A palavra da moda é "coaching". Todo texto de administração e negócios que quer ser levado a sério precisa apresentar esse termo, em geral em um contexto onde ele parece brilhar. Exemplo aleatório: "O líder coaching pode ser comparar com um maestro, que em alguns momentos trabalha com apenas com um integrante, em outros orienta todos à distância e, em outros, corta os vínculos para que possam se desenvolver em áreas completamente fora do seu escopo. Você as leva a aprender e a treinar regularmente, ajuda-as a canalizar sua paixão pela aprendizagem para as melhores oportunidades e harmonizar a participação delas e dos demais integrantes da organização". Esse e outros estrangeirismos demonstram o quanto o nosso idioma elaborado está perdendo espaço para um idioma primitivo como o inglês. O que hoje chamam de coaching é, simplesmente, o que chamamos em português de educação - que em inglês não tem o mesmo sentido que em português, indicando "ensino", aprendizado formal escolástico; em nosso idioma "educação" indica sistema, assimilação e transmissão de conhecimento de modo abrangente que atravessa todo o tecido social. Usar caaching para substituir educação é de um subdesenvolvimento cultural colossal. Afinal, o que é educação? É o processo contínuo de equipar as pessoas com as ferramentas, o conhecimento e as oportunidades de que precisam para se desenvolver e se tornar mais efetivas, reflexivas e eficazes. É essa justamente essa a definição de coaching na maioria dos textos sobre o tema. Qual a razão de usar um estrangeirismo para definir algo que em português se define melhor? Na tradução livre do inglês para português coaching significa “treinador”. O termo foi adaptado para expressar um modo de treinar no intuito de instruir a carreira profissional. Ou seja, educar para o mercado.
O que esses textos chamam de “coaches” nós chamamos de educadores, pessoas que não desenvolvem pessoas (as pessoas desenvolvem-se por si mesmas), mas dão condições para que elas se auto-desenvolvam através do conhecimento e do senso crítico. Raramente um educador terá tempo para se envolver com cada aspecto do desenvolvimento humano. E raramente terá todas as informações, habilidades e a sabedoria de que alguém pode precisar para garantir esse desenvolvimento. Felizmente, não há necessidade de ser perfeito para ser um educador efetivo. Pelo contrário, todo educador é um catalisador do desenvolvimento. O processo educativo, que os idiotas no Brasil e em Portugal chamam de “coaching”, nada mais é que um processo pedagógico contínuo, não uma conversa eventual ou a transmissão de um acontecimento isolado. “Educar”, escreveu William Butler Yeats, “não é encher um balde, mas acender uma chama”.
Quando alguém disser "coaching" reaja. Ele quer dizer "educador".