terça-feira, julho 06, 2010

Portuários dos Estados Unidos dão o exemplo


Em uma ação histórica e sem precedentes, mais de 800 ativistas, entre trabalhadores e apoiadores, bloquearam os portões das docas de Oakland nas primeiras horas da manhã do sai 20 de junho, solicitando que trabalhadores portuários se recusassem a atravessar o piquete no local programado para descarregar um navio israelense.  
De 5: 30 às 9: 30 da manhã foi realizado um protesto militante e vigoroso na frente dos quatro portões dos Serviços de Estiva da América, com pessoas cantando palavras de ordem como "Palestina livre, livre; não atravesse o piquete” e "O ataque a um é um ataque a todos, abaixo o muro do apartheid".
Citando as disposições de segurança e saúde do seu contrato, os trabalhadores do Sindicato de Portuários e Armazenamento Internacional recusaram-se a entrar para trabalhar. Entre 8:30 e 9:00 h, uma negociação de emergência foi realizada no Estacionamento Maersk, nas proximidades, com um árbitro "instantâneo" chamado para decidir se os trabalhadores poderiam recusar a trabalhar sem medidas disciplinares.
Às 9:15, após reavaliar os protestos de centenas em cada portão, o árbitro decidiu em favor do sindicato, que era realmente inseguro para os trabalhadores entrar nas docas. Ouviram-se gritos de "Viva a Palestina"! Jess Ghannam, Aliança Palestina Livre, e Richard Becker da coalizão ANSWER anunciaram a vitória. Ghannam disse, "isso é um fato histórico, nunca foi bloqueado um navio de Israel nos Estados Unidos"! As notícias de que um navio contêiner da empresa de transporte marítimo israelense Zim havia sido programado para chegar à área da Baía hoje desencadeou uma tremenda corrente de solidariedade com a Palestina, especialmente após o massacre israelense de voluntários levando ajuda humanitária a Gaza em 31 de Maio.
Com antecedência de 10 dias da chegada do navio, o “Comitê de Trabalhadores e da Comunidade em Solidariedade ao Povo Palestino" foi criado. Na quarta-feira, cerca de 110 pessoas de sindicatos e da comunidade reuniram-se para organizar a logística, o alcance e o apoio da população. As organizações presentes incluíram a “Frente de Defesa do Direito de Retorno do Povo Palestino Al-Awda”, a Coalizão ANSWER, a regional da área da Baía do USLAW e a Comissão Sindical pela Paz e Justiça da região.
Esta semana o Conselho Sindical de São Francisco e o Conselho Sindical Alameda aprovaram retumbantes resoluções denunciando o bloqueio de Israel a Gaza. Ambos os Conselhos emitiram notas públicos sobre a ação dos portuários.
O ILWU tem uma história de orgulho de estender sua solidariedade à luta de povos de todo o mundo. Em 1984, quando o povo negro da África do Sul exercia uma intensa luta contra o apartheid sul-africano, o ILWU recusou descarregar o navio sul-africano "Ned Lloyd" por um tempo recorde de 10 dias. Apesar da multa de milhões de dólares imposta ao sindicato, os trabalhadores portuários mantiveram-se fortes, fornecendo um enorme impulso ao movimento antiapartheid.
A ação de Oakland, no sexto maior porto dos Estados Unidos, é o primeiro de vários protestos e boicotes planejados em todo o mundo, incluindo a Noruega, a Suécia e a África do Sul. É certo que inspirem outros a fazerem o mesmo.