviços de cunho eleitoral.
É autor do livro The Political Brain, que andou pela escrivaninha de José Serra no primeiro semestre do ano passado.
A tropicalização do projeto golpista vem sendo desenvolvida pelo “cientista político” Alberto Carlos Almeida, contratado a peso de ouro para formular diariamente a tática de combate ao governo.
Almeida escreveu Por que Lula? e A cabeça do brasileiro, livros que o governador de São Paulo afirma ter lido em suas madrugadas insones.

O conteúdo

As manchetes dos últimos dias, revelam a carga dos explosivos lançados sobre o território da esquerda.
Acusam Lula, por exemplo, de inaugurar uma obra inacabada e “vetada” pelo TCU.
Produzem alarde sobre a retração do PIB brasileiro em 2009.
Criam deturpações numéricas.
A Folha de S. Paulo, por exemplo, num espetacular malabarismo de ideias, tenta passar a impressão de que o projeto “Minha Casa, Minha Vida” está fadado ao fracasso.
Durante horas, seu portal na Internet afirmou que somente 0,6% das moradias previstas na meta tinham sido concluídas.
O jornal embaralha as informações para forjar a ideia de que havia alguma data definida para a entrega dos imóveis.
Na verdade, estipulou-se um número de moradias a serem financiadas, mas não um prazo para conclusão das obras. Vale lembrar que o governo é apenas parceiro num sistema tocado pela iniciativa privada.
A mesma Folha utilizou seu portal para afirmar que o preço dos alimentos tinha dobrado em um ano, ou seja, calculou uma inflação de 100% em 12 meses.
A leitura da matéria, porém, mostra algo totalmente diferente. Dobrou foi a taxa de inflação nos dois períodos pinçados pelo repórter, de 1,02% para 2,10%.
Além dos deturpadores de números, a Folha recorre aos colunistas do apocalipse e aos ratos da pena.
É o caso do repórter Kennedy Alencar. Esse, por incrível que pareça, chegou a fazer parte da assessoria de imprensa de Lula, nos anos 90.
Hoje, se utiliza da relação com petistas ingênuos e ex-petistas para obter informações privilegiadas. Obviamente, o material  é sempre moldado e amplificado de forma a constituir uma nova denúncia.
É o caso da “bomba” requentada neste março. Segundo Alencar, Lula vai “admitir” (em tom de confissão, logicamente) que foi avisado por Roberto Jefferson da existência do Mensalão.

Crimes anônimos na Internet

Todo o trabalho midiático diário é ecoado pelos hoaxes distribuídos no território virtual pelos exércitos contratados pelos dois partidos conservadores.
Três deles merecem destaque.
1)     O “Bolsa Bandido”. Refere-se a uma lei aprovada na Constituição de 1988 e regulamentada pela última vez durante o governo de FHC. Esses fatos são, evidentemente, omitidos. O auxílio aos familiares de apenados é atribuído a Lula. Para completar, distorce-se a regra para a concessão do benefício.
2)     Dilma “terrorista”. Segundo esse hoax, além de assaltar bancos, a candidata do PT teria prazer em torturar e matar pacatos pais de família. A versão mais recente do texto agrega a seguinte informação: “Dilma agia como garota de programa nos acampamentos dos terroristas”.
3)   O filho encrenqueiro. De acordo com a narração, um dos filhos de Lula teria xingado e agredido indefesas famílias de classe média numa apresentação do Cirque du Soleil.

O que fazer

Sabe-se da incapacidade dos comunicadores oficiais. Como vivem cercados de outros governistas, jamais sentem a ameaça. Pensam com o umbigo.
Raramente respondem à injúria, à difamação e à calúnia. Quando o fazem, são lentos, pouco enfáticos e frequentemente confusos.
Por conta dessa realidade, faz-se necessário que cada mente honesta e articulada ofereça sua contribuição à defesa da democracia e da verdade.
São cinco as tarefas imediatas: 
1) Cada cidadão deve estabelecer uma rede com um mínimo de 50 contatos e, por meio deles, distribuir as versões limpas dos fatos. Nesse grupo, não adianda incluir outros engajados. É preciso que essas mensagens sejam enviadas à Tia Gertrudes, ao dentista, ao dono da padaria, à cabeleireira, ao amigo peladeiro de fim de semana. Não o entupa de informação. Envie apenas o básico, de vez em quando, contextualizando os fatos.
2) Escreva diariamente nos espaços midiáticos públicos. É o caso das áreas de comentários da Folha, do Estadão, de O Globo e de Veja. Faça isso diariamente. Não precisa escrever muito. Seja claro, destaque o essencial da calúnia e da distorção. Proceda da mesma maneira nas comunidades virtuais, como Facebook e Orkut. Mas não adianta postar somente nas comunidades de política. Faç a isso, sem alarde e fanatismo, nas comunidades de artes, comportamento, futebol, etc. Tome cuidado para não desagradar os outros participantes com seu proselitismo. Seja elegante e sutil.
3) Converse com as pessoas sobre a deturpação midiática. No ponto de ônibus, na padaria, na banca de jornal. Parta sempre de uma concordância com o interlocutor, validando suas queixas e motivos, para em seguida apresentar a outra versão dos fatos.
4) Em caso de matérias com graves deturpações, escreva diretamente para a redação do veículo, especialmente para o ombudsman e ouvidores. Repasse aos amigos sua bronca.
5) Se você escreve, um pouquinho que seja, crie um blog. É mais fácil do que você pensa. Cole lá as informações limpas colhidas em bons sites, como aqueles de Azenha, PHA,Grupo Beatrice, entre outros. Mesmo que pouca gente o leia, vai fazer volume nas indicações dos motores de busca, como o Google. Monte agora o seu.
A guerra começou. Não seja um desertor.


Por Mauro Carrara

quinta-feira, março 11, 2010

Frase

"Então diz! Essa onda que tu tira qual é? Essa marra que tu tem qual é? Tira onda com ninguém, qual é? Qual é neguinho? Qual é?..." Marcelo D2

Propaganda pré-eleitoral

São Paulo de muitas faces. São Paulo de muita gente. São Paulo apaixonante. Esse é o clima do filme que a Prefeitura de São Paulo está levando ao ar em rede nacional. O filme, que mostra que pessoas do Brasil inteiro vivem na cidade, na verdade oculta um objetivo claramente eleitoral.  Usando o fato de São Paulo ser tanto o nome do estado quanto da capital, busca associar a expressao "São Paulo" a um lugar feliz, que integra todos os brasileiros, que recebe a todos de braços abertos. Só faltou a assinatura: "Serra presidente". Enquanto a campanha de Kassab ilumina o horário nobre global,  a cracolandia e a periferia da maior cidade do país seguem nas sombras do esquecimento.

terça-feira, março 09, 2010

Algodão, trigo e soberania na pauta da GloboNews

A soberana decisão do governo brasileiro de retaliar produtos dos Estados Unidos com autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC) por conta de subsídios ilegais praticados pelo governo Obama aos produtores estadunidenses de algodão vai, ao fim e ao cabo, contribuir para que o Brasil alcance uma safra de grãos recorde este ano.
Isso se deve ao fato do trigo ter sido incluído na lista de produtos que terão as alíquotas de importação elevadas e, como o Brasil é dependente da produção externa, isso deve incentivar os agricultores do país a aumentar o investimento no cereal.
Contudo, para os comentaristas políticos da GloboNews e da Rede Globo a realidade é inversa e a atitude soberana do governo em defesa do algodão brasileiro “vai prejudicar o consumidor final”, “aumentando”, por exemplo “o preço do pãozinho da esquina”, já que o trigo usado no Brasil é, em grande parte, importado dos Estados Unidos.
Pura politicagem. Lucia Hipólito e companhia sabem fazer conta, mas constroem um discurso negativo com o objetivo claro de crucificar o governo e beneficiar a natimorta campanha de José Serra.
Os opinadores politizados do jornalismo global sabem que o trigo, por exemplo, é um dos menores componentes do preço de um pãozinho, cuja formação do valor de troca agrega mais de 15 itens, dentre os quais energia elétrica, impostos, aluguel, mão de obra, transporte, etc. Com isso esquecem uma lição básica da economia política, aquela que analisa a relação oferta-procura e cuja análise, nesse caso, indica uma tendência para o aumento da safra brasileira de grãos, e portanto, para a queda do preço do trigo ao consumidor final.
O país não é um paraíso, mas vai bem como nunca. O desespero na tentativa de construir pautas negativas para prejudicar a candidata do PT e de Lula nas eleições deste ano está se tornando não apenas evidente, mas, por vezes, ululante.

Ontem foi o Dia da Mulher. E hoje?

Em 1910, a Conferência de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, aceitou a proposta de Clara Zetkin, dirigente da II Internacional, de declarar como o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora o 8 de março, em memória de uma tragédia. Naquele data, em 1857, 129 operárias da empresa têxtil Cotton de Nova Iorque morreram queimadas em um incêndio provocado pela patronal como resposta às reivindicações de suas trabalhadoras.
Assim nasceu o dia 8 de março, como dia de luta da mulher trabalhadora e de homenagem às mártires de Nova Iorque. Mas ao longo dos anos a data foi sendo desfigurada, hoje convertendo-se em um dia dedicado a realizar a vendas de produtos e a confraternização despolitizada. Mas na prática a realidade das mulheres ainda é de exploração e dor e isso exige uma reflexão com base em dados.
As mulheres somam 70% dos 1,3 bilhões de pobres absolutos do mundo. Isto é assim, mesmo que, segundo dados da ONU, o trabalho da mulher tenha um papel de primeira ordem já que entre o 50% e 80% da produção e comercialização de alimentos está em suas mãos.
No nível da educação, 2/3 dos 876 milhões de analfabetos do mundo são mulheres. Ao cumprir os 18 anos as garotas têm em média 4,4 anos menos de educação que os homens da mesma idade. Dos 121 milhões de crianças não escolarizados no mundo, 65 milhões são meninas (ONU, Unicef).
No nível da saúde, a cada ano morrem no mundo mais de meio milhão de mulheres como consequência da gravidez e do parto, o que está diretamente relacionado ao nível de pobreza. Nos chamados "países em desenvolvimento" a taxa de mortalidade materna é de um a cada 48 partos. Em países europeus, como a Espanha, morrem 3,9 mulheres a cada 100 mil. Na Espanha 98% das mulheres recebem assistência durante a gravidez e o parto. Nos países "em desenvolvimento" 35% das mulheres não recebem atenção pré-natal; quase 50% não têm assistência especializada ao dar à luz. As últimas estatísticas indicam que há mais mulheres que homens infectadas pela Aids.
As piores condições de vida empurrarão cada vez mais a mulheres trabalhadoras e pobres aos abortos clandestinos ou aos brutais métodos dos abortos caseiros. Mulheres trabalhadoras e pobres continuarão morrendo, enquanto as clínicas clandestinas ganham fortunas graças à legislação repressiva que impede que o aborto seja realizado nos hospitais em forma gratuita e nas melhores condições médicas. Grande quantidade de jovens continuará condenada a dar à luz a filhos não planejados, que mais tarde serão abandonados ou maltratados, destruindo suas vidas e as de suas mães.
E esta deplorável situação chega à sua máxima expressão quando vemos os dados sobre a violência contra a mulher. A cada ano, pelo menos 2 milhões de meninas entre 5 e 10 anos são vendidas e compradas no mundo como escravas sexuais. A cada duas horas, uma mulher é apunhalada, apedrejada, estrangulada ou queimada viva para “salvar” a honra de um macho em fúria. Durante os conflitos armados o ataque aos direitos humanos da mulher (assassinato, violação, escravidão sexual e gravidez forçada) é utilizado como arma de guerra. No mundo, 135 milhões de meninas e mulheres sofreram mutilação genital. A cifra aumenta em dois milhões por ano. Segundo dados do Banco Mundial, pelo menos 20 por cento das mulheres do mundo sofreram maus tratos físicos ou agressões sexuais.

É essa realidade cruel e injusta que a onda mercantilista em torno do Dia Internacional da Mulher não deixa ver, eclipsando a necessidade efetiva de fazer com que o 8 de Março continue a ser, sobretudo, um dia de luta. Uma luta sem trégua. Uma luta sem fim.

segunda-feira, março 08, 2010

Veja

Veja, revista humorística de circulação nacional, acaba de inocentar Kassab, o prefeito de São Paulo. "Todas as doações recebidas por Kassab foram legais", sentencia a revista.
Para quem não lembra, acusado de receber doações ilegais na campanha de 2008, Kassab foi cassado por ter recebido mais de 20% do total arrecadado pela campanha de fonte considerada vedada pelo juiz. Entre as mencionadas fontes de doação encontram-se a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) e outras empresas concessionárias de serviços públicos. Por lei elas são impedidas de colaborar com campanhas eleitorais. O prefeito do DEM retornou ao cargo por força de liminar.
Para Veja, todas as acusações são infundadas e o culpado de tudo é o juiz que proferiu a sentença, que tornou-se alvo de ataques morais desfechados pela revista.
Há crentes para os quais a imprensa diz a verdade e tem por função nos revelar o caminho da luz, como uma espécie de religião. Balela. Basta ler de olhos abertos para perceber que os conglomerados de comunicação não estão militando a serviço da verdade, mas sim da garantia de seus lucros e de seu espaço de poder. É isso que explica também o desespero da grande imprensa quando se fala no Brasil em controle social da mídia, coisa que existe em países como Suíça, Suécia, Canadá e França, por exemplo. Para bem executar sua atividade de plantar mentiras a serviço de seus interesses, a imprensa tupiniquim não quer que a sociedade deite os olhos sobre ela. Afinal, ver pode ser fatal.
Veja, por exemplo, só vê o que quer. Basta observar o comportamento editorial da revista amarela, que intepreta todas as acusações contra o PT como verdadeiras, ainda que improváveis. E todas as acusações ou provas contra o bloco direitista PSDB-DEM como falsas, ainda que os fatos gritem.
Um amigo diz que Veja vê, mas não ouve nada. Eu diria que ela vê, mas ouve só aquilo que quer.

sexta-feira, março 05, 2010

Frase

"Marketing político é pegar um candidato com 3% e levá-lo ao segundo turno. Pegar um candidato favorito e vencer não é marketing. É obrigação." Chico Cavalcante

Internet e recompensa

Ao comer, dormir e realizar atividades fundamentais para a preservação da vida, uma série de mecanismos funcionam para proporcionar sensação de prazer, para que aquela atividade seja freqüentemente repetida, uma vez que reforça a função biológica de sobrevivência.
Não é à toa a imensa felicidade que o sexo, uma refeição farta e uma boa noite de sono nos proporcionam. 
Um desses mecanismos envolvidos na sensação de prazer e euforia é o sistema de recompensa, uma rede de neurônios específicos que auxiliarão na resposta enviada ao cérebro.
A maioria de nossos hábitos é baseada na oferta de prazer que aquela atividade proporcionará, desde uma soneca no meio da tarde, um abrigo quente do frio, carinho, comida, atividade física.
Talvez só esses mecanismos biológicos de recompensa possam justificar a construção de uma corrente que vê na propagação das chamadas “redes sociais” da internet (twitter, blogs, facebook, coletividades remotas, etc) a realização da felicidade na terra.
A sensação de recompensa estimulada pelo poder de ter sua própria mídia e de fazê-la imediata, em tempo real, produz uma euforia compensadora que turva a visão real. De repente, somos todos "cidadãos Kane" e reagimos enquanto tal.
Contudo, um artista de TV que tem um milhão de “seguidores” no twitter não tem nada perto do alcance de um comercial de 30 segundos exibido em horário nobre, que alcança 70 ou 80 milhões de pessoas de uma vez.
A sensação de recompensa, no entanto, não permite ver que na internet você está falando apenas para os seus. São círculos que giram em torno de temas e replicam conteúdos viciados. Servem, portanto, para vender produtos porque circunscrevem, demarcam e assinalam "público-alvos", com hábitos de consumo gregários. Mas são limitados para vender idéias.
Muitos amigos meus, uma grande quantidade de “especialistas” e, é claro, as empresas que vivem da propagação do mito da comunicação horizontal consideram que a internet é a panacéia do marketing e da comunicação social. Ao dar poder de mídia, ao fazer de cada um de nós uma fonte de informação, ao permitir que isso se faça a baixo custo, a internet gera uma ilusão de poder que não resiste a uma análise mais detida.
Agora, às vésperas das eleições, páginas e páginas estão sendo impressas com análises sobre o papel fundamental, decisivo, da internet para a realização de objetivos eleitorais.
Levantamento das Associação Brasileira de Marketing Político aponta que 9% das verbas das campanhas em 2010 devem ser destinadas ao marketing digital, com envolvimento de cem agências especializadas.
A rede mundial de computadores é um instrumento importante na campanha, especialmente para estimular o público jovem, mas muito menos importante do que se propala.
Fragmentada, descentralizada, multifacetada, a internet é como uma bomba atômica dividida em bilhões de pequenos pedaços, que não tem, portanto, o poder concentrado que tem a grande mídia e que alcança, com seu efeito explosivo, segmentos de público específico.
Internet não é mídia de massas, embora alcance muita gente. Não é mídia de massas porque o conceito pressupõe foco. Para alguns analistas é difícil entender essa contradição que pode ser compreendida facilmente quando sabemos que a internet alcança muita gente, mas essa gente está abrigada em nichos específicos. Para alcançá-la, o custo é maior. O conceito de mídia de massas é diferente disso. Pressupõe baixo custo por mil. Um tiro, muitos alvejados.
Se você se basear no que circula na internet, por exemplo, para conhecer a popularidade de Lula, chegará à conclusão de que ele é o mais odiado e vilipendiado governante que já passou pelo Planalto. Mas na vida real, fora da rede, ele é o presidente com maior aprovação popular da história.
Por que isso ocorre? Porque a “opinião pública” na internet é produto da opinião das minorias organizadas; é fabricada de maneira mais célere do que na vida real e se propaga de maneira viral; porque o público mais ativo e propagador de boatos está ali atuando profissionalmente.
Há espaço para tudo na internet, mas o que prevalece são as generalidades e os preconceitos. Quando você busca quais os assuntos mais pesquisados na internet você encontra “sexo”, “celebridades” e “religião” no topo da lista. Ninguém, a não ser profissionalmente, entra na internet para pesquisar política e intervir politicamente.
Do público que acessa a internet no Brasil, 70% o fazem em Lan-Houses, pagando por hora de acesso. Seria demencial pensar que essas pessoas entrem na web para pesquisar sobre política e atuação política ou para fazer ali seu espaço de formação de voto, de decisão eleitoral.
Dizer que Obama se elegeu graças a sua estratégia de internet e que Piñeda, eleito no Chile em 2009, conquistou a vitória por conta de sua ação na web não é apenas uma falácia, mas um exagero brutal. Em ambas as campanhas a internet teve o seu papel, mas a política feita pelo método clássico, a engenharia das alianças internas, a mídia de rádio e TV e o aporte generoso de contribuições milionárias valeram muito mais que o buzz na web, que foi mais útil para tornar Obama mundialmente conhecido do que para vencer a eleição nos Estados Unidos.
No Brasil, a internet vem sendo utilizada mais como firewall preventivo ou espaço para o jogo sujo pré-eleitoral do que para construir imagens de candidatos e partidos. Essa percepção é confirmada por Elysio Pires, consultor, que disse ao Meio & Mensagem: "Toda campanha eleitoral tem um lado formal e outro negro. E a internet terá grande contribuição nesse lado mau, até porque permite a postagem de mensagens sem identificação de procedência".
Repito: não quero com isso dizer que a internet não tem importância, mas colocar essa importância em sua escala de grandeza real no momento em que vivemos.
Se você é candidato e alguém lhe disse que a internet sozinha pode elegê-lo, demita esse consultor agora. Ele é agente duplo. Está dominado pelo seu próprio sistema de recompensa e a serviço das corporações que dominam o espaço virtual. Segui-lo pode levar você a muitos lugares, menos ao Éden da vitória eleitoral.