Rupert Murdoch, o magnata da mídia dono da News Corp, atraiu milhares de leitores para sua edição on-line do Times londrino para, de uma hora para a outra, decidir fechar a porteira e limitar o acesso apenas a assinantes.
Cerca de 150 mil leitores aceitaram registrar-se no site do Times, pouco mais de 12% do número de leitores on-line durante o período gratuito. Desses, somente 15 mil aceitaram pagar pelo acesso ao conteúdo. Ou seja, Murdoch conseguiu perder 98,8% dos leitores do site do Times ao passar a cobrar pelo acesso aos textos do jornal. Um fracasso retumbante.
Poderia, simplesmente, ampliar as possibilidades de publicidade no site, vendendo sua audiência como público-alvo para anunciantes e com isso garantir a rentabilidade do empreendimento.
No entanto, o cidadão Kane do século XXI acredita liderar uma cruzada em defesa dos direitos autorais, outra utopia burguesa ferida de morte pela internet. Acusa as ferramentas de busca de "plagiarem" o conteúdo de seus jornais. “São as pessoas que simplesmente pegam tudo e saem correndo, que roubam nossas matérias, que as pegam sem pagar. É o Google, é a Microsoft, é o Ask.com, um monte de pessoas”, indigna-se o barão da imprensa.
Com a medida, Murdoch queria impedir o que chama de plágio - na verdade, a difusão, a propagação da notícia por outras ferramentas - e obrigar os leitores de seu site a pagar pelo material consumido. Para ler, você precisa pagar.
Não deu certo. Não poderia dar. Seria como tentar cobrar de quem ouve uma piada e proibi-la de passar a piada adiante. Parece uma boa idéia, mas é impossível de operacionalizar o controle e a cobrança. Mais ainda: é impossível contar com a aceitação passiva das pessoas a isso.
Como a longa agonia da indústria fonográfica demonstra, a fórmula analógica não serve para lidar com os conteúdos digitais.
Os veículos de Murduch não são a única fonte de informação e a maioria absoluta das outras fontes está disponível gratuitamente.
Simplesmente querer cobrar pelo ar não obriga ninguém a pagar para poder respirar.