quarta-feira, junho 14, 2006

Em campo, Ronaldo respondeu a Lula

"O Brasil poderá ou não vir a confirmar o favoritismo absoluto que lhe foi atribuído neste arranque do Mundial, mas uma coisa é certa: os 90 minutos da estreia em Berlim mostraram que a equipa de Parreira está longe de ser a galáxia inacessível que a pressão mediática das últimas semanas fez supor. Não que a vitória sobre a Croácia (1-0) seja injusta. Olhando as coisas com frieza, e apesar de a equipa europeia ter discutido o jogo palmo a palmo, tiveram camisola amarela as melhores coisas vistas no majestoso estádio de Berlim. Mas, mesmo não falhando o essencial, o Brasil não deu o murro na mesa que todo o planeta esperava. E como tal, a concorrência ganhou a certeza de que o título mundial não está já entregue". O comentário é de Bruno Madureira, correspondente português na Alemanha. "O título mundial não está já entregue". Infelizmente, foi o que ficou patente na partida medíocre jogada pelo Brasil contra a fraca Croácia em Berlim na tarde do dia 13: o Brasil não é imbatível. O título mundial não está entregue; está em disputa. Jogando essa bolinha, se a estréia fosse contra uma equipe do porte da Argentina, Itália ou mesmo da Alemanha, o Brasil teria amargado uma derrota.
O desempenho do Brasil pode ser relativizado se considerarmos que a seleção de Parreira jogou o primeiro tempo e metade do segundo apenas com 10 homens em campo. Ronaldinho "Fenômeno" parado como um poste gordo entre os zagueiros da Croácia, deu um único chute a gol. Pra fora. Não apenas não jogou, mas ocupou espaço, um estorvo travando a movimentação do ataque brasileiro. Sua manutenção na próxima partida fere a lógica, posto que Robinho jogou mais muito mais em 20 minutos que o obeso centro-avante em 60 minutos, vaiado ao ser substituido no meio do segundo tempo - o que teria sido evitado se o técnico da seleção o substituisse durante o intervalo, poupando o ser humano Ronaldo do constrangimento a que o atleta fez por merecer. Aliás, mantê-lo fere a lógica futebolística, mas confirma a lógica do mercado: quem paga a conta, escala o time. Patrocinador pode, sim, fazer exigências. Havia um Ministro da Ditadura, acreano, que dizia que futebol é tão importante no Brasil que se torna "assunto de estado". Agora, se tornou vítima do marketing, além de assunto de estado. Talvez por isso Lula, o presidente, tenha perguntado a Parreira, o técnico, se Ronaldo, o Fenômeno, estava acima do peso. A imprensa fez disso uma crise de estado. A partida de ontem respondeu a pergunta de Lula. Ronaldo não está apenas acima do peso, mas fora de forma. Uma caricatura do craque de 2002. O fato de Dida ter sido o melhor jogador brasileiro em campo dá a dimensão exata de que o sonho do Hexa ainda está longe de ser realidade. Isso é bom. Faz a milionária equipe brasileira baixar a bola. Futebol se joga em campo e não nos comerciais de tevê.