terça-feira, setembro 28, 2010

Torcida

Na GloboNews, o anúncio da queda de Dilma nas pesquisas está sendo comemorado como se fosse um gol da seleção. A seleção deles. Ali se torce pelo pior. O desejo de fazer o país voltar ao tempo da dependência do FMI, dos salários arrochados, do desemprego, da falta de moradia e crédito e do apagão é maior que a capacidade de ver que o Brasil nunca andou tão bem como no período de 2002 até aqui e que a ruptura dessa trajetória pode atrasar nosso desenvolvimento em décadas. Quem diz isso são as principais autoridades e analistas internacionais, que destacam o Brasil como um fenômeno de superação mesmo entre os países do chamado BRIC, o bloco de países emergentes composto por Brasil, Russia, China e Índia, que apresentaram grande capacidade de recuperação de sua base produtiva e de sua capacidade de competição apesar dos abalos da crise econômica mundial. Indiferente a isso, os partidários do "agendamento" que dirigem o jornalismo da Globo têm se aplicado na tarefa de tirar oxigênio da candidata do PT. Uma das ações mais elaboradas levadas a cabo no período foi a montagem de uma estrutura de jornalismo intinerante que viaja pelos rincões do país, denominado "JN no ar", com o obejtivo de mostrar um país pobre e repleto de necessidades. Mas as cidades escolhidas no estado de São Paulo foram exemplares de um Brasil moderno e próspero. O objetivo político-eleitoral da ação é não apenas evidente mas óbvio. A isso, eles chamam de jornalismo.

sábado, setembro 25, 2010

Frase

"A abelha fazendo o mel vale o tempo que não voou". Beto Guedes.

Qual é o objetivo da campanha de Serra?

Mal havia postado o texto sobre a lógica do "bateu, levou" e recebi a ligação de um amigo que polemizou comigo defendendo a tese de que Serra, que desferiu o ataque, não usufruiu dos votos que migraram de Dilma, mas sim Marina Silva. E esse fato, na opinião de meu amigo, desqualificaria a necessidade do revide. Desculpe, mas não é bem assim. É verdade que há um ônus no ataque. Mas, como se diz no capitalismo avançado, não existe almoço grátis. É preciso pagar a conta. Para entendermos o que fez Serra e que o resultado desejado está sendo alcançado temos que compreender que o objetivo dele não é ganhar a eleição agora. Esse seria um objetivo futuro. O que ele objetiva é produzir o segundo turno. Essa não é a tática. É a estratégia, o objetivo máximo dele nessa etapa. Se houver segundo turno, ele irá para a tentativa de composição de forças políticas, buscando agregar toda a oposição sob o seu comando. Ele está certo? Sim. Ele sabe que poderia perder alguns pontos com o ataque e que Marina poderia subir. Mas Marina não sobe na velocidade suficiente para ultrapassá-lo e o que ele quer é que os anti-Dilma somem 50% dos votos mais um. Se entendemos que esse é o objetivo, podemos dizer que ele calculou corretamente o que poderia perder e ganhar com os ataques. Foi um cálculo frio. E correto do ponto de vista de sua estratégia de marketing, que se apresenta subdivida em etapas. Arrisco dizer que Dilma vencerá no primeiro turno mesmo assim, porque o tempo dos ataques e do impacto deles não foi sincronizado. Votarei em Dilma, mas como especialista devo admitir que a eficiente estratégia de Serra, ainda que parcialmente, produziu o efeito desejado.

A Lei de Newton aplicada ao marketing político

"Toda ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário", afirma a terceira lei de Newton. É uma lei natural. O boxeador em treinamento dá socos em um saco de areia bem pesado; a força que os punhos do boxeador exercem sobre o saco é igual a força exercida pelo saco sobre seus punhos. Em marketing político essa lei ganhou uma tradução popular: bateu, levou. Quando a ação não produz reação, o ponto fixo que sofre a ação absorve o impacto, se danificando. Os mais recentes números da pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial são eloquentes ao demonstrar que ignorar a Terceira Lei de Newton pode produzir danos irreparáveis. Embora ainda se mantenha uma larga distância entre Dilma, a candidata do PT, e José Serra, o candidato do PSDB, a ação ofensiva da campanha tucana produziu em Dilma a perda de cinco pontos percentuais, colocando em sério risco a vitória no primeiro turno. Acredito que o tempo é curto para que se produza um efeito em escala que permita o segundo turno, mas o episódio reinventa a roda em se tratando de marketing eleitoral. Digo, a principal lição que fica desse episódio é o sepultamento definitivo de uma lógica cínica inaugurada no Brasil por um cidadão hoje obscuro que já posou como "o rei do marketing político" e que diz "quem bate perde". Essa frase não apenas nega a terceira Lei de Newton, mas vai na contra-mão da vida. Não faz nenhum sentido e está eivada de comodismo, como se fosse uma vacina contra a rebeldia. "Cale-se enquanto eu bato em você" é o espírito norteador da frase "quem bate perde". Inverta a frase e a outra leitura para ela é "quem apanha vence". Que modalidade de esporte é essa? Onde isso aconteceu? A frase correta seria "quem bate, bate; quem apanha, apanha". E quem apanha sem revidar, absorve sim a negatividade do ataque que está sofrendo, já que a lógica do entendimento médio é que se deve revidar aos ataques pessoais. Na vida privada é assim que se age. Se alguém o calunia, você revida. Ou não? Se você é um cidadão de bem e é chamado de ladrão, de terrorista, de bandido, você leva esse desaforo para casa? Duvido. Então se um candidato é atacado e não revida é porque há verdade naquele ataque. Isso é de uma lógica cartesiana e apenas a imbecilidade ou a covardia pode recusar a clareza desse raciocínio. A inação da campanha do PT em relação aos ataques brutais e até mesmo desleais da campanha tucana desfere contra Dilma - com pleno eco na imprensa golpista - produziu um rombo na fuselagem da campanha petista por onde está escoando centenas de milhares de votos. Não estou dizendo que Dilma deveria ter revidado a isso em primeira pessoa. Mas sua campanha ficou devendo ao eleitor um contra-ataque à altura. "Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de mesma intensidade", é uma Lei irrevogável.

sexta-feira, setembro 24, 2010

As 3 leis para ser um redator publicitário incrível

1. Ler dezenas de centenas de milhares de títulos (isso quer dizer: leia quantos você puder).
Concentre-se nos bons–encontrados em anuários e premiações, mas leia alguns comuns também. Uma mente treinada está mais apta a responder de maneira inovadora quando confrontada com os fatos;
2. Saiba sobre tudo. De culinária árabe à invasão mongol. Joseph Sugarman disse que os melhores
redatores do mundo têm sede de conhecimento, são curiosos e não têm medo do trabalho. Saia da frente do computador, vá para a rua, converse com as pessoas, veja como agem, ouça o que dizem. A vida não começa nem termina na frente de seu computador. Ele é só um meio.
3. Praticando! Sarah Hogshead precisou criar mais de 80 títulos (para uma única campanha) para ter uma de suas peças premiadas. Mire-se no exemplo de Thomas Edson, que tentou mais de cinco mil vezes seu principal invento até conseguir obter um resultado favorável.
Afinal, títulos vendem? O que é um título poderoso? Um título tem que ser mais criativo ou mais vendedor? São questões recorrentes que se condensam em uma única questão: é possível medir a eficiência de um título?
John Caples, a pessoa mais importante para a publicidade mundial segundo a AdAge, catalogou 119 títulos comprovadamente eficientes em seu livro Tested Advertising Methods.
O livro que completou 1 década no ano passado é uma das raras ocasiões onde a publicidade se encontra com a ciência (embora essa distância parece estar diminuindo nos últimos anos).
Não sei qual foi o método utilizado por Caples, mas segundo o famoso redator muitos títulos alcançaram o seu objetivo. Muitos catalogados foram os que funcionaram dentre centenas de outros que não. O começo da seduçao de um anúncio está no título!

segunda-feira, setembro 20, 2010

Frase

"Só quero saber do que pode dar certo. Não tenho tempo a perder". Torquato Neto.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Fato jornalístico II

Qual a razão de se dar tanta ênfase ao suposto "uso da máquina pública" e ao fictício "projeto de eternização no poder", que recheiam as denuncias contra o PT, e não se dar qualquer nota à mexicanização da política em São Paulo e Minas, onde o PSDB aparelha a máquina pública desde os anos 80 e onde a oposição é silenciada em nome de um cretino discurso de "eficiência administrativa" e "choque de gestão"?

Fato jornalístico

Qual a razão que leva a maior parte da imprensa brasileira a omitir o fato de que Verônica Serra, filha do candidato tucano, e sua empresa, a "decidir.com", expuseram os dados bancários de 60 milhões de brasileiros, obtidos em acordo questionável durante o governo FHC, conforme noticiou a revista Carta Capital?

sexta-feira, setembro 10, 2010

Perguntas impertinentes?

1. Se houve quebra de sigilo fiscal dos amigos ou parentes de José Serra, se essa quebra de sigilo foi feita antes de Dilma ser candidata (informaçao que a imprensa tucana omite), se tantos tiveram acesso a esses dados, o que poderia haver de tão importante ali que merecesse a atenção de funcionários da Receita Federal?
2. É ilegal que funcionários da Receita acessem dados fiscais? Funcionários da Receita Federal não podem acessar os dados de qualquer cidadão? Se não podem, como fazem para investigar irregularidades? Se podem, o que há de irregular em um funcionário da Receita Federal, devidamente empossado de suas funções, acessar, de um computador da Receita, dados de qualquer cidadão?
3. Se houve quebra de sigilo ou "vazamento" de informações, por que essas informações "vazadas" não foram publicadas em lugar algum?
4. A imprensa informou que nas ruas de São Paulo vendem-se CDs com dados fiscais para a construção de malas diretas e montagem de bancos de dados. Se isso é verdade, por que alguém precisaria "violar" o que quer que seja para acessar algo que está a venda no mesmo tabuleiro que os DVDs piratas, no meio da via pública?


Feitas essas perguntas e omitidas outras, uma conclusão: estão transformando nada em pauta jornalística e contando, para isso, com a colaboração voluntária de autoridades constituídas e do próprio PT, que coloca seu presidente para dar declarações sobre um episódio puramente administrativo, servindo como avalista da crise artificialmente criada.
Homem maduro e vivido, o presidente do PT contudo não percebe que são suas próprias declarações em nome do partido que retroalimentam a imprensa do suposto sentido "político" do episódio que deveria ser tratado pela Receita e não pelos contendores nesse pleito. Dando provas de que pode ser pautado, o PT comprou a agenda da oposição a partir da pressão da imprensa. Respondeu a essa pressão como um cordeirinho, cedendo sua voz para avalisar a "crise". Transformou, assim, um factóide em fato. O PT poderia ser parte da solução e acabou se tornando parte do problema.
Para os que querem saber a razão das coisas, sugiro pesquisar aqui mesmo no CM ou mesmo no Google o conceito de "agendamento". Está ali, na teoria da comunicação, a metodologia desse esquema golpista para tentar ganhar uma eleição na marra usando com suporte os media.

quarta-feira, setembro 01, 2010

O último suspiro de José Serra

Cercado pelos fatos e pelas circunstâncias que levam o processo eleitoral para uma decisão definitiva em primeiro turno, revelando de maneira inequívoca o peso fundamental de Lula na alma brasileira de agora, o candidato José Serra (PSDB) resolve ir para o ataque.
Tudo indica, um ataque de nervos.
O porta-voz oficial da campanha tucana da GloboNews chama-se Gerson Camarotti, denominado pela emissora como "comentarista político", mas na verdade posicionado na barricada 45 desfechando pedregulhos com uma funda contra a campanha petista desde quando Dilma ainda era pré-candidata.
O vislumbrar da derrota, contudo, está levando Camarotti e seus parceiros de campanha à danação. O pedregulho da hora é a suposta quebra do sigilo fiscal de algumas pessoas ligadas ao esquema tucano que dá suporte à campanha de Serra.
Tudo indica que esse é o último suspiro da campanha tucana, que já está na TV e no rádio na fase da baixaria desenfreada, tentando criar o terror de sempre contra o PT, buscando reviver velhos medos contra petistas e requentando as denúncias feitas pela imprensa em 2005 e que tinham por objetivo armar um golpe de estado contra o governo Lula.
Considera Camarotti que a quebra do sigilo fiscal de tucanos será o novo 11 de setembro. Terá, afirma o comentarista, "um efeito bombástico" na campanha de Dilma, com "evidentes prejuízos" para a candidata petista. A situação seria tão grave que Dilma teria "fugido" da questão, enquanto Serra teria "demonstrado toda a sua indignação" na patética entrevista que deu ao Jornal da Globo, na noite de ontem, onde, mais uma vez, o ex-governador de São Paulo perdeu uma grande oportunidade de demonstrar equlíbrio mental e emocional ao eleitorado brasileiro.
A tentativa de levar essa questão da Receita Federal para o âmbito eleitoral é mais uma bobagem que revela a fragilidade dos nervos dos condutores da campanha de Serra. Qualquer pessoa minimante informada sabe que esse factóide passará como um navio na noite e, no extremo, não tiraria um único voto da candidata apoiada pela liderança política mais influente do país.
Dilma caminha para o Planalto. Enquanto a matilha faz barulho. O povo assiste ao desespero tucano, por assim dizer, "de camarote".