quarta-feira, março 25, 2009

A Globo, o Fim do Mundo e a moradia popular

Nesta quarta-feira, 25, na apresentação do pacote habitacional do governo federal em Brasília, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (na foto ao lado), disse que o programa habitacional não é emergencial. É estrutural.
Segundo ela, é fundamental que a União subsidie a construção de casas para diminuir o déficit habitacional. "Não é possível acreditar que a preço de mercado a população de baixa renda terá acesso a moradia sem auxílio do poder público", afirmou a Ministra.
Dilma disse que o programa de habitação integra o modelo de desenvolvimento do governo Lula porque centra não só no aumento das possibilidades das famílias de baixa renda terem acesso à compra da casa própria, mas também será um gerador de emprego e renda.
"Nesse sentido, o programa é uma grande novidade já que a última ação de Estado com vista a acesso da população à casa própria foi feito há cerca de 20 ou 30 anos, com o BNH (Banco Nacional de Habitação)", afirmou. A ministra disse ainda que o programa tem uma função anticíclica.
Segundo ela, outro objetivo do modelo definido para o programa é compatibilizar o valor da prestação que será pago pelas famílias com a sua capacidade de pagamento. Dilma afirmou que não há como a faixa de renda mais pobre da população ter acesso a moradia sem a participação de recursos subsidiados da União. "É fundamental que a União aporte recursos subsidiados para isso", disse.
Ela citou que o modelo do programa prevê, por exemplo, que a primeira prestação só será paga após a entrega do imóvel para evitar que o comprador acumule despesas com prestação e aluguel.
O evidente caráter positivo da medida do governo se manifestou no entusiasmo das construtoras e da indústria de insumos do setor, até mesmo nas bolsas de valores, que apresentaram alta em função da ação. Centenas e milhares de operários trabalharão nas obras que injetarão recursos na economia local, mas também nas prefeituras e governos que arrecadarão com a movimentação econômica que esse volume de dinheiro gerará em escala. A diminuição do desemprego além de beneficiar diretamente os indivíduos, vítimas diretas da crise, beneficiará o Estado, já que desonerará as caixas de auxílio social que impactam a dívida interna.
Só coisa positiva, certo? Um exemplo do país ao mundo, no momento em que as maiores economias do planeta patinam rumo à recessão, certo?
Errado, segundo a GloboNews, o canal do fim do mundo. A emissora paga da Rede Globo conseguiu encontrar somente pontos negativos na ação do governo que construirá casa para trabalhadores pobres. Segundo os entrevistados do canal, na sua totalidade elementos anti-governo e ligados às legendas de oposição, a construção de um milhão de casas populares provocará "caos urbano", "não resolverá o problema" (quem disse que construir um milhão de casas resolveria o deficit de 7 milhões de residências?), "confinará os pobres na periferia", "o presidente não deu prazo", "não há terrenos", "vão derrubar árvores", "haverá agressão ao meio ambiente", "o mutuário não terá capacidade para honrar a prestação", "os pobres não têm capacidade de endividamento", "o projeto não sairá do papel", "é eleitoreiro", "o congresso não vai aprovar o pacote", "será uma grande frustração", "as construtoras não têm know-how para construir moradia popular", "produzirá adensamento populacional sem água, esgoto e energia elétrica", "os urbanistas vêem problema", "terra é cara; é um desafio achar terra para toda essa gente", "os problemas serão muitos", "não haverá casa para todos", "vai piorar a qualidade do transporte", "dependerá da boa vontade de governadores e prefeitos", "lançará mão do Fundo de Garantia e isso é um risco", "coloca em risco o futuro do país", "não é um plano de longo prazo", "é um plano de longo prazo", "é um plano de curto prazo", "as pessoas vão ficar empilhadas", "o trabalhador ficará longe do emprego", "a qualidade do material de construção será ruim", etc. Se isso não é o fim do mundo é o seu prenúncio eloqüente, por certo.
É hilariante a tentativa de transformar um mero panfleto eletrônico em veículo noticioso. Na GloboNews não toca samba. Nem pagode. É só chorinho. Um choro amarelo e cínico.
O cinismo se manifesta amarelado na manipulação deliberada da notícia, para torcer os fatos até que eles digam o que os donos e os capatazes da emissora querem.
Na matéria sobre o evento que lançou o desafio de construir um milhão de moradias, por exemplo, após a frase "até os governadores presentes na cerimônia viram problemas na ação do governo" surge um dos governadores presentes dizendo algo como "Sem terrenos, não temos como construir; esta é a primeira coisa a fazer". Corte rápido.
O que era mesmo que o governador estava dizendo? Que o programa habitacional era um problema? Que não ia funcionar? Que ia produzir caos urbano. Não. Longe disso. Essa é a versão que a GloboNews transmitiu, manipulando a edição, aos seus assinantes.
O que o governador estava dizendo era o óbvio: que as prefeituras e governos estaduais precisam fazer a sua parte. Não estava dizendo que o plano era "um problema", mas que alguns passos deveriam ser dados para além da iniciativa presente do governo federal. Ao discordar, os jornalistas da emissora não polemizam. Constroem uma versão politizada com o que quer que o entrevistado diga.
Como arauto do Apocalipse, o jornalismo da Globonews reza pelo fim do mundo. Quer que as baratas herdem a Terra.