Segundo dados apresentados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob o registro de número 7594/2010, o levantamento foi feito entre os dias 5 e 9 de abril em 24 Estados, com 2.000 entrevistas.
A rigor, não há surpresas nesses números.
A tendência de crescimento de Dilma era constante e a estagnação de Serra começou a produzir uma queda residual desde março. Em campanha costumamos dizer que “quem está subindo não pára de subir, quem está caindo não pára de cair”. Aqui, a lógica se aplica.
Os números de agora são decorrentes de uma tendência detectada desde antes e sobre os quais eu já havia me pronunciado aqui, afirmando que Dilma passaria de Serra antes que se desse início ao horário eleitoral gratuito.
Também disse o motivo dessa tendência: a estabilidade do pais, a imagem positiva de Lula, a ascensão social das camadas C e D e o discurso atrasado e sectário do bloco PSDB-DEM, que insiste em não reconhecer aquilo que o povo reconhece, que o pais melhorou desde a subida de Lula ao poder.
A falta de carisma de Serra, seu discurso “paulista” e sua retórica raivosa vão na contra-mão do que o povo pensa, entende e quer. Ele perderá a eleição para Dilma porque usa uma estratégia errada e baseada em uma crença errada: a de que Lula é um estúpido, o PT é um mal para o Brasil e Dilma é fraca. Esses preconceitos turvam a visão dos dirigentes tucanos e os impedem de ver claramente, por exemplo, que a conversa fiada de que o país está melhor agora porque o PSDB lançou as bases da estabilidade econômica é fraco e não ganha voto. Levada às últimas conseqüências esse argumento torpe daria a responsabilidade pela boa fase do Brasil a... Pedro Álvares Cabral. Depois de Collor, nosso eleitor não acredita em lorotas. É preciso que as coisas façam sentido.
Acostumados ao poder porque nasceram nele, os tucanos nunca aprenderam uma lição básica de posicionamento: se você é oposição e quer ganhar a maioria, tem que falar o que a maioria entende a partir do ponto de vista da maioria.
Ir na contra-mão não levará você ao lugar onde quer chegar.
Ir na contra-mão não levará você ao lugar onde quer chegar.
Pessoas vivem em uma sociedade saturada de comunicação. Para se defender, nossa mente tende a simplificar as mensagens. Daí que sua informação, sua propaganda, seu discurso devem ser o mais simplificados possível. Um importante princípio é o de que o receptor é a peça fundamental no processo de comunicação. Ou seja, o eleitor, aquele que recebe a informação das suas vantagens competitivas, é só o que interessa. Você deve atendê-lo, deve comunicar a ele o que interessa a ele. Ou melhor, você deve provocar o interesse nele dizendo coisas que lhe parecem familiares. A forma de provocar esse interesse deve estar alinhado com os valores, os princípios, a missão e a visão de sua campanha, de sua plataforma, mas deve já estar presente no imaginário médio, porque as pessoas só vêem o que esperam ver.
Cinismo? Não, o nome da técnica que garantiu o sucesso de Obama, de Lula e de grandes marcas comerciais chama-se posicionamento. E isso a campanha do PSDB não tem e a de Dilma tem. Ela é a continuidade de Lula. Parece pouco, mas será o suficiente.
Cinismo? Não, o nome da técnica que garantiu o sucesso de Obama, de Lula e de grandes marcas comerciais chama-se posicionamento. E isso a campanha do PSDB não tem e a de Dilma tem. Ela é a continuidade de Lula. Parece pouco, mas será o suficiente.
Achar que um candidato em si, que uma pessoa em si, por mais carismática que seja – e Serra só é mais carismático que uma vassoura se você não estiver olhando para a vassoura – pode substituir uma estratégia baseada no posicionamento é o que vai levar o tucanato a um honroso segundo lugar no pleito de 2010.
Pesquisa Vox Populi divulgado em 4 de Marco encomendada pela rede de televisão Bandeirantes mostrava Serra na liderança com 34% dos votos, mesma porcentagem registrada em janeiro, ou seja, mostrava que Serra tinha “batido no teto”. Já Dilma tinha crescido quatro pontos percentuais, subindo para 31% das intenções de voto, segundo o levantamento.
Como a margem de erro era de 3 pontos, esses números já indicavam empate técnico num cenário de crescimento de uma das candidaturas.
Por isso, os números da pesquisa Sensus de hoje não deveriam surpreender ninguém. Como, então, essa obviedade por ter surpreendido os tucanos e provocado uma reação histérica?
Meu professor de estatística dizia que pesquisa de opinião é a arte de torturar os números até que eles nos digam o que queremos ouvir. Para o PSDB essa máxima é uma lei de ferro prestes a ruir.