Já estive em muitas cidades do mundo. Incontáveis. Já morei em uma das maiores cidades do planeta. Mas sempre e sempre mantive em meu coração a sensação de que meu lugar nesse mundo e nesse tempo é aqui, em Belém do Pará, porta de entrada da Amazônia, capital do estado que guarda um povo crédulo e trabalhador, a riqueza da fauna e da flora mais diversas, uma das maiores reservas minerais e o maior reservatório de água potável do mundo - o aquífero de Alter do Chão. Belém, a capital desse continente, é um duplo e privilegiado ponto de observação, ao mesmo tempo voltado para o mundo e para a floresta, para a civilização e para a natureza inóspita. Ainda que maltratada por uma administração sobretudo incompetente, Santa Maria de Belém do Grão Pará sobrevive com dignidade, esperando que dias melhores venham e que a chuva - como a que na madrugada de ontem preparava-se para cair sobre a metrópole da Amazônia quando a minha Leica capturou essa imagem - lave as nossas ruas e a nossa alma, e que, quando o sol vier, um dia melhor venha com ele.
Belém, meu lar, merece dias melhores. E eles virão.