sábado, junho 17, 2006

A danação do PFL

Você pode não ter percebido, mas o calendário eleitoral pulou quatro anos. De fato, 2006 já era. Pelo menos é que se intui de matéria da Agência Estado, onde o hidrófobo PFL expõe sua pérfida estratégia "de marketing" para o próximo período. A nova linha prevê apontar propaganda enganosa do governo. "Promessas não cumpridas, como obras das eclusas, estão na lista". O senador Heráclito Fortes, o homem que engoliu uma Tuba, diz que "o jogo eleitoral começa agora, quando vamos mostrar as fragilidades e os factóides do governo do PT". "Factóide", como se sabe, é um neologismo do pefelista César Maia, um espertalhão raivoso que governa a cidade mais violenta do país e faz de conta que não tem nada a ver com isso.
A dúvida que me assolou no momento em que tomei conhecimento da nova "linha de ataque" do PFL é se alguém pagou por essas idéias ou os dirigentes do partido de direita as tiveram por si mesmos? Se as tiveram por si mesmos, menos mal. Afinal, ter idéias idiotas é mais barato que comprá-las. Mas duvido. O mais provável é que tenham pago uma fortuna a Lavareda para engendrá-las.
Qual o nó da questão ao que o PFL não quer desatar? 1) Promessas não cumpridas existem aos borbotões na vida pública. Ninguém nunca perdeu uma eleição por conta disso. Nunca. Não há precedentes. A aliança PFL/PSDB tem, contra si, milhares e milhares de promessas não cumpridas. Almir Gabriel prometeu 400 mil empregos em 1994 e mais 200 mil em 1998 e não teme as urnas por causa disso. Apenas os programas eleitorais de Alckmin (2002) e FHC (1998) já seriam suficientes para encher o lago Paranoá de promessas não cumpridas. 2) Denunciar "obras inacabadas" é uma terrível perda de tempo. Uma obra "inacabada" é uma obra pela metade, ou seja, uma obra em processo de execução, inconclusa. Não demonstra "incompetência", mas apenas que o tempo ou o dinheiro não deu para acabá-la. Qualquer cidadão que já remendou uma calçada ou retelhou uma casa sabe disso. 3) Ataques pessoais, como "beber" ou despolitizados como "viajar muito" (FHC bate, em horas de vôo, sete vezes o presidente Lula) dito por um cidadão sem qualificação alguma e desconhecido pela ampla maioria dos brasileiros como o inepto dublê de senador e usineiro José Jorge, só servem para demonstrar desespero ou uma certa embriaguez, único estado de ânimo capaz de provocar arroubos de valentia em covardes contumazes; 4) o que está em questão não são as fragilidades de Lula (seres humanos, mesmo os presidentes, possuem fragilidades, vide Bill Clinton) mas qual projeto político é capaz de disputar com ele os rumos do país. Como tenho dito, somente a própria esquerda pode fazer com Lula esse debate, qualificando o processo eleitoral e tencionando-o a um programa eleitoral que aponte no sentido das mudanças que o país precisa experimentar.
Cega pelo ódio de classe e incapaz de disputar projeto de poder com Lula e com o PT, a direita hidrófoba está se cacifando apenas para substituir o MLST no apedrejamento do Palácio do Planalto e na tentativa de linchamento pessoal do presidente metalúgico.
A confissão de que perdem horas (regiamente pagas com dinheiro público, posto que são parlamentares em horário de trabalho) preparando "nova linha de ataque" contra Lula e não "nova linha de defesa" do programa de governo de Alckmin, demonstra para a nação que os próceres do PFL não estão no ramo da disputa eleitoral presente, mas apenas no ramo do desgaste do presidente para as disputas futuras.
Miram em 2006 mas querem acertar em 2010. Para a direita, 2006 é uma batalha perdida.