O mais antigo museu da comunicação da Europa, o ex-Museu dos Correios, de Berna, virou outro em 2003 e desde então apresenta técnicas expositivas de vanguarda.
O Museu da Comunicação de Berna, conhecido além das fronteiras regionais, sacudiu a poeira do passado. Agora o conceito de base não é mais a técnica, e, sim, a cultura da comunicação humana. Um passo decisivo rumo à tendência moderna segundo a qual uma visita a um museu deve ser uma experiência que camufla o aspecto "didático" no jogo e na encenação teatral dos temas. Esse conceito é integrado também menos pelas vitrines que pelo percurso, feito de cassetes, nichos, corredores...
Ilhas temáticas
Com a reforma, o espaço foi subdividido em distintas ilhas evocativas de diferentes tipos de comunicação, com reconstruções que mesclam objetos verdadeiros com efeitos especiais e uma iluminação colorida, concentrada "cênicamente" nos pontos de interesse.
A importância que tinham, por exemplo, as cartas no século XIX não é explicada com longos textos mas com um filme tridimensional de 16 minutos, que conta a história de um carteiro da época.
Em volta da tela os saudosos carros-correio da coleção permanente, caixas de cartas, maquetas e escrivaninhas em que se pode experimentar a escrever cartas como no passado, o que na era dos mails e sms parece do domínio da paleontologia.
Variado e dinâmico
Embora o espaço não seja enorme, a visita é bastante rica em experiências. Das personagens nas telas interativas – que têm respostas pré-programadas e respondidas a segundos depois das perguntas de maneira mais ou menos interessante e arguta ou, ao invés, de maneira banal – à cozinha "encantada" onde, quando são roçados, os objetos falam com vozes de três diferentes mulheres de três distintas gerações.
Existe também uma pequena grua mecânica que desloca pesos "virtuais" visíveis numa tela. Quem aciona as alavancas não vê a tela e só se alguém se colocar em frente da mesma e der instruções justas, portanto se comunicar bem, a operação é bem sucedida.
Trata-se de um teste bastante divertido sobre a capacidade de estabelecer uma comunicação eficaz, mas com o risco de desfechar vivas disputas familiares ("você disse a esquerda... sim, disse, mas minha esquerda", e daí pra frente).
Do "face a face" à comunicação a distância
O início da exposição está consagrado à linguagem do corpo, da vestimenta, às diferenças de gerações e culturas: um imigrante siciliano explica em um alemão muito aproximativo porque depois de trinta anos de trabalho na Suíça ainda fale tão mal a língua local.
Com a mídia, o rádio, a televisão, a Internet é, porém, abordada a comunicação a distância. Pode-se compor um programa radiofônico, mas também rever ou ouvir de novo centenas de transmissões dos arquivos da sociedade nacional de rádio e televisão: SSG SSR idée suisse.
A propósito do italiano – uma das línguas oficiais falada por menos de 10% da população – ele está praticamente ausente. Sinal de que a "comunicação" em italiano no governo suíço está perdendo força. As legendas são em alemão, francês e inglês. Turistas em Berna não faltam, explica o diretor do museu, mas são poucos os italianos e os ticineses (habitantes do Cantão do Ticino, sul dos Alpes, que falam o italiano ou um dialeto italiano).
A maioria dos cerca de 50 mil visitantes anuais (que, com a renovação, o museu gostaria de elevar a 60 mil) são suíços alemães. Aumentam, porém, os romandos (habitantes da Romandia, região de língua francesa que representa cerca de 20% dos habitantes).
Magra consolação para os suíços de língua italiana: com a última fase de reestruturação ainda em 2006, quando será integrada o setor de filatelia, estarão disponíveis pelo menos fones com visitas guiadas em italiano.
swissinfo, Raffaella Rossello, Berna