Um tesouro me chegou às mãos por um importador de livro. Trata-se de "Tipografia: origens, formas e usos das letras", do português Paulo Heitlinger, editado em 2006 pela Dinalivros, de Lisboa.
Paguei seu peso em ouro e valeu cada centavo.
Profusamente ilustrado com mostruários e exemplos de aplicação prática, Tipografia serve para orientar os que buscam inspiração para resolver as suas tarefas diárias de paginação, edição e desenho gráfico. É uma obra-prima editorial, fazendo da trajetória da tipografia uma forma de contar a história do homem e da comunicação humana.
Tipografia foi escrito para os que produzem e para os que consomem informação impressa em papel ou apresentada na tela. Para quem, como eu, é apaixonado pelo tema, o livro apresenta-se como um itinerário social que atravessa os séculos apresentando, a cada passagens, personagens grandiosos e geniais aos quais deveríamos render eterna homenagem, como Frederic Goudy, Aldus Manutius, Francesco Griffo, Claude Garamond, Willian Caslon, John Barkerville, François Didot, Giambatista Bodoni, Eric Gill, Herbert Bayer, Paul Renner ou Jan Tshichold, todos eles designers fabulosos cuja motivação primordial era tornar a leitura, em si, uma forma de arte.
Na apresentação, o ator afirma que a obra dirige-se aos estudantes e profissionais que elaboram documentos ou que fazem design editorial ou publicitário. Mas não só. Sabendo que esta temática ainda não tinha sido aprofundada por autores em língua portuguesa, o autor enquadrou o tema numa visão alargada, para assim captar o interesse de todos os que apreciam temas sócio-culturais, estéticos e históricos.
Além de discutir a funcionalidade das letras, Tipografia põe em evidência a estética dos caracteres; ambos são assuntos pouco discutidos entre nós. Em Portugal, como no Brasil, a cultura tipográfica só timidamente começa a mostrar o seu potencial.
Muitos comunicadores, designers e editores não estão a par da produção dos typeface designers nacionais e internacionais.
O livro é uma das primeiras obras de referência para todos os que necessitam uma visão crítica sobre as peculiaridades formais e funcionais das tipologias tipográficas. Uma obra essencial para quem trabalha conscientemente com letras e para os que vêem, nelas, uma fonte de prazer estético sem par.