Faça um exercício. Coloque sua TV a cabo no canal "GloboNews" e fique um dia inteiro com a TV ligada ali. Não é preciso que você se poste diante do aparelho. Apenas a deixe ligada enquanto você faz outra coisa.
Vez por outra, você dá atenção ao que é dito e mostrado ali. Deixe seus sentidos abertos. Ao final do dia você estará angustiado.
Sua mente chegará a uma conclusão inequívoca: o mundo está acabando.
A Globo quer semear o caos. Faz isso com zelo e dedicação. Palavras como "crise", "desastre", "colapso", "abalo", "queda", "piora", "quebradeira" repetem-se de maneira cíclica. Sucedem-se entrevistas não com os economistas que estão ajudando a proteger o país dos danos colaterais mais graves da crise, como Guido Mantega, mas com aqueles que afundaram o país e entregaram nossos cofres ao FMI, seguindo a risco seus conselhos inúteis.
Ressuscitar os ex-ministros de Fernando Henrique é parte da tática para levantar o pesado José Serra, candidato do coração da Rede Globo e da Editora Abril. Aliás, o próprio FHC é figurinha carimbada da "Globonews". Recentemente falou sobre a legalização da maconha.
O alucinado PSDB, que conduziu o país ao fundo do poço durante a crise asiática de 97 coloca-se, no jornalismo da Globo, na condição de conselheiro anti-crise.
Seria simplesmente patético se não fizesse parte de um plano macabro: reconduzir essa malta ao centro do poder.
O crescimento mundial deve ser de 3% em 2009.O Brasil, em um cenário recessivo global, "sistêmico" como diz o jornalismo da GloboNews, deve crescer 3,5%, ou seja, acima da média mundial. Bom? Sim, muito bom. No cenário, no contexto, no quadro mundial presente, crescer é muito bom. Se for 0,5%, ainda não seria ruim quando temos economias desagregadas e destruídas como a dos Estados Unidos, cujo sistema financeiro afunda sem qualquer possibilidade de salvação que não seja a bolchevização do sistema bancário. Recessão é a palavra da hora nessas economias.
Enquanto o sistema capitalista mundial geme de dor, o extraordinário crescimento do Brasil, de 5,1%, registrado em todo ano passado mostra que a economia tem reservas, prestígio, governo e política econômica e isso é altamente promissor, mas solenemente ignorado solenemente pelo jornalismo platinado.
Se você tivesse a economia dos Estados Unidos crescendo 5,1% em 2008 essa seria a manchete de todos os jornais do mundo. O Brasil é o único país do mundo onde o índice trimestral (acumulativo parcial) de crescimento econômico tem mais importância para a imprensa do que o crescimento anual (acumulativo global). Vulgarizando, seria como o "vale" da semana ser mais representativo do que o salário do final do mês. Não obedece a nenhuma lógica.
Apesar da queda do último trimestre, fortemente influenciada por ajuste de estoques em alguns setores, o crescimento do PIB de 5,1% em 2008, impulsionado pela demanda doméstica e crescimento da renda, mostra que a economia brasileira tem fundamentos econômicos sólidos. Isso ajudará na retomada, fazendo com que o Brasil tenha condições de sair mais rapidamente da crise.
A "GloboNews" faz coro com os que acham que convênios federais com movimentos camponeses legítimos é parte do contexto do Apocalipse. Ora, o governo dos Estados Unidos entregar centenas de bilhões de reais para empresas que afundaram por gestão fraudulenta não escandaliza a "GloboNews". Mas um quinhão de reais para educação de crianças em assentamentos do MST causa horror indescritível. Pobres receberem dinheiro público? "Que horror", diz a Globo. Banqueiros e industriais receberem dinheiro público? "Isso é política responsável", tagarela a Globo.
Em que pese os presságios negativos, o mundo não vai acabar, como não acabou em 1929. Os escribas da "GloboNews" sabem disso. O que eles querem é que as pessoas acreditem que vai acabar e que a culpa é do PT e do governo Lula. Assim fica mais fácil devolver o país a Serra e sua "raça" - para usar a expressão carinhosa cunhada por Jorge Bornhausen. Ainda irá demorar para que a Globo entenda que o mundo mudou, que o "El Mercúrio" brasileiro não pode fazer com Lula agora o que fez com Brizola nos anos oitenta ou o que o jornalão chileno fez com Allende em 1973.
Nas eleições de 2010, como em 2006, o povo estará na contra-mão da Rede Globo e de seus interesses impublicáveis.