Os aspectos técnicos dos meios de comunicação são importantes, mas não devem obscurecer o fato de que o desenvolvimento dos meios de comunicação é uma reelaboração do caráter simbólico da vida social, uma reorganização da maneira pela qual a informação e o conteúdo simbólico são produzidos e intercambiados no mundo social, e uma reestruturação dos meios pelos quais os indivíduos se relacionam entre si.
Geertz: “os meios de comunicação são rodas de fiar com que os seres humanos fabricam teias de significação para si mesmos”.
A comunicação é uma forma de ação, e esta ação deve ser estudada contextualizadamente. Fenômenos sociais podem ser vistos como ações intencionais levadas a cabo em contextos sociais estruturados, em campos de interação entre os indivíduos que podem se institucionalizar.
A posição que o indivíduo ocupa num campo está ligada ao poder que ele possui. Hoje, os Estados são pontos de concentração de poder no mundo, por isso associamos poder à política. Mas o poder político é só mais uma entre outras formas de poder: econômico, coercitivo e simbólico.
Poder simbólico: os indivíduos se servem de “capital cultural” para intervir no curso dos acontecimentos. Instituições religiosas, educacionais e da mídia utilizam meios de comunicação e informação para isso.
Uso dos meios de comunicação – atributos:
- Fixação da forma simbólica (armazenagem num suporte técnico).
- Reprodutibilidade da forma simbólica.
- Permitem distanciamento espaço-temporal.
- Exigem certas habilidades, competências e conhecimentos para sua codificação.
Comunicação de massa não se refere, necessariamente, a uma massa numérica. Quer dizer que os produtos estão em princípio disponíveis para uma grande pluralidade de destinatários. A “massa” não é homogênea e passiva e comunicação é diferente de mera transferência. Os receptores da mídia são participantes de um processo de transmissão simbólica; interagem com a mensagem, mas raramente com o emissor. O fluxo, na maioria das vezes, é unidirecional.
Características da comunicação de massa:
- Envolve certos meios técnicos e institucionais de produção e difusão.
- Mercantilização das formas simbólicas: valor simbólico e valor econômico.
- Extensão da disponibilidade das formas simbólicas no tempo e no espaço.
- Circulação pública das formas simbólicas.
Reorganização do espaço e do tempo:
- Compressão espaço-temporal.
- Simultaneidade sem localidade única.
- Historicidade mediada: nosso sentido de passado foi transformado através da mídia.- Mundanidade mediada: nossa compreensão sobre o “resto do mundo” também mudou.
- E tudo isso implica numa nova socialidade, a mediada. Amplia-se e muda a percepção de comunidade para os indivíduos.
Crítica à semiótica e ao estruturalismo por abstrair as formas culturais de seus contextos.
Crítica ao antigo funcionalismo por medir e quantificar o público e suas respostas, negligenciando o caráter mundano da atividade receptiva. Estudos atuais mostram que a recepção dos produtos da mídia é um processo mais ativo e criativo do que o mito do assistente passivo sugere (os “usos”).
A recepção é uma atividade situada, de rotina, e uma realização especializada (depende de habilidades e competências). E é um processo hermenêutico que influencia a vida individual e as relações sociais.