terça-feira, novembro 27, 2007

Propaganda ruim

Não digo isso por minha formação de esquerda ou por minha notória simpatia pelo presidente Lula. Digo isso como profissional de marketing habituado a resolver problemas de comunicação de difícil solução. É muito, muito ruim a campanha nacional de tv do PSDB, que atribui a si mesmo os acertos do governo Lula, acusando o PT de "copiar" suas "boas idéias" e atribuindo os erros de Lula ao fato dele não ter "copiado" outras "boas idéias" do partido azul e amarelo. Parece propaganda de Caninha 51 vencida. Talvez seja a respeito disso que o novo presidente nacional do PSDB se referiu no programa Roda Viva, ao dizer que o partido tem "problema de comunicação". Sim, a comunicação é ruim porque é pobre em simbologia e em discurso persuasivo. Não tem proposta alguma. É uma crítica debochada e estéril. Não serve para afirmação partidária nem serve para desmontar o discurso do adversário. Ao contrário, o reforça, ao rememorar justamente o que é visto pela maioria da população como acertos (marcas) do governo atual. Não é um discurso legítimo de oposição, mas um discurso de quem tem saudade de ser situação. São exilados do poder cantando seus lamentos. Quem fez essa campanha do PSDB deveria ser processado por exercício ilegal da profissão, é um ignorante na matéria. Se me disserem que foi o Nizan, diria que ele então desaprendeu o ofício. Mas não é só de comunicação o problema do PSDB, porque comunicação política é, antes de tudo, política, para só depois ser comunicação. Então, os erros de comunicação de marketing de um partido político são, em última instância, erros da política transferidos ao marketing. E a política continua ruim, errando o alvo, confundindo tática com estratégia, misturando um discurso de oposição claudicante com um sotaque de situação indisfarçável. Para piorar, houve a fala de Fernando Henrique, não apenas preconceituosa, mas sobretudo burra, discriminando no Presidente da República justamente um de seus sinais de igualdade com o povo brasileiro, que é a fala simples e eivada de vícios de linguagem, usada por milhões de brasileiros para fazerem desse país uma das maiores economias do mundo. Se as eleições fossem decididas na cátedra de Letras, talvez FHC tivesse alguma chance de audiência a esse tipo de fala intelectualmente indigente e politicamente equivocada mas que, na essência, assume a cara de um PSDB elitista, incapaz de ser, por qualquer das vias, uma oposição confiável à Lula e seu governo. Vejo os comerciais na TV e penso: quem é mesmo que não sabe falar português? Santíssima ignorância.