sábado, outubro 26, 2013

Como desligar o Windows 8?

Pode parecer estranho de depois de tanto tempo sem postar nada no blog eu retorne com um tema aparentemente pueril, mas que penso ser importante porque manifesta, de modo eloquente, o desprezo que as grandes corporações têm pelo usuário-cidadão.
Eu tenho sobre minha mesa dois computadores. De um lado, um Mac Pro e de outro, um PC. Isso se dá não por boçalidade ou exibicionismo, mas por dever de ofício já que eu recebo do departamento de arte de minha agência muitos arquivos para avaliar que foram gerados diretamente nos Mac Pro utilizados na criação e, por outro lado, ainda recebo muita coisa de outras fontes geradas em programas nativos de PC, o que me obriga a ter as duas possibilidades disponíveis.
Meu PC de mesa usa Windows 7, um programa que é menos instável que a versão anterior e tem um ambiente amigável.
Consumido à exaustão em viagens por anos a fio, meu velho laptop de guerra envelheceu comigo e precisou ser substituído.
Foi então que entrou na minha vida uma excrescência compulsória chamada Windows 8.
Como tudo o que é híbrido, o Windows 8 fica no meio do caminho entre o que era e o que gostaria de ser. É o problema dos carros que voam. São mais ou menos como patos: nadam, andam, voam mas fazem tudo isso muito mal.
O Windows 8 nem tem a interatividade de um programa originário para smartphone - como pretendia - nem tem a praticidade do Windows 7, que funcionava, além de ter um design de jardim de infância, com quadradinhos coloridos que se movem quando os tocamos.
Quando digo que o Windows 7 funcionava não falo em estabilidade e confiabilidade porque quem quer isso compra um Mac. Falo em usabilidade.
O sintoma mais evidente dos defeitos de origem do Windows 8 é que ele não tem, na tela, um botão para desligar o computador. É isso. Imagine você ter que procurar em seu carro o lugar onde pode desligá-lo? É mais ou menos isso. Você liga e precisa de um tutorial para encontrar onde desligar.
Deveria parecer estranho ter um tutorial para esse fim, mas acredite, ele é fundamental.
Coloridinho e engraçadinho, o Windows 8 está pior em muitos sentidos, inclusive em relação a como tarefas corriqueiras devem ser executadas.
O sistema eliminou o Menu Iniciar da Barra de tarefas; com isso, o caminho para desligar, reiniciar e hibernar o computador se tornou oculto, uma espécie de Ponto G da informática.
Pretensioso e estranho, o novo ambiente Metro é completamente diferente do que se está acostumado com as versões anteriores do Windows, não produzindo no usuário nenhuma sensação de familiaridade com o sistema.
Exemplo? Para desligar o Windows 8 é necessário abrir a Charms Bar, a barra que se abre no canto direito da tela e com a qual é possível acessar diferentes áreas do sistema. Com ela aberta, você deve clicar em “Settings”.
Em seguida, clique em “Power” e você verá as opções para hibernar, desligar e reiniciar em um menu pop-up. Então você arrasta o mouse e clica em desligar.
Em matérias pagas na imprensa, a Microsoft informa que a proposta do Windows 8 era "integrar experiências de desktops com as de portáteis". O problema é que o resultado não é esse e quem está acostumado à maneira como os desktops funcionam se sente desconfortável com as idiossincrasias do programa e terá muitas dificuldades na adaptação em um sistema que não é simples, não é bom e não é interativo e é compulsório - se você comprar um PC, ele estará lá mesmo que você o odeie.
Os usuários ficaram perdidos. Tanto que no Google, quando você digita "como desligar o Windows 8" surgem nada menos que 1,5 milhões de postagens de resposta.
Um sistema operacional que não consegue ser autoexplicativo em suas funções básicas como "liga e desliga" para 1,5 milhão de usuários deveria ser jogado fora ou repensado de cima abaixo, com envio gratuito da nova versão para os usuários e um pedido de desculpas ilustrado com a foto do CEO da Microsoft usando um "chapéu de burro".
E de pensar que porcarias como essa dominam 90% dos computadores do mundo.
Na história humana, nunca consumimos tanto lixo quanto na atualidade. E ainda pagamos caro por isso.