quarta-feira, janeiro 31, 2007

Web se firma como ferramenta política

O uso de vídeos na internet como ferramenta na campanha eleitoral para a Presidência dos Estados Unidos, exemplificada pelo lançamento da candidatura da ex-primeira-dama Hillary Clinton em seu site, é tema de reportagens publicadas em diversos jornais internacionais e confirmam uma tendência do uso do espaço virtual como caminho mais curto (e barato) entre os postulantes a cargos no executivo e no legislativo e os eleitores. O instrumento preferido é o video, cuja veiculação na internet não custa nada ou quase nada.
Para o diário americano The Washington Post, "a campanha para as eleições de 2008, já em andamento, deverá ser lembrada como o ponto em que os vídeos na Internet se tornaram essenciais para a estratégia de comunicações de qualquer candidato presidencial sério". Nos Estados Unidos não há "Horário Eleitoral Gratuito". Cada comercial de TV exibido pelos candidatos é pago a preço de tabela, o que torna a campanha na TV naquele país a mais cara do mundo. A internet surge, nesse contexto, como uma tábua de salvação.
Segundo o jornal, "os candidatos e suas equipes vêem os vídeos na Internet como uma ferramenta barata e potencialmente significativa para contar sua história de campanha sem o filtro da mídia tradicional". O jornal britânico The Times, por sua vez, diz que o uso desse tipo de tecnologia "permite aos candidatos demonstrar uma afinidade com a modernidade e ao mesmo tempo permite a eles controlar sua mensagem de uma maneira que uma entrevista coletiva ou entrevistas na TV não permitiriam".
Segundo o diário, a decisão de Hillary de lançar sua campanha na Internet "evitou o controle da grande mídia, que apesar de ter o acesso direto a ela negado no fim de semana, ainda assim deu a ela grande cobertura".
O também britânico The Guardian observa que os lançamentos das candidaturas de Hillary e do governador democrata Bill Richardson, no fim de semana, com vídeos na Internet, seguiram o exemplo do também democrata senador Barack Obama, que já havia publicado seu vídeo na internet.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Cerveja e apelo sexual

Três anos após se comprometerem a não recorrer ao apelo sexual em anúncios de bebidas alcoólicas, as cervejarias voltaram a abusar de cenas com conotação erótica nas campanhas publicitárias deste verão.
Integrantes do mercado publicitário e representantes dos produtores de álcool admitem que parte da última safra de propaganda desrespeita o acordo de auto-regulamentação. "É preciso que haja muita responsabilidade para que a gente não perca a liberdade", alerta Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade.
O superintendente do sindicato das cervejarias, Marcos Mesquita, também reconheceu "algumas irregularidades sob o conceito ético" na nova safra de comerciais, sem citar nomes. "Todos esses equívocos ou casos de mau gosto são pontuais."
A Folha apurou que o Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) já recebeu denúncias contra a Antarctica (Ambev) em razão do anúncio em que a atriz Juliana Paes atua como dona do Bar da Boa. O Conar tem poder para tirar um comercial do ar.
Em um dos comerciais, Juliana ameaça "botar para fora" os clientes que batem os pés para ver os seios dela balançar- eles respondem "bota, bota", em referência aos seios.
Já a atriz Karina Bacchi e a apresentadora Adriane Galisteu viraram "namoradas" do "baixinho" da Kaiser, da fábrica mexicana Femsa. Em um dos filmes, garotas tiram as roupas umas das outras em uma disputa pelo garoto-propaganda até ficarem de biquíni.
A cerveja Cintra, do grupo português homônimo, é mais explícita. Lançou há uma semana comercial em que a modelo Dani Lopes, ao abaixar para pegar uma cerveja, expõe a tatuagem "tô dentro" na altura do cóccix. Há marcas ainda que têm distribuído gibis eróticos.
"Não há sutileza, as mulheres estão ali para serem consumidas. Os anúncios revelam que a mulher é algo para servir ao homem e mostram como estamos longe de uma sociedade com eqüidade de gêneros", diz Berenice Bento, doutora em sociologia e pesquisadora da Universidade de Brasília.
Para Ilana Pinsky, coordenadora do Ambulatório de Adolescentes da Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas), da Unifesp, as propagandas utilizam linguagem simplista, associações diretas entre beber e conquistar mulheres, parte de uma estratégia muito mais pesada de marketing. "Talvez ficaram mais apelativas em razão da entrada da Femsa no mercado."
O presidente do Conar, Gilberto Leifert, diz que o órgão passará a monitorar todas as propagandas - não só as de cerveja - para verificar se está havendo falta de ética no uso de mulheres em comerciais.
O anexo sobre bebidas alcoólicas do Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária, publicado em 2003 pelo Conar, diz que os anúncios "não se utilizarão de imagens, linguagem ou idéias que sugiram ser o consumo do produto sinal de maturidade ou que contribua para o êxito profissional, social ou sexual".

Fonte: Folha de São Paulo

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Festival de Marketing de Guerrilha

O marketing de guerrilha é uma das técnicas de propaganda que cada vez mais ganha destaque. Com custos mais baixos do que os da propaganda tradicional, pode ser uma boa alternativa de divulgação para empresas com recursos financeiros limitados, grandes corporações interessadas em surpreender e organizações não governamentais ansiosas para obter adesão à sua causa.
É na esteira da explosão mundial dessa técnica que será realizado na Espanha o Hybrid, I Festival de Marketing de Guerrilha dedicado a trabalhos de jovens criativos com menos de 27 anos, espanhóis ou da América Latina.
O evento acontecerá em março de 2007 e resulta de uma parceria da escola Zinkproject com a Anistia Internacional.
Para se inscrever, os participantes deverão enviar, até 20 de março, uma campanha criada para a Anistia Internacional com o objetivo de difundir a organização entre os jovens. Apenas serão aceitas inscrições individuais. Agências não poderão participar.
Para visualizar o briefing clique aqui . E para ver o site oficial clique aqui.

Guerrilha do Sapo Louco

Uma música originalmente criada para ser usada como toque de telefone celular chegou ao topo da parada de singles da Grã-Bretanha.
A música Crazy Frog ("Sapo Louco", em tradução livre), de Axel F., superou as vendas do esperado novo single da banda Coldplay, Speed of Sound, e tirou do topo a banda Oasis.
Crazy Frog, que tem a mesma melodia do tema principal do filme "Um Tira da Pesada", é a primeira música criada para servir como toque personalizado de celular, ou ringtone, que chega à parada britânica.
Uma empresa especializada em ringtones criou uma propaganda com um desenho animado no qual um sapo estrábico, usando capacete, anda de moto e canta a música. O comercial é exibido muitas vezes durante o dia na TV a cabo, numa campanha publicitária milionária para vender o ringtone.
Com a propaganda sendo divulgada dezenas de vezes por dia, a música não sai da cabeça dos britânicos e já é considerada por muitos a mais irritante dos últimos tempos. De acordo com o sociologista Peter Webb, da Universidade de Birmingham, um estudioso dos hábitos de consumo de adolescentes, o sucesso do single Crazy Frog reflete a crescente tendência de os jovens gastarem mais dinheiro em celulares e computadores do que em música.
Por outro lado, Gennaro Castaldo, porta-voz da rede de lojas de música HMV, uma das maiores da Grã-Bretanha, disse que o sucesso de Crazy Frog tem a ver com "o seu imenso apelo como novidade".

Reminiscências tipográficas

Sempre fui um apaixonado por artes gráficas e, em particular, pela tipografia e pela tipologia. O ambiente industrial e a reprodução em série me fascinam, mas sobretudo o esmero no desenho das letras, que atravessou séculos e carrega consigo a história humana, me encantam.
Comecei minha atividade profissional desenhando capas de livro para o então editor Ivan Brasil, da Editora da UFPA. Circulava entre as máquinas com a curiosidade de um aprendiz. E estudei muito a história da tipologia, das artes gráficas e da publicidade impressa.
Quando vi o pequeno livro (12,5x18,7) de Eric Gill (1882-1940), "Ensaio sobre tipografia", editado em Lisboa em 2003, já não o deixei ficar tranqüilo na estante da livraria.
No começo da nota prévia ao livro de Gill, escrito por João Bicker, lê-se: "A seleção dos textos para esta coleção tem resultado sempre de motivações emocionais. Editamos livros que amamos, autores que admiramos, textos que de alguma forma nos inspiram e influenciam. Assim aconteceu com o texto de Eric Gill". Mais à frente, Bicker anota, a propósito da necessidade de adaptar a edição original ao formato da portuguesa: "pareceu-nos desde logo claro que o uso do [tipo] Joanna, um dos mais bonitos e menos usados tipos de Gill, era inquestionável. Já o desenho da página teria que ser alterado. [...] a página mantém, contudo, algumas das suas características mais relevantes: tipo, corpo e entrelinhamento, relação com as margens, inserção e legendagem das imagens, cabeças e numeração das páginas". A aproximação ao original justificaria o uso frequente do "&".
Personagem controverso que preferia ser chamado de artesão a de artista, Gill nasceu em Brighton (Inglaterra) e desde cedo demonstrou uma inclinação para o desenho, vindo a freqüentar a Central School of Arts & Crafts de Londres e, mais tarde, o Westminster Technical Institute, onde estudou gravura e lettering. Escreveu sobre arte, religião, política e moda. Criou tipos (11, embora apenas um tenha o seu nome: Gill Sans) e foi designer tipográfico.
Nas palavras do próprio Eric Gill: "temos uma tradição de escrita à mão que parece dar pouca, ou nenhuma, atenção à letra impressa ou pintada [...]. A caligrafia de juízes, advogados, eclesiásticos e outros, continuaram no seu calmo percurso, sem qualquer sinal aparente de serem influenciados por aquilo que pudesse ser a moda do seu tempo" (p. 84).
Logo depois, Gill estabelece uma comparação entre a escrita à mão e a impressão de placa de cobre. A moderna escrita à mão pode "sê-lo através da aplicação de um bom conhecimento da técnica de caligrafia a um conhecimento de boa impressão, & não pelo ressuscitar da caligrafia medieval" (p. 83). O autor releva a importância das letras romanas, que "se fixaram num tipo definitivo cerca do primeiro século d.c. Embora, ao longo dos séculos, tenham sido feitas inúmeras variações de pormenor, as letras romanas, no essencial, não se alteraram. Quatrocentos anos depois do talhe da inscrição de Trajano, fizeram-se as inscrições na placa da capela de Henrique VII, e nenhum romano iria encontrar qualquer dificuldade em ler as letras" (p. 50).
O conflito entre métodos antigos de escrita e o industrialismo, salientados por Gill, chegou ao fim. Escreve o autor: "No estado atual das coisas, a caligrafia foi estragada, porque toda a gente é obrigada a garatujar. Só se usa a caligrafia, hoje, na comunicação pessoal entre amigos, e, apesar de todas as melhorias & baixas nos preços das máquinas de escrever, as pessoas terão sempre necessidade de comunicar pela escrita à mão". O uso do computador relega cada vez mais a escrita manual para o dedilhar das teclas. Perde-se individualidade e identidade própria e ganha-se em uniformidade.
Como estaria Gill diante desse tempo em que, progressivamente, nossa escrita rotineira - não apenas aquela feita para ser reproduzida mecanicamente em série - perde os traços de nossa individualidade?

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Ryszard Kapuscinski

O escritor e jornalista polonês Ryszard Kapuscinski, que morreu nesta terça-feira em Varsóvia, foi um dos grandes mestres do jornalismo moderno, símbolo da ética na profissão e o autor polonês mais traduzido e publicado no estrangeiro.
Kapuscinski, Prêmio Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades em 2003, nasceu em 4 de março de 1932, em Pinsk, e era formado em História. Aos 17 anos começou no jornalismo, na revista "Hoje e amanhã". Mas tornou-se profissional na agência de notícias polonesa "PAP", para a qual trabalhou como repórter durante 30 anos (1958-1981).
Foi testemunha de mudanças políticas em países do Terceiro Mundo, como Angola e o antigo Zaire (hoje República Democrática do Congo).
Além disso, cobriu o processo de descolonização e independência no Terceiro Mundo, além de fatos históricos como a queda do regime democrático chileno e a revolução iraniana.
Em sua carreira presenciou 27 revoluções, viveu em 12 frentes de guerra e foi condenado em quatro ocasiões a ser morto por fuzilamento.
A partir da década de 80 começou a colaborar com jornais e revistas internacionais, como "The New York Times" e "Frankfurter Allgemeine Zeitung". Ao mesmo tempo, entrava no campo literário, através das grandes reportagens.
Eleito em 1999 o melhor jornalista polonês do século XX, publicou cerca de 20 livros. O primeiro foi "Bus po polsku" (1962), mas o primeiro de importância foi "O imperador" (1978), sobre a queda do trono de Haile Selassie na Etiópia, em 1974.
Em seguida vieram "O Xá, ou a desmedida do poder" (1987), sobre a saída de Reza Pahlevi do Irã, "Lapidarium" (1990), "A guerra do futebol e outros personagens" (1992), "O império" (1993), sobre a antiga URSS, "Ébano" (1998), "Os cínicos não servem para este trabalho" (2000), no qual fala do bom jornalismo, "Da África" (2001), "Os cinco sentidos do jornalista" (2003) e o livro-oficina da Fundação para um Novo Jornalismo Latino-americano (FNPI, 2004).
A maioria de sua obra é uma combinação da grande história com a pequena, que afeta cada indivíduo, uma análise fina e pormenorizada de fatos e reflexões.
Prêmio Bruno Kreisky para livros políticos de 2004, na Áustria, e doutor "honoris causa" em 2005 pela Universidade catalã Ramón Llull, ele dedicou os últimos anos de sua vida a viagens, conferências e reflexões sobre o processo da globalização e suas conseqüências para a civilização humana. Além disso continuou escrevendo livros e vivendo em Varsóvia.
Um belo exemplo para as novas gerações.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Jeep escapa em Madrid

A agência espanhola Contrapunto BBDO, de Madrid, assina a sensacional campanha de divulgação do Jeep Cherokee que postamos aqui.
O briefing pedia um estande em local de grande circulação de pessoas, uma estação de trem da capital da Espanha. Os criativos da Contrapunto BBDO foram muito além.
A peça, intitulada “Scape”, já freqüentou foruns de criatividade em todo o mundo e merece ser vista como exemplo do uso não convencional de uma forma de exposição tão convencional quanto enfadonha: estandes de demonstração.
A virada criativa foi fazer um estande vazio e com uma das cordas que o cercam rompida. Mais adiante, o Jeep Cherokee estava exposto em um canteiro que imitava uma selva, como se o "animal", indomável, tivesse escapado de sua jaula e se refugiado em seu habitat, a natureza.
Utilizando o conceito de liberdade que os modelos off-roader da Chrysler proporcionam a seus proprietários, criaram uma peça em mídia exterior absolutamente surpreendente e que preserva como poucas o conceito de liberdade único que somente o Jeep possui.
A ação de marketing não convencional aconteceu no interior de uma estação de trem, passando um realismo impressionante. Uma obra prima da criatividade de guerrilha.

domingo, janeiro 21, 2007

Uma batalha por sua mente

Dois autores devem estar na lista de leitura obrigatória e de qualquer biblioteca de marketing que se dê respeito: All Ries e Jack Trout (foto).
Na verdade, a formação de um profissional de marketing é resultado de múltiplas referências. Muitas nem dizem respeito diretamente ao marketing.
Psicologia, administração, filosofia, história e ciência política fazem parte do arsenal intelectual de quem busca compreender o marketing e seus mecanismos de transmissão de conceitos.
Contudo, na década de setenta, dois publicitários norte-americanos fundiram todas as referências e apresentaram o conceito de posicionamento, ou seja, Ries e Trout apreenderam aquilo que se realiza na mente de cada um de nós e diz respeito a um conjunto de ações que permite às pessoas desenvolver uma determinada percepção de um produto, optando por este ou por aquele.
Logo deixaram de trabalhar em publicidade e passaram para a lista dos mais bem pagos consultores de marketing do mundo.
Posicionamento é também o primeiro conjunto de idéias que enfrenta os problemas encontrados para se fazer ouvir em uma sociedade com excesso de comunicação.
Reflete a imagem da marca, a interpretação e a classificação da marca na mente e no coração do consumidor, o que se pensa e se diz dela. Na teoria do posicionamento o produto/marca deve ser tratado como um indivíduo, tem que ter uma personalidade própria, única.
Essa abordagem foi inicialmente desenvolvida por David Ogilvy, fundador e presidente da Ogilvy & Mather Advertising, na década de 60. Naquele tempo falava-se em produtos e não em marcas.
Partindo de onde o mestre inglês havia parado, já na década de 1970 Al Ries e Jack Trout deram a teoria um caráter muito mais abrangente, primeiro através de artigos publicados na Advertising Age e, a seguir, no livro "Posicionamento: Uma batalha pela sua mente".
Eles analisam ali a história da comunicação de marketing estabelecendo uma distinção entre a Era do Produto, a Era da Imagem e a Era do Posicionamento. Na Era do Posicionamento ressalta a importância de uma estratégia bem desenhada para que as marcas ocupem um lugar na mente e no coração das pessoas.
Na primeira parte do livro os autores discutem seis interessantes e polêmicos conceitos sobre a saturação que o mercado estava sofrendo em função de uma multiplicidade de esforços promocionais e de vendas desenvolvidas pelas empresas:
· as mentes não suportam mais a sobrecarga de comunicação;
· as mentes são limitadas, conseqüentemente criam verdadeiros anéis de defesa para se proteger do excesso de impactos;
· as mentes odeiam confusão, conseqüentemente dão preferência a conceitos de fácil compreensão e assimilação;
· mentes são inseguras, preferindo marcas que lhes diminuam a sensação de risco;
· mentes não podem ser mudadas de fora para dentro, portanto é difícil mudar conceitos sem trilhar os caminhos que já estão traçados na mente das pessoas;
· mentes podem perder o foco, conseqüentemente as empresas devem evitar a armadilha da extensão de linha.
Há até um estudo acadêmico recente analisando as correlações da teoria do posicionamento e a campanha de Lula para a presidência do Brasil.
Recomendo a leitura de "Posicionamento" e a análise das proposições dos autores, à luz do que estamos vendo e vivenciando hoje, em pleno século XXI.
Certamente eles passarão pela prova, o que dá ao texto um caráter clássico e aos seus conceitos um caráter atemporal.

Direct Mail comestível

Há 10 anos seria impossível acreditar que uma empresa se tornaria um case de sucesso sem ter como base um planejamento de mídia de massa.
Atualmente os anuários e publicações especializadas estampam centenas de exemplos de organizações que conseguiram, através de estratégias bem elaboradas e com pouco dinheiro, atropelar concorrentes e serem reconhecidas pelo grande público ou que, já sendo reconhecidas, conseguiram vender produtos ou serviços sem gastar um mísero centavo com a grande mídia.
É o caso desta incrível peça de Direct Mail, criada pela Saatchi & Saatchi de Auckland. Enviada para os setores de planejamento de mídia, antes do almoço, encorajava a compra de espaço publicitário no Sunday Premier Movies do canal TV2. A peça, uma badeja de comida japonesa temática, gerou um número de consulta sem precedente, 100% do espaço publicitário vendido e 90% de recall. Uma ação de guerrilha certeira, criativa e inteligente.

Guerrilha na China

A estratégia do marketing de guerrilha é atingir o consumidor da forma menos esperada e menos convencional possível. Na maioria das vezes, usa ações de rua. E, geralmente, com um custo mais baixo do que a mídia tradicional, já que esse modelo utiliza comerciais de televisão, anúncios em revistas e colagem de outdoors apenas em casos muito específicos.
Usando as táticas da guerrilha bélica, que utiliza criatividade, foco e energia em vez de malas de dinheiro, o marketing de guerrilha atinge um número reduzido de pessoas quando comparado com a mídia de massas, porém mais posicionado e com um contato direto com o consumidor. Vai direto ao ponto. Assim, estamos vendo empresas que atingem o sucesso sem nunca terem investido um centavo em mídia convencional.
Veja o exemplo desta ação, criada pela agência Leo Burnett de Shanghai, na China, para o Y + Yoga Center, um instituto de Yoga que possui estúdios espalhados pelas principais cidades chinesas. Mais um grande exemplo de guerrilha, da utilização de uma mídia não-convencional com grande eficácia.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Posters sonoros

Advertainment é um conceito recente em publicidade. Consiste em mesclar informação comercial com entretenimento.
Esta campanha da Pepsi é um grande exemplo do uso inteligente do Advertainment.
Criada pela agência BBDO de Toronto, a ação era composta por cerca de 100 posters instalados em vagões do metro das cidades de Toronto e Vancouver. A novidade é que cada poster possuía uma entrada de áudio onde poderia ser conectado qualquer headphone, permitindo ouvir uma amostra, de 30 segundos, de canções exclusivas do site pepsiaccess.ca.
O texto diz: "Exclusive Music. We got it. You want it. Get your PIN. Get online. Get the stuff". Existiam 12 amostras diferentes de músicas como "Crazy" do Gnarls Barkley.
Além disso, cada Pepsi vinha com um código PIN, que dava acesso ao conteúdo musical exclusivo e ingressos para shows no site.
Como dizia um antigo slogan da Pepsi "The choice of a new generation".

domingo, janeiro 14, 2007

Estojo de emergência

A agência Y&R de Frankfurt criou esta ação de marketing de guerrilha para divulgar a existência de uma linha de emergência (Women's Emergency Helpline) da organização Frauennotruf para mulheres que sofrem agressões ou abusos.
Estojos de maquiagem, que geralmente são usados por mulheres agredidas para encobrir as consequências das agressões sofridas, especialmente para amenizar as marcas deixadas no rosto pela covardia - na maioria das vezes de maridos, companheiros, pais, padastros ou irmãos - foram distribuídos em zonas críticas da cidade de Frankfurt.
O estojo ao invés de conter um espelho, como seria normal, possuía a imagem de uma mulher agredida com o número de telefone da linha de emergência.
O resultado da ação: aumento de 15% nas ligações e enorme divulgação da existência deste serviço.
Uma prova inequívoca da eficiência de ações de guerrilha (baixo custo, alto impacto) quando o objetivo é obter resposta direta do público-alvo e quando a verba torna proibitivo o uso em larga escala de comerciais de tv e spots de rádio.

Rápido como nunca

O serviço de trem Eurostar oferece ligação direta diária entre as cidades de Paris, Lille, Bruxelas e Londres através do Canal da Mancha.
O serviço entrou em operação no final de 1994, fazendo com que essas viagens durem pouco mais de 2 horas. A companhia afirma que esses passageiros representam o equivalente a 393.000 vôos de curta distância que produzem toneladas de Dióxido de Carbono.
Esta divertida campanha criada pela agência TBWA de Bruxelas comunica a principal característica do serviço: velocidade. Duas figuras da realeza britânica, o Príncipe Charles e a Rainha Elizabeth, foram os garotos-propaganda involuntários da campanha, montados com Photoshop em cenas hilárias, com a tagline "To London, Faster Than Ever" (Para Londres, Rápido como Nunca). Aqui, a imagem do Príncipe. Em forma e veloz. Como nunca.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Do tamanho da sua sede

Aqui mais um grande exemplo de como criar uma campanha para lançamento de um novo produto com uma verba pequena, usando apenas mídia impressa.
A agência BBDO de Toronto, Canadá, tinha esse grande problema nas mãos.
O novo produto era a lata de Pepsi com 237ml, conhecida como Mini Can, e a verba de apenas US$ 300 mil - uma ninharia absurda para o mercado publicitário.
A estratégia adotada pela agência foi criar uma campanha leve, que definisse a dimensão da embalagem como realmente "pequena", sem denegrir a embalagem original do refrigerante.

Limite aos "estrangeirismos"

A Justiça determinou que a União Federal seja responsável pela fiscalização da utilização da língua portuguesa no comércio de produtos e serviços, incluindo ofertas publicitárias em vitrines, prateleiras, balcões ou anúncios.
A liminar foi expedida pelo juíz federal substituto da 1.ª Vara de Guarulhos, Antônio André Muniz Mascarenhas de Souza, que determinou que palavras como "sale", "off" e "summer" venham com tradução no mesmo destaque.
Além disso, os anúncios deverão ter clareza e precisão ao se referirem às características, qualidades, quantidade, composição, preço (também condições de pagamento e descontos), garantia, prazos de validade, origem, riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Na opinião de Antônio Mascarenhas de Souza, o artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor é claro: "oferta e apresentação de produtos ou serviços devem exteriorizar-se por meio de informações em português".
Para o juiz, somente a publicidade que não tiver algum tipo de oferta é que poderá usar indiscriminadamente qualquer símbolo, palavra ou gesto, "desde que esteja dentro das regras dos artigos 36 a 38 do CDC, que proíbem a mensagem enganosa ou abusiva."
Quem não respeitar as regras, segundo decisão do juiz, deverá ser penalizado de acordo com o artigo 56 do Código de Defesa do Consumidor, com multa, apreensão do produto, cassação do registro, entre outras penas.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Four-dooricus rockcrawlerus

No dia 12 de setembro de 1940, foi lançado nos Estados Unidos um novo veículo com tração nas quatro rodas, inventado por um engenheiro de origem alemã. Engenhoca estranha para a época, o veículo foi criado pelo engenheiro de origem alemã Karl Propst. O projeto estava pronto em cinco dias e o protótipo levou apenas 49 para ser fabricado.
O primeiro Jeep foi apresentado em Butler, no estado norte-americano da Pensilvânia. Ele havia sido montado pela fábrica Bamtam, que produziu carros entre 1930 e 1941, quando desapareceu do mercado. Naquele distante dia 12 de setembro de 1940, nem Probst, nem sua equipe, desconfiavam do sucesso que acabavam de criar. Sabiam muito menos que o veículo passaria a ser conhecido mundialmente pelo nome Jeep, que se derivou da abreviatura "G.P", ou seja, general purpose. Em português, veículo para uso geral.

O sucesso continua. A Chysler confirmou que voltará a importar para o Brasil o Jeep Wrangler, que foi objetivo de um post anterior no qual se pode ver peças de mídia impressa e de tevê de seu lançamento no país de origem, os Estados Unidos. A campanha em questão, criada pela agência BBDO de Detroit, fantasia que o novo modelo Wrangler 2007 foi catalogado como uma nova espécie de inseto, “four-dooricus rockcrawlerus”. Não é apenas a mídia eletrônica da campanha que mereceu a atenção da agência. As peças de mídia exterior também dão um show. Compostas por outdoors e painéis, foram colocados nas entradas dos metrôs das grandes cidades estadunidenses. O slogan “A new species from Jeep Brand” e a ligação com outras peças de diferentes mídias reforçam ainda mais a linha de criação adotada para o produto e o conceito pegador que o Wrangler tem desde sua mais remota origem, como veículo de uso militar.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Subprodutos do desmatamento

A criatividade da propaganda nem sempre se limita ao conteúdo discursivo do anúncio, spot ou comecial. Às vezes está na mídia, na forma como essa comunicação se apresenta e como o público interage com ela. Em alguns casos, literalmente o meio (media) é a mensagem, uma vez que o texto só torna-se eficientemente criativo no momento em que o público entra em contato com a mensagem. Na comunicação de guerrilha, é sempre assim: depende da criatividade da utilização para que a mensagem se torne efetiva e impactante. A ação reproduzida aqui foi criada pela filial chinesa da agência norte-americana FCB. Foi criada em Shanghai, para o cliente WWF (World Wildlife Fund). Agressiva e fortemente persuasiva, essa campanha insere-se na estratégida da publicidade da WWF, sempre diferenciada. Esta campanha foi criada para alertar sobre o problema do desmatamento, e principalmente comunicar ao público onde estão indo parar as árvores derrubadas. Foram criados caixas de lenços e suportes de papéis higiênicos que imitavam o tronco de uma árvore, que na verdade era a matéria prima para este produto manufaturado. O visual das peças ficou extraordinário, principalmente quando o papel é retirado, tendo-se a impressão que está saindo de dentro de uma árvore decepada ao meio.

Grampos

Muita gente já usou a dobra das páginas de revistas ou os grampos para fazer peças criativas. Há até uma campanha da Audi de grande impacto utilizando esse recurso. Mas a campanha da Anistia Internacional, criada pela JWT, é um dos usos mais inteligentes e impactantes desse truque midiático. Um dos títulos diz “This man sits imprisoned indefinitely without any hope of a fair trail. You have the freedom to help.” ("Este homem se encontra encarcerado indefinidamente sem nenhuma esperança de um julgamento justo. Você tem a liberdade para ajudá-lo").
E o outro: “These men lie shackled, tortured and abused without ever commiting a crime. You have the freedom to help.” (Estes homens se encontram presos, torturados e abusados sem terem cometido crime algum. Você tem liberdade para ajudá-los.). Propaganda pertinente e que faz pensar.

Guerrilha Cidadã

Sabe aquelas atitudes do dia a dia que deixam você indignado, como gente que pára em fila dupla ou em cima da faixa de pedestres ou políticos promesseiros que exibem suas caras em outdoor, sorridentes e sem vergonhas?
Pois agora você já tem uma forma de manifestar sua indignação diante de ações cotidianas que o revoltam.
Este é o objetivo do movimento "Eu faço merda". No site www.eufacomerda.com.br você pode baixar stickers, imprimir e colar nos mais variados locais: carros estacionados irregularmente nas calçadas, gabinetes de vereadores e prefeitos, estúdios de gravação de Axé Music e onde mais a sua criatividade mandar, espalhando a "M..." em tudo quanto é parede.
É uma forma bem humorada e simples de protesto utilizando, é claro, instrumentos de guerrilha.

Se beber, não dirija


The Pedestrian Council of Australia (Conselho de Pedestres da Austrália) reune representantes de organizações cujo principal foco de interesse é a segurança dos pedestres.
Seu principal objetivo é melhorar a segurança e o acesso das vias utilizadas pelos pedestres.
Nesta campanha, criada pela agência Saatchi & Saatchi de Sidney, podemos ver freadas de automóveis feitas propositalmente, que invadiam as calçadas e acabavam em pontos de ônibus, paredes, bancos e cafés que continham a seguinte mensagem: Drink Driving Ends Here (Motoristas Bêbados Acabam Aqui).
A campanha tinha como objetivo, além de alertar os pedestres deste perigo, conscientizar também motoristas.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Stop Violence Against Women

No mundo inteiro, diariamente, mulheres e meninas são ameaçadas, agredidas, violentadas, mutiladas e assassinadas no ambiente doméstico. Na maioria das vezes essas agressões partem dos maridos, padrastos, pais e ex-companheiros.
Com estatísticas em mãos que diziam que uma em cada três mulheres sofre alguma forma de violência todos os dias dentro da própria casa, a agência TBWA de Helsinki criou a campanha “Stop Violence Against Women” para a organização Amnesty Internacional (Anistia Internacional) no ano de 2004.
Centrada no conceito de que chegou a hora de reconhecer que essas agressões contra as mulheres são um escândalo global que afeta a todos nós, os anúncios mostravam objetos domésticos como mesa, porta e escada com tradicionais fitas sinalizadoras de cuidado/perigo em suas quinas. A campanha contava ainda com peças de mídia externas, onde pontos de ônibus foram decorados com essas mesmas faixas sinalizadoras.
O texto dos anúncios diziam: “Every day one out of three women run into a door or bump into a table”. Eis uma campanha que merece ser difundida e levada a sério.