quarta-feira, abril 23, 2008

A Mídia concentrada

No terreno das mídias, a irrupção da Internet e a revolução dos números provocaram um trauma inédito.(1) Atraídos por ambições de poder e perspectivas de ganhos fáceis, os mastodontes industriais vindos da eletricidade, da informática, do armamento, da construção, do telefone e da água atiraram-se sobre o setor da informação. Rapidamente edificaram gigantescos impérios. E pisotearam na passagem alguns valores fundamentais: em primeiro lugar, o cuidado com uma informação de qualidade.

Através do mundo, os conglomerados tomam a mídia de assalto. Nos Estados Unidos, onde as regras contra a concentração do audiovisual foram abolidas em fevereiro de 2002, a América Online tornou a comprar a Netscape, a revista Time, a Warner Bros. e a cadeia de informação CNN; General Electric, a maior empresa mundial pela sua capitalização em bolsa, apossou-se da rede NBC; a Microsoft de Bill Gates reina sobre o mercado de softwares, quer conquistar o de jogos eletrônicos com o seu console X-Box e, através da sua agência Corbis, domina o mercado do fotojornalismo; a News Corporation de Rupert Murdoch, tomou o controle de alguns importantes jornais britânicos e americanos ( The Times, The Sun, The New York Post), possui uma rede de tv por satélite (BskyB), uma das cadeias dos Estados Unidos (Fox), além de uma das principais produtoras de filmes (20thCentury Fox)...

Na Europa, Bertelsmann, o maior editor mundial, adquiriu o RTL Group e controla, a partir de então, na França, a rádio RTL e a cadeia M6; Silvio Berlusconi possúi os três principais canais privados da Italia e chefia, como presidente do Conselho de Ministros, o conjunto de redes públicas; na Espanha, a Prisa controla o diário El País, a rede SER de rádios, o canal pago de tv Canal+ e um pólo de editoras...

Na França, a crise do mercado publicitário, a queda de vendas dos jornais e a chegada dos jornais gratuitos incitam ao reagrupamento dos títulos da imprensa, favorecendo a entrada de industriais no capital das empresas jornalísticas em dificuldades. Neste contexto, o desmantelamento da Vivendi Universal Publishing (VUP) provocou uma radical agitação. O grupo Dassault, presidido por Serge Dassault, homem de direita eleito prefeito com os votos da Frente nacional, que já controla Le Figaro e numerosos jornais regionais, pôde também adquirir o semanário L´Express, a revista L´Expansion e catorze outros títulos, transformando-se, através da empresa Socpresse, no principal grupo da imprensa.

Além disso, o grupo Lagardère, presidido por Jean-Luc Lagardère, homem igualmente de direita, próximo do presidente Jacques Chirac, principal editor da França (Hachette, Fayard, Grasset, Stock...), que já possúi jornais regionais (Nice-Matin, La Provence), domina a imprensa de revistas (Paris Match, Elle, Télé 7 Jours, Pariscope...) e controla a distribuição dos jornais via os quiosques Relay e as Nouvelles Messageries de l a Presse Parisienne (NMPP), comprou o pólo editorial VUO (Larousse, Robert Laffont, Bordas...) tornando-se um dos gigantes europeus da comunicação, não escondendo sua ambição de engolir seja o Canal +, seja a rede pública France 2...

Estes dois grupos - Dassault e Lagardère - têm em comum a inquietante particularidade de serem constituidos em torno de uma empresa central cuja atividade é militar ( aviões de caça, helicópteros, mísseis, foguetes, satélites...). O medo está então realizado: algumas das maiores mídias estão a partir de agora nas mãos dos mercadores de canhões...Na hora das tensões com o Iraque, pode-se supor que estas mídias não se oporão com verdadeira energia a uma intervenção militar contra Bagdá...

Os apetites carnívoros dos novos imperadores da comunicação impelem outras publicações a procurar um formato crítico a fim de escapar a uma tomada de controle. Por exemplo, o grupo Le Monde (2) reaproximou-se recentemente das "Publications de la Vie Catholique" (Télérama, La Vie), da qual adquiriu 30% do capital, como também do semanário "Le Nouvel Observateur" e considera colocar uma parte do seu capital na Bolsa.

Todas estas concentrações ameaçam o pluralismo da imprensa. E a democracia. Elas conduzem a privilegiar a rentabilidade. E a colocar nos postos de comando gestores cuja preocupação é a de corresponder às exigências dos fundos de investimento que detêm uma parte do capital. Estes "fundos baseiam seus cálculos em taxas de retorno sobre o investimento compreendidas entre 20% e 50% segundo o nível de risco dos ativos, a imprensa sendo considerada como um setor muito arriscado"; e eles não hesitam em exigir " enxugamento de pessoal (3)".

Um dos mais preciosos direitos do ser humano é o de comunicar livremente seus pensamentos e suas opiniões. Nas sociedades democráticas, a liberdade da palavra é não somente garantida, como também é acompanhada de um outro direito fundamental: o de ser bem informado. Agora este direito está posto em perigo pela concentração das mídias, pela fusão de jornais outrora independentes no seio de grupos tornados hegemônicos. Devem os cidadãos tolerar este desvio da liberdade de imprensa? Podem aceitar que a informação seja reduzida a não ser mais que uma simples mercadoria?

Ignacio Ramonet, editor de Le Monde Diplomatique

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(1) Ler " La Tyrannie de la communication", Folio Actuel, n. 92, Paris, 2001

(2) Este grupo detém 51% do capital do Le Monde Diplomatique SA.; controla ainda por outro lado o diário Le Monde, as revistas "Courrier International, Cahiers du Cinema e o diário regional Midi Libre.

(3) Stratégies, Paris, 30 de novembro de 2001.

Perguntar não ofende. Responder também não.

Augusto Nunes escreveu em seu blog:"Como os jornalistas, como os advogados, como todos os cidadãos, também a turma do marketing político precisa entrar na roda. Pode um publicitário alugar a cabeça ao candidato que sabe não ser o melhor, que não mereceria seu voto, mas ofereceu vantagens financeiras inacessíveis ao concorrente a quem sobram virtudes mas faltam verbas? O pessoal do marketing político está à margem da ética? Leva quem paga mais? Perguntas desse gênero pedem, aos gritos, respostas imediatas".

O jornalista Augusto Nunes faz boas perguntas, mas faltam algumas: eu, por exemplo, queria saber se médicos só devem cuidar de pessoas que admirem, se dentistas só devem obturar dentes de gente em quem acreditam (sem contar aqueles do SUS que simplesmente arrancam os cacos cariados dos que não podem pagar o amálgama), se engenheiros só podem construir casas para pessoas que amem, se motoristas de táxi só podem transportar pessoas com quem partilhem a mesma filosofia de vida e se jornalistas só podem escrever para jornais cujos donos sejam os caras mais sensacionais do planeta. Se fossem seguir esses ensinamentos, para fazer um anúncio de absorvente feminino todos os publicitários do mundo precisariam usar Sempre Livre.

terça-feira, abril 22, 2008

Pela demarcação da reserva Raposa Serra do Sol

A demarcação das terras Macuxi, da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, não é uma questão de segurança nacional. É uma questão de justiça e direitos humanos. A questão voltou a ganhar a mídia após declarações intempestivas de um general brasileiro em horário nobre nos principais canais de televisão. Parece uma daquelas recaídas que acometem os autoritários vez por outra. Razões de segurança nacional, como as aventadas pelo general, foram as mesmas esgrimadas como justificativa para prender, torturar, matar e desaparecer com os corpos de ativistas de esquerda durante a ditadura militar. São, portanto, argumentos oportunistas que guardam odor nauseante, que exala dos porões do regime autoritário que fez o Brasil andar para trás por duas décadas e meia. Deixar as terras de reserva entregues à ganância das mineradoras e das madeireiras não pode ser garantia de fronteira, como faz pensar a ênfase do homem de farda fazendo discursos políticos, o que, em si, já é de provocar arrepios. É, sim, a garantia do lucro nutrido pela ganância e pela falta de respeito para com o país e seus habitantes mais antigos: as nações indígenas.
Se você defende o direito à vida e à difusão da cultura das comunidades indígenas, assine pela internet a petição dirigida ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Copie e cole no espaço superior e envie.

http://www.petitiononline.com/INDIOS/petition.html

A lição que vem do marketing político

O micro-targeting saltou do mundo da política para o campo das empresas. A consultoria política Penn, Schoen & Berland (PSB), autora do trabalho "Silent Marketing: Micro-Targeting", dá vários exemplos que apontam para a emergência deste conceito. “A TiVo deixa-nos escolher o entretenimento que queremos. A XBox permite-nos viver experiências de jogo á nossa medida. O Google, MSN e Ask.com abrem-nos as portas para a informação que procuramos. A revista Time nomeou-o a si mesma - ninguém em particular - como a personalidade do ano 2006″, escreve a consultoria num paper divulgado recentemente.Para os especialistas em micro-targeting, isto significa que “acabaram os velhos tempos em que o indivíduo em particular, e todos os outros em geral, eram alimentados á força com o que os canais de TV, editoras e anunciantes lhe quisessem dar”. As expectativas dos consumidores estão muito mais altas e as mensagens e ofertas destinadas a largas faixas da população perderam o interesse.
O micro-targeting tornou-se palavra de ordem no marketing atual, mas nem por isso se generalizou o entendimento de como funciona. Alguns afirmam que o direct mail é micro-targeting. Outros dizem que qualquer plano de comunicação baseado numa segmentação detalhada dos consumidores é micro-targeting. Há ainda quem descreva os banners na internet e outros tantos que associam o conceito ao mobile marketing. Segundo a PSB, “estão todos errados”.O micro-targeting é, de acordo com os responsáveis pela estratégia de Bill Clinton nas presidenciais de 1996, “criar mensagens personalizadas, fatos e ofertas, prever com precisão o seu impacto e fazer chegar a mensagem diretamente aos indivíduos”.

Fatores de sucesso - Mas enquanto não abundam os exemplos na esfera corporativa, a experiência do micro-targeting na política aponta para cinco fatores que podem contribuir para o seu sucesso. No entendimento da PSB, qualquer campanha de micro-targeting bem sucedida deve ser concebida em torno de uma abordagem quantitativa. Tendo em conta o número infinito de combinações possíveis entre mensagens, fatos comprovativos e ofertas, e um target que pode chegar a milhões, apenas a investigação quantitativa permite a análise dos dados e determinação das combinações que funcionam para os diferentes indivíduos. Por outro lado, “é crítico testar estes três estádios do micro-targeting [mensagem, facto e oferta] face a face com a concorrência”. Através desta técnica, a precisão do impacto de uma campanha está entre os 70 e 90%, comparativamente á pesquisa tradicional - baseada em benchmarks ou atendendo a características como o apelo ou intenções de compra isoladas - cuja precisão está calculada em 20 a 30%.
Os mesmos três elementos têm de estar alinhados. Sem isto “é difícil explorar todo o potencial do micro-targeting”. Em muitos casos, refere a PSB, acontece as empresas oferecerem demasiados produtos e serviços. O resultado é a confusão nos consumidores e, não raras vezes, também na própria organização.
O quarto factor de sucesso diz respeito á realocação dos gastos em marketing. O micro-targeting abandona a oferta estandardizada e a comunicação de mass media que foi a base do marketing nos últimos 50 anos. Grandes companhias como a Procter & Gamble reconheceram os limites do modelo tradicional e estão a inverter os seus gastos em meios como as relações públicas e a internet. É gasto muito menos dinheiro em grandes produções e mais em produções low cost, relações públicas, mailing, eventos, internet e pesquisa. Enquanto já tanto foi dito sobre marketing de 360º, “uma campanha de micro-targeting bem gerida aproxima-se mais de cumprir esta promessa, já que o investimento em marketing é feito de uma forma muito mais equilibrada entre os vários elementos do mix”.
Por fim, o último factor de sucesso é “não revelar ao concorrente que está a elaborar uma estratégia de micro-targeting”, especialmente se esse desenvolver mensagens massificadas e ofertas comunicadas através (e diminuindo o papel) dos mass media. Se a concorrência estiver a fazer marketing tradicional, “ela vai estar á procura de outra mensagem massificada e quando não a encontrar parte do princípio que nada está a ser feito”. A melhor campanha de micro-targeting é aquela de que ninguém - imprensa generalista e a concorrência - conhece até ter atingido o seu objetivo: ganhar.

Micro numa cidade macro - Michael Bloomberg é um exemplo paradigmático da eficiência do micro-targeting junto de um grande público: os eleitores de Nova Iorque. O candidato pelo Partido Republicano enfrentava a eleição numa cidade onde 80% dos eleitores eram apontados como democratas.
De acordo com a análise da Penn, Schoen & Berland, a abordagem tradicional seria enviar mensagens especiais aos eleitores segmentados como mulheres, seniores, democratas e independentes. No trabalho da PSB para esta candidatura foram, no entanto, identificadas 200 variáveis e uma das cidades mais diversificadas do mundo foi segmentada em sete categorias separadas e estatisticamente distintas. Baseado em cada um destes segmentos foi desenvolvido um leque de mensagens potenciais e execuções alternativas.
Os inputs para este modelo incluíram demografia, psicografia, geografia, histórico dos votos, dados de estilo de vida e de consumo, sondagens e mensagens alternativas e, analisando as previsões, a consultora de micro-targeting político identificou a comunicação 'perfeita' para cada um dos 4,2 milhões de eleitores registados. Estas ações foram feitas num mix entre mailing, telefonemas, e-mailing, agentes de campo e convites para eventos. O resultado: Bloomberg ganhou com 57% dos votos contra 38% do adversário, enquanto nas eleições anteriores o candidato do Partido Republicano, Rudolf Giuliani, não tinha conseguido mais de 50% face aos 48% do seu oponente.

segunda-feira, abril 21, 2008

Obama e o marketing eficiente

Não é apenas no cenário político que a campanha de Barack Obama para a candidatura democrata à eleição presidencial norte-americana está chamando a atenção. Ela tem colhido fartos elogios entre designers e profissionais de marketing. "Obama é o primeiro candidato presidencial a ser vendido como um produto de ponta", disse o designer gráfico Michael Bierut, ao comparar a "marca Obama" a nomes conhecidos como Target e Apple - empresas percebidas nos Estados Unidos como transparentes, abertas e amigáveis. O trabalho dos correligionários de Barack Obama também é diferenciado, como notou o estrategista político Joe Erwin num artigo para a revista Advertising Age. Na primária da Carolina do Sul, Erwin mostrou-se impressionado com o grau de organização da equipe: "Em 30 anos acompanhando campanhas no estado, nunca tinha visto algo assim". A organização pode ser detectada no processo de contribuições a Obama pela internet. Uma amiga de Erwin (não filiada ao partido democrata), fez uma doação de US$ 50 por meio do site do candidato. Em menos de dois minutos, um assessor mandou um e-mail de agradecimento, dando-lhe a notícia que um contribuinte de Ohio tinha acabado de equiparar a doação, com um cheque no mesmo valor. Dois minutos mais tarde, novamente um e-mail da campanha, comunicando que outra doação de US$ 50 tinha sido realizada por um outro contribuinte. Desta vez, a assessoria perguntava se ela não gostaria de equiparar a nova doação, e se o seu endereço eletrônico poderia ser compartilhado com o contribuinte, para agradecimentos. "Isso não é publicidade tradicional. Essa dinâmica é própria das redes de relacionamento", diz Erwin.
O casamento de política e marketing não é, obviamente, novidade. John F. Kennedy em 1960, Richard Nixon em 1968 e Ronald Reagan em 1980 tornaram-se casos clássicos de marketing eleitoral. Porém, de acordo com Bierut, o segredo do sucesso de branding que desembocou numa "Obamania" nos Estados Unidos, pode ser explicado em grande parte pela consistência e unidade de comunicação, algo que abarca desde a postura do candidato e seu discurso, até o seu logotipo, os cartazes e o web design da campanha. No site, nos outdoors, em cartazes, cartas e e-mails de Obama, é utilizada uma única fonte tipográfica, chamada gotham, criada originalmente para a elegante revista GQ. "Esse grau de controle da campanha não tem precedente nos Estados Unidos", diz Bierut. "É comum, aqui e ali, alguém esquecer a disciplina e usar uma arial [outra fonte tipográfica]". Ele faz a ressalva, porém, de que tal estratégia traz um risco: o da percepção do eleitor democrata de que Barack Obama tem mais "estilo do que substância". Se isso vai acontecer ou não, o tempo dirá.

Branding – No jargão do marketing, refere-se às ações de propaganda, design e relações públicas que visam construir e diferenciar uma marca em relação às concorrentes. O branding emprega diversas mídias para atingir o consumidor.

segunda-feira, abril 14, 2008

Calendário eleitoral 2008

Hoje encerra-se o prazo para que os partidos entreguem a relação de filiados à Justiça Eleitoral. Para concorrer ao pleito municipal de 5 de outubro próximo, o candidato deve estar filiado à sigla partidária um ano antes da eleição. Se você tem interesse no tema, o post a seguir é de suma importância. Baseado no calendário elaborado pelo DIAP, estabelece aqui um calendário das datas-chave na disputa pelas prefeituras brasileiras e pelas vagas nas câmaras de vereadores de todo o país.

2008. TODOS OS PRAZOS DA LEI ELEITORAL

Fique atento ao calendário das eleições municipais

No ano passado, a data mais importante do calendário eleitoral foi o dia 5 de outubro que correspondia exatamente a um ano antes do pleito de 2008. Nesse dia, encerraram-se três prazos importantes: 1) para os partidos obterem registro de seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral; 2) para os candidatos a cargo eletivo requererem inscrição eleitoral ou transferência de domicílio para a circunscrição na qual pretendem concorrer; e 3) para os candidatos a cargo eletivo estarem com a filiação deferida no âmbito partidário.

Até a eleição, que está agendada para o dia 5 de outubro de 2008, candidatos, partidos e eleitores precisam ficar atentos ao calendário eleitoral, que define prazos como o do início e término da propaganda partidária gratuita no rádio e televisão; a transferência de domicílio eleitoral e a realização de convenções destinadas a deliberar sobre coligações e escolher os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador.

Desincompatibilização

Nesse item, há três datas diferentes a observar: a primeira para os governadores; a segunda para os ministros de Estado; e a terceira para os dirigentes sindicais e servidores públicos em geral.

Os prefeitos que estão no exercício do primeiro mandato não precisam deixar o cargo para concorrer à reeleição. O mesmo ocorre com os parlamentares que querem disputar o pleito municipal. Esses não precisam se licenciar do mandato no do Congresso Nacional, tampouco das assembléias legislativas ou das câmaras municipais. Atores e jogadores de futebol também não precisam interromper suas atividades para se candidatar nas eleições de 2008.

Governadores

Os governadores de estado que quiserem concorrer à prefeitura devem deixar a atual função até o dia 5 de abril (seis meses antes da eleição). O vice-governador e vice-prefeito que não substituiu o titular nos seis meses anteriores ao pleito nem o sucedeu não precisa sair do cargo para concorrer à prefeito.

Ministros de Estado

Em 5 de junho deste ano (quatro meses antes da eleição) devem sair de seus postos aqueles que almejam uma vaga de prefeito e são ministros de Estado; membros do Ministério Público; defensores públicos; magistrados; os militares em geral; os secretários estaduais e municipais; os que ocupam a presidência, a diretoria ou a superintendência de autarquia ou empresa pública; os que são chefes de órgãos de assessoramento direto, civil e militar da Presidência da República, entre outros.

Dirigente sindical

Os dirigentes sindicais candidatos à eleição municipal deste ano devem se afastar da direção da entidade até 5 de junho de 2008 (quatro meses antes da eleição). O afastamento não é definitivo nem implica renúncia do cargo ou função. Todos os dirigentes titulares, exceto suplentes e membros do conselho fiscal, são obrigados a licenciar-se.

Isto quer dizer que o dirigente sindical que se licenciar para concorrer à prévia eleitoral ou convenção partidária e não conseguir viabilizar sua candidatura poderá retornar ao seu posto na entidade. O mesmo ocorre quando candidato não é eleito.

Servidor público

O servidor público que pretenda se candidatar às eleições deve pedir licença de seu cargo ou emprego até 5 de julho de 2008 (três meses antes das eleições). É garantido o direito à percepção dos vencimentos integrais durante o período de licença.

São considerados servidores públicos, para este efeito, todos os funcionários da Administração Direta, das autarquias, das fundações e da Administração indireta, inclusive empresas públicas e sociedades de economia mista, dos três níveis de governo: União, estados e municípios. Enfim, todos os servidores, estatutários ou não, incluindo os funcionários de estatais.

Convenções partidárias


Os partidos políticos se reúnem previamente para definir seus candidatos aos cargos em disputa, que no caso da eleição de 2008, são os seguintes: prefeito, vice-prefeito e vereador. São as chamadas convenções partidárias, cujo prazo de realização irá de 10 a 30 de junho.

Propaganda eleitoral


O calendário eleitoral prevê vários prazos no que se refere à propaganda eleitoral. O primeiro deles tem início em 1° de julho, quando fica proibida a veiculação de propaganda política gratuita ou paga em rádio e TV.

Isto significa que as emissoras de rádio e televisão não poderão, por exemplo, utilizar sua programação normal e o noticiário para veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato, partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos.

Início da propaganda

A propaganda eleitoral será permitida a partir de 6 de julho. Cartazes, filipetas e faixas, carros de som, começarão a circular pela cidade. Somente em 19 de agosto, terá início o período da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Esse prazo se estende até 2 de outubro (três dias antes da eleição).

Outros prazos importantes que expiram nos dias 3 e 4 de outubro são os seguintes: divulgação de propaganda paga em jornal, revista ou tablóide e na internet; uso de alto-falantes, realização de comício, carreata e distribuição de material de propaganda.

2º turno

A continuação da campanha em 2° turno terá como prazos, no que diz respeito à propaganda: de 13 a 24 de outubro divulgação da propaganda gratuita no rádio e na televisão; 25 de outubro último para promoção de carreata e distribuição de material de propaganda política, utilização de alto-falantes e amplificadores de som e realização de comício. (Alysson Alves)

Datas importantes do calendário eleitoral:

5 de outubro de 2007 (um ano antes) - todos os partidos que pretendem participar das eleições de 2008 devem ter obtido registro de seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral;data limite para os candidatos a cargo eletivo requererem inscrição eleitoral ou transferência de domicílio para a circunscrição na qual pretendem concorrer; e também a filiação deferida no âmbito partidário.

1º de janeiro de 2008 - terça-feira - data a partir da qual as entidades ou empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos candidatos ficam obrigadas a registrar no juízo eleitoral ao qual compete fazer o registro dos candidatos as informações previstas em lei e em instruções expedidas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

8 de abril - terça-feira (180 dias antes) - último dia para o órgão de direção nacional do partido político publicar, no Diário Oficial da União, as normas para a escolha e substituição de candidatos e para a formação de coligações, na hipótese de omissão do estatuto;

Data a partir da qual, até a posse dos eleitos, é vedado aos agentes públicos fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição.

7 de maio - quarta-feira (151 dias antes) - último dia para o eleitor requerer inscrição eleitoral ou transferência de domicílio; e último dia para o eleitor que mudou de residência dentro do município pedir alteração no seu título eleitoral.

10 a 30 de junho - período em que os partidos devem realizar convenções para decidir sobre coligações e escolher candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador.

1º de julho - terça-feira - data a partir da qual não será veiculada a propaganda partidária gratuita e nenhum tipo de propaganda política paga no rádio e na televisão.

5 de julho - sábado (três meses antes) - último dia para os partidos políticos e coligações apresentarem no cartório eleitoral, até as 19 horas, o requerimento de registro de seus candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador.
Data a partir da qual servidores não podem ser nomeados, removidos ou exonerados.

O governo federal fica proibido de liberar recursos aos estados e municípios, exceto verba destinada a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou de serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.

Data a partir da qual é vedado aos candidatos aos cargos de prefeito e de vice-prefeito participar de inaugurações de obras públicas.

Os candidatos à reeleição ficam proibidos de fazer propaganda institucional de ações feitas por sua administração. Também ficam proibidos de fazer pronunciamento em cadeia de rádio e de televisão fora do horário eleitoral gratuito.

6 de julho de 2008 - domingo - data a partir da qual será permitida a propaganda eleitoral. Os candidatos, os partidos políticos e as coligações poderão realizar comícios e utilizar aparelhagem de sonorização fixa, das 8 horas às 24 horas.

7 de julho de 2008 - segunda-feira - último dia para os candidatos requererem seus registros perante os cartórios eleitorais, até as 19 horas, caso os partidos políticos ou coligações não os tenham requerido.

8 de julho - terça-feira - início do prazo para o TSE e os TREs convocarem os partidos e a representação das emissoras de TV para elaborarem plano de mídia para uso de parcela do horário eleitoral gratuito a que cada partido tenha direito.

11 de junho de 2008 - quarta-feira - data a partir da qual caberá a cada partido político fixar o limite de gastos de campanha para os cargos em disputa, comunicando à Justiça Eleitoral, que dará a essas informações ampla publicidade.

21 de julho - segunda-feira -último dia para os partidos políticos registrarem, perante o juízo eleitoral encarregado do registro dos candidatos, os comitês financeiros.

31 de julho - quinta-feira - data a partir da qual, até o dia do pleito, o TSE poderá requisitar das emissoras de rádio e de televisão até 10 minutos diários, contínuos ou não, que poderão ser somados e usados em dias espaçados, para a divulgação de seus comunicados, boletins e instruções ao eleitorado.

6 de agosto - quarta-feira (60 dias antes) - data em que os partidos políticos e os candidatos são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede mundial de computadores (Internet), relatório discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados somente na prestação de contas final.
Último dia para o eleitor que estiver fora do seu domicílio requerer a segunda via do título eleitoral ao juiz da zona em que se encontrar, esclarecendo se vai recebê-la na sua zona ou naquela em que a requereu.

19 de agosto - terça-feira - início do período da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.

6 de setembro - sábado - data em que os partidos políticos, as coligações e os candidatos são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede mundial de computadores (Internet), relatório discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados somente na prestação de contas final.

15 de setembro - segunda-feira (20 dias antes) - último dia para o Tribunal Superior Eleitoral apresentar aos partidos políticos os programas de computador a serem utilizados nas eleições.

20 de setembro - sábado (15 dias antes) - data a partir da qual nenhum candidato poderá ser detido ou preso, salvo em flagrante delito.

25 de setembro - quinta-feira (10 dias antes) - último dia para o eleitor requerer a segunda via do título eleitoral.

30 de setembro - terça-feira (5 dias antes) - data a partir da qual e até 48 horas depois do encerramento da eleição, nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

2 de outubro - quinta-feira (3 dias antes) - último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, em comícios ou reuniões públicas e a realização de debates.

3 de outubro - sexta-feira (2 dias antes) - último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido político ou coligação, de um oitavo de página de jornal padrão e um quarto de página de revista ou tablóide. Último dia para propaganda eleitoral em páginas institucionais na Internet.

4 de outubro - sábado (1 dia antes) - último dia para a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8 horas e as 22 horas, bem como para a promoção de comício ou utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8 horas e as 24 horas. Último dia para a promoção de carreata e distribuição de material de propaganda política.

5 de outubro de 2008 - domingo - realização das eleições. Das 8h às 17h.


7 de outubro - terça-feira - início da propaganda eleitoral do segundo turno.
Data a partir da qual será permitida a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8 horas e as 22 horas, bem como a promoção de comício ou utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre 8 horas e às 24 horas.
Data a partir da qual será permitida a promoção de carreata e distribuição de material de propaganda política.

13 de outubro - segunda-feira - início da propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na televisão, relativo ao segundo turno.

23 de outubro - quinta-feira (3 dias antes) - último dia para a propaganda política mediante comícios ou reuniões públicas.

24 de outubro - sexta-feira (2 dias antes) - último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão; último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido político ou coligação, de um oitavo de página de jornal padrão e um quarto de página de revista ou tablóide. Último dia para a realização de debates. Último dia para propaganda eleitoral em páginas institucionais na Internet.

25 de outubro - sábado (1º dia antes) - último dia para a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8 horas e às 22 horas, bem como para a promoção de comício ou utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8 horas e às 24 horas. Último dia para a promoção de carreata e distribuição de material de propaganda política.
26 de outubro - domingo - dia da eleição em 2º turno.

13 de novembro - quinta-feira - último dia para o juiz eleitoral divulgar o resultado da eleição proporcional para vereador e proclamar os candidatos eleitos. Último dia para o juiz eleitoral divulgar o resultado da eleição majoritária de 26 de outubro e proclamar os candidatos eleitos.

25 de novembro - terça-feira - (30 dias após o 2º turno) - último dia para a retirada da propaganda relativa às eleições nos municípios em que não houve votação em segundo turno.

4 de dezembro - quinta-feira - último dia para o eleitor que deixou de votar no dia 5 de outubro (1º turno) apresentar justificativa ao juiz eleitoral.

18 de dezembro - quinta-feira - último dia para a diplomação dos eleitos.

26 de dezembro - sexta-feira - último dia para o eleitor que deixou de votar no dia 26 de outubro (2º turno) apresentar justificativa ao juiz eleitoral.

domingo, abril 13, 2008

Quem matou o jornal?

Da edição impressa de The Economist

A parte mais profícua da mídia está desaparecendo, motivo para preocupação, mas não para pânico.

Em 1961, Arthur Miller cunhou para a história do jornalismo universal: "Um bom jornal, penso eu, é uma nação falando consigo mesma". Uma década mais tarde, dois repórteres do Washington Post escreveram uma série de reportagens que levou à derrocada do Presidente Nixon, e o jornalismo impresso ganhava maior prestígio. Na melhor das hipóteses, os jornais - que geralmente definem a pauta de notícias para as outras mídias - deveriam obrigar governos e empresas a prestar contas; mas em países ricos os jornais são agora uma espécie ameaçada de extinção. O negócio de vender a palavra aos leitores e estes aos anunciantes - papel pelo qual o jornal se sustenta na sociedade - está se deteriorando.
De todas as "antigas" mídias, o jornal é o que mais tem a perder com a internet. Há décadas a circulação de jornais impressos tem tido uma queda nos Estados Unidos, Europa Ocidental, América Latina, Austrália e Nova Zelândia (em outros lugares, as vendas têm aumentado). Porém, nos últimos anos, a web tem acelerado esta baixa. Philip Meyer, autor do livro "The Vanishing Newspaper" (O desaparecimento do jornal), calcula que o primeiro trimestre de 2043 será o momento em que o texto impresso em papel desaparecerá nos Estados Unidos, assim que o último leitor esgotado jogar fora a última edição gasta e amassada. Este tipo de inferência teria produzido um desconforto em Beaverbrook ou Hearst, mas até o mais poderoso e cínico homem de notícias não poderia negar o fato de que cada vez mais os jovens estão buscando notícias pela internet. Jovens britânicos entre 15 e 24 anos dizem que passam quase 30% a menos de tempo lendo os jornais nacionais depois que começaram a usar a internet.
A propaganda está seguindo os leitores para fora de casa. A velocidade é quase incômoda, em grande parte, porque a internet é uma mídia atraente que supostamente aproxima compradores de vendedores e prova aos anunciantes que o dinheiro deles está sendo bem aplicado.
Os anúncios de classificados, em particular, estão migrando rapidamente para a internet. Rupert Murdoch, o Beaverbrook de nossa época, descreveu-os uma vez como o rio de ouro da indústria - mas, segundo ele mesmo: "Às vezes, o rio seca". Na Suíça e na Holanda, os jornais perderam metade dos seus anúncios de classificados para a internet. Ainda não há um grande número de jornais fechando as portas, mas isso é só uma questão de tempo. Ao longo das próximas décadas, metade dos jornais correntes dos países ricos vai encerrar suas atividades. Os empregos já estão desaparecendo. Segundo o Newspaper Association of America, o número de pessoas empregadas na indústria caiu em 18% entre 1990 e 2004. As ações em baixa das empresas de jornais listadas na bolsa de valores têm despertado a exaltação dos investidores. Em 2005, um grupo de acionistas da Kinight Ridder, proprietária de uma cadeia de jornais dos Estados Unidos, fez a firma vender seus jornais, acabando assim com uma história de 114 anos. Este ano, a Morgan Stanley, um banco de investimentos, atacou a New York Times Company - a instituição jornalística mais respeitável de todas - porque o preço de suas ações caiu quase à metade em quatro anos. Enfim os jornais estão acordando, depois de anos ignorando a realidade. Muitos também estão tentando atrair jovens leitores direcionando o conteúdo de suas histórias para o entretenimento, estilos de vida e assuntos que pareçam mais relevantes à vida diária das pessoas do que as notícias internacionais e de política. Eles estão tentando criar novos negócios dentro e fora da internet, além de investir em jornais diários gratuitos, que não esgote nenhum de seus limitados recursos editoriais voltados para revelar a corrupção política ou a fraude empresarial. Até agora, esta explosão de atividades não parece ser a salvação de muitos deles. Mesmo se o for, ela anuncia a degradação do papel público da imprensa.
No futuro, quando os jornais desaparecerem e se transformarem, poderão os políticos violar e roubar o escritório de seus inimigos sem ser punidos? E os bandidos corporativos rirão enquanto pisam em suas vítimas? As escolas de jornalismo e think-tanks (grupos de estudo independentes), principalmente nos Estados Unidos, estão preocupadas com o efeito de uma desagregação do "quarto poder". As organizações de notícias de hoje "estarão à altura para manter os cidadãos informados, sobre a qual a democracia se sustenta?", perguntou uma recente reportagem sobre os jornais da Carnegie Corporation de Nova Iorque, uma fundação de pesquisas beneficente. Ninguém gostaria de morrer com títulos importantes no passado. Entretanto, o declínio do jornal não será tão prejudicial à sociedade quanto alguns pensam. A democracia, lembre-se, já sobrevivera ao enorme declínio gerado pela televisão, em circulação desde os anos 50; sobrevivera quando os leitores desprezaram os jornais e estes desprezaram o que em tempos mais difíceis era tido como notícia séria, e certamente sobreviverá ao declínio que está por vir. Isto se deve, em parte, aos poucos títulos que investem no tipo de estórias investigativas muitas vezes benéficas à sociedade - a maioria tem boas chances de sobreviver, contanto que seus proprietários façam um bom serviço na hora de se ajustarem aos tempos de mudança. Publicações como o New York Times e o Wall Street Journal poderiam elevar o preço de seus jornais para compensar a perda de ganhos publicitários para a internet - especialmente quando direcionados a um leitor mais global. Como em muitas indústrias, são aquelas que estão no meio - nem muito marrom, nem muito populista - as mais prováveis de morrerem no caminho. A função da imprensa vai muito além de investigar abusos ou mesmo divulgar notícias gerais; trata-se de responsabilizar os governos e submetê-los ao julgamento da opinião pública. A internet expandiu este julgamento. Qualquer pessoa interessada em informação nunca esteve tão bem equipada. Elas não precisam mais acreditar em um punhado de jornais nacionais ou, pior, no jornal local de sua cidade. Sites de agrupamento de notícias, como o Google news, reúne fontes do mundo todo. O website do jornal britânico Guardian tem agora quase a metade de muitos leitores nos Estados Unidos quanto em seu próprio país. Além disso, uma nova força de jornalistas "cidadãos" e bloggers estão ávidos por obrigar os políticos a prestarem contas. A web abriu o mundo fechado dos editores e repórteres profissionais a qualquer um com teclado e uma conexão à internet. Várias companhias são repreendidas por postings amadores - de chamas saindo de laptops da Dell ou de um funcionário da empresa de TV a cabo dormindo no sofá. Cada blogger pode influenciar e espalhar notícias falsas, porém, ao todo, os bloggers oferecem ao pesquisador - atrás da notícia - material ilimitado para se pensar a respeito. Claro, a internet explora a curiosidade de mentes fechadas; mas assim tem feito a maior parte da imprensa.
Para a reportagem de notícias e coberturas mais densas - como oposição à opinião - os resultados do jornalismo na internet foram, de fato, limitados. A maioria dos bloggers opera de suas poltronas, não na linha de frente, e jornalistas cidadãos tendem a não fugir das questões locais. Mas ainda é muito cedo. Novos modelos on-line irão aparecer enquanto os jornais podem desaparecer. Um grupo sem fins lucrativos, o NewAssignment.Net, planeja combinar o trabalho de amadores e profissionais com o intuito de produzir histórias investigativas na internet. Em boa hora, 10.000 mil dólares em espécie para o projeto vieram da Craig Newmark, da Craiglist, um grupo de websites de anúncios classificados grátis, que provavelmente fez de tudo para acabar com o ganho dos jornais. No futuro, afirma Carnegie, qualquer jornalismo de alta qualidade será endossado por organizações sem fins lucrativos. Já existem algumas organizações de notícias que se sustentam desta maneira - incluindo o The Guardian, O Christian Science Mionitor e a National Public Radio.
Um grupo de elite com sérios jornais disponíveis on-line em qualquer lugar, jornalismo independente apoiado por instituições beneficentes, milhares de bloggers entusiasmados e jornalistas cidadãos bem informados: existem vários sinais mostrando que o diálogo nacional de Arthur Miller será mais ouvido do que nunca.