terça-feira, junho 13, 2006

Lula cresce, Alckmin jaz

De dezembro de 2005 a junho de 2006, o pré-candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou 16 pontos percentuais na preferência do eleitorado. As intenções de voto em Lula subiram de 32% para 48%, índice que permite a sua reeleição ainda em primeiro turno.No mesmo período, dos últimos sete meses, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin (ou simplesmente "Geraldo", para os seus marketeiros), parou no patamar de cerca de 19% dos votos.
Tinha 20%, em dezembro, passou a 19%, em março, e em junho registra novamente 19%, em cenário sem candidato do PMDB (o mais provável). A pesquisa CNI/Ibope ouviu 2.002 eleitores em 143 municípios brasileiros, entre 5 e 7 de junho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Contando com a vista grossa do TSE, que mantém no ar comerciais descaradamente eleitorais veiculados no horário partidário do PSDB (o horário eleitoral gratuito das eleições de 2006 só começa em agosto), Alckmin consegue, hoje, perder para Lula até mesmo em São Paulo, estado que governou desde que Mário Covas bateu as botas e deixou para ele um mandato que quase perdeu, de graça, para José Genoino em 2004.
O que surpreende não é a performance barriqueliana do ex-governador de São Paulo - que mesmo com a máquina a seu favor consegue quebrar a embreagem em uma reta - mas as pisadas de bola de sua equipe de marketing. Além das tentativas desastrosas de querer repetir para ele a fórmula usada para alçar Fernando Henrique, ainda não encontraram qual o perfil que querem fixar na imagem do candidato ao posto que hoje Lula ocupa e, tudo indica, continuará a ocupar até 2010. Primeiro, estimularam a idéia idiota de que um nome "mais popular" ("Geraldo" em lugar de "Alckmin") faria de um homem pesado um bólido eleitoral; segundo, tentaram usar uma retórca agressiva e virulenta contra Lula ("corrupto", "mentiroso", "incompetente", "burro"). Ocorre que a popularidade de Lula é inquestionável e cada batida frontal contra ele agora consolida seu eleitorado e cria no eleitorado volátil uma desconfiança sobre o equilíbrio político e mental do candidato tucano, além de alimentar a certeza de que ele não tem propostas, apenas denúncias (quem não tem propostas, só denúncias, tem que ficar na oposição e não no governo); terceiro, requentam a gritante falta de imaginação de seus comerciais de TV, com depoimentos visivelmente ensaiados, prejudicados ainda mais pela cara de ativista da TFP que ostenta o líder tucano. Se era para dar big-close em alguém, que escalassem a Lu Alckmin, um colírio.
Diante do incêndio nas vestes de seu candidato, os marketeiros de Alckmin despejam gasolina. E Alckmin queima. É uma cerimônia fúnebre indiana o cenário eleitoral para o candidato do PSDB.
Não basta, contudo, ser um candidato morto e queimado. Para seus marketeiros, Alckmin precisa arder até o fim.
O horário eleitoral na TV (quando ele acontecer de Direito e não nessa versão covarde e unilateral que está no ar enquanto o TSE dormita) será um forno crematório para as ilusões da oposição de direita, que acha que seu preconceito de classe pode animar amplas massas a linchar um dos seus a favor de um típico e canastrão membro da elite.
Fracassarão. Ou melhor, já fracassaram. Morto, Alckmin é um cadáver que arde.