segunda-feira, abril 26, 2010

A mais longa das campanhas

Deu na coluna Panorama Político, de Ilimar Franco: os parlamentares candidatos à Câmara dos Deputados ou ao Senado estão reclamando que esta será a campanha mais desgastante e mais cara que já enfrentaram. "O Congresso nunca esteve tão esvaziado no primeiro semestre de um ano eleitoral. Os candidatos nunca estiveram envolvidos com tanta antecedência em suas campanhas", diz o colunista.
Na verdade, a antecipação da campanha presidencial por parte da oposição foi o que trouxe de roldão os demais candidatos.
O PSDB está em campanha desde o começo do segundo mandato do atual presidente.
Entusiasmada com o desgaste que produziu-se em 2005, quando tentou aproveitar as denúncias que ganharam o título midiático de "mensalão" para derrubar Lula, a oposição passou todo o segundo mandato de Lula tentando envolver o presidente, seu governo, seu partido ou sua candidata em CPIs e denúncias, preservando, através de uma estrutura de assessoria de imprensa invejável, os nomes de José Serra (o candidato derrotado por Lula em 2002 e novamente candidato em 2010) e de Aécio Neves (o eterno "neto de Tancredo Neves").
Para reagir ao cerco, Lula empreendeu um esforço suplementar para tornar Dilma, a pré-candidata do PT, mais popular, tornando frenética sua agenda de aparições públicas ao lado da ministra.
Esse movimento de resistência contra o cerco tucano acabou gerando um redemoinho que trouxe para o palco todas as campanhas, que transcorrem abertamente desde o ano passado, em que pese a legislação brasileira dizer que campanha eleitoral, mesmo, só pode vir às ruas em junho.
Essa extensão temporal também gera custos cumulativos, que farão desta a campanha mais cara da nossa história.

Problemas locais, solução nas redes sociais

O problema: colocar em contato 40 mil funcionários espalhados por 60 usinas em 14 países: as comunidades virtuais, permitindo a busca de soluções coletivas para problemas específicos. A solução encontrada pela Gerdau foi usar a internet. Engenheiros da fábrica de Tocanpirá, na Colômbia, por exemplo, receberam via web orientações de colegas da Bahia para diminuir em 34% o tempo gastos em procedimentos rotineiros da siderúrgica. Cerca de 26 foruns online foram criados nos últimos doze meses para debater problemas como o exemplificado aqui, acelerando processos que antes dependiam de reuniões presenciais, passagens, hotéis e cafezinhos.

sábado, abril 24, 2010

sexta-feira, abril 23, 2010

Guerrilha: para fugir do congestionamento de informação

Entrevista concedida por Chico Cavalcante à estudante de publicidade Kelly Karina,  em 15 de abril de 2010.

1.    O que você acha da inserção da mídia “bus stop” em Belém (que ocorreu na época do Círio-Sadia e da inauguração do novo shopping, a loja Centauro)?

Em Belém ou em qualquer lugar, a busca por fugir do intenso tráfego de informação na mídia convencional e surpreender o público no lugar onde ele está é uma necessidade cada vez mais intensa das marcas e produtos e uma preocupação das agencias. Todo tipo de ação de guerrilha, seja através da técnica do bus-stop ou de outras formas de guerrilha é um mecanismo adequado para fugir do congestionamento informativo que reina na atualidade.

2.   Essa mídia pode ter o mesmo impacto e o mesmo sucesso de outros lugares que já fazem uso desta?

É uma mídia que sempre tem impacto se for bem feita, se tiver criatividade e não for invasiva. Seu uso já foi provado em lugares tão distintos como Belém e Montevideo, em São Paulo e em Toronto, em Londres ou em Tóquio. É uma forma de abordagem típica dos lugares onde há grande concentração de pessoas e seu objetivo seja atacar de surpresa. Como toda guerrilha, é uma forma de mídia tipicamente urbana.
  
3.   Que sugestões você tem a propor?

Experimentar, ver o que já está sendo feito em outros mercados, buscar adaptações inteligentes e evitar bobagens. Colocar uma mala com o logotipo de sua empresa para ficar atrapalhando o trânsito de malas verdadeiras de passageiros que querem ir embora para as suas casas após uma viagem estafante é um bom exemplo de ação de guerrilha inadequada, invasiva.
  
4.   Que tipo de cliente é mais adequado para usar esse tipo de mídia?

Quase todo tipo de produto pode ser vendido assim. Basta ver os exemplos. Para alertar a população sobre o uso da energia elétrica consciente, a Osram, uma das maiores fabricantes de lâmpadas e assemelhados do mundo, desenvolveu através de sua agência - Saatchi & Saatchi, AS – uma ação bus stop na África do Sul.
Usando um simples sensor de presença que custa um punhado de reais, o Bus stopinterativo se ascende todas as vezes que alguém chega perto e se apaga ao não identificar a presença de alguém. A mensagem “Use a eletricidade somente quando necessário” finaliza a boa idéia. Já a TAM  realizou uma ação bus-stop no aeroporto de Montevideo, com o intuito de divulgar seus destinos - no caso o Brasil – projetando da silhueta do Cristo Redentor a partir de diversas bagagens e acessórios de viagem colocados no meio da sala check-in. A ação foi desenvolvida pela agência uruguaia Amen durou poucos dias, com previsão de que 28 mil pessoas tenham sido impactadas.
  
5.   Qual a sua opinião com relação as ações de marketing de guerrilha aplicadas pela empresa de cerveja paraense Cerpa no meio do ano passado com a campanha “Onde está o ouro”, feita por personagens caracterizados de piratas?

Não tenho como mensurar os resultados para saber se os objetivos foram alcançados, mas foi uma boa iniciativa de guerrilha, embora usada como teaser, ou seja, para criar expectativa para a campanha que se desenvolveria na mídia tradicional. A ação não vendia a promoção em si, o produto em si, mas chamava a atenção para a campanha que viria a seguir na TV, no rádio e no jornal. É guerrilha, mas usada como mídia auxiliar.
  
6.   Em Belém, esse tipo de marketing não é tão explorado. Acha que deveria ser mais trabalhado?

Eu poderia discorrer longamente sobre a precariedade do mercado publicitário no norte do país, em Belém especialmente; sobre o excesso de agências, sobre o canibalismo em torno das contas, sobre a baixa remuneração que anunciantes oferecem pelo atendimento de suas empresas, mas isso poderia ser enfadonho e desestimulante para você como estudante da área. A ausência de inovação tem muito a ver com o ambiente rarefeito no qual habitam as agências. Tem muito a ver com a tenaz luta pela sobrevivência. Alguém poderia dizer que nossas agencias é que estão menos preparadas para esse tipo de ação do que as de outras praças, como Rio e São Paulo. Isso não é verdade. A informação está em todo lugar e a formação básica na área também. A verdade é que temos pouco profissionalismo na área de marketing da maioria dos anunciantes, o que faz com que a opção por formas alternativas de mídia seja sempre encarada como uma aventura, o que leva todo mundo a marchar como gado em direção aos meios convencionais de comunicação. Apenas a profissionalização dos departamentos de marketing pode gerar um dialogo de alto nível com o mercado que possibilitaria às agencias o exercício da criatividade de guerrilha. Ou esse arejamento vem ou estamos condenados ao eterno retorno às autorizações de mídia para a novela das oito.

Eleições: o que pode e o que não pode na web


As dúvidas permanecem no ar e o número de perguntas que recebo sobre o que é permitido e o que não é permitido na campanha eleitoral online se multiplicam. Há muita informação desencontrada, inclusive na própria web sobre as regras em vigor para o uso das ferramentas disponíveis na internet.
Veja o que realmente pode ser feito e o que não pode ser feito na campanha eleitoral de 2010 no espaço virtual.

Início da propaganda eleitoral

·      Após o dia 5 de julho de 2010.

Propaganda na imprensa escrita e reprodução na internet do jornal impresso

·      Permitida até a antevéspera das eleições a divulgação paga, na imprensa escrita e a reprodução na internet do jornal impresso
·      Deverá constar do anúncio, de forma visível, o valor pago pela inserção
·      Multa: sujeita os responsáveis pelos veículos de divulgação e os partidos, coligações ou candidatos beneficiados à multa no valor de 1 mil reais a 10 mil reais ou o equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se este for maior.

Formas autorizadas de propaganda eleitoral na internet

·      Em sítio de candidato, partido ou coligação, hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País
·      Registro sob qualquer DPN
·      Necessária comunicação do endereço eletrônico à Justiça Eleitoral
·      Por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação
·      Por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural.

Proibida a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet

·      Proibida – ainda que gratuitamente – a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios de pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos) e oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
·      Multa: sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de 5 mil reais a 30 mil reais.

Direito de resposta

·      É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato na campanha eleitoral realizada na internet
·      Assegurado direito de resposta a candidato, partido ou coligação, quando atingidos – mesmo de forma indireta – em propaganda eleitoral na internet e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica
·      A divulgação da resposta deve ser publicada no mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até 48 horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido
·      A resposta deve ficar disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva
·      Os custos de veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original
·      Multa: sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de 5 mil reais a 30 mil reais.

Cadastro eletrônico

·      Proibida a venda de cadastro de endereços eletrônicos
·      Proibida a utilização, doação ou cessão de cadastro eletrônico de seus clientes, em favor de candidatos, partidos ou coligações pelas seguintes pessoas: (entidade ou governo estrangeiro; órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público; concessionário ou permissionário de serviço público; entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal; entidade de utilidade pública; entidade de classe ou sindical; pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; entidades beneficentes e religiosas; entidades esportivas; organizações não-governamentais que recebam recursos públicos; organizações da sociedade civil de interesse público)
·      Multa: sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de 5 mil a 30 mil reais.

Responsabilidade do provedor de conteúdo e serviço multimídia

·      (o que hospeda divulgação de propaganda eleitoral)
·      Serão responsabilizados caso não tomem as providências determinadas pela Justiça Eleitoral para cessação da divulgação
·      Somente serão considerados responsáveis pela divulgação da propaganda se a publicação do material for comprovadamente de seu prévio conhecimento
·      O prévio conhecimento pode ser demonstrado pela cópia da notificação encaminhada ao provedor de internet, devendo constar de forma clara e detalhada a propaganda por ele considerada irregular.

Envio de mensagem eletrônica

·      Obrigatório dispor de mecanismo que permita o descadastramento pelo destinatário, obrigado o remetente a providenciá-lo no prazo de 48 horas
·      Multa: se enviadas após o término do prazo previsto no caput sujeitam os responsáveis ao pagamento de multa no valor de 100 reais por mensagem.

Atribuição indevida de autoria

·      Aquele que realizar propaganda eleitoral na internet atribuindo indevidamente sua autoria a terceiro será punido com multa de 5 mil reais, além das demais sanções legais cabíveis.

Site retirado do ar

·      A Justiça Eleitoral pode determinar a suspensão, por 24 horas, do acesso a todo conteúdo informativo dos sítios da internet que deixarem de cumprir as disposições da Lei
·      Em caso de reiteração de conduta é duplicado o período de suspensão
·      Aviso legal: deve ser informado no site que este se encontra temporariamente inoperante por desobediência à legislação eleitoral.

Debates na web

·      Não se sujeitam as restrições impostas a emissoras de rádio e de TV quanto à necessidade de convidar todos os candidatos que disputam um mesmo cargo.

Doação pela internet

·      Pessoas físicas = 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição
·      Pessoas jurídicas = 2% do faturamento bruto do ano anterior à eleição
·      Exigência de recibo em formulário eletrônico, dispensada a assinatura do doador
·      O site pode conter mecanismo inclusive para doação por cartão de crédito, sendo necessária a identificação do doador e a emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação.

Marx explica o que é Mídia Social


Recentemente fiz uma apresentação sobre “Mídias Sociais” em um evento de comunicação. E, pelo próprio perfil do público (nada familiarizado com todas estas ferramentas e palavras da moda) me impus um desafio:  explicar o que são mídias sociais sem mencionar palavras como “blog”, “twitter”, “orkut”, “facebook” ou mesmo “foursquare”. Missão difícil. Sair do meus vícios e tentar fazer pessoas que não fazem a menor questão de descobrir este “mundinho” atentar para a sua importância.
Todos eram profissionais de comunicação, então comecei exemplificando o que seriam os meios de produção mais importantes no setor da comunicação, ou na indústria de mídia: armazenamento de informação (seja ele em disco, papel, fita VHS ou bits), distribuição de informação (seja ela via fibra ótica, freqüências de rádio, entrega de revista por correio ou exibição em salas de cinema) e, óbvio, produção de informação (seja ela feita com uma caneta, uma máquina de escrever, um computador, uma câmera de cinema,  um celular ou um gravador).
Vejam agora alguns dados sobre o custo de cada um destes recursos nos últimos anos:
O custo de armazenamento de informação em 1990 era de U$ 10 mil por GB. Em 2000, este custo caiu para U$ 10. E, em 2010, custa apenas U$ 0,10 para armazenar a mesma quantidade de informação. Vejam bem: em 20 anos, o custo de um recurso essencial para a indústria da mídia caiu de 10 mil para 10  centavos.
Já o custo de transmissão de informação: em 2005, um link que transmite 10 Gb por segundo custava U$ 120 mil por mês. Hoje, transmitir a mesma quantidade de dados custa 6 vezes menos: U$ 20 mil. Sente o drama: em apenas 5 anos, 6 vezes menos. Na crise do petróleo, em 5 anos o barril passou a custar 6 vezes mais e por conta disso tinha nego se matando. Sentimos muito as variações para mais (ou “mudanças pra pior”), mas as variações para menos (ou “mudanças pra melhor”) são igualmente revolucionárias (e muitas vezes ignoradas).
O custo de acesso a ferramentas de produção de informação também caiu vertiginosamente. É só olhar a quantidade de peões usando celulares com câmeras nos estádios. Mas, pra seguir o mesmo padrão comparativo, o preço de um bom computador em 1995 era U$ 2500. Hoje, dá para comprar um bom computador por U$ 600. Ou U$ 250 se não tiver preconceito com os netbooks.
Se você vira para qualquer indústria séria como a de minério, petróleo, energia, automóveis, bebidas ou qualquer coisa mais tangível e fala que as ferramentas básicas para o seu funcionamento podem sofrer o mesmo impacto, com certeza vai ver gente muito mais preocupada do que meia a meia dúzia de gerentes de produto que comparecem nas palestras de “evangelistas” ensinando como o Twitter vai revolucionar o seu negócio. Mas o setor de mídia nem tem uma participação importante na economia mesmo, né? Produz brincadeira. Não vem crescendo a ritmos acelerados e não emprega ninguém.
Mas voltando: o barateamento das ferramentas essenciais da indústria de mídia obviamente favorece a sua disseminação. Ou democratização. Ou, melhor ainda, a sua socialização. E aí, sem medo de soar marxista, afirmo: estamos presenciando a socialização dos meios de produção de mídia.  O povo, senhor dos meios de capital necessários para produzir mídia. Pois é, esta é a tal “mídia social”.
Se estivéssemos olhando uma série histórica de dados mostrando o barateamento dos meios de produção de cerveja a preços tão ridículos a ponto de tornar possível a sua democratização, estaríamos discutindo a “cerveja social”.  Ou se houvesse indícios de que uma turbina eólica de geração de energia elétrica, que hoje custa U$ 10 mil, custará U$ 0,10 daqui a 20 anos, poderíamos começar a  divagar sobre o mundo da “energia social”. Será que a Shell, General Eletric ou Furnas estariam preocupadas com isso? Ou elas estariam pensando: “desde que o mundo é mundo, eles compram energia da gente. Não é agora, que podem produzir a sua própria energia, que vão deixar de comprar”.
Pois este é o raciocínio da indústria da mídia. “Nós temos qualidade, o povo adora o que produzimos, idolatra nossas estrelas”… Acontece que, enquanto os meios de produção não nos pertenciam, as “suas estrelas” e a sua decisão do que é “qualidade”, eram soberanas. Não resta a menor dúvida que, em se tratando de conteúdo, a qualidade da “mídia burguesa” nunca será capaz de competir com a quantidade, diversidade e relevância da “mídia do povo”. Ou melhor, da “mídia social”.
Para quem ainda sonha em viver de compra ou venda de mídia (alô agencias de publicidade, alô veículos): só lamento informar, mas socializou. E não foi socializado à força por um Estado totalitário ou ditador populista, mas sim por uma força de mercado. Não deixe o paralelo com Marx te iludir. Isso não é um discurso de militante do PSTU, mas sim de alguém com fé nas sinalizações do mercado. Não tem meio termo. Não tem “convivência pacífica”. Se você não é mais dono das ferramentas de produção, lamento informar:  não há mais-valia. Procure outro modelo de atuação onde a remuneração pela propriedade do capital ainda é possível.
E você, que deu a sorte de não estar em uma indústria socializada e ainda terá um emprego na próxima década: seu problema não é criar um blog pra sua empresa ou quantos seguidores conseguir no Twitter para a sua marca. Nem perca tempo contratando estagiário para isso. Bata na porta do seu acionista e diga: “Senhor, tenho uma boa notícia. Nossa organização agora é dona dos meios de produção de mídia. Temos um fabuloso universo socializado para nos comunicar e alavancar nossos negócios. Sem mais pagar pedágio para a burguesia dos Marinho ou dos Civita. Sem mais pagar comissão para os Mendonça ou para os Guanaes”.

[]’s Mr Wagner, blogdeguerilha.com.br

segunda-feira, abril 19, 2010

Veja só

Na edição que está nas bancas, exibindo na capa o sorridente candidato tucano como sendo "o pós-Lula", a Veja, revista humorística de circulaçao nacional, mostra aquilo em que verdadeiramente se tornou: um panfleto.

quarta-feira, abril 14, 2010

Dilma e Serra: a ultrapassagem começou

Pesquisa Sensus divulgada hoje aponta empate técnico na corrida presidencial entre o tucano José Serra (32,7%) e a petista Dilma Rousseff (32,4%). De acordo com essa sondagem, Ciro Gomes (PSB) teria 10,1%, e Marina Silva (PV), 8,1%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Segundo dados apresentados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob o registro de número 7594/2010, o levantamento foi feito entre os dias 5 e 9 de abril em 24 Estados, com 2.000 entrevistas.
A rigor, não há surpresas nesses números.
A tendência de crescimento de Dilma era constante e a estagnação de Serra começou a produzir uma queda residual desde março. Em campanha costumamos dizer que “quem está subindo não pára de subir, quem está caindo não pára de cair”. Aqui, a lógica se aplica.
Os números de agora são decorrentes de uma tendência detectada desde antes e sobre os quais eu já havia me pronunciado aqui, afirmando que Dilma passaria de Serra antes que se desse início ao horário eleitoral gratuito.
Também disse o motivo dessa tendência: a estabilidade do pais, a imagem positiva de Lula, a ascensão social das camadas C e D e o discurso atrasado e sectário do bloco PSDB-DEM, que insiste em não reconhecer aquilo que o povo reconhece, que o pais melhorou desde a subida de Lula ao poder.
A falta de carisma de Serra, seu discurso “paulista” e sua retórica raivosa vão na contra-mão do que o povo pensa, entende e quer. Ele perderá a eleição para Dilma porque usa uma estratégia errada e baseada em uma crença errada: a de que Lula é um estúpido, o PT é um mal para o Brasil e Dilma é fraca. Esses preconceitos turvam a visão dos dirigentes tucanos e os impedem de ver claramente, por exemplo, que a conversa fiada de que o país está melhor agora porque o PSDB lançou as bases da estabilidade econômica é fraco e não ganha voto. Levada às últimas conseqüências esse argumento torpe daria a responsabilidade pela boa fase do Brasil a... Pedro Álvares Cabral. Depois de Collor, nosso eleitor não acredita em lorotas. É preciso que as coisas façam sentido.
Acostumados ao poder porque nasceram nele, os tucanos nunca aprenderam uma lição básica de posicionamento: se você é oposição e quer ganhar a maioria, tem que falar o que a maioria entende a partir do ponto de vista da maioria.
Ir na contra-mão não levará você ao lugar onde quer chegar.
Pessoas vivem em uma sociedade saturada de comunicação. Para se defender, nossa mente tende a simplificar as mensagens. Daí que sua informação, sua propaganda, seu discurso devem ser o mais simplificados possível. Um importante princípio é o de que o receptor é a peça fundamental no processo de comunicação. Ou seja, o eleitor, aquele que recebe a informação das suas vantagens competitivas, é só o que interessa. Você deve atendê-lo, deve comunicar a ele o que interessa a ele. Ou melhor, você deve provocar o interesse nele dizendo coisas que lhe parecem familiares. A forma de provocar esse interesse deve estar alinhado com os valores, os princípios, a missão e a visão de sua campanha, de sua plataforma, mas deve já estar presente no imaginário médio, porque as pessoas só vêem o que esperam ver.
Cinismo? Não, o nome da técnica que garantiu o sucesso de Obama, de Lula e de grandes marcas comerciais chama-se posicionamento. E isso a campanha do PSDB não tem e a de Dilma tem. Ela é a continuidade de Lula. Parece pouco, mas será o suficiente.
Achar que um candidato em si, que uma pessoa em si, por mais carismática que seja – e Serra só é mais carismático que uma vassoura se você não estiver olhando para a vassoura – pode substituir uma estratégia baseada no posicionamento é o que vai levar o tucanato a um honroso segundo lugar no pleito de 2010.
Pesquisa Vox Populi divulgado em 4 de Marco encomendada pela rede de televisão Bandeirantes mostrava Serra na liderança com 34% dos votos, mesma porcentagem registrada em janeiro, ou seja, mostrava que Serra tinha “batido no teto. Já Dilma tinha crescido quatro pontos percentuais, subindo para 31% das intenções de voto, segundo o levantamento.
Como a margem de erro era de 3 pontos, esses números já indicavam empate técnico num cenário de crescimento de uma das candidaturas.
Por isso, os números da pesquisa Sensus de hoje não deveriam surpreender ninguém. Como, então, essa obviedade por ter surpreendido os tucanos e provocado uma reação histérica?
Meu professor de estatística dizia que pesquisa de opinião é a arte de torturar os números até que eles nos digam o que queremos ouvir. Para o PSDB essa máxima é uma lei de ferro prestes a ruir.

terça-feira, abril 13, 2010

Estranhamento

João Santana, o marketeiro de Lula, é um profissional experiente, capaz e um homem discreto. Meus contatos com ele durante a transição na secretaria nacional de comunicaçao do PT reforçaram a sensação de se tratar de um profissional de marketing político com raro preparo intelectual, refinado gosto literário e enciclopédico conhecimento de história e geografia.
Diferente do estelar Duda Menonça, que sempre apareceu mais do que os candidatos a que servia, Santana é extremamente reservado. Desde que passou a cuidar da campanha de Dilma, do PT, não dá entrevistas e evita aparições públicas. Nunca entrou em concorrência para contas publicitárias de estatais federais no país. Em que pese esse perfil arredio, é um profissional de competência reconhecida até mesmo por concorrentes seus.
Por tudo isso estranhei muito quando a imprensa divulgou ser de sua autoria o vídeo que circula na internet embalado no slogan de gosto duvidoso "Depois do cara, a gente vota é na coroa".
O primarismo disso dispensa qualquer comentário.