O presidente Lula disse que a sociedade brasileira não precisa mais de interlocutores, referindo-se ao fato de não haver mais uma determinação férrea de resultados eleitorais a partir do que é dito, mostrado e publicado na imprensa.
Esse poder de decidir pela indução foi um dos fatores que fez dos grupos de comunicação, potências político-econômicas inabaláveis por quase um século. Abrigados sob a nomenclatura de "formadores de opinião", os barões da mídia foram a voz de indução da sociedade ao longo do século passado mas sentem esse poder se fragilizar em uma atualidade onde todos podemos ser mídia, fragmentando como nunca a audiência dos meios.
Há estudos sérios sobre o fenômeno e, de fato, as eleições mais recentes mostraram, em diversos pleitos especialmente na América Latina, a derrota do agendamento. Os fatos mostram que a mídia não tem mais o poder que tinha, de definir a priori quem ganha e quem perde uma eleição. A população pensa à margem dos meios.
O agendamento pode estar enfraquecido, mas os agendadores ainda ruminam nas sombras. A concentração dos meios de comunicação nas mãos de pouquíssimos contribui para a afinação do discurso hegemônico e para o fortalecimento desses grupos de mando, arraigando preconceitos e ajudando a criminalizar os movimentos sociais, na medida em que super expõe a versão das elites, ocultando a voz das classes subalternas.
No Brasil, aproximadamente 90% da mídia está nas mãos de 11 famílias e 2 igrejas. E o Estado, desde sempre, estabelece uma série de normas e leis que mantêm a permissividade a essa concentração, além de não assegurar o respeito aos limites legais estabelecidos no país. No Congresso Nacional, mais de 270 dos 513 parlamentares detêm hoje concessões de radiodifusão.
E ainda há quem ache que a democratização dos meios de comunicação não é uma bandeira importantes para garantir um horizonte republicano para o nosso país.