sexta-feira, outubro 08, 2010
2010 não é 1964
Os noticiários de TV e os mais importantes jornais impressos do país vivem uma euforia similar àquela que tomou conta das elites brasileiras em março-abril de 1964. Marcham com entusiasmo e levam em seus estandartes negros palavras de ordem que só olham para o passado. Marcham de costas para o futuro. À frente disso, uma legenda que foi fundada sob a égide de uma nova ética. Por isso não deixa de ser lamentável ver como o PSDB de José Serra abraçou sem qualquer constrangimento um discurso antes só audível na boca da extrema direita. No eco desse burburinho golpista retorna com ferocidade ao centro da cena o entusiasmo direitista que se apresentou pela primeira vez em 2005, quando tendo como porta-voz a revista Veja, se pediu a derrubada do presidente legitimamente eleito pela esmagadora maioria dos brasileiros e se quis fazer dos brasileiros uma massa de manobra ativa para que o país fosse novamente entregue aos mesmos de sempre e reconduzido ao passado. Vivemos a danação dos preconceitos. Contra os pobres, contra as mulheres, contra a esquerda. Dilma, lutadora e sobrevivente da ditadura pós-64, é só a vítima da hora. Os ataques às conquistas sociais, aos mais pobres e suas escolhas proliferam, assim como se propagam mentiras descabidas, disparadas na latrina da internet, assacadas contra o PT e sua candidata, as mesmas aliás que antes eram arremessadas contra o operário Luis Inácio Lula da Silva - aquele teimoso trabalhador que fundara um partido e vivia obcecado pela idéia de ser presidente. É triste ver que os abonados que animam a direita considerem que vivem em um país de tiriricas, figuras frágeis e risíveis, manipuláveis e burlescas. Não sabem que o país é outro. O povo brasileiro não é mais esse instrumento da ideologia que perpetua a miséria. Não mais. 2010 não é 1964. Não passarão! Não passarão!