Nutrido pela tensão eleitoral e por forte carga de oportunismo, o candidato a presidência do Brasil pelo PSDB, José Serra, vem fazendo promessas inconcebíveis para quem diz defender a redução dos gastos públicos. Abandonando a retórica da austeridade fiscal, Serra vem desfiando um rosário de promessas impossíveis de serem cumpridas sem abalar de maneira decisiva o equilíbrio das contas públicas.
A sociedade brasileira já começa a fazer as contas. Elevar o salário mínimo para R$ 600,00 custaria R$ 17,1 bilhões. Reajustar em 10% as aposentadorias custaria R$ 15,4 bilhões. Dobrar o atendimento do Bolsa-Família oneraria as contas em mais R$ 12,7 bilhões e criar o décimo terceiro para o Bolsa-Família não sairia por menos que R$ 1,04 bilhão. Apenas essas quatro promessas, se cumpridas, custariam R$ 46,2 bilhões, o equivalente a 1,3% do PIB.
Para o economista Marcelo Abi-Ramia Caetano, do Ipea, as medidas aprofundariam o deficit da Previdência, que já é de R$ 45 bilhões. Para o economista, essas promessas só poderiam ser cumpridas a duras penas cortando-se profundamente os gastos em educação, saúde e infra-estrutura, ou seja, piorando a competitividade internacional do país e reduzindo o tempo de vida e a escolaridade média das gerações futuras.