segunda-feira, junho 06, 2011
Bandidos desmoralizam sistema "suja notas"
Em São Paulo, hoje, a polícia prendeu quadrilha que limpava dinheiro machado pelo sistema anti-furto usado nos caixas eletrônicos. As cédulas ficavam como novas. O sistema inventado pelos bancos e anunciado como a solução para a destruição dos caixa-eletrônicos consiste em um tubo de vidro que, ao ser detonado, derrama tinta cor de rosa nas cédulas, inutilizando-as. Cidadãos de bem já foram considerados bandidos por usarem notas manchadas, que às vezes saem dos próprios caixa-eletrônicos do sistema bancário, por falha na vedação da tinta. Na humilde casa onde a quadrilha atuava, nenhuma fórmula sofisticada ou laboratório avançado foi encontrado. Apenas detergentes comuns, desses que se vendem em supermercados. O sistema "suja notas" criado pelos bancos custou milhões de reais em projeto, desenvolvimento e instalação. O sistema "limpa notas" dos bandidos custou um punhado de reais no supermercado da esquina. Está claro que temos aqui uma desvantagem considerável entre a inteligência de segurança usada pelos bancos e pela polícia e a inteligência dos delinqüentes. À favor dos bandidos, diga-se. A idéia de sujar as notas e destruir as cédulas para evitar assaltos aos caixa-eletrônicos é mais ou menos como sugerir explodir o pulmão de alguém para impedir que volte a fumar. É uma das concepções mais imbecis que já foram colocadas em prática e, é claro, logo seria desmoralizada em público. Cheguei a pensar que os bandidos levariam seis a oito meses para driblar o mecanismo "suja notas". Levaram três meses e essa inteligência de baixa tecnologia já deve ter sido passada adiante via twitter ou msn, em telefones celulares pré-pagos. O fato prova, uma vez mais, que todo problema complexo tem uma solução simples. E ela invariavelmente está errada.