segunda-feira, julho 06, 2009

O plano real da Globonews

Com o pretexto de "comemorar" os 15 anos do Plano Real (aquele do corte dos zeros), o canal Globo News entrou em campanha eleitoral antecipada e fez uma grande festa, convidando para o banquete midiático apenas os tucanos de alta plumagem. Mas esqueceu, estranhamente, de fazer jornalismo, matéria que vende aos seus assinantes. Afinal, o "pai" do Plano, ou seja, o presidente Itamar Franco, o responsável pela criação e implementação Real não foi nem ouvido nem citado nas matérias que enaltecem a "competência" e "sapiência" de FHC e sua turma.
Em seu blog (http://www.viomundo.com.br/), o jornalista Luiz Carlos Azenha acerta o tom dos fatos, dando voz a Itamar, como você pode conferir a seguir:

O ex-presidente da República Itamar Franco fez duras críticas à campanha do PSDB por ocasião dos 15 anos do Plano Real, comemorados hoje. Em entrevista à Rádio Eldorado, Itamar disse que a campanha deturpa e nega a história e lembrou que a equipe de formuladores do plano era composta por integrantes de outros partidos. "A todo instante assistimos na TV o PSDB comemorando os 15 anos do Plano Real. Oras, isso não nos magoa, mas é uma deturpação, uma negação da história." Itamar afirmou que combaterá o PSDB se o partido defender a paternidade do Plano Real durante as eleições 2010.
Presidente de 1992 a 1995, Itamar chamou para si a responsabilidade política pela implantação do Real, em 1994, e ressaltou o papel de outros políticos e economistas. "O grande ministro do Plano Real chama-se (Rubens) Ricupero e, em seguida, Ciro (Gomes). E depois houve Paulo Haddad, Eliseu Resende. O plano não é só de um ministro. E é preciso lembrar que o Plano Real foi assinado pelo presidente da República, não por uma ordem técnica. A parte política foi garantida pelo presidente da República", afirmou.
Na entrevista, Itamar lembrou que, pouco antes da implantação do plano, o então ministro da Fazenda Rubens Ricupero o procurou para dizer que a equipe econômica temia pelo Plano Real porque não conseguia chegar a um acordo sobre o câmbio. Também temia as consequências políticas, por conta das eleições presidenciais, que seriam realizadas naquele ano. "Eu disse para ele resolver a parte técnica porque eu iria implantar o plano no dia 1º de julho. Ele disse ''tecnicamente eu resolvo'', e eu respondi: ''politicamente resolvo eu''."