sexta-feira, junho 30, 2006

A tática arranca-toco não deu certo

Fernando Pedreira, em sua coluna de hoje: “Nos últimos 30 dias, como se viu na TV, PSDB (menos) e PFL (mais) atacaram fortemente Lula, o PT e administração federal petista. Basicamente, tucanos e pefelistas disseram ao eleitor que Lula e o PT são ruins de governo e que flertaram com a corrupção. Essa estratégia é defendida fortemente pelo PFL e pelo prefeito do Rio de Janeiro, César Maia. Pode ser que mais adiante a tática tucano-pefelê dê resultado. Quem sabe. Até agora, o efeito foi nulo para minar as intenções de voto a favor do petista”. E conclui: “a estratégia arranca-toco de PSDB e PFL não surtiu o efeito desejado no que diz respeito a diminuir a intenção de voto em Lula”.
Na verdade, o suposto “crescimento” de Alckmin é um espasmo resultante da desistência de outros possíveis candidatos de oposição. Nada mais que isso. Especialistas chamariam a isso de "acomodação geológica", ou seja, sedimentação do terreno.
Lula tinha 45% em 23-24/maio. Hoje, tem 46% (pesquisa de 28-29/junho). Os 7 pontos de Alckmin não surgem de um crescimento do eleitorado dele a partir de um descolamento de eleitores até então aderidos ao candidato petista. Têm origem na parte de baixo da tabela, ou seja, numa migração natural em uma eleição polarizada desde o começo. Enéas saiu do páreo e seus 4 pontos desembocaram no PSDB. Heloísa Helena (PSOL) oscilou de 7% para 6%. Outro que sumiu do mapa foi Roberto Freire e seus 2%. Basta somar: 4% de Enéas + 1% de Heloísa Helena + 2% de Roberto: resultado, 7 pontos percentuais.
Além desse fator existe um outro, adicional. A campanha pró-Alckmin corre solta na TV e no rádio, ao arrepio da Lei. O Presidente do TSE, que não esconde sua preferência pelo tucanato e sua hostilidade ao candidato petista, faz ouvidos de mercador aos apelos da CUT para tornar mais equanime o processo de disputa, hoje desiquilibrado na mídia pro-PSDB/PFL.
Ou seja, mesmo jogando sozinho, Alckmin não é capaz de virar o jogo.